contos sol e lua

contos sol e lua

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Medo de Perder.


Um dos maiores obstáculos para uma vida harmônica, plena, mais expressiva e significativa é o medo de perder, sobretudo medo de perder alguém, o medo de perder quem dizemos amar: cônjuge, filhos amigos, patrão, empregado, cliente... Esta emoção é a principal responsável pelo nosso sofrimento vital.

O medo de perder é o medo de tornarmos dispensáveis para a pessoa com a qual estamos nos relacionando, ele se reverte de mil e uma formas, aparece sobre mil disfarces, como o medo de sermos criticados, que falem mal de nós, medo de que nos humilhem, de sermos rejeitados, de não sermos importantes, de sermos menos prezados, de não sermos amados, medo da solidão, e tudo isso pode ser designado por uma palavra : C I Ú M E S !

O ciúme é o medo de não ter alguém, de não possuir alguém, de não ser dono de alguém. Na relação ciumenta colocamos: nós e o outro como objetos, nesta relação pessoas e objetos são a mesma coisa. No ciúme temos medo de um dia sermos considerados inúteis, dispensáveis a outra pessoa, esta é a emoção do apelo, confusa, misturada, dependente e o que agrava é que na nossa cultora aprendemos como se o ciúmes sendo amor, e ele é justamente o oposto do amor pois na relação amorosa existe identidade, eu sou independentemente de você, na relação ciumenta, por outro lado, perde-se a identidade: eu sem você não valho nada, você é tudo para mim.

O amor é solto, é livre, vem de querência intima, está diretamente ligada ao sentimento de liberdade, de opção, de escolha. O ciúme prende, amarra, condiciona, determina, com essa emoção eu já não sou eu, sou o que o outro quer que eu seja.E eu sou assim para que ele seja aquilo que eu quero que ele seja.

No ciúme há um pacto de destruição mútua, cada qual, usa o outro como garantia de que não estará sozinho. Eu me abandono para que o outro não me abandone, eu me desprezo para que o outro não me despreze, eu me desrespeito para que o outro não me desrespeite, eu acabo me destruindo para que o outro não me destrua.

O ciúme é o medo de ser dispensável a alguém, e o mais grave talvez esteja aqui, nós passamos a vida inteira com medo de tornarmos algo que nós já somos: TOTALMENTE DISPENSÁVEIS!

O homem por definição é dispensável, transitório, efêmero, aquilo que passa, e isso é bastante real. Em todas as relações que temos somos hoje, somos substituíveis! O mundo sempre existiu antes de nós, está existindo conosco e continuará existindo sem nós. Somos necessários aqui e agora, mas seremos dispensáveis além e depois.

O medo de ser dispensáveis a alguém é o mesmo medo que temos da morte, que é real, pois o medo da morte é o ciúme da vida, é a vontade irreal de sermos eternos e imutáveis. O medo de perder nos dá a entender que as coisas só valem se forem eternas, se forem permanentes e duráveis.Uma relação só tem valor se tivermos garantia de que a vida sempre será assim como é. E, como tudo é transitório, como tudo é passível de transformação, o medo de perder nos leva a um estado contínuo de sofrimento.

As conseqüências do ciúme são muito claras. Se eu tenho medo de que me abandonem, de que não me amem, de me tornar dispensável, ao invés de fazer cada vez mais para que cada vez mais eu seja melhor, acabo gastando toda a minha energia para provar ao outro que eu já sou o mais, que eu já sou o melhor, que eu já sou o primeiro!

Ao invés de empenhar esforços para ser um cônjuge, um filho, um amigo, um pai ou uma mãe cada vez melhor, eu gasto toda a minha energia tentando provar a eles: que eu sou o melhor cônjuge do mundo, o que é uma mentira; o melhor filho do mundo, o que é uma mentira; o melhor pai ou mãe do mundo, o que é uma mentira; o melhor amigo do mundo, o que é uma mentira; e assim por diante...

O ciúme no conduz ao delírio da onipotência, os nossos atos, nossas iniciativas, a nossa conversa, o nosso comportamento, as nossas considerações, tudo isso é para mostras ao outro que já somos bons, capazes e perfeitos. Aqui está a diferença básica e fundamental entre o medo de perder e a vontade de ganhar.

O medo de perder é assim... Ganhamos, ninguém vai nos tomar o que já possuímos, para conservarmos o que já ganhamos... E com isso nós já chegamos ao ponto máximo, só temos que perder.

À vontade de ganhar por outro lado, é assim... Estaremos sempre ativos, descobrindo oportunidades do ganho, procuraremos ganhar cada vez mais em vez de nos preocupar com possíveis perdas.

O que temos de mais sagrado é a nossa própria vida esta nós já vamos perder, todas as outras perdas são secundárias.

O medo de perder é reativo, defensivo, justificativo! As pessoas ciumentas estão sempre se prevenindo para não perder, sempre se preparando, sempre se conservando.

As pessoas, com vontade de ganhar estão sempre optando, arriscando, o medo de perder é a vivência do futuro, é a vivência antecipada do futuro, é preocupação. À vontade de ganhar, por outro lado, é a vivência do presente, é a vivencia da beleza do presente.

Em tudo, a cada momento existem riscos e existem oportunidades. No medo da perda a pessoa só vê os risco, na vontade de ganhar a pessoa também vê os risco, mas, sobretudo, vê as oportunidades. Cada momento da vida é um desafio para o crescimento. A vontade de ganhar, a qual nos referimos, não significa ganhar de outra pessoa, e sim ganharmos de nós mesmos, ser cada vez mais, estar disposto a dar um passo a frente, estar sempre disposto a crescer um pouco mais. É importante termos para nós, que hoje podemos crescer um pouco mais do que éramos ontem, que ninguém chegou ao seu limite máximo, que idade adulta não significa que chegamos ao máximo de nossas potencialidades, não existe pessoa madura, existe sim, pessoas em amadurecimento.

Todo nosso crescimento se dá por uma paralisação de nosso crescimento pessoal, e cada um de os sabe muito bem onde paralisou, onde nossa energia está bloqueada, onde não está tendo expansão de nossa própria energia.

Ainda, não vimos até hoje, um relacionamento se deteriorar sem a presença marcante do ciúme, do desejo de sermos donos da outra pessoa, de ter poder e controle sobre as ações e até dos pensamentos da pessoa que dizemos amar!

O ciúme é a doença do amor, é um profundo desamor a si mesmo e conseqüentemente um desamor ao outro, pelo ciúme se estabelece uma relação entre dominador x dominado. O ciúme é a dor da incerteza com relação ao sentimento de alguém no futuro. É a raiva de não possuir a segurança absoluta do relacionamento no futuro, é a tristeza de não saber o que vai acontecer amanhã. Alías, o que dói no ciúme, é a insegurança do futuro, é a insegurança do desconhecido. A loucura está aí, passamos a vida inteira tentando conseguir o que jamais conseguiremos: segurança... Pois ela não existe! Ser seguro não acabar com a insegurança, mas aceita-la como inerente à natureza humana. Ninguém pode acabar com o risco do amor, por isso só é possível estar em estado de amor quando sabemos estar em um estado de risco!

Desperdiçamos o único momento que temos, que é o A G O R A,

em função de um momento inexistente: o F U T U RO ! Parece que as pessoas só valem para nós amanhã, no futuro. Nós não curtimos o relacionamento hoje com nosso cônjuge, com os filhos, com s amigos sofrendo pela possibilidade de um dia não sermos queridos por eles. O filho, por exemplo, parece que só nos é importante amanhã, quando crescer, quando se formar, quando casar, trabalhar, etc... Até hoje, não conhecemos um pai que estivesse preocupado com o futuro do filho que estivesse brincando com eles. Em geral, não tem tempo porque estão muito ocupados em assegurar aos filhos um futuro brilhante!

O ciúme é a incapacidade de vivermos a gratuidade da vida. Hoje é o primeiro dia do resto de nossa vida, querendo ou não! Hoje estamos começando, e viver é considerar cada segundo de novo, a cada dia o seu próprio cuidado, o medo daquilo que nos pode acontecer, tira nos a alegria de estar aqui e agora. O medo da morte tira a vontade de viver, o medo de perder alguém tira a beleza de estar com ela agora, alias quando se tem medo de perder alguém é porque pensamos que as pessoas são nossas, ninguém pode perder o que não tem.

Cada pessoa é única e exclusivamente dela mesma, podemos perder um livro, um isqueiro, uma bolsa, porém jamais podemos perder uma pessoa.

O sinônimo do medo de perder é a obsessão pelo primeiro lugar, colocamos nos ombros a tarefa impossível de sermos sempre os primeiros em todos os lugares e em todas as circunstâncias. Se for em casa, queremos ser o primeiro, se for no trabalho, também o primeiro, num assunto específico queremos ser o primeiro, em outro assunto qualquer sempre o primeiro. O 1o lugar é amarelante, deteriorante, ao passo que o 2o lugar é esperançoso, é enverdejante, pois quando alguém chega ao cume da montanha só lhe resta um caminho a seguir: COMEÇAR A DESCER!!

No 2o lugar, ainda temos para onde ir, para onde crescer, a postura do 2o lugar nos leva ao crescimento contínuo, porque você se decreta em 2o lugar mesmo que esteja eventualmente o 1o lugar perante a sociedade.

O 2o lugar não em relação ao outro, mas em relação a nós próprios, ou seja, ainda teremos por onde crescer e melhorar. Você sabe por que o mar é tão grande? É porque ele teve a humildade de se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios do mundo, sabendo receber tornou-se grande, se quisesse ser o 1o e se colocasse alguns centímetros de todos os rios da terra, não seria o mar, mas uma ilha, toda a sua água iria para os outros, e ele estaria isolado...

Além disso, a perda faz parte, a queda faz parte, a morte faz parte, é impossível viver satisfatoriamente se não aceitamos a queda, a perda, a morte o erro, precisamos aprender a perder, a cair, a errar e a morrer. Não é possível saber ganhar sem saber perder, não é possível saber andar sem saber cair, não é possível viver sem saber morrer!

Em outras palavras, se temos medo de cair, andar será muito doloroso; se temos medo de morrer, a vida será muito ruim; se temos medo de perder, o ganho nos enche de preocupação!!!

Esta é a figura do fracasso dentro do sucesso, pois quanto mais ganha, quanto mais melhora na vida, mais sofre. Para a pessoa que tem medo de ficar pobre, quanto mais dinheiro obtém mais preocupado fica. Para a pessoa que tem medo do fracasso, quanto mais sobe na escala social, mais desgraçada é a sua vida.

Agora, se você aprende a perder, a cair, a errar e a morrer, ninguém o controla mais, pois o máximo que pode acontecer a você é cair, é perder, é errar, é morrer e isso você já sabe!!
Texto retirado fita Rosa Cruz - Desenvolvimento Comportamental.Antonio Roberto Soares.

Crenças.


Cremos que a vida humana é múltipla em manifestações, mas uma só em essência e que somos um canal de manifestação da vida, e que lutar contra é uma forma de onipotência, é querer parar o fluxo harmônico da natureza.

Cremos que a família menos que um conjunto de obrigações, é um laboratório de treinamento na operacionalidade do amor, uma experiência comum das diferenças individuais, é na diferença que se situam o crescimento e o amor e que crescer é fazermos em níveis maiores a ligação entre os contrários!

Cremos que o tempo não existe, como força fora de nós, mas que o tempo somos nós mesmos em movimento, em transitoriedade... Que a segurança não existe a não ser como a aceitação da insegurança básica da pessoa humana. Que o amor, a bondade, a verdade e a ternura devem ser cultivados não por imposição moral, mas porque fazem parte das leis naturais do mundo.

Cremos que estamos na vida para louvar a gratuidade, a simplicidade e o imprevisto, que a vida só se vive no improviso, no rascunho. Que nenhum de nós é um todo, mas apenas uma parte, que a alma é um pedaço de nosso corpo e que nosso corpo é um pedaço de nossa alma.

Cremos que até nisso as pessoas são iguais, cada um é diferente, que somos criança, adultos e velhos ao mesmo tempo. Que viver é juntar diariamente o separado e separar diariamente o que está junto.

Cremos que se aprendemos a nadar, temos que aprender a mergulhar, e que para aprendermos a ganhar, temos que aprendermos a perder, que para aprendermos a viver temos que aprender a morrer, que para sentir prazer temos que aprender a sentir dor. Que para aprendermos, a saber, temos que aprendermos a não saber!

Cremos que ser diferentes é ser livre, que o passado e o futuro são importantes como referência da nossa vida, e não como uma determinante dela, que existem o conhecido, o desconhecido e o incognoscível. Que o vazio faz parte do mundo e é onde recebemos o mundo, jamais teremos segurança total, inteligência total, presença total, saúde total, potência total.

Cremos que nossa força vem da consciência de nossa fraqueza, que nossa coragem vem da consciência de nosso medo, que enfrentar as coisas vem da consciência do nosso desejo de fugir, que nossa alegria vem da consciência da nossa depressão, e que nossa esperança vem da consciência de nosso desespero.

Cremos que se após a morte não existir nada, este nada será uma forma de existir, que nós somos bons, verdadeiros, honestos, livres e sábios por natureza embora às vezes sejamos maus, desonestos, presos e ignorantes. Que o mal não existe em si mesmo, é apenas a ausência do bem.

Cremos que mestre é aquele que aprende e não o que ensina, que a autoridade vem dos fatos e não das pessoas. Que não queremos e não podemos ter qualquer compromisso com o sucesso, que viver é apenas viver, e não viver em função de alguma coisa.

Que não estamos neste mundo para viver em função da nossa esposa, do nosso marido, dos nossos filhos... Só estamos neste mundo para vivermos com eles. Que o amor é quando somos bons e verdadeiros ao mesmo tempo.

Cremos que nascemos para ser e não para ter, pois o dinheiro é um meio, instrumento do viver, e não um fim na vida, que pessoas não são coisas e, portanto não são propriedade de ninguém. Que amor é liberdade e que liberdade é o casamento entre o que queremos e o que podemos. Que a vida é um mistério e que nós somos parte dele, que ajudar alguém não é dizer ao outro como ele tem que se, é ajuda-lo a se ajudar, é ajuda-lo a não precisar de nós.

Cremos que é sempre possível arranjar uma desculpa para nos divertirmos, para sermos felizes. Que amar é ser inocente, acreditar nas pessoas como uma criança acredita na outra, que inocência é ver uma gota de orvalho numa flor, ver o broto das árvores,

É ver uma borboleta voar, é saudar o por do sol, é deixar cair uma lágrima, é sujar as mãos na terra, é rir dos nossos limites, é beijar o ar, é respirar uma música, é contar as estrelas, é desprevenir-se.Texto retirado fita Rosa Cruz - Desenvolvimento Comportamental.Antonio Roberto Soares.