domingo, 26 de dezembro de 2010
A Senhora da Magia.Brumas de Avalon.
O romance não se detém meramente em narrar os fatos políticos e religiosos que se confrontam na Bretanha. Mais que isso, Marion - famosa por suas histórias que descobrem o véu do universo feminino - mostra toda a força e complexidade dos atos e escolhas das mulheres (ignoradas na História das Civilizações)- abre portas na lenda da Excalibur em que se encontram o misticismo da origem da espada, ritos pagãos que foram sufocados pela cristianização, a importância das uniões políticas entre os povos e o resultado da submissão ou não das mulheres frente aos homens.
A primeira metade do volume é centrada basicamente na vida cotidiana da jovem pagã Igraine, casada contra a vontade com o Duque Gorlois da Cornualha e passando por uma série de conflitos e alguns poucos momentos felizes ao lado dele e de sua filha Morgana, ao mesmo tempo em que é pressionada por Avalon a se casar com Uther Pendragon e, com ele, gerar o filho que salvará a Bretanha: o futuro Rei Arthur. E embora seja tomada por um amor incontrolável por Uther e cumpra o que lhe era cobrado, Igraine corta relações com Avalon, passando a se comportar como uma cristã fervorosa, embora, secretamente, continuasse adorando a Deusa de Avalon.
O restante do volume se centra na adolescência e juventude de Morgana, levada por Viviane, a Senhora do Lago e irmã mais velha de Igraine, para Avalon e treinada por anos para se tornar uma sacerdotisa da Deusa. Entretanto, enquanto Morgana cumpre um dos rituais, Viviane a faz ter relações com seu irmão Arthur, sem que ambos se reconheçam, com a intenção de fazer com que Morgana gere um filho da linhagem pura de Avalon, já que a mãe de ambos é da Família Real de Avalon. Mas quando Morgana descobre que se deitou com o irmão e agora está grávida dele, sua relação com Viviane se deteriora, fazendo-a abandonar o sacerdócio e deixar Avalon.
Neste volume temos os fatos que servirão de fundo para o romance:
* o papel da mulher, importância e conseqüência dos casamentos arranjados
* o choque de culturas e poderio dos sexos
* como eram realizadas as sucessões de trono
* o ritualismo pagão para a ascensão do novo rei
* o simbolismo por trás de entrega da sagrada espada
* a ascensão de Arthur ao trono, após a morte de Uther
* A Grande Rainha*
No segundo volume, que começa pouco depois da coroação de Arthur como Grande Rei da Bretanha, há um amadurecimento das personagens, já enfrentando as conseqüências de suas escolhas.
A personagem que recebe maior destaque nesse volume é Guinevere (Gwenhwyfar), a princesa escolhida para se casar com Arthur e se tornar a Grande Rainha da Bretanha. Ela é uma cristã fanática, com ideias extremamente patriarcais e um profundo complexo de inferioridade por ser mulher. Guinevere se apaixona por Lancelote, o principal cavaleiro de Arthur, desde que o vê pela primeira vez. E como não consegue dar um filho a Artur, entende que isso é um castigo de Deus contra seu amor adúltero. Assim, para se redimir, Guinevere cobra de Arthur que ele se torne o mais cristão dos reis e tenta impor à Corte um estilo de vida cristão cada vez mais radical. Ao mesmo tempo, ela desenvolve um ódio crescente contra Morgana, em parte por ela não aceitar se tornar cristã e viver com a liberdade de uma mulher pagã, em parte pelo ciúme que sente de Morgana com Lancelote. E Arthur, supondo que o estéril do Casal Real talvez seja ele, permite que Guinevere se torne amante de Lancelote, para dar um herdeiro ao trono.
Outros acontecimentos:
* Morgana vai para a corte de Morgause, agora já rainha em outra região por união política
* nascimento de Mordred, o filho de Morgana e Arthur
* a escolha por meio de dote da noiva do rei
* o começo da formação dos cavaleiros da Távola Redonda
* as cobranças sobre uma mulher para a existência de um herdeiro
* o isolamento de Morgana
* a morte de Igraine, sem saber que Morgana e Arthur tiveram um filho juntos
* O Gamo Rei*
No penúltimo volume desta série revolucionária, alguns temas tristes e complexos serão abordados.
De modo geral, numa idade já madura nesse volume, os personagens começam a lamentar as perdas que sofreram ao longo da vida e os sonhos que não conseguiram concretizar.
Já idosa, Viviane é assassinada pelo filho de uma mulher de quem ela provocou a morte (a seu próprio pedido) para livrá-la das terríveis dores de uma doença incurável. Taliesin, o antigo Merlin da Bretanha, também morre de velhice logo depois. E Kevin, o novo Merlin, assume uma postura cada vez mais cristã, preocupando profundamente Morgana, que vê nisso a decadência dos ritos pagãos.
Com a morte inesperada de Viviane, sua sucessora Niniane assume o poder sobre Avalon, tornando-se a nova Senhora do Lago, embora seja jovem demais e ainda não esteja pronta para isso, deixando os pagãos sem uma matriarca nem um patriarca fortes como os que tinham antes para seguir.
Na Corte de Arthur, o caso de Guinevere e Lancelote logo passa a ser de conhecimento público, tornando-se piada, pouco depois, em toda a Bretanha. E Lancelote revela a Morgana que sempre lutou contra uma homossexualidade reprimida. E que, embora se sinta atraído por Guinevere, Arthur também é desejado e amado por ele (algumas passagens dão a entender que Arthur também sente algo parecido por Lancelote). E Morgana, através de uma armadilha, faz com que Lancelote seja forçado a se casar com Elaine e deixar a Corte. Com isso, ela pretendia afastar Lancelote de Guinevere e Arthur e, ao mesmo tempo, salvar o casamento de Arthur do descrédito em que vinha caindo diante do povo.
Morgana se casa com o Rei de Gales do Norte e consegue, até um certo ponto, se tornar uma matriarca pagã naquela corte, embora escondida dos cristãos.
* O Prisioneiro da Árvore*
Visto que Artur deixa de lado os costumes antigos, traindo assim a confiança do povo antigo da ilha, Morgana deseja retomar para Avalon o que havia sido oferecido mediante o juramento na Ilha do Dragão, no volume I. Para isso, encontra em Acolon, seu jovem enteado criado nos costumes antigos, um apoio para uma tentativa de retornar aos velhos preceitos.
Kevin, sucessor de Taliesin, é acusado de traição por ceder a Artur os símbolos sagrados (como o Graal) para uma nova interpretação cristã, com intuito que não fossem assim esquecidos, já que não acreditava mais na possibilidade de um retorno aos costumes antigos. A punição por sua traição vem pelas mãos de Nimue, uma filha de Lancelot que foi levada por Morgana a Avalon e se tornou sacerdotisa.
Gwenhwyfar é flagrada por cavaleiros da Távola cometendo adultério com Lancelot, e ambos fogem do reino. A sucessora de Viviane é morta acidentalmente por Mordred. Avalon fica sem uma Senhora do Lago. Mordred, agora homem feito, enfrenta o pai.
O desfecho da lenda do Rei Arthur é conhecido, mas interpretação feita por Marion Z. Bradley reserva muitas surpresas e detalhes - Como pode-se observar desde o início do livro.
Localização*
Segundo o livro, Avalon se localiza ao sul da Bretanha, atual Inglaterra, que era uma província do Império Romano. Vários autores citam a atual cidade de Glastonbury como sendo a ilha sagrada. Avalon era conhecida também como o País do Verão.
É nesse ambiente fictício que, por volta do século V, passa-se a história do lendário Rei que teria papel fundamental na Bretanha, no momento em que o paganismo estava começando a perder terreno para o cristianismo.Marion Zimmer Bradley.
A Grande Rainha.Brumas de Avalon .
A Senhora da Magia, A Grande Rainha, O Gamo-Rei e O Prisioneiro da Árvore são os quatro volumes que compõem As Brumas de Avalon – a grande obra de Marion Zimmer Bradley -, que reconta a lenda do rei Artur através da perspectiva de suas heroínas.
Guinevere se casou com Artur por determinação do pai, mas era apaixonada por Lancelote. Ela não conseguiu dar um filho e herdeiro para o marido, o que gera sérias conseqüências políticas para o reino de Camelot. Sua dedicação ao cristianismo acaba colocando Artur, e com ele toda a Bretanha, sob a influência dos padres cristãos, apesar de ser juramento de respeitar a velha religião de Avalon.
Além da mãe de Artur, Igraine e de Viviane, a Senhora do Lago que é a Grande Sacerdotisa de Avalon, uma outra mulher é fundamental na trama: Morgana, a irmã de Artur.
Ela é vibrante, ardente em seus amores e em suas fidelidades, e polariza a história com Guinevere, constituindo-se em a sua grande rival. Sendo uma sacerdotisa de Avalon, ela tem a Visão, o que a transforma em uma mulher atormentada.
Trata-se, acima de tudo, da história do conflito entre o cristianismo, representado por Guinevere, e da velha religião de Avalon, representada por Morgana.
Ao acompanhar a evolução da história de Guinevere e de Morgana, assim como dos numerosos personagens que as cercam, acompanhamos também o destino das terras que mais tarde seriam conhecidas com Grã-Bretanha.
As Brumas de Avalon evoca uma Bretanha que é ao mesmo tempo real e lendária – desde as suas desesperadas guerras pela sobrevivência contra a invasão saxônica até as tragédias que acompanham Artur até a sua morte e o fim da influência mítica por ele representada.
Igraine, Viviane, Guinevere e Morgana revelam através da história de suas vidas e sentimentos a lenda do rei Artur, como se ela fosse nova e original.
Segue Resenha…
Esse volume começa pouco depois da coroação de Arthur como Grande Rei da Bretanha. Veremos como as personagens amadureceram com o decorrer do tempo e como enfrentarão as conseqüências das suas escolhas.
Morgana está morando com sua tia Morgause, rainha de Orkney. Nesse castelo nasce Mordred, filho da união de Arthur e Morgana.
A personagem que recebe maior destaque é Guinevere, a princesa escolhida para se casar com Arthur e se tornar a Grande Rainha da Bretanha.
Uma cristã fanática, com idéias extremamente patriarcais e um profundo complexo de inferioridade por ser mulher. Guinevere se apaixona perdidamente por Lancelote, o principal cavaleiro da Távola Redonda, desde que o viu pela primeira vez.
Por não conseguir dar um filho à Arthur, entende que Deus a está castigando por ser adúltera. Assim, para se redimir, Guinevere faz com Arthur se torne o mais cristão dos reis da Bretanha e impõe à Corte um estilo de vida cristão cada vez mais radical.
Morgana se torna alvo do ódio de Guinevere, primeiro, por não aceitar se tornar uma cristã e viver livre como uma mulher pagã; Segundo, porque Guinevere sente ciúmes do relacionamento dela e Lancelote. Esse será o maior embate do livro, pois Morgana representa a mulher pagã, forte e livre; e Guinevere representa as leis cristãs e uma mulher mais frágil, porém forte em certos aspectos. Essa rivalidade promete muitas emoções.
Arthur crê que ele é o culpado por não terem um filho, portanto permite que Guinevere se deite com Lancelote, seu melhor amigo, para ter um herdeiro ao trono.
Com o tempo Morgana passa a se isolar de tudo e de todos no país das fadas , onde o tempo não é exatamente como o nosso.
Igraine, a mãe de Arthur e Morgana morre sem saber que estes tiveram um filho juntos.
Marion Zimmer Bradley.
Esperança do Amanhecer.
Filha dos sonhos vá agora,
Corra e abra a porta
Do velho carvalho sem demora.
O poente se aproxima
Então, escute seus segredos
Onde a vida começa e termina.
Dance até cair à última folha
E pegue o galho dourado,
Antes que a noite o recolha.
Corra, pois o tempo voa,
Atravesse de novo o portal
Siga até a margem daquela lagoa.
Pegue o galho prateado
E atravesse mais um portal.
A Lua ilumina o caminho sagrado.
Corra, pois a barca lhe espera.
As sementes da esperança germinam
Despertando os Deuses na primavera.
Toque o seu coração
E abrace os seus sonhos.
A tua mão alcança além da ilusão.
Traga-o de volta novamente,
Através da Arte e do amor.
A Senhora nunca mente.
Acredite na força da magia,
Que hoje aqui se fez presente.
Abençoados nesta linda sintonia!
Rowena Arnehoy Seneween.
Filhos das Estrelas.
Vindos nas asas de Erin, pelas bênçãos de Dana
Mestres da magia, ouçam o nosso chamado
Mostre-nos a Lia Fáil, a pedra do destino soberana.
Pela espada de Nuada, seja a justiça equilibrada
Em nome dos nossos Deuses antigos
Que a lança de Lugh, ilumine a nossa jornada.
Conceda-nos a vitória sobre o orgulho desmedido
E que o caldeirão da transformação do Grande Dagda,
Renove-nos todos os dias, sempre renascido.
Abençoe-nos com fartura e bem-aventurança
E pela triqueta sagrada, apresentem-se hábeis filhos,
Tuatha Dé Danann, o código de honra, a nobre aliança.
Tanto nos montes e nas florestas abaixo da terra,
Façam-se presentes em nós, através da vossa sabedoria,
Assim como, toda a terra acima dessa terra.
Possam nos levar adiante neste propósito maior,
No principio da tua mais perfeita criação,
Sempre em benefício da criatura e do criador.
A luz brilha na escuridão e o amor guia o coração,
Salve os Filhos das Estrelas Brilhantes,
Esperança do amanhecer, a eterna promessa do verão!
Rowena Arnehoy Seneween.
A Lição do Fogo.
Um membro de um determinado grupo ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.
O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram. Cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado. Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:
Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo. Deus te abençoe!
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