contos sol e lua

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quarta-feira, 12 de maio de 2010

Renascimento.


Aparentemente, a reencarnação é, na atualidade, um dos mais controversos tópicos da espiritualidade. Centenas de livros sobre o tema são publicados, como se o mundo ocidental tivesse apenas recentemente descoberto esta antiga doutrina.
A reencarnação é uma das mais valiosas lições da Wicca. A ciência de que esta vida é apenas uma entre muitas, de que não deixamos de existir quando o corpo físico morre, mas sim renascemos em outro corpo, responde a um grande número de perguntas, mas gera outras tantas.
Assim como muitas outras religiões, a Wicca ensina que a reencarnação é o instrumento pelo qual nossas almas são aperfeiçoadas. Uma vida não basta para atingir tal objetivo; portanto, a consciência (alam) renasce inúmeras vezes, cada vida englobando um grupo diferente de lições, até que a perfeição seja atingida.
É impossível determinar quantas vidas são necessárias para tanto. Somos humanos e é fácil aderir a comportamentos não-evolucionários. A cobiça, a ira, o ciúmes, a obsessão e todas as nossas emoções negativas inibem nosso crescimento.
Na Wicca, buscamos fortalecer nossos corpos, mentes e almas. Certamente, vivemos vidas terrenas plenas e produtivas, mas tentamos fazê-lo sem prejudicar ninguém, numa antítese à competição, à intimidação e à busca pelo primeiro lugar.
A alma não tem idade, sexo ou físico, possuindo a centelha divina da Deusa e do Deus. Cada manifestação da alma (por exemplo, cada corpo que habita a Terra) é diferente. Não existem dois corpos ou vidas exatamente iguais. Não fosse assim, a alma estagnaria. Sexo, raça, local de nascimento, classe econômica e todas as outras individualidades da alma são determinadas por suas ações em vidas passadas e pelas lições necessárias à vida presente.
Isto é de suma importância para o pensamento wiccano: nós decidimos o desenrolar de nossas vidas. Não há deus, maldição, força misteriosa ou destino sobre o qual possamos atirar a responsabilidade pelos fatos de nossas vidas. Nós decidimos o que precisamos aprender para evoluir e, então, espera-se, durante essa encarnação, trabalhamos em busca desse progresso. Caso contrário, regressamos às trevas.
Existe um fenômeno que atua como auxiliar no aprendizado das lições de cada existência, o qual é chamado de carma. O carma é geralmente mal-compreendido. Não é um sistema de recompensas e punições, mas sim um fenômeno que orienta a alma em direção a ações evolutivas. Destarte, se uma pessoa pratica ações negativas, receberá ações negativas em troca. O bem atrai o bem. Com isto em mente, sobram poucos motivos para praticar atos negativos.
Carma significa ação, e é desta forma que atua. Como uma ferramenta, não uma punição. Não há como "apagar" o carma, assim como nem todos os eventos aparentemente terríveis de nossas vidas são um subproduto do carma.
Só aprendemos com o carma quanto temos ciência dele. Muitos buscam em suas vidas passadas a descoberta de seus erros, para solucionar os problemas que estão inibindo seu progresso nesta vida. Técnicas de transe e meditação podem ser úteis, mas o verdadeiro autoconhecimento é o melhor meio para atingir este fim.
A regressão a vidas passadas pode ser perigosa, pois envolve uma grande carga de autodesilusão. É impossível contabilizar quantas Cleópatras, Reis Artur, Merlins, Marias, Nefertitis e outras pessoas famosas do passado existem por aí usando tênis e jeans. Nossas mentes conscientes, que buscam encarnações passadas, agarram-se facilmente a esses ideais românticos.
Se isto é um problema; se não deseja conhecer suas vidas passadas, ou não tem como fazê-lo, observe esta existência. Pode descobrir qualquer dado sobre suas vidas passadas ao observar esta vida. Se solveu seus problemas em vidas passadas, estes não mais lhe dizem respeito. Caso contrário, os mesmos problemas ressurgirão; portanto, concentre-se nesta vida.
 noite, analise seus atos do dia, atentando tanto para ações e pensamentos positivos, bem como para os negativos. Analise a seguir a semana que se passou, o ano, a década. Consulte agendas, diários ou antigas cartas em seu poder para refrescar sua memória. Você continuamente comete os mesmos erros? Em caso positivo, jure nunca mais repeti-los, num ritual concebido por você mesmo.
Em seu altar, você pode escrever tais erros num pedaço de papel. Podem ser inclusas emoções negativas, medos, prazeres desmedidos, permissão que outros controlem sua vida, intermináveis obsessões amorosas para com homens/mulheres indiferentes a seus sentimentos. Enquanto escreve, visualize-se agindo dessa forma no passado, não no presente.
A seguir, acenda uma vela vermelha. Segure o papel sobre a chama e atire-o num caldeirão ou em outro recipiente a prova de fogo. Grite - ou simplesmente afirme para si mesmo - que tais ações do passado não fazem mais parte de você. Visualize sua vida futura livre de tais comportamentos nocivos, limitadores, inibidos. Repita o ritual enquanto for necessário, talvez em noites de lua minguante, para levar a cabo a destruição desses aspectos de sua vida.
Se ritualizar sua determinação em progredir nesta vida, seu juramento liberará sua força. Quando sentir-se tentado a reincidir em seus velhos modos de agir ou pensar, lembre-se do ritual e sobreponha essa necessidade com seu poder.
O que acontece após a morte? Apenas o corpo fenece. A alma sobrevive. Alguns wiccanos dizem que ela viaja para um reino conhecido como Terra das Fadas, Terra Brilhante ou Terra dos Jovens. Esses são nomes Celtas. Alguns wiccanos chamam a esse lugar de Summerland (Terra do Verão), a qual é uma nomenclatura teosófica. Simplesmente, é - uma realidade não-física, muito menos densa do que a nossa. Algumas tradições da Wicca o descrevem como uma terra de verão eterno, com campos gramados e doces rios, talvez como a terra antes do advento da raça humana. Outros o vêem vagamente como um local sem formas, onde fluxos de energia coexistem com as energias maiores - a Deusa e o Deus em suas identidades celestiais.
Diz-se que a alma revê a última vida, talvez de um modo misterioso, com as deidades. Isto não é um julgamento, uma pesagem da alma de uma dada pessoa, mas sim uma revisão encarnatória. Lança-se luz sobre as lições aprendidas ou ignoradas.
Após um período apropriado, quando as condições da Terra estiverem favoráveis, a alma reencarna e reinicia-se a vida.
A pergunta final: o que ocorre após a última encarnação? Os ensinamentos da Wicca foram sempre vagos quanto a isso. Basicamente, os wiccanos dizem que após subir a espiral da vida, morte e renascimento, as almas que atingiram a perfeição liberam-se para sempre desse ciclo e coabitam com a Deusa e o Deus. Nada é desperdiçado. A energia residente em nossas almas retornam à fonte divina da qual se originou.
Por aceitar a reencarnação, os wiccanos não temem a morte como um mergulho no esquecimento, com seus dias de vida terrena para sempre perdidos no passado. A morte é vista como a porta para o renascimento. Portanto, nossas próprias vidas estão simbolicamente ligadas aos infindáveis ciclos das estações que moldam nosso planeta.
Não tente forçar-se a acreditar na reencarnação. Conhecer é muito superior a acreditar, pois o acreditar é próprio dos mal-informados. Não é muito sábio aceitar uma doutrina importante como a reencarnação sem estudá-la para saber se ela realmente lhe atrai.
Além disso, apesar de poderem existir fortes conexões com os que amamos, acautele-se quanto à noção de almas companheiras, como, por exemplo, pessoas que tenha amado em outras vidas e que você esteja destinado a amar novamente. Por mais sinceros que seus sentimentos e crenças possam ser, eles nem sempre se baseiam em fatos. Durante o desenrolar de sua vida você pode encontrar cinco ou seis pessoas com as quais sinta a mesma ligação, apesar de seu envolvimento atual. Será que todas são almas gêmeas?
Uma das dificuldades deste conceito é a de que, se estamos intrinsicamente ligados às almas de outras pessoas, ao continuarmos a encarnar com elas não estaremos aprendendo absolutamente nada. Assim, anunciar que encontrou sua alma companheira tem o mesmo efeito de dizer que você não está progredindo na espiral encarnacional.
Um dia você saberá, e não só acreditará, que a reencarnação é tão real quanto uma planta que dá botões, floresce, espalha sua semente, seca e gera outra planta à sua imagem. A reencarnação foi provavelmente intuída pelos povos antigos quando estes observavam a natureza.
Até que tenha chegado a uma conclusão própria, você pode desejar refletir sobre e considerar a doutrina da reencarnação.F 'Guia Essencial da Bruxa Solitária', de Scott Cunningham.

Summerland.Terra do Verão.


Summerland é um termo geralmente empregado na Wicca como referência ao "Outro Mundo" para o qual as almas dos mortos se encaminham após o término da vida física.
A Terra do Verão pode ser vista como uma espécie de paraíso pagão não muito diferente dos conhecidos "Alegres Campos de Caça" de algumas tradições dos índios nativos norte-americanos. A Terra do Verão dos wiccanos existe no Plano Astral e é experimentada de modos diferentes por cada indivíduo, de acordo com a vibração espiritual que ele leve a esse plano de existência.
O período em que alguém permanece na Terra do Verão depende da habilidade do indivíduo de libertar e retomar o material que a alma carrega vida após vida, o que pode fazer com que essa alma renasça na dimensão física.
A existência na Terra do Verão dá a um indivíduo a oportunidade de estudar e compreender as lições da vida anterior e como estas se relacionam a outras vidas pelas quais a alma tenha passado. Na teologia wiccana, este é conhecido como período de descanso e recuperação. Uma vez encerrado esse período de tempo, o plano elemental começa a atrair o indivíduo para o renascimento em qualquer dimensão que se harmonize à sua natureza espiritual naquele momento. A alma a reencarnar é então submetida ao plano das forças e pode ser atraída pelo vértice de uma união sexual em curso na dimensão física. Segundo os Ensinamentos Misteriosos, a alma é atraída pelos aspectos da vida físicas que melhor a preparem para as lições necessárias para assegurar sua evolução e conseqüente liberação do Ciclo do Renascimento.
De acordo com os Ensinamentos Misteriosos, um aborto natural ou um recém-nascido morto indica uma alma que não mais precisava retornar à dimensão física, necessitando apenas uma breve imersão em matéria densa para equilibrar as propriedades elementais etéreas necessárias a seu corpo espiritual. A outra razão para tais ocorrências é que os pais precisavam aprender a lição da perda para a própria evolução espiritual, caso no qual isso foi possibilitado por uma alma que não necessitava mais de uma existência física. Os serviços dessas almas elevadas é geralmente notado não só nesses cenários, mas também nos ensinamentos acerca da reencarnação de avatares como Buda ou Jesus.F.P.Wikepédia

Misticismo brasileiro.


Wicca, incensos, velas, runas, bruxaria, pedras, ervas, astrologia, horóscopo, esoterismo... misticismo. Todos esses assuntos encantam, de forma mais ou menos extremada, os brasileiros. Até mesmo os mais céticos já deram uma lida no horóscopo do jornal e ficaram preocupados quando os dizerem previam que "sua vida profissional passará por um turbilhão".
No contexto do nosso país, temos que colocar esse assunto em um campo mais amplo, que é o da religiosidade. "As pessoas identificam bruxarias, superstições ou coisa parecida com seus próprios interesses religiosos. E o que elas esperam dessas coisas? Que causem vantagens nesta vida a partir de favorecimentos de seres que existiriam em um outro mundo. Isso é acreditar em magia, acreditar que você pode melhorar sua vida aqui fazendo com que um Deus, uma divindade, uma força ou uma energia que viva no mundo não-físico interceda em seu favor aqui no mundo físico", explica o professor de Sociologia da Religião da UnB (Universidade de Brasília), Eurico Cursino. No país esse tipo de atração funciona tão bem porque a religiosidade brasileira é profundamente mágica. Nós esperamos que a religião seja um grande protocolo de acesso e intervenção junto aos seres do mundo não-físico e, dessa forma, desejamos que esses mesmos seres intercedam a nosso favor neste mundo.
A Wicca é uma religião (por alguns é considerada filosofia) que celebra a natureza e busca inspiração nas religiões antigas de culto à Deusa, nas celebrações dos ciclos anuais das colheitas, ao culto do Deus fertilizador da Terra e várias outras expressões primitivas com uma forte ligação com a natureza e ciclos da vida. Possui rituais, poções, festivais e magias. A secretária de 21 anos, Gislaine Palmeira da Silva, conta que começou a estudar Wicca há um ano.
"Foi uma coisa meio louca. Sempre gostei de objetos e roupas que tinham lua, sol, essas coisas sempre me fascinaram. Sempre tinha sonhos quando criança que se repetem, mulheres com longos vestidos que dançavam em círculos à minha volta enquanto eu recebia uma grande luz que vinha da lua. Uma vez passando em uma livraria vi um livro que parecia meu sonho e só guardei a palavra ´Wicca`, daí comecei a ler sobre", explica Gislaine.
Nos rituais Wicca são usados velas, incensos, pedras, ervas, túnicas, caldeirão, entre outros artefatos. Segundo ela, as magias e poções têm como maior objetivo colocar o homem em contato com a natureza e assim proporcionar o auto-conhecimento, harmonia e a compreensão dos poderes da natureza e não manipular ou fazer mal as pessoas. "Ao fazer uma magia, a pessoa deve ter consciência de que tudo que ela fizer, voltará com uma força três vezes maior", ressalta.
"Os brasileiros acreditam nisso, profundamente, de forma mais ou menos explícita. Atenção, não confundir isso com uma crença que as pessoas vão confessar. É algo que não aparece no censo, mas aparece, por exemplo, nas bilheterias do Harry Potter. Aparece na atração que a coisa exerce, no fascínio, no enorme comércio de subprodutos ligados ao filme", ressalta Cursino.
Estudar Wicca fez com que ela ficasse muito mais espiritualizada. "A visão sobre tudo muda: sobre a vida, o mundo e a morte. Tudo é um ciclo e a morte é um recomeço. Aprendi a valorizar muito mais a natureza e os seres vivos e a entender que tudo tem seu equilíbrio. A Wicca me proporcionou o auto-conhecimento, o crescimento pessoal e espiritual", relembra.
No Brasil, a religião institucionalizada não tem muita ascendência sobre as pessoas, a Igreja é fraca, por isso, a religiosidade das pessoas fica como que com uma espécie de espaço a ser ocupado. Por isso que vemos tanta dinâmica religiosa nos últimos tempos: religiões crescendo, pessoas mudando de crença, associando determinadas religiões à outras, ou seja, fazendo uma salada religiosa. "Se você tiver metido em uma igreja ou ordem que tenha alguma ascendência sobre você, a tendência é não reconhecer força religiosa em nada que não tenha sido chancelado pela sua própria igreja. Mas como a maior parte das pessoas é trânsfuga, está por aí vagando, aí fica fácil, qualquer aventureiro lança mão", analisa o professor. "E aí quanto mais melhor. O que vem de uma fonte mais propriamente religiosa, como uma igreja ou ceita e o que vem do comércio internacional como o Harry Potter não tem muita diferença. Eu estou carente de magia e como não tem doutrina ou teoria sobre qual é a magia certa qual é a errada imperando na minha cabeça, eu vou pelo quanto mais, melhor". Harry Potter distorce a bruxaria sim, mas os wiccans (seguidores da Wicca) não o odeiam. "A Wicca pratica justamente o amor e o respeito entre o homem e todos os outros seres vivos. A magia é usada para o bem, proteção, crescimento espiritual e não o contrário", explica.
E essa mania de combinar religião com misticismo e formar uma crença misturada faz parte da cultura do brasileiro. Para ser assim, basta ter nascido em algum lugar do Caburaí ao Chuí. "Talvez a gente tenha outras formas de pensar, laicas, racionalizadas, mas é impossível não ser, pelo menos, atraído. Mesmo o mais cético tenderá a olhar com um ´rabinho de olho` porque é da nossa constituição cultural. É claro que a escolarização científica funciona como uma espécie de desalojador da cultura mágica, mas que ela está lá, está lá".F.P.Wikepédia.