segunda-feira, 2 de agosto de 2010
A Astrologia.
Stella – Os Inflexus.
De todas as artes saídas da magia dos antigos, a astrologia é agora a mais desconhecida. Não cremos mais nas harmonias universais de todos os efeitos com todas as causas. Aliás, a verdadeira astrologia, a que se une ao dogma único e universal da Cabala, foi profanada entre os gregos e romanos da decadência; a doutrina dos sete céus e três móveis, emanada primitivamente da década sefírica, os caracteres dos planetas governados por anjos, cujos nomes foram mudados nos das divindades do paganismo, a influenciadas esferas umas sobre as outras, a fatalidade unida aos números, a escala de proporção entre as hierarquias celestes correspondentes às hierarquias humanas, tudo isso foi materializado e feito supersticioso pelos genetlíacos e tiradores de horóscopos da decadência e da Idade Média. Levar a astrologia à sua pureza primitiva seria, de algum modo, criar uma ciência nova; procuremos somente indicar os seus primeiros princípios, com as suas conseqüências mais imediatas e mais próximas.
Dissemos que a luz astral recebe e conserva todas as impressões das coisas visíveis; resulta disso que a disposição do céu se reflete nesta luz, que, sendo o agente principal da vida, opera, por uma série de aparelhos destinados a este fim pela natureza, a concepção, o embrionato e o nascimento das crianças. Ora, se esta luz é muito pródiga de imagens para dar ao fruto de uma gravidez as impressões visíveis de uma fantasia ou deleitação da mãe, com maior razão deve transmitir ao temperamento ainda móvel e incerto do recém - nascido as impressões atmosféricas e as diversas influências que resultem a um momento dado, em todo o sistema planetário, desta ou daquela disposição particular dos astros.
Nada é indiferente na Natureza: uma pedra de mais ou de menos num caminho pode romper ou modificar profundamente os destinos dos maiores homens e até mesmo dos maiores impérios; com maior razão, o lugar desta ou daquela estrela no céu não poderia ser indiferente para os destinos da criança que nasce, e que, pelo próprio nascimento, entra na harmonia universal do mundo sideral. Os astros estão presos, uns aos outros, por atrações que os conservam em equilíbrio e os fazem mover- se regularmente no espaço; estas redes de luz vão de todas as esferas a todas as esferas, e não há um ponto em cada planeta a que não esteja preso um desses fios indestrutíveis. O lugar exato e a hora do nascimento devem, pois, ser calculados pelo verdadeiro adepto da astrologia; depois, quando tiver feito o cálculo exato destas influências astrais, resta - lhe contar as fortunas de estado, isto é, as facilidades ou obstáculos que a criança deve encontrar, um dia, no seu estado, nos seus pais, no temperamento que recebeu deles e, por conseguinte, nas suas disposições naturais para a realização dos seus destinos. E ainda é preciso ter em conta a liberdade humana e a sua iniciativa, se a criança chegar, um dia, a ser verdadeiramente homem e subtrair- se, por um corajoso querer, das influências fatais e da cadeia dos destinos. Vêem que não concedemos muito à astrologia; mas, também, o que lhe deixamos é incontestável: é o cálculo científico e mágico das probabilidades.
A astrologia é tão antiga e até mais antiga do que a astronomia, e todos os sábios da antigüidade lhe deram a mais inteira confiança; ora, não devemos condenar e rejeitar levianamente o que nos chega rodeado e sustentado por tão imponentes autoridades.
Longas e pacientes observações, comparações, conclusivas, experiências reiteradas muitas vezes tiveram de levar os antigos sábios às suas conclusões, e seria preciso, para pretender refutá - las, recomeçar, em sentido contrário, o mesmo trabalho. Paracelso foi, talvez, o último dos grandes astrólogos práticos; curava doenças por talismãs formados sob as influências astrais e reconhecia em todos os corpos a marca da sua estrela dominante, e era esta, conforme ele, a verdadeira medicina universal e a ciência absoluta da natureza, perdida pela falta dos homens e achada de novo somente por um pequeno número de iniciados. Reconhecer o sinal de cada estrela nos homens, nos animais, nas plantas, é a verdadeira ciência natural de Salomão, ciência que se considera perdida e cujos princípios são, todavia, conservados como todos os outros segredos da Cabala. Compreende - se que, para ler a escritura das estrelas, é preciso conhecer as próprias estrelas, conhecimento que se obtém pela domificação cabalística do céu, e pela inteligência do planisfério cabalístico, achado e explicado por Gaffarel. Neste planisfério, as constelações formam letras hebraicas, e as figuras mitológicas podem ser substituídas pelos símbolos do Tarô. É a este planisfério mesmo que Gaffarel atribui a origem da escritura dos patriarcas, que teriam achado nas cadeias de atração dos astros os primeiros delineamentos dos caracteres primitivos; o livro do céu, pois, teria servido de modelo ao de Henoque, e o alfabeto cabalístico seria o resumo do céu inteiro. Nisto não falta nem poesia, nem, principalmente, probabilidade, e o estudo do Tarô, que é, evidentemente, o livro primitivo e hieroglífico de Henoque, como o entendeu o sábio Guilherme Postello, bastará para nos convencer disso.
Os sinais impressos na luz astral pelo reflexo e a atração dos astros se produzem, como descobriram os sábios, em todos os corpos que se formam pelo concurso desta luz. Os homens trazem os sinais da sua estrela principalmente na fronte e nas mãos; os animais, na sua forma inteira e nos seus sinais particulares; as plantas os deixam ver nas suas folhas e nos seus grãos; os minerais, nas suas veias e nos aspectos de suas fendas.
O estudo destes caracteres foi o trabalho de toda a vida de Paracelso, e as figuras dos seus talismãs são resultados das suas investigações; mas ele não deu a chave disso, e o alfabeto cabalístico astral com suas correspondências ainda resta a fazer; a ciência da escritura mágica não convencional parou, para o público, no planisfério, de Gaffarel.
A arte séria da adivinhação repousa inteiramente no conhecimento destes sinais. A quiromancia é a arte de ler nas linhas da mão a escritura das estrelas, e a metoposcopia, procura os mesmos caracteres ou outros análogos na fronte dos seus consultantes. Com efeito, as dobras formadas na face humana pelas contrações nervosas são fatalmente determinadas, e a irradiação do tecido nervoso é absolutamente análoga a estas redes formadas entre os mundos pelas cadeias de atração das estrelas. As fatalidades da vida se escrevem, pois, necessariamente, nas nossas rugas, e reconhecemos, muitas vezes, ao primeiro olhar na fronte de um desconhecido, uma ou várias letras misteriosas do planisfério cabalístico. Esta letra é um pensamento inteiro, e este pensamento deve dominar a existência desse homem. Se esta letra é atormentada e se grava penosamente, há luta nele entre a fatalidade e a vontade, e já nas suas emoções e tendências mais fortes todo o seu passado se revela ao mago; o futuro é, então, fácil de ser conjeturado e se, às vezes, os acontecimentos enganam a sagacidade do adivinho, o consultante não fica, por isso, menos admirado e convencido da ciência sobre - humana do adepto.
A cabeça do homem é feita conforme o modelo das esferas celestes, e ela atrai e irradia, e é ela que, na concepção da Criança, se manifesta e se forma primeiro. Sofre, pois, de um modo absoluto para a influência astral e, pelas suas diversas protuberâncias, dá prova das suas diversas atrações. A frenologia deve, pois, achar a sua última palavra na astrologia científica e retificada, cujos problemas indicamos à paciência e à boa fé dos sábios.
Conforme Ptolomeu, o sol desseca, e a lua umedece; conforme os cabalistas, o sol representa a Justiça rigorosa, e a lua é simpática à Misericórdia. É o sol que forma as tempestades; é a lua que, por uma espécie de branda pressão atmosférica, faz crescer, decrescer e como que respirar o mar. Lemos no Zohar , um dos grandes livros sagrados da Cabala, que “a Serpente mágica, filha do Sol, ia devorar o mundo, quando o Mar, filho da Lua, pôs o pé sobre a sua cabeça e dominou- a ”. É por isso que, entre os antigos, Vênus era filha do Mar, como Diana era idêntica à Lua; é por isso que o nome de Maria significa estrela do mar ou sal do mar. É para consagrar este dogma cabalístico nas crenças do vulgo que disseram, em linguagem profética: “É a mulher que deve esmagar a cabeça da serpente ”.
Jerone Cardan, um dos mais ousados investigadores e certamente, o astrólogo mais hábil do seu tempo; Jerone Cardan, que foi, se dermos crédito à lenda da sua morte, o mártir da sua fé em astrologia, deixou um cálculo por meio do qual cada um pode prever a boa ou má fortuna de todos os anos da sua vida. Apóia a sua teoria sobre as próprias experiências e assegura que este cálculo nunca o enganou. Para saber, pois, qual será a fortuna de um ano, resume os acontecimentos dos que o precederam por 4, 8, 12, 19 e 30: o número 4 é o da realização; o número 8, o de Vênus ou das coisas naturais; o número 12, que é o do ciclo de Júpiter, corresponde aos sucessos; ao número 19 correspondem os ciclos da Lua e de Marte; o número 30 é o de Saturno ou da Fatalidade. Assim, por exemplo, quero saber o que me acontecerá neste ano de 1855: passarei na minha memória o que me aconteceu de decisivo e real, na ordem do progresso e da vida, há quatro anos; o que tive de felicidade ou infelicidade natural há oito anos; que pude contar de sucesso ou infortúnio há doze anos; as vicissitudes, desgraças ou doenças que tive há dezenove anos; e o que sofri de triste e fatal há trinta anos. Depois, tendo em conta os fatos irrevogavelmente realizados e o progresso da idade, conto com as sortes análogas às que já devo à influência dos mesmos planetas, e digo: Em 1851, tive ocupações medíocres, mas suficientemente lucrativas, com alguns embaraços de posição; em 1847 fui violentamente separado da minha família, e resultou, desta separação, grandes sofrimentos para mim e os meus; em 1843, viajei como apóstolo, falando ao povo e perseguido pelas pessoas mal intencionadas: em duas palavras, fui honrado e proscrito; enfim, em 1825, a vida de família cessou para mim, e me empenhei num caminho fatal que me levaria à ciência e à infelicidade. Posso, pois, crer que terei, este ano, trabalho, pobreza, penas, exílio do coração, mudança de lugar, publicidade e contradições, acontecimento decisivo para o resto da minha existência; e acho já, no presente, toda espécie de razões para crer neste futuro. Concluo disso que, para mim, e para o presente ano, a experiência confirma perfeitamente a exatidão do cálculo astrológico de Cardan.
Aliás, este cálculo se refere ao dos anos climatéricos, ou antes climatéricos dos antigos astrólogos. Climatéricos quer dizer dispostos em escalas ou calculados conforme os degraus de uma escada. João Trithemo, no seu livro Das Causas Segundas, computou muito curiosamente à volta dos anos felizes ou funestos para todos os impérios do mundo; daremos dele uma análise exata e mais clara do que o próprio livro, no vigésimo primeiro capítulo do nosso Ritual, com a continuação do trabalho de Trithemo até nossos dias e a aplicação da sua escala mágica aos acontecimentos contemporâneos, para deduzir deles as probabilidades mais notáveis, relativamente ao futuro próximo da França, da Europa e do mundo inteiro.
Conforme todos os grandes mestres da astrologia, os cometas são as estrelas dos heróis excepcionais e só visitam a terra para lhes anunciar grandes mudanças; os planetas presidem às coleções de seres e modificam os destinos das gerações de homens; as estrelas, mais afastadas e mais fracas na sua ação atraem os indivíduos e decidem das suas inclinações; às vezes, um grupo inteiro de estrelas influi sobre os destinos de um só homem e, muitas vezes, um grande número de almas é atraída por um raio longínquo de um mesmo sol. Quando morremos, a nossa luz interior vai - se embora conforme a atração da sua estrela, e é assim que revivemos em outros universos, onde a alma faz para si uma nova vestimenta, análoga aos progressos ou ao decrescimento da sua beleza; porque as nossas almas, separadas dos nossos corpos, assemelham - se a estrelas errantes, são glóbulos de luz animada que sempre procuram o seu centro para achar o seu equilíbrio e o seu movimento; mas antes de tudo, devem libertar- se das garras da serpente, isto é, da luz astral não purificada que as rodeia e cativa, enquanto a força da sua vontade não as levar para cima. A impressão da estrela viva na luz morta é um horrendo suplício, comparável ao de Mezêncio. A alma aí gela e queima ao mesmo tempo, e só tem como meio, para desembaraçar- se dela, entrar na corrente das formas exteriores e tomar um envoltório de carne, lutando depois com energia contra os instintos para fortalecer a liberdade moral que lhe permitirá, no momento da morte, romper as cadeias da terra e voar triunfalmente ao astro consolador, cuja luz lhe sorriu.
Conforme estes dados, entende - se o que é o fogo do inferno, idêntico ao demônio ou à antiga serpente; em que consiste a salvação e reprovação dos homens, todos chamados e todos sucessivamente eleitos, mas em pequeno número, depois de terem si expostos, pela sua falta, a cair no fogo eterno.
Tal é a grande e sublime revelação dos magos, revelação mãe de todos os símbolos, de todos os dogmas e de todos os cultos.
Já podemos ver quando Dupuis se enganava, quando julgava que todas as religiões riam somente da astronomia. É, pelo contrário, a astronomia que nasceu da astrologia, e a astrologia primitiva é um dos ramos da santa Cabala, a ciência das ciências e a religião das religiões.
Por isso, vemos, na décima sétima página do Tarô, uma admirável alegoria. Uma mulher nua, que representa, ao mesmo tempo, a Verdade, a Natureza e a Sabedoria, sem véu, inclina duas urnas para e a terra e nela derrama fogo e água; acima da sua cabeça brilha o setenário estrelado ao redor de um estofo de oito raios, o de Vênus, símbolo de paz e amor; ao redor da mulher verdejam as plantas da terra, e numa dessas plantas vem pousar a borboleta de Psiquê, emblema da alma, substituído, em algumas cópias do livro sagrado, por um pássaro, símbolo egípcio e, provavelmente, dos mais antigos. Esta figura, que no Tarô moderno traz o título de Estrela brilhante, é análoga a muitos símbolos herméticos, e não deixa de ter analogia com a Estrela flamejante dos iniciados da franco - maçonaria, exprimindo a maior parte dos mistérios da doutrina secreta dos rosacruzes.Eliphas Levi - Dogma e Ritual da Alta Magia.
Ishtar.
Ishtar para os semitas orientais, o nome de Astarte (ou Afrodite) foi também dado pelos Gregos a esta divindade. Era equivalente à deusa do Céu Inanna da Suméria, filha de Nanna e Ningal e irmã de Utu.
Tinha uma infinidade de nomes que dependiam dos povos que a veneravam como Ashratum na Babilónia, Ishhara, Irnini, e Astarteia e Astoreth na mitologia da Mesopotâmia. Asherah, Ashtaroth ou Ashtoreth é a deusa do amor, das plantas e da fertilidade de Canaã, sendo associada aos oceanos e à Lua. Não tem companheiro pois ama a sua liberdade e é belíssima. Por estas razões era considerada protectora da prostituição sagrada que se praticava nos templos que lhe eram dedicados.
Era a Grande Deusa Mãe semita, representada nua segurando serpentes ou flores de loto, ou com as mãos nos seios. Também podia aparecer a amamentar uma criança.
Tomou o lugar do deus Athar, sendo a deusa da Estrela da Tarde ou Vénus. Aparece com símbolos como um quarto crescente de lua que usa no cabelo, uma ovelha ou uma pomba. Com o nome de Astarte aparece também a deusa da Guerra, filha de Rá, na mitologia do Antigo Egipto e com o de Ashirat a deusa da Fecundidade da Fenícia, cujo culto orgiástico era condenado pelos patriarcas israelitas, tendo o profeta Samuel mandado derrubar a sua estátua aos Judeus.
Adquiriu da deusa virgem Anat uma característica guerreira, sendo representada com barba, armas, e nua com um pé sobre um leão. Mas cerca de dois mil anos a. C. ainda estava associada somente ao culto de Baal.
O nome primitivo desta divindade na Fenícia, procedente de Sídon, era Astaroth. A sua forma começou por ser cónica, passando para a de uma vaca e finalmente a de uma mulher.
Com o nome de Astaroth havia também um ser demoníaco e repelente casado com a diaba Astarte.
Como Ishtar, Ereshkigal ou Ininna, adorada pelos assírios, era irmã de Shamash (deus do Sol) e a segunda mulher de Anu, sendo filha de Ningal e de Sin, deus da Lua (aparece também como filha de Anu, deus do Ar e de Antum). Foi amante de Tammuz, deus agricultor, e tentou trazê-lo do inferno quando morreu. Ofereceu a Gilgamesh honras e riquezas se se tornasse seu amante e marido, coisa que ele recusou por ela ter morto ou ferido os seus anteriores amantes. Ela pede então a Anu para mandar o Touro do Céu matar Gilgamesh. Mas Gilgamesh e Enkidu matam-no e levam-lhe o corpo, insultando-a. Ela manda como vingança uma doença que mata Enkidu.
Era representada normalmente com um arco e um porta-flechas. Tinha como símbolo uma estrela de seis ou oito pontas, sendo-lhe atribuídos a estrela Sirius e o planeta Vénus.F.P.Wikepédia.
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