segunda-feira, 9 de junho de 2025
O Amor - Khalil Gibran.
O Amor
.Então, Almitra disse:
“Fala-nos do Amor.”
E ele elevou a cabeça e fitou o povo, e uma quietude os envolveu. E com a voz forte, ele disse:
“Quando o amor vos acenar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam árduos e íngremes.
E quando suas asas vos envolverem, entregai-vos,
Embora a espada oculta em sua plumagem possa ferir-vos.
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento do norte devasta o jardim.
Pois ainda que o amor vos possa coroar, ele também vos pode crucificar. Ainda que seja para vosso crescimento, também contribui para podar-vos.
Ainda que se eleve à vossa copa e acaricie vossos ramos mais tenros que tremulam ao sol,
Também desce até vossas raízes e as desprende da terra.
Qual feixes de milho, acolhe-vos em seu seio.
Ele vos debulha afim de expor vossa nudez.
Ele vos destitui da palha com seu crivo.
Projeto Enredadas no Amor - Conexões de Amor em rede de bonecas de pano..
Projeto Enredadas no Amor - Conexões de Amor.
Ele vos tritura até atingirdes a brancura.
Ele vos amassa até que estejais prontos;
E então vos submete ao seu fogo sagrado, para que vos transformeis no puríssimo pão do baquete divino.
Todas essas coisas o amor fará por vós a fim de que vos torneis sabedores dos segredos de vossos corações, e que, imbuídos desse saber, vos transformeis num fragmento do
coração da Vida.
Mas se, por receio, desejais buscar somente a paz e o gozo do amor,
É melhor cobrirdes vossa nudez, e abandonardes a eira do amor,
Para que possais entrar no mundo sem estações, onde podereis rir, mas não todo o vosso riso, e chorar, mas não todo o vosso pranto.
O amor não possui nem quer ser possuído;
Pois o amor ao amor se basta.
Miriam Miranda Arteterapeuta e Terapeuta Holística
Quando amardes, não deveríeis dizer: “Deus está em meu coração”, mas sim: “Eu estou no coração de Deus.”
E não pensai que seríeis capazes de determinar seu curso, pois o amor, se considerar-vos dignos, direcionar-vos-á.
O amor não tem outro desejo senão o de atingir sua plenitude.
Mas se amardes e necessitardes ter desejos, que sejam estes:
O de vos tornardes a corrente de um riacho a entoar seu canto para a noite;
O de conhecerdes a dor de tanta ternura;
O de serdes feridos por vossa própria compreensão do amor;
E sangrardes de bom grado e alegremente;
O de despertares ao alvorecer com o coração alado e agradecerdes por mais um dia de amor;
O de repousardes ao meio-dia e ditardes sobre o êxtase do amor;
O de retornardes à casa ao anoitecer, plenos de gratidão;
E então adormecerdes com uma oração para o bem-amado em vossos corações e uma cantiga de louvor em vossos lábios!
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Khalil Gribran, do livro O Profeta.
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A BELEZA - Khalil Gibran.
E um poeta disse: “Fala-nos da Beleza.”
E ele respondeu:
“Onde devereis buscar a beleza, e como sabereis encontrá-la se não for ela própria vosso caminho e vosso guia?
E como falareis dela se não for ela própria a arquiteta de vosso discurso?
Os aflitos e os feridos dizem: ‘A beleza é boa e gentil.
Como uma jovem mãe meio acanhada de sua própria glória, ela caminha entre nós.’
E os apaixonados dizem: ‘Não, a beleza é poderosa e temerosa.
Como a tempestade, ela abala a terra sob nossos pés e o céu sobre nossas cabeças?’
Os que estão cansados e desgastados dizem: ‘A beleza sussurra baixinho. Ela fala ao nosso espírito.
Sua voz cede aos nossos silêncios como uma luz tênue que tremula com medo da sombra.’
Mas o irrequieto diz: ‘Nós a ouvimos gritando atrás das montanhas,
E com seus gritos chegaram um tropel de cavalos, um bater de asas e o rugir de leões.’
À noite, os guardas da cidade dizem: ‘A beleza surgirá ao leste com a aurora.’
E ao meio-dia, os camponeses e os navegantes dizem: ‘Nós a vimos se debruçando sobre a terra, das janelas do poente.’
No inverno, os prisioneiros da neve dizem: ‘Ela virá com a primavera, saltitando sobre as colinas.’
E no calor do verão, os trabalhadores da colheita dizem: ‘Nós a vimos dançando com as folhas do outono, e vimos um floco de neve em seu cabelo.’
Tudo isso dissestes da beleza,
Contudo, não falastes dela mas de necessidades por satisfazer, E a beleza não é uma necessidade, mas sim, um êxtase.
Não é uma boca sedenta nem uma mão vazia que se estende, Mas sim, um coração em chamas e uma alma embevecida.
Não é uma imagem que desejais ver nem uma canção que desejais ouvir,
Mas sim, uma imagem que enxergais, ainda que de olhos fechados, e uma canção que ouvis, ainda que de ouvidos tapados.
Não é a seiva no tronco talhado da árvore, nem uma asa nas garras da ave de rapina,
Mas sim, um jardim sempre florido e anjos em voo eterno.
Povo de Orphalese, a beleza é a vida, quando esta revela sua face sagrada.
Mas sois a vida e sois o véu.
A beleza é a eternidade mirando-se num espelho.
Mas vós sois a eternidade e vós sois o espelho.”
A Beleza Universal - Christian Bernard .
O adágio “Se você quer ser belo, detenha-se por um minuto diante do seu espelho, cinco diante da sua alma e quinze diante do seu Deus” resume bem um dos objetivos a que todo ser humano deveria buscar. Pagar tributo à Beleza divina deveria ser nosso objetivo prioritário, e ele não pode ser alcançado a menos que nós mesmos nos tornemos belos. Quando falo em Beleza, naturalmente não me refiro à estética corporal à qual alguns atribuem demasiada importância e que, infelizmente, tornou-se, em nossa época, um culto ridículo e mesmo perigoso. Penso sobretudo na beleza de nosso santuário interior, a qual, independentemente do aspecto exterior do templo no qual se encontre, pode irradiar-se a todo momento sob a forma de um magnetismo que nada nem ninguém pode alterar ou diminuir.
Neste sentido, a feiúra não deve ser considerada como uma ausência de beleza física, mas como a expressão de uma grande falta de espiritualidade. O que confere beleza à garrafa, à parte a pureza de sua forma e a qualidade de seu vidro, é antes de tudo o grau de luminosidade que ela é capaz de refletir. O mesmo se aplica ao ser humano. Pelo tempo em que ele esconder sua luz interior, permanecerá prisioneiro de seu corpo e, no melhor dos casos, não poderá manifestar senão a aparência daquilo que lhe parece belo.
Somente o misticismo pode nos dar o poder de desvelar nossa espiritualidade e de libertar plenamente as virtudes escondidas de nossa alma. Tomemos, por exemplo, a verdade. Não há erro mais grave do que a recusa em ver e ouvir a verdade. A verdade é una porque Deus é Uno, mas os erros são múltiplos porque a ignorância desconhece o número de seus adeptos. Ora, o que torna belo o indivíduo é o conhecimento de si mesmo – esse conhecimento que pode elevá-lo até as estrelas mais longínquas para lhe presentear com a Consciência divina.
Observemos também que não é por acaso que o estado de consciência crística é simbolizado na Árvore cabalística pela sefira Tiphereth, ela própria símbolo da beleza adâmica na Terra. Não é dito que o próprio Mestre Jesus veio para manifestar a Beleza Divina?
Esforcemo-nos para imitar a beleza de intenção e de ação que animou o Mestre Jesus ao longo de seu ministério. Isto naturalmente não quer dizer que devemos nos tomar por ele e buscar inflar nosso próprio ego por uma pomposa imitação daquilo que julgamos conhecer acerca dele. Isto significa simplesmente que devemos nos aplicar plenamente para sensibilizar as pessoas de nosso convívio àquilo que é belo, a fim de levar seu senso estético a evoluir na direção dos arquétipos superiores.
Creio que é difícil atingir este objetivo por intermédio da arte, pois ela, nesse ponto da evolução humana, ainda é uma expressão muito imperfeita da Perfeição divina. É verdade que muitos são os mestres que, por intermédio da música, da pintura, da escultura ou de outros ramos da arte, encarnaram formas-pensamento de grande pureza e perfeição. Mas para a maioria das pessoas, tais obras estão além do que elas são capazes de sentir e de compreender em matéria de beleza. É sem dúvida por esta razão que uma pintura inspirada será para alguns o cúmulo do horror ou que, inversamente, uma música decadente será para outros o summum da inspiração.
Tudo isto naturalmente não quer dizer que não haja beleza universal. Isto simplesmente nos mostra que o homem encarnado, antes de ser capaz de discernir a existência de tal beleza, permanece por muito tempo prisioneiro de uma má concepção daquilo que é belo. Neste livro, um outro capítulo também está consagrado à beleza, mas mais particularmente à beleza através da arte.
Não é senão evoluindo na direção dos planos de consciência cada vez mais elevados que cada um pode retirar o véu e se aproximar da magnificência da verdadeira beleza. Enquanto o homem não atinge um certo degrau de evolução, ele não faz mais do que projetar em seu meio o sentido que sua mente dá à beleza. Dito de outra maneira, ele busca aquilo que é belo por meio dos olhos do corpo, e não através dos olhos de sua alma. Segundo esse ponto de vista, podemos dizer que existem tantos critérios de beleza quanto indivíduos, e isto procede se compararmos todas as civilizações e formas de sociedade, mesmo as atuais. Podemos, no entanto, constatar que há coisas sobre as quais existe um consenso no tocante à sua beleza. Sobre elas, é dito que refletem a harmonia, inspiram e apaziguam.
Para darmos alguns exemplos, nunca aconteceu de você ouvir dizer que uma aurora ou um crepúsculo, ou ainda um céu estrelado, são feios. As coisas acontecem diferentemente quando perguntamos às pessoas o que elas pensam da beleza deste ou daquele objeto. Aparece então uma divergência entre as diversas concepções de beleza, cada qual sendo resultante da educação, da personalidade e da evolução interior de cada um. Portanto, é fácil compreender que o problema do homem não é que ele seja insensível à beleza universal, mas sobretudo que, na maioria dos casos, ele não toma consciência dela, não sabe onde situá-la ou é incapaz de exprimí-la naquilo que ele pensa, diz e faz.
Como venho de salientar, todo indivíduo é sensível à beleza que se manifesta pelo viés da natureza. Devemos então levar nosso meio, e mesmo um público mais amplo, se pudermos, a refletir sobre o porquê e o como desta sensibilidade à beleza. Agindo assim, conduziremos progressivamente essas pessoas a não mais se contentarem com aquilo que constitui a beleza da natureza e do universo, mas a participarem conscientemente nela enquanto atores e espectadores. Que possamos dar a eles o desejo de abrir o “Livro do homem” e o “Livro da natureza” e o desejo de conhecer e compreender as leis que se operam neles e ao redor deles.
É a isso que me dediquei através destas reflexões, e espero que você possa encontrar em si e a seu redor a sublime beleza universal.
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