contos sol e lua

contos sol e lua

quarta-feira, 31 de março de 2010

O Destino e o Horóscopo.


A palavra "Destino", que às vezes se substitui por "fado", ou até mesmo pelo termo oriental "carma", refere-se à lei da retribuição, que é o efeito, moral ou físico, do conjunto das ações das vidas anteriores.
É uma lei universal, isto é, uma lei natural e, ao mesmo tempo, divina. Segundo esta lei, "o que o homem semeou, há-de colher", como diz o Novo Testamento.
Quem semeou trigo, não colherá espinhos; e quem semeou joio, não colherá trigo. Na maioria dos casos, porém, o ente humano semeia uma mistura de trigo e joio, quer dizer, pratica atos bons e maus; e, portanto, há-de colher um destino com o bom e mau entrelaçados.
Cada alma humana, ao reincarnar, traz consigo as sementes produzidas pela sua vida anterior. Se, nessa vida anterior o balanço entre o bem e o mal pende mais para o bem, terá um horóscopo favorável; se, pelo contrário, esse balanço pender mais para o mal, há-de trazer consigo, ao nascer – ou, mais bem dito, ao renascer – um horóscopo desfavorável. Pois o tema astrológico não é outra coisa mais do que a "conta" do "deve" e do "haver" da respectiva alma.
Se alguém, na vida passada, tiver pecado contra a lei do amor, há-de trazer, ao renascer, indícios desse pecado. E, portanto, os aspectos astrológicos indicarão um amor contrariado ou não retribuído, ou sofrimentos devido ao amor; se, na existência anterior, abusou de seus poderes, trará indícios de fraqueza; se, na vida anterior, praticou injustiça e naquela incarnação não cumpriu as penas, cumpri-las-á na incarnação presente, parecendo sofrer injustamente.
Também os seus órgãos físicos são modelados pelo "destino". Se uma pessoa nasceu com algum órgão mal desenvolvido, não se culpem os astros como malfazejos, mas compreenda-se que, por exemplo, essa alma não prestou suficiente atenção, ou não soube usar bem, a função orgânica que lhe está associada. Lembremo-nos das palavras do mestre quando seus discípulos lhe perguntaram a respeito de um homem cego desde o nascimento1: "Mestre, quem pecou: este homem, ou seus pais, para que nascesse cego?" E o mestre respondeu-lhes: "Nem ele pecou, nem os seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras do criador".. Se não aceitasse a reincarnação, teria dito certamente: "É um absurdo! Como poderia um homem pecar antes de nascer?".
Nunca nos esqueçamos da verdade: nós somos apenas aprendizes na grande escola da vida universal e que, por mais que alguém na Terra seja sábio ou erudito, não é mestre de sabedoria. A verdade é infinita; só quem alcançou a verdadeira união com o Espírito Infinito, pode conhecer a verdade em todas as suas manifestações.
Quando O mestre disse que nem o cego pecara, nem seus pais, não se referia às personalidades atuais dessas pessoas, mas ao espírito do próprio cego e aos erros que ele havia cometido noutras vidas.
Nada se perde no universo. Quem, nesta vida terrestre goza de comodidades, riquezas, honras, etc., e manifestamente delas abusa, cometendo atos vergonhosos e, até, talvez, crimes, é comparável a uma criança a quem os pais lhe tivessem comprado roupa bonita e limpa mas que depois a tivesse sujado e rasgado. É natural que os pais não a presenteiem com mais roupas, que não a elogiam mas, pelo contrário, a castiguem.
Os órgãos do corpo humano foram concebidos por certas inteligências celestes. O cérebro e a laringe, por exemplo, formou-se graças à ajuda de uma classe de seres a quem chamamos "anjos", que empregaram, para esse fim, parte da força sexual humana. É por isso que há uma relação íntima entre os órgãos sexuais e a laringe.
No sistema assim construído pelos anjos, regidos por Javé, insinuaram-se os anjos rebeldes, guiados por Lúcifer, o Espírito de Marte, que inculcaram a paixão, o abuso sexual e a rebeldia. Para corrigir esse desvio, outra classe de seres espirituais, os senhores de Mercúrio, foram encarregados de criar e desenvolver a razão, para que o homem se guiasse cada vez mais por si mesmo.
Todas as grandes hierarquias espirituais trabalham constantemente nos nossos corpos; mas as três que acabamos de mencionar têm especial domínio sobre o comportamento mental e sexual. Cada uma delas está associada a um dos três segmentos principais da coluna vertebral.
A hierarquia de Neptuno, que é subtilmente espiritual, opera no canal espinal e nos ventrículos cerebrais para despertar os sentidos espirituais. Os espíritos de Marte dominam o hemisfério esquerdo, e os mercurianos o hemisfério direito do cérebro. Os anjos lunares governam o cerebelo.
Como todos os que estudaram a astrologia sabem, o ascendente, isto é, o ponto do Zodíaco que ocupa o Leste no momento da nascença, é muito importante para a descrição da forma do corpo e das principais qualidades mentais; mas nem todos sabem que o ascendente é o lugar ocupado pela Lua no momento da concepção.
Compreende-se agora, pelo que dissemos, que, no momento em que uma alma renasce, todas as grandes inteligências cósmicas lhe dão seus presentes, cada uma conforme o seu grau e sua natureza espiritual: as de Mercúrio dão a inteligência, Vénus, o amor, Marte a atividade, etc. Estes dons são modificados pelos signos, pelas casas do horóscopo e pelos aspectos dos planetas. E cada um desses aspectos é a justa recompensa das ações praticadas no passado.
O tema astrológico, portanto, é o balanço que o recém-nascido traz consigo. E das suas atividades durante a vida dependerá se, ao deixar novamente a vida terrestre, levará consigo um débito ou um crédito celeste.
Não se pense também que o horóscopo há-de ficar inalterado durante toda a existência física. O destino trazido pode ser modificado, para melhor ou para pior. A vontade é o fator decisivo.
Quem traz, no seu horóscopo, indícios de fraquezas morais, pode e deve anulá-las, esforçando-se por as vencer e substituir por qualidades boas.
Semeemos bons pensamentos, boas palavras e boas ações; e limpemos convenientemente a seara, retirando o joio, para queimá-lo, sempre que se tenha introduzido no meio do trigo.
F. V. L.

As Palavras sem Rosto.


Sinto que há certas coisas que nunca poderão ficar claras; não há palavras adequadas para elas; contudo, essas coisas existem.
Krishnamurti.
Há coisas que pertencem ao reino da alma, lá, onde moram as coisas indizíveis, as que sentimos como verdadeiras e eternas.
As palavras foram inventadas para nomear as coisas concretas; o visível torna-se dizível, portanto. Mas outras há para as quais as palavras ficam sempre aquém. Se os sentidos ao menos pudessem ver-lhes a substância, provavelmente torná-las-iam dizíveis, explicáveis, sossegando a alma inquieta. Também escapam à razão que não consegue capturá-las, esquadrinhá-las, estudá-las, dar-lhes uma identidade.
Depois de tentar infrutiferamente traduzir o indizível, aprendemos que nunca conseguiremos nomeá-lo com precisão. Ele não existe para ser pensado, mas para ser sentido.
Ana M. Martins.

Escutando o Rio a Fluir.

Há tempos que são de espera. Nada nos pedem. Nada nos querem dizer. Nada acontece de novo. Desconcertante. Fomos educados para produzir. Fazer muitas coisas. Queremos mudar. Experimentar emoções diferentes.
A casa do silêncio é ampla. Sentimo-nos sós. Perdidos. Forçamos o tempo. Distraímo-nos. Ocupamo-nos. Apressamo-nos a ir para algum lado. O tempo responde-nos com o silêncio. Porque há tempos que são de escuta. De imobilidade. Voltamos, de novo, ao ponto de partida.
A cada um o tempo de espera ensina coisas diversas, mas a todos deixa os mesmos recados: aprender a estar imóvel; nem tudo depende inteiramente de nós.
Se estás nesse tempo, senta-te e escuta o rio que flui. Não para ouvir o que ele tem para te dizer, mas para escutares o que a tua alma tem para lhe contar.
Nesse momento, desenhar-se-á um novo tempo. Conciliador. Entre o que aprendeste sobre ti e o que o mundo te preparou.
No tempo fértil, serás, então, convidado a sair da casa do silêncio e a desenhar novos gestos no dia claro.Maria Coriel.