contos sol e lua

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sábado, 15 de agosto de 2009

O GRITO NEGRO.


Vim dos universos inconcebíveis.
Sou a sombra nascida de tuas dores, cujo nome jamais hei de revelar.
Adentro as estradas infernais de tuas culpas e me escondo na inocência de tuas intenções.
Sou como a ilusão que a tudo embeleza e crio a tua mais amarga decepção.
Sou aquela sensação de vazio que a tudo preenche e, na madrugada, me deleito de teu desespero e me alimento de tuas angústias. Ao nascer do dia, trago a ansiedade que comunga com tuas incertezas.
Sou como a serpente que hipnotiza a tua razão e te dá o alento do veneno.
Sou a tua insana esperança e te cobro pela tola fé que conquistaste.
Sou aquele sonho que persegues, mas nunca te deixo realizar, pois também sou o realismo que afoga tua força e te mostra todas as impossibilidades.
Sou a amarga presença das trevas em tua vida.
Por minha causa derramaste o sangue de teu irmão nas guerras que provoquei e sobre ele colocaste a bandeira das fronteiras que te dei como prêmio.
Dei-te o alimento para teres força para ver teu irmão faminto.
Dei-te olhos para poderes ver a miséria humana, assim como te fiz criá-la.
Dei-te a palavra para poderes mentir e a audição para poderes ouvir o grito de dor que provocaste todas as vezes que te fiz odiar.
Sou a inveja que faz com que te sintas o pior de todos os seres, mas também sou a tua capacidade de destruir o que invejas.
Sou o último Grito Negro de tua face mortal até porque...Sou a jornada que tens que seguir até que te depares com tua Verdade, então, me matarás. Pois ao rasgares os véus de tua aparência, eu não tenho mais porque existir.
A/Morgana

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