contos sol e lua

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domingo, 27 de março de 2011

ÁMEN - Um Mantra Cristão.


O poder da música para produzir emoções (individuais ou colectivas) ou para tornar as pessoas emocionalmente iguais durante algum tempo tem sido útil nas organizações religiosas e militares. De todas as artes, a música é a mais própria para agir sobre a inteligência.

O som (ou música) é um poder físico e não apenas emocional, intelectual ou espiritual. O corpo reage directamente a certas ressonâncias, timbres e ritmos, factos bem conhecidos desde o alvor da civilização.

O mantra é uma palavra ainda muito usada nas cerimónias religiosas do Oriente. É uma fórmula de encantamento, de valor mágico, constituída por sílabas ou palavras místicas, que representam a raiz de uma concepção mágica de elevação ou de uma concepção cósmica. Esta fórmula é uma "Palavra de Poder" que também é usada no Ocidente e no cristianismo. Pode ser dita ou simplesmente pensada, forma que é considerada mais perfeita. Um dos mantras mais conhecidos é AUM ou OM. Usa-se na frase Aum, Mani Padme, Hum, como expressão laudatória ou glorificadora. As sílabas-chaves são Aum e Hum.

No Ocidente, os "pagãos" também usavam mantras, como sabemos, nas suas palavras de júbilo, durante certas cerimónias rituais. Como palavra de poder associadas à aplicação mágica dos sons e tons (música), o seu uso é frequente nas obras alquímicas ou herméticas. Também está associado à ortodoxia hebraica e cristã. Baseia-se numa teoria desenvolvida em todo o mundo, em íntima consonância com o uso da música e dos tons harmónicos capazes de alterar a consciência e o conceito amplo de um Verbo original e criador, isto é, com a origem espiritual de toda a existência. Note-se que a palavra "espírito" encerra a ideia de "sopro" ou "respiração"1, algo como um fluxo misterioso de energia proveniente do além.

Mantras Muçulmanos e Budistas.

A universalidade dos mantras permite encontrá-los em diversas regiões do mundo. Os muçulmanos têm o Dhikr palavra árabe que significa "recordar" ou "invocar". O dhikr consiste normalmente na palavra El ou na frase Lâ ‘ilâh’ illâh-Llâh (Não há Deus senão Alá) A recitação desta frase é por vezes acompanhada de penitências (flagelação, exercícios respiratórios, etc.) que levam ao êxtase.

O dhikr islâmico corresponde ao nembutsu do budismo, à contemplação dos nomes divinos pelos cabalistas e à oração-do-coração. Esta oração é usada no misticismo cristão-bizantino, que tomou forma no Monte Atos, sendo uma espécie de ponte entre as técnicas espirituais do Oriente e as do Ocidente. Esta oração, também se chama "meditação secreta". Consiste na invocação do "Nome-de-Jesus", repetindo-o constantemente "dentro do coração", segundo um processo que parece não ter sido transmitido pela igreja latina. Tem por base o princípio de que, na ausência física, a invocação do nome torna a pessoa espiritualmente presente, com todo o seu poder. É por isso que os apóstolos agiam em nome de Cristo

Mantras Cristãos.

O cristianismo também usa vários mantras. Por exemplo: AMÉN, ALELUIA, HOSANA ou KYRIE ELEISON. Se estas palavras fossem traduzidas perderiam todo o valor. Foi por isso que os tradutores as mantiveram inalteradas, sendo esta a primeira regra para as utilizar com êxito. Mais adiante faremos referência à segunda. O mais importante destes mantras é o primeiro: amén. Alguns estudiosos admitem uma até uma relação de parentesco entre as palavras aum e amén.

Efeito dos Mantras.

O uso dos mantras baseia-se no efeito do som sobre a matéria. A matéria (e o nosso corpo físico) está num estado de vibração contínua. Qualquer pensamento, desejo ou som altera as vibrações básicas do corpo. O mantra actua, portanto, segundo as leis da ressonância. Existem vários métodos para combinar sons vocais, padrões instrumentais e harmónicos com a teoria da "palavra de poder". O mais antigo conceito de "palavra de poder" (ou "palavra perdida) está associado com o "centro da laringe", à emissão do som criador e à sua acção organizadora (talvez ainda alguém se lembre das "figuras sonoras" usadas para despertar a atenção dos alunos: grãos de areia e partículas de pó derramado numa placa de vidro assumem formas simétricas muito bonitas quando o bordo da placa é tangido por um arco de violino). Na palavra amén há duas vogais orais: "a" e "e". A passagem de "a" a "e" é uma consoante nasal, "m". A terminação é também uma nasal, "n". A técnica consiste em concluir a ressonância da letra "a" com o zumbido murmurante final da letra "n". Esta letra "empurra" o som para cima, até ao nariz, produzindo efectivamente uma ressonância no interior das narinas, nas cavidades nasais superiores e na região limítrofe. É a região indicada como o "assento do espírito interno" ou "centro de energia da testa". Está directamente ligada ao corpo vital, que é sensibilizado pela oração e o ponto de partida do desenvolvimento espiritual, A ressonância física da letra "n" é o prenúncio do despertar desse centro de energia porque ajuda os veículos internos a organizarem-se.

O efeito físico dos mantras aum e amén é bem diferente. O primeiro faz vibrar a região do ventre e do púbis. O segundo, pelo contrário, faz vibrar a cabeça, a garganta e o tórax. Segundo a maneira de pensar e sentir do asiático, o centro da vida humana está no ventre. Bem pelo contrário, no Ocidente, o homem vive "graças à sua cabeça"2. Este exemplo alerta claramente para a inconveniência de os ocientais usarem métodos desenvolvidos no Oriente3.

Cabe ainda referir a segunda condição para a eficácia do mantra: a maneira correcta de o dizer, em estado de "consciência mântrica"4. Handel dá-nos uma lição sobre a arte de pronunciar tão importante mantra como é o amén, na sua oratória O Messias. É onde encontramos uma das suas ex-pressões mais poderosas. E se quisermos outro exemplo poderemos recorrer ao rosacruciano Bach e à sua Missa em Si menor para ouvirmos (e sentirmos) o tremendo efeito do Hosana.

Há Palavras e Palavras.

Muito mais do que uma vulgar palavra, sinal de pontuação ou fórmula de conclusão5 o amén é, na concepção esotérica, uma palavra de poder equilibrado, um mantra que ajuda a despertar o fogo interior e a abrir os centro de força que nos colocam em sintonia com mundos mais elevados.

Bibliografia.

Berendit, Joachim-Ernst - The World is Sound, 1991; Cuttat, J. A. - O Encontro das Religiões, 1968; Goldman, Jonatham - Healing Sounds, The Power of Harmonics, 1992; Stewart, R. J. - Music and the Elemental Psych, 1987; Vasconcelos, Evaristo de - Do Mantra Oriental à "Oração-de-Jesus", in "Brotéria", nº 5-6, vol. 136 (1993).

Os Ventos.

Parti com os ventos
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...

Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...

Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...

Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...

Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...

Maria Ana Tavares.

Os Ventos.

Parti com os ventos
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...

Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...

Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...

Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...

Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...

Maria Ana Tavares.