domingo, 14 de março de 2010
A Noite Negra da Alma.
A noite negra d'alma é a agonia
do pássaro flechado no infinito;
não há regresso... O corpo se esvazia
da vida... E a morte é o santo veredito.
A noite negra é o nada... É dor... Conflito
entre a esperança e o canto de elegia...
Entre o alento e o ar, que não sacia...
Entre o sorrir do sol e o fim do dia.
A noite negra d'alma é dor perene,
é o sofrimento em rito mais solene...
É dor, a dor maior, dentro de mim!
E só resta pedir por miserere,
que o céu acalme a dor, que tanto fere...
E a paz... A paz me acolha... Sempre... Enfim!
- Patricia Neme -
A NOITE MÍSTICA.
A Noite Mística (Noite Negra ou Noite Obscura) da alma é o vestibular da ascensão mística. Em diversas predicações Santo António referiu-se à Noite Mística como processo necessário à purificação e preparação da alma para atuar em um plano mais elevado de consciência. Nesse sentido, o Santo referiu-se à Noite como a obscuridade dos místicos - 'mysticorum obscuritas'. A Noite não tem, ordinariamente, a duração da noite física. A Noite tem começo (Conticínio), meio (Meia-Noite) e fim (Aurora), e o tempo de duração é individual. Durante sua manifestação, a Noite tem e traz conseqüências terríveis, dentre as quais o Santo aponta: 'privação da luz da razão; o ser torna-se frágil e o conhecimento adequado de nada adianta; o eu interior fica em trevas e o homem é tentado a tudo abandonar (trevas da consciência); a claridade tentadora da prosperidade mundana entenebrece a alma e se transmuda em caligem da morte; a noite é um amplo campo de adversidade em que a alma anda às apalpadelas sem consciência de si mesma'. A Noite é, pois, uma etapa da reintegração (regeneração) do homem à sua imaculada, cósmica e divina origem. E, nesse aprendizado, terá que eliminar, minimamente, a soberba do coração, a lascívia da carne, a avareza do mundo, a ira, a vanglória, a inveja e a gula, que compõem as sete violações capitais enunciadas na teologia católica.
A Conticínio ('Conticinium').
É a primeira fase da Noite em que tudo está silente. É o tempo em que são satisfeitas as seduções blandiciosas da carne - 'carnis suavia blandimenta'. O Santo ensinou que, para vencer as tentações próprias do Conticínio, é preciso meditar sobre as iniqüidades praticadas, considerar o exílio (e desejar ardentemente a reintegração) e contemplar o Criador. Auxiliado pela razão e pela discrição, o principiante vai subindo, degrau por degrau, a escada da crucifixão: a razão dominando os sentidos e esclarecendo sobre o bom caminho. Assim, derramando lágrimas, envergonhado, vexado e cabisbaixo vai o postulante trilhando a senda que levará à iluminação. Lentamente, os sentidos físicos e os apetites do corpo vão sendo dominados, e os incipientes passam para o estádio de aproveitantes (fase da Meia-Noite). Porém, no que concerne ao sofrimento moral, este se vai intensificando. É o reconhecimento tácito da queda, do afastamento da Luz, do exílio de Deus, da consciência plena da ainda permanência nas trevas. É a angústia por desejar alcançar a Luz Maior, por desejar ardentemente realizar o Cristo Interno e, em graça total, contemplar o Criador. É o desespero por ter, tenuemente, vislumbrado a possibilidade de se tornar uno com o Pai - o Deus de seu coração - e de não ter podido ainda realizar o sonho dos sonhos. É uma dor lancinante. Um desespero sufocante. Um horror atemorizante. É a Noite Negra. É a crucificação individual. É o inferno interior. É a compreensão do exílio da Vida. A Noite Negra traz à lembrança a fase negra da Crisopéia.
A Meia-Noite ('Media Nox').
A segunda fase da Noite Obscura equivale para Santo António, ao período de luta espiritual em que a alma, vendo-se no exílio deste mundo, dele procura libertar-separa, depois 'poder chegar à contemplação de Deus e unir-se com Ele por amor'. O aproveitante (aproveitado) já convencido do erro da vaidade suplica cheio de fé, de amor e de esperança, força para suportar o exílio. À medida que acorda, recorda-se da vida antiga e, envergonhado, humilhado, sentindo-se desprezível, chora amargamente. É o pleno reconhecimento do erro. Nu, perante si mesmo e perante o Criador [ele próprio], confessa-se ao Deus de seu coração e clama por perdão. E perdoa aos que o perseguem e caluniam, aos que o aviltam e ofendem, aos que escarnecem, pois sabe que esses não o compreendem, mas que, inexoravelmente, um dia subirão também o primeiro degrau da Noite Negra. E se compromete a, nessa hora, estar presente para ajudar no que for possível e permitido, para amparar em cada queda, para consolar quando a dor e a vergonha forem mais intensas. Esse é o verdadeiro sentido do perdão, da humildade, da fraternidade e do amor universal em um sentido teológico. É a tomada de consciência pelo aproveitante de que todos, em última instância são unos entre si e com o Pai, ainda que exilados. A Meia-Noite faz recordar o branco da Grande Obra. É também uma possibilidade para explicar o Mito da Caverna, de Platão. Voltar para ajudar e servir é um supremo ato de sacrifício e de amor. Aqueles que voltaram sabem. Entretanto, não há essa referência consignada na obra antoniana.
A Aurora ('Aurora').
A Aurora - bendita Aurora - é o último estágio da Noite Mística, e se assemelha ao vermelho da Alquimia Operativa. Santo António assim a delineia:
"É a infusão da graça divina.
A alma pôde justificar-se ou tornar-se justa.
A alma se torna reta e ereta.
A Aurora é o fim da Noite e o princípio do Dia.
Ela é o fim da miséria e a entrada na beatitude.
É o último estádio da ascensão espiritual - o estado perfeito.
" a alma sente-se agora invadida por indizível alegria.
É a contemplação do Criador'.
Do exposto, pode-se simbolicamente deduzir e afirmar, que a Noite Obscura é um processo de purgação (uma verdadeira Alquimia Iniciática Interior) que o homem tem indubitavelmente que passar para alcançar o Deus de sua compreensão e realizar o Cristo interno. Iniciaticamente é desta forma que acontece. O Sol, que pretende simbolizar o Sol da Graça a ser alcançada, com sua claridade, brancura e calor, ilumina a alma em contrição. É com a luz do Sol das primeiras horas da manhã - símbolo do Sol interior - que são dissipadas as trevas da noite. É com o nascer do Sol místico que são esvaecidas a superstição e a ignorância. E o ser purificado, limpo e perfeito, entra na posse do conhecimento de seu Criador [que está, como sempre esteve e estará, em seu interior]. Esse Sol, depois de nascido, jamais se põe. Essa foi uma afirmação feita por Santo António e por todos aqueles que alcançaram a 'perfeição', e passaram pelo processo místico purgativo da Noite Negra da Alma. O ato derradeiro de humildade ao conquistar a Aurora é, assevera-se mais uma vez, o retorno à Caverna, para consolar e auxiliar os que ainda desconhecem a LLUZ. Repete-se: por evidente, esta reflexão não está presente em Frei António.
É exatamente isso, ou um pouco pior. Depende! Depende do tamanho e da intensidade das nossas paixões, dos nossos desejos e das nossas cobiças! Illuminatus Rodolfo D. Pizzinga.
As leis da magia.
Existe uma máxima que diz que a magia só existe se acreditamos nela. Segundo essa máxima aprendemos que os mundos mágicos passeiam muito perto de nós, porém se não abrirmos as janelas da percepção, eles permanecerão tão distantes quanto desconhecidos. Um mago é aquele que quando estica a mão não alcança somente a maçã que está sobre a mesa, mas também as fadas que dançam em Avalon.Como a energia elétrica, que não enxergamos, como o ar que respiramos, que não o vemos, como as ondas eletromagnéticas que nos permitem falar em celulares, existe uma ligação sutil com o mundo astral, um universo de percepções e de entidades que dão um verdadeiro sentido à vida. Não é palpável, é apenas sentida.
Muitas vezes existe o preconceito de associar o lado divino das pessoas, a fé, as crenças a algo ligado à falta de conhecimento, estudos e cultura de um povo, como fizeram e, ainda, fazem com os cultos afro-brasileiros. Esquecem, no entanto, da riqueza do simbolismo de povos, que construíram civilizações em cima de sua fé. O suporte para termos uma vida com verdadeiro sentido passa por acreditarmos em nossa fé. Acreditarmos que existe um algo maior que nos dá direção para seguirmos com passos firmes em direção à luz, dando sentido a uma série de acontecimentos bons e ruins, que pautam nosso dia-a-dia.
A magia passa pelo conhecimento de que o universo é regido por algumas leis cósmicas, que se forem burladas, nos trazem consequências. O sofrimento pessoal, muitas vezes, passa pelo desconhecimento destas normas cósmicas e do desrespeito com os seres humanos. Não é um deus, sentado em um trono, que nos castiga por sermos sacanas com nosso próximo, mas o cumprimento da principal lei que norteia o grande Universo, a Lei da Causa e Efeito. A magia vai mais longe e afirma que cada ato que fazemos ou sentimento que desejamos ao outro volta para nós com três vezes mais intensidade. Se você puxa o tapete do seu próximo, cuidado com o resultado para você mesmo. Estas leis passam pela responsabilidade com sua vida e com o próximo. Sermos responsáveis e bons é a garantia de construirmos uma vida mais feliz e melhor, uma sociedade mais justa e sem tanta violência.
Existem magias que fazem com que possamos dar um empurrão em determinadas situações, mas se você não acredita que pode dar uma força no Sr. Destino, melhor nem tentar fazê-las. Mas pode ter certeza de que o Universo é formado por energias sutis e que elas podem ser direcionadas para seus objetivos, desde que não prejudiquem ninguém. Aprenda a olhar o grande Universo com os olhos de um deus, para que possa comandar sua vida da melhor forma e com menos sofrimento.Nelson Toledo.
O Grito Negro.
Vim dos universos inconcebíveis.
Sou a sombra nascida de tuas dores, cujo nome jamais hei de revelar.
Adentro as estradas infernais de tuas culpas e me escondo na inocência de tuas intenções.
Sou como a ilusão que a tudo embeleza e crio a tua mais amarga decepção.
Sou aquela sensação de vazio que a tudo preenche e, na madrugada, me deleito de teu desespero e me alimento de tuas angústias. Ao nascer do dia, trago a ansiedade que comunga com tuas incertezas.
Sou como a serpente que hipnotiza a tua razão e te dá o alento do veneno.
Sou a tua insana esperança e te cobro pela tola fé que conquistaste.
Sou aquele sonho que persegues, mas nunca te deixo realizar, pois também sou o realismo que afoga tua força e te mostra todas as impossibilidades.
Sou a amarga presença das trevas em tua vida.
Por minha causa derramaste o sangue de teu irmão nas guerras que provoquei e sobre ele colocaste a bandeira das fronteiras que te dei como prêmio.
Dei-te o alimento para teres força para ver teu irmão faminto.
Dei-te olhos para poderes ver a miséria humana, assim como te fiz criá-la.
Dei-te a palavra para poderes mentir e a audição para poderes ouvir o grito de dor que provocaste todas as vezes que te fiz odiar.
Sou a inveja que faz com que te sintas o pior de todos os seres, mas também sou a tua capacidade de destruir o que invejas.
Sou o último Grito Negro de tua face mortal até porque.Sou a jornada que tens que seguir até que te depares com tua Verdade, então, me matarás. Pois ao rasgares os véus de tua aparência, eu não tenho mais porque existir.
Ariane/Morgana.
Mistérios Elêusianos.
Os mais antigos mistérios gregos parecem ser os de Elêusis, pequena povoação, hoje Lefsina, do noroeste de Atenas, pois eles datam dos tempos pré-micênicos, como o demonstram as pesquisas arqueológicas realizadas no local.
Um hino homérico do século VII antes da nossa era conta, sob a forma de lenda, a fundação do santuário.
Zeus e a deusa mãe Deméter tinham uma filha querida, Cora, que um dia foi raptada por Hades, deus dos Infernos.
Deméter, louca de dor, procurou a filha por toda a parte, mas em vão, certa vez, disfarçada de velha, foi recolhida na corte do rei Chélios e pediu para beber uma mistura de cevada, água e erva-dormideira. Atenderam ao seu desejo. Como agradecimento, ela encarregou-se de cuidar do filho recém-nascido da rainha e, para torná-lo imortal, ungia-o de dia com ambrósia e à noite submetia-o às chamas purificadoras de um fogo sagrado.
A rainha, surpreendendo este ritual, ficou deveras assustada, mas então a deusa revelou-lhe a sua identidade: «Sou», disse, «Deméter, a Venerada, a que regenera os homens e faz crescer as plantas. É meu desejo que se erga aqui um templo onde eu própria ensinarei os mistérios.»
Em seguida, desapareceu, deixando atrás de si uma claridade divina e os aromas maravilhosos de todas as flores da Primavera.
Zeus acabou por conceder a sua esposa o privilégio de tornar a ver Cora durante um terço do ano, ficando outro terço reservado a Hades que desposara aquela que ele raptara.
É este o primeiro mito de Perséfone.
Tranqüilizada, Deméter revelou aos soberanos de Elêusis: Triptoleme, Diocles, Emuope e Cheleos, os mitos que viriam a tornar-se célebres.
Alguns dão um lugar quase primordial a Dioniso, ou Baco (o deus Soma dos Arianos = bebida de iniciação), o que bastante associa os Mistérios aos mais antigos cultos arianos da Gália e das Índias.
Noutra versão, dada por Clemente de Alexandria, o Mistério começa com Afrodite (Vênus) e os Coribantas, ou Cabiros. Uma descrição da cena da bebida pedida por Deméter esclarece o rito do cesto (cofre) na tradição completamente falsificada.
O texto de Clemente de Alexandria, que torna ridículo o que ele considera uma fábula de mau gosto:
«Contudo, Baubo (a rainha) recebe Deo (Deméter) na sua casa e apresenta-lhe a bebida chamada cyceon. Mas a deusa, dominada pela dor, afasta a taça e recusa-se a beber. Então Baubo, triste com este desprezo, despe-se e mostra-se em toda a sua nudez.
«Este gesto alegra a deusa e a vontade de rir que ela sente decide-a a tomar a bebida!
«Eis pois o que Atenas esconde nos seus mistérios, não o negueis, viso que tenho a meu favor a descrição feita por Orfeu.
«Citar-vos-eis os seus versos a fim de reproduzir, contra essa infâmia, o testemunho do próprio mistagogo: «Proferindo estas palavras, ela ergueu a sua túnica e desnudou as partes baixas do seu corpo, que se escondem aos olhares; a seu lado estava o pequeno Iaco que, com a mão, acariciava, rindo, a parte inferior do seio de Baubo; ao ver isto, Deo teve vontade de rir, e ela pegou então na taça decorada com pinturas na qual deitara o cyceon.»
«Eis um espetáculo admirável e muito conveniente para uma deusa!.
«Não há nada mais ímpio do que os mistérios, é uma lei sem valor, uma opinião vã, e o mistério do dragão não passa de uma mentira, como o resto.
«A iniciação que se lhe associa é o contrário da iniciação verdadeira.»
É certo que Clemente de Alexandria (160 D. C.) era um filósofo grego cristão e parcial por princípio, contudo não podemos senão aprovar as suas conclusões.
Incontestavelmente, os mistérios egípcios, há 4.000 anos, e os mistérios gregos, há 2.000 anos, eram paródias da iniciação autêntica, dos conhecimentos que a classe sacerdotal tinha completamente esquecido. Um apanhado dos ritos de Elêusis, mas há boas razões para se crer que o mistério do cofre, tornado simples cesto, se referia a um falo de madeira ou de pedra, e a uma vulva, consistindo o «trabalho» na introdução de um na outra.
Compreende-se então toda a ironia do bom Clemente de Alexandria, num século em que o cristianismo, novinho em folha, não era senão pureza e espírito de sacrifício!
Devemos recordar-nos de que os Gregos eram fundamentalmente anti-religiosos, dando que a sua mitologia não era, em suma, mais do que uma sucessão de relações licenciosas, de incestos, de adultérios, de raptos e de outras brincadeiras de velhos guerreiros e de deuses olímpicos!
Na lenda de Elêusis, a aventura inicia-se com uma nota escabrosa: « Júpiter uniu-se a Deo, sua própria mãe, e depois a Prosérpina, sua filha. depois de tê-la gerado, deflorou Core.»
A propósito de um desses objetos encerrados no cesto, o falo, o bom Clemente indigna-se!
Ele ignorava que a sua própria religião cristã iria venerar a virgem de Airão, a amêndoas mística em forma de vulva irradiante que envolve as imagens da Virgem.
Amadores do erotismo, estetas e incrédulos por natureza, os Gregos tiravam o caráter sagrado às divindades integrando-as nas fábulas, como se, sabendo que os deuses tinham sido simples anjos iniciadores de forma humana, viris e por vezes sem escrúpulos, tivesse sido sacrílego assimilá-los a criaturas celestes.
O que, de resto, também não teria sido sério!
Para mais, o Olimpo dos Gregos era terrestre e tudo estava genialmente imaginado para atrair os deuses à Terra e abolir a distância que os separava dos mortais. Neste estado de espírito, a iniciação não podia ter um caráter religioso, pelo menos nas épocas historicamente conhecidas.
Os mistérios de Elêusis eram fundamentalmente os mesmos que os de Delos, consagrados a Apolo, e os de Samotrácia, dedicados aos Cabiros.
Em todos eles eram transmitidos os segredos dos Iniciadores vindos do céu, a sua identidade, a crença em outra pátria situada em uma estrela, a ciência da astronomia, da física, da química, dos encantamentos, da serpente voadora, do dilúvio, a lei infringível da preservação do patrimônio biológico humano e a necessidade de uma transmissão secreta.
É de notar que, como acontecia com os Celtas (e no livro de Enoch), a iniciação a Elêusis é dada por uma mulher: Deméter, com o ritual da bebida mágica: ambrósia ou cyceon.
Os Druidas Eumolpe e Musée, que foram grandes Mestres, ensinavam, de preferência, mulheres.
Consideram-se por vezes os Mistérios de Elêusis como provenientes dos Mistérios
Cabiros Fenícios, os quais descendiam dos Mistérios Druidas votados a Taliesin, filho de Korrigan ou Gwyon, e de Koridwen.
No rito, o «cofre» tinha dupla importância: intrínseca, primeiro, e depois por encerrar o segredo «dos objetos».
Como os mistérios foram instituídos para transmitir o conhecimento depois do dilúvio o cofre representava a arca, o barco que salvou alguns seres humanos.
Nos arredores de Roma, em 1696, descobriu-se um vaso que tinha a forma de um pequeno barril. Datava de uma época grega muito antiga, e continha vinte casais de animais e mais de trinta e cinco figurinhas humanas, todas elas na postura de pessoas que procuram escapar a uma inundação. As mulheres eram representadas aos ombros dos homens. Este vaso servia para as festas chamadas Hidroforias, as quais, segundo Apolônius citado por Suedas, se celebravam em memória dos que tinham perecido no dilúvio.
Tudo isto se tornou bastante compreensível, muito razoável para o nosso espírito de homens do século XXI, mas há dois ou três mil anos a Criação do Mundo (Omphalos), a refração da luz e as funções da glândula pineal constituíam mistérios tão grandes que só os iniciados os conheciam, não sendo conveniente revelá-los à «maioria».
Os ritos Eleusinianos do período decadente eram tidos pelos sacerdotes tanto mais secretos quanto a Verdade é que em nada os compreendiam. Assim, entendiam ser indispensável, para manter uma aparência de dignidade, adotar ares misteriosos e dar aos objetos um significado nebuloso.
As Eleusínias, celebradas, originalmente, de cinco em cinco anos, tinham por oficiantes os sacerdotes, ou Hierofantes, e as sacerdotisas, ou Tisíades, coroadas de mirto e portadoras de uma chave, símbolo dos mistérios.
Decorriam durante, pelo menos, duas semanas, sendo nove os dias principais:
1º – dia da reunião dos neófitos.
2º – chamado «alaze, mystoï» (para o mar, mistos!): purificação pela água.
3º – jejum = preparava-se o leito nupcial da virgem divina. À noite, interrompia-se o jejum comendo bolos de cevada e dormideira, e bebia-se cyceon, bebida sagrada.
4º – procissão do calathus (cesto).
5º – dia dos archotes, com procissão noturna.
6º – dia da partida de Atenas para junto de Elêusis. Cultos de Ceres, de Iaco e de Dionísio.
7º – dia do regresso ao templo, com cerimônias da figueira sagrada e brincadeiras da ponte. Esta ponte era a Cephise, por onde passava a procissão por entre a gozação e brincadeiras maliciosas da multidão. Aliás, a procissão tomava parte nelas.
8º – Cerimônias dedicadas a Esculápio que, em tempos tendo chegado nesse dia a Atenas, vindo de Epidauro, depois das cerimônias, foi iniciado à noite, costume que se perpetuou para todos os que se encontravam nas mesmas circunstâncias.
9º – e último dia, chamado plémochoé, do nome de dois vasos que se enchiam de vinho colocando-os um a ocidente e outro a oriente. Depois do que eram quebrados, ao mesmo tempo que se pronunciavam palavras mágicas.
O sentido deste símbolo é claro: «O conhecimento (os vasos) vinha do ocidente através dos Pélagos - Celtas, e do Oriente, pelos indo-europeus e os Persas. Os vasos podem ser partidos, a sabedoria foi já transmitida ao iniciado.»
As Eleusínias celebravam-se na Primavera e no Outono, os dois períodos de sementeira dos grãos, correspondentes aos pequenos e grandes Mistérios obrigatórios para todos os iniciados.
Existia também um grau superior, a Epóplia ou Autópsia (do grupo autos = ele próprio, e opsis = vista), isto é, visão interior, êxtase, pondo em comunicação com Deus e buscando um poder paranormal.
A iniciação era pois dada no templo de Deméter, situado no lado da colina, sob uma fonte; a entrada do santuário era proibida aos profanos, sob pena de morte.
O jejum incidia principalmente sobre a carne de aves domésticas, peixe, favas, romãs e maçãs (fruta do conhecimento).
Os Hierofantes a fim de melhor suportarem a abstinência, tinham autorização para beber sumo de cicuta (a cicuta é um veneno, mas dosada, possui virtudes medicinais e alucinógenas).
Na ilha de Céos, no mar Egeu, na antigüidade, os anciães inúteis à pátria deixavam habitualmente a vida bebendo cicuta.
Perto do fogo do sacrifício estava «o filho do lar», que tinha de ser de puro sangue ateniense, nos últimos tempos, iniciavam-se os homens, as mulheres e as crianças, com exceção dos bárbaros, dos assassinos, e dos cristãos.
Os ritos misteriosos tinham lugar durante vigílias sagradas, em Elêusis: percursos nas trevas, provas de terror e de ansiedade, visões de objetos aterradores, vozes misteriosas e desconhecidas, e depois fulgor e fantasmas que desapareciam por alçapões, numa palavra, todo o arsenal bem conhecido da Iniciação!
O momento mais importante e sem dúvida o menos afastado da verdade primitiva era o confronto dos objetos misteriosos e a revelação das palavras sagradas.
Clemente de Alexandria dá um resumo desses Mistérios:
" Diz", «na fórmula Eleusiana: jejuei, bebi cicuta, peguei no que havia dentro do cesto e, depois do meu trabalho, coloque tudo na bolsa; em seguida, pegando outra vez naquelas coisas, coloque-as dentro do cesto.»
A cicuta não é a bebida simples reclamada por Deméter: água, cevada, dormideira, embora semelhante mistura se revele, a priori, nitidamente alucinógena.
Segundo os autores antigos, essa bebida compunha-se principalmente de cevada primitiva, leite, mel, azeite ou vinho, mas há tantas receitas quantos os autores!
Aquele que a bebia devia adquirir o conhecimento do passado e responder de às perguntas do Hierofantes.
Quanto aos «objetos misteriosos» encerrados no cofre, temos uma lista que certamente seria maior ainda com a superstição, a ignorância dos sacerdotes e a deturpação do segredo inicial: as seis cores do arco-íris, as seis plantas «eficazes», um falo, uma vulva, um Omphalos (ovos primordial), uma serpente (a iniciadora), trigo, mel, uma pinha (símbolo da glândula pineal, ou 3º olho), um torrão de terra, um «maná» e os xoanon (Parece haver uma aproximação etimológica a fazer-se entre o xoana, pedra negra, e o xoarcam, o primeiro dos cinco paraísos da mitologia hindu. No xoarcam, trinta e três milhões de deuses e quarenta e oito mil penitentes julgados dignos da felicidade vivem uma existência paradisíaca entre mulheres maravilhosamente belas, sensuais e sábias) pedras negras milagrosamente caídas do céu no reinado de Cécrops e às quais estava ligada a fortuna de Atenas.
A tudo isto acrescentar-se-iam ainda os bustos de deuses e deusas, «ídolos de madeira mal talhados», dizia Tertuliano, dos quais alguns estavam enlaçados por serpentes, comemorando assim a união fecunda das mulheres terrestres com os Iniciadores do Céu. A manipulação desses objetos devia, na crença geral, transmitir as forças misteriosas que os habitavam e estabelecer uma espécie de filiação divina.
Uma Iniciação era custeada pelo neófito devido aos custos da Escola e custava trinta dracmas, mais um porco e ainda uma gratificação aos Sacerdotes de Elêusis.Wikepédia.
OS DRUIDAS E AS ORIGENS DA MAÇONARIA.
- Mestre, quantos anos levarei para me tornar um Druida? Perguntou o jovem discípulo.
- Se você se esforçar quatro horas por dia, em oito anos. Respondeu o Mestre.
- Então Mestre eu me esforçarei oito horas por dia, e em quanto tempo eu serei um Druida?
- Em dezesseis anos. Disse o Mestre.
- E se eu me esforçar doze horas?????
- Em trinta e dois anos. Disse o Mestre.
Não há historiógrafo maçom que não inclua essa misteriosa Escola como elemento obrigatório na gênese da Ordem. Afirma-se que foram eles que, nos primeiros séculos do Cristianismo lançaram as sementes da Iniciação maçônica nas Ilhas Britânicas.
Eram considerados sacerdotes dos antigos galos e celtas dos quais deixou Júlio César umas impressões em seus Comentários da guerra nas Gálias: "Exercem o culto, oferecem os sacrifícios públicos e privados e interpretem os mistérios da religião. São eles que aplicam as sentenças em quase todos os pleitos, não somente os de caráter comum, como os privados; se algum delito se comete, se sucede alguma morte, ou se há questão sobre herança ou de limites entre vizinhos, são eles que decidem. Morto este será seu sucessor o que reunir maior número de qualidades ou atributos. Em caso de haver muitos em tais condições, procede-se eleição com os votos dos Druidas. Não. vão a guerras nem pagam tributos como os demais. Estão isentos da milícia e de toda classe de obrigações. Esmeram-se, especialmente, em defender a crença na Imortalidade da alma e sua transmigração de uns corpos para outros. Muitas coisas discutem e ensinam à juventude acerca dos astros e de seu movimento, da magnitude do orbe terrestre, da natureza das coisas, do poder e soberania dos deuses Imortais."
Os Druidas, segundo historiadores maçônicos, conservavam os mistérios das Iniciações antigas, e foram combatidos e destroçados pelas hostes do Imperador Júlio César e mais tarde caçados pelo Imperador Cláudio, quando Roma submeteu todo o ocidente europeu. Afirmou o maçom José Maria Raggon, que desapareceram as antigas iniciações nos colégios druídicos após as perseguições de Júlio César, nas Gálias, até que em 1646, surgiu a Maçonaria Filosófica concebida em três Ritos por Elias Ashmole, a quem se deve o trabalho de restaurar a antiga Iniciação.
Mas, de onde procediam, por sua vez, os Druidas? Para alguns comentaristas e pesquisadores, originam-se de povos bárbaros da Criméia; tinham o nome de Cimbros, e invadiram grandes regiões da Europa Central no ano de 600 antes de Cristo espalhando-se em densas hordas pelos vales dos grandes rios ocupando o norte e o ocidente da Europa.
Na Escandinávia eram conhecidos por Druidas, nas Gálias. Implantaram a religião e os mistérios iniciáticos de crenças e costumes que já haviam recebido de povos orientais. O que os romanos foram descobrir dos Druidas já vinha dos ensinamentos dos Cimbros ou dos Thuata-Dé-Danan.
É dito que eles se dividiam em três classes (na realidade em sete): os Ovates ou Vates, os Bardos e os Eubages. Os Vates eram os depositários dos dogmas secretos, da religião e da filosofia, e exerciam a função de sacerdotes e de juízes. Os Bardos eram poetas que compunham hinos e cantavam nas cerimônias do culto, os feitos heróicos da nação e dos seus heróis.
Os Eubages eram considerados pelos romanos como os seus áugures e adivinhos, estes pré-druidas tinham a seu cargo o governo civil e a agricultura, assim como o relativo aos calendários. Não tinham templos tal qual conhecemos; já que na Doutrina Druida tem que haver uma perfeita harmonia entre o homem e o meio-ambiente, estes templos estavam além da compreensão do homem comum e até hoje além de nossa tecnologia e, segundo alguns, a frente de algumas civilizações alienígenas que já foram derrotadas pelos Druidas (vide a lenda de que os Druidas aprisionaram vários "Demônios" e expulsaram muitos da Terra); celebrando suas cerimônias no interior dos bosques, em volta de uma coluna de pedra, ou de uma árvore frondosa, de preferência um Carvalho, à qual dedicavam especial veneração, como uma árvore sagrada.
Seu culto principal era a Natureza.
Como sucedia com os sacerdotes egípcios, os Druidas transmitiam as instruções sagradas através de ritos iniciáticos àqueles que eram considerados dignos de recebê-las. Apesar do pouco que se conhece sobre suas cerimônias secretas, sabe-se que usavam um altar triangular, a espada de Belinus (Herói representado pelo Sol), e um cofre mítico.
Não sendo possível enfrentar a guerra de extermínio que lhes moveu Roma, refugiaram-se em várias regiões da Europa, notadamente na Germânia e na Escandinávia, continuando a transmitir às gerações que surgiam, seus ritos e mistérios, de forma que, no século XII ressuscitaram as antigas cerimônias, embora já bastante modificadas.
Outros historiadores dão os Cimbros como originários do norte da Alemanha, na região da foz do Elba. Unidos aos teutos derrotaram os romanos no cerco de Noréia. Invadiram a Gália e a Espanha onde foram vencidos pelos celtiberos, seguindo para a Itália, onde também foram derrotados.Wikepédia.
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