contos sol e lua

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

FLOR DE LOTUS.


Nasci há 50.000 anos atrás.
Vivi em um tempo remoto,
Escondi-me entre valas no chão,
Escorreguei, dormi a hibernação.

Por séculos e séculos no meio de um sono,
Antes do homem, nasci e cresci,
Não tinha tudo isto que aqui está,
O mundo era diferente,

Eu era a flor do pantanal.
Flor de lótus, onde você se escondeu,
Numa hibernação milenar você viveu?
Flor de lótus, sua imagem é saber,

Símbolo do homem, o dom de entender.
Imagens de deuses, e imagens reais,
Colocaram-me entre um e outro,
Fui ser uma flor sagrada,

Mas o sagrado está escapando e ninguém vê.
Flor de lótus, quem é que te plantou,
Foi um homem ou disco que passou,

Flor de lótus, quem é que te colheu,
Alguém que no mundo, aqueles tempos viveu?
Elder Prior.

FLOR DE LÓTUS .


Sou a alma em flor que labuta a vida
Que floresce nas madrugadas ventanas
Sou o hemistíquio solto, a guarida
Sou a tamanha florada ozana!

E que seja feliz em meus caminhos!
Pelos beija-flores ser beijada...
Pelas montanhas de oiro, sem espinhos
Sou a acariciante flor amalgamada!

E se sorrio pro mundo, pros receios!
Recrio sonhos em meu próprio seio...
Sou a flor que silva na estrada!

E que quer ser nuamente amada
Nas tardes ao vento, ser cortejada
Com meus sinais de méis, eu creio!
Ledalge.

FLOR-DE-LÓTUS.


No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.Tagore.

Video.

LENDA DA FLOR DE LÓTUS.


Certo dia, num tranqüilo lago solitário, em cuja margem se erguiam frondosas árvores, com perfumadas flores de mil cores, e coalhadas de ninhos, onde aves canoras chilreavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o Fogo, o Ar, a Água e a Terra.
- Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva - disse o Fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.
- É verdade - disse o Ar. - É um destino bem curioso o nosso. À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.
- Não te queixes - disse a Água -, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação. Por outro lado, não perdemos nossa liberdade. Tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão Fogo entra e sai por toda parte, servindo à vida e à morte. Eu faço o mesmo.
- Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar - disse a Terra - pois estou sempre imóvel e, mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar no mesmo espaço.
- Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos - tornou a dizer o Fogo - com discussões supérfluas. É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontrarmos fora da forma. Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago, formado pela nossa união.
Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo. Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído. Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho.
Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem. Ah! Como ele era ingrato. Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os. Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico. Porém a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos. Aproximando-se o momento de se separarem, pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse, através das idades, a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles, harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Houve muitos projetos que foram abandonados por serem incompletos e insuficientes. Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram:
- E se construíssemos uma planta, cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela? - A idéia pareceu digna de experiência.
- Eu porei as melhores forças de minhas entranhas - disse a Terra - e alimentarei suas raízes.
- Eu porei as melhores linfas de meus seios - disse a Água - e farei crescer sua haste.
- Eu porei minhas melhores brisas - disse o Ar - e tonificarei a planta.
- Eu porei todo o meu calor - disse o Fogo - para dar às suas corolas as mais formosas cores.
Dito e feito. Os quatro irmãos começaram a sua obra. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a, e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha.
Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana. Consultaram-se os astros, e foi fixada a data de 8 de maio - quando a Terra está sob a influência da Constelação de Taurus, símbolo do Poder Criador - para a comemoração que, desde épocas remotas, se tem perpetuado através das idades. Foi espalhada esta comemoração por todos os países do Ocidente, e, em 1948, o dia 8 de Maio se tornou também o "Dia da Paz".
[ D. A.]