contos sol e lua

contos sol e lua

terça-feira, 24 de junho de 2014

coração de luz.

Ao acordar, andar, comer, trabalhar, pense em si mesmo como sendo feito de luz. Imagine que no seu coração arde uma chama e o seu corpo nada mais é que uma leve aura ao redor da chama. Apenas uma luz ao redor da chama. Faça com que esse pensamento se aprofunde na sua mente e na sua consciência. Absorva-o. Levará tempo, mas, se continuar a pensar e sentir assim, dentro de algum tempo você será capaz de se lembrar disso o dia inteiro. Ao acordar, ao andar pela rua, será uma chama em movimento. No início, ninguém perceberá isso, mas se persistir, depois de três meses, haverá outros que também irão perceber. Só depois que os outros perceberem isso é que você se sentirá à vontade. Não diga nada a ninguém. Apenas imagine uma chama e o seu corpo como sendo a aura ao redor dela - não um corpo físico, mas um corpo elétrico, um corpo de luz. Continue a fazer isso. Se persistir, em cerca de três meses as pessoas se darão conta de que lhe aconteceu alguma coisa. Perceberão uma luz sutil ao seu redor. Quando você se aproximar, sentirão um calor diferente. Se tocá-las, sentirão um toque ardente. Sentirão que está acontecendo alguma coisa estranha. Não conte nada a ninguém. Quando os outros perceberem, você se sentirá à vontade e estará apto para passar à segunda etapa, mas não antes disso. A segunda etapa é levar essa sensação para os sonhos. Você já será capaz de senti-la sonhando. Tornou-se uma realidade, não é mais imaginação. Por meio da imaginação, você descobriu uma realidade. Tudo consiste em luz e isso é real. Você é luz - mesmo sem saber - porque cada partícula de matéria é luz. Os cientistas dizem que a matéria é feita de elétrons. É a mesma coisa: a luz é a origem de tudo. Você também é luz condensada: por intermédio da imaginação, é possível descobrir essa realidade. Absorva-a; quando já estiver pleno, pode levá-la para os sonhos, mas não antes. Então, enquanto estiver quase dormindo, continue pensando na chama, continue a vê-la, sentindo que você é a luz. Lembrando-se disso... lembrando... lembrando enquanto pega no sono e a lembrança continua. No princípio, você terá sonhos em que se sentirá como se tivesse uma chama dentro de si, sonhos em que você é luz. Em pouco tempo, você se moverá nos sonhos com o mesmo sentimento. E uma vez que esse sentimento entre nos seus sonhos, eles começarão a desaparecer. Haverá cada vez menos sonhos e cada vez mais sono profundo. Quando essa realidade for revelada durante os sonhos - que você é luz, uma chama ardente -, todos os sonhos desaparecerão. Apenas quando os sonhos desaparecerem você será capaz de levar essa sensação para o sono. Então estará na porta. Depois que os sonhos desapareceram e você se recordar de si mesmo como uma chama, você estará na porta do sono. Aí poderá entrar com o sentimento, e, quando puder entrar no sono com a sensação de que é uma chama, estará perceptivo dentro do sono. E então apenas o seu corpo estará dormindo. A ioga e o tantrismo dividem a vida da mente humana em três partes: despertando, dormindo, sonhando. Essas não são as divisões da sua consciência, são as divisões da sua mente - a consciência é a quarta parte. Essa técnica serve para ajudá-lo a ir além desses três estados. Se tiver consciência de que é uma chama, uma luz, de que o sono não está acontecendo com você, será possível estar consciente. Você está fazendo um esforço, está cristalizado ao redor daquela chama. O corpo está adormecido, mas você não. Isso é o que Krishna diz no Gita: os iogues nunca dormem. Enquanto os outros dormem, os iogues estão acordados. Não significa que o corpo deles nunca dorme: o corpo dorme, mas só o corpo. A matéria precisa de repouso, a consciência não, porque o corpo é um mecanismo e a consciência não. O corpo precisa de combustível, assim como de repouso. É por isso que quando nasce ele é jovem, depois fica velho e finalmente morre. A consciência nunca nasceu, nunca envelhece, nunca morre. Ela não precisa de combustível, não precisa de repouso. É pura energia, energia perpétua. Se você for capaz de atravessar a porta do sono com essa imagem da chama e da luz, nunca voltará a dormir, só seu corpo descansará. E enquanto seu corpo estiver dormindo, você terá a percepção disso. Quando isso acontecer, você terá se tornado o quarto elemento. Agora o despertar e o sonhar e o dormir são partes da sua mente. São partes, e você se tornou o quarto elemento - aquele que perpassa todos eles sem ser nenhum deles. (Osho)

Desafios da Vida.

A vida é possível apenas por meio de desafios. A vida é possível apenas quando você tem ambos, bom tempo e mau tempo, quando você tem ambos, prazer e dor, quando você tem ambos, inverno e verão, dia e noite. Quando você tem ambos, tristeza e alegria, desconforto e conforto. A vida se move entre essas duas polaridades. Movendo-se entre essas duas polaridades, você aprende como ter equilíbrio. Entre essas duas coisas, você pode aprender como voar até a estrela mais distante. As dificuldades sempre existem, são parte da vida. E é bom que existam, ou não haveria crescimento. Dificuldades são desafios. Elas o incitam a trabalhar, a pensar, a descobrir meios de sobrepujá-las. O próprio esforço é essencial. Assim, sempre tome as dificuldades como bênçãos. Sem dificuldades, estaríamos perdidos. Dificuldades maiores virão, e isso significa que a existência está cuidando de você, está lhe dando mais desafios. E, quanto mais você os soluciona, maiores desafios estarão esperando por você. As dificuldades desaparecem somente no último momento, mas esse último momento chega somente devido às dificuldades. Assim, nunca tome negativamente qualquer dificuldade. Descubra o algo positivo nela para o seu aprendizado. A mesma rocha que bloqueia o caminho poderá funcionar como um degrau. E se não houvesse essa rocha no caminho, como você se elevaria? E o próprio processo de ir acima dela, tornando-a um degrau, dá-lhe uma nova atitude de ser. Quando você pensa criativamente sobre a vida, tudo é útil e tudo tem algo a lhe dar. Nada é sem sentido. (Osho)

A Escravidão Básica.

A O sexo é o instinto mais poderoso no ser humano. Os políticos e os sacerdotes entenderam desde o princípio que o sexo é a maior força motriz do ser humano. Ela precisa ser reduzida, precisa ser cortada. Se permitirem ao ser humano total liberdade no sexo, não haverá possibilidade de dominá-lo, será impossível torná-lo um escravo. Você já não viu isso sendo feito? Quando se quer que um touro puxe uma carroça, o que se faz? Ele é castrado, aniquila-se sua energia sexual. E você já percebeu a diferença entre um touro e um boi? Que diferença! Um boi é um triste fenômeno, um escravo. Um touro é uma beleza, um fenômeno glorioso, um grande esplendor. Veja um touro andando, ele anda como um imperador! E veja um boi puxando uma carroça. O mesmo se fez com o ser humano: o instinto sexual foi restringido, cortado, mutilado. Agora o ser humano não é mais um touro, ele é um boi, e cada ser humano está puxando mil e uma carroças. Olhe e descobrirá, atrás de você, mil e uma carroças, e você as está puxando. Por que não se pode colocar um touro para puxar uma carroça? O touro é poderoso demais. Ao ver uma vaca passando, ele atira ambos longe, você e a carroça, e vai atrás da vaca! Ele não se importa nem um pouco com você e não escuta. É impossível controlar o touro. A energia sexual é a energia da vida, e ela é incontrolável. E o político e o sacerdote não estão interessados em você, mas em canalizar sua energia para outras direções. Assim, existe um certo mecanismo por trás disso, que precisa ser entendido. A repressão sexual, o tabu sexual, é a verdadeira base da escravidão humana. O ser humano não pode ser livre a menos que o sexo seja livre. O ser humano não pode ser realmente livre a menos que seja permitido à sua energia sexual um desenvolvimento natural. Estas são as cinco estratégias pelas quais o ser humano foi convertido em escravo, num fenômeno vil, num mutilado. O primeiro é: Mantenha o ser humano tão fraco quanto possível, se você quiser dominá-lo. Se o sacerdote ou o político desejam dominá-lo, eles precisam deixá-lo o mais fraco possível. E a melhor maneira de manter uma pessoa fraca é não dar liberdade total ao amor. Amor é nutrição. Agora os psicólogos descobriram que, se uma criança não recebe amor, ela atrofia e fica fraca. Você pode lhe dar leite, pode lhe dar remédios, pode lhe dar tudo o mais, mas não dê amor. Não a abrace, não a beije, não a deixe sentir o calor do seu corpo e ela começará a ficar cada vez mais fraca. Existem mais chances de a criança morrer do que de sobreviver. O que acontece? Por quê? Basta abraçar, beijar, dar calor humano para a criança se sentir nutrida, aceita, amada, necessária. Ela começa a sentir-se digna, a sentir um certo sentido em sua vida. Ora, desde a tenra infância nós a deixamos à míngua; não damos tanto amor quanto necessário. Então, tentamos forçar os jovens a não se apaixonar, a menos que se casem. Aos catorze anos de idade eles se tornam sexualmente maduros. Porém, a educação deles pode levar mais tempo, mais dez anos, até que tenham vinte e quatro, vinte e cinco anos. Depois, eles obterão seus mestrados, seus doutorados... Dessa maneira, tentamos forçá-los a não amar. A energia sexual atinge seu clímax em torno dos dezoito anos de idade. Nunca mais um homem será tão potente, e nunca mais uma mulher será capaz de ter um orgasmo mais intenso do que será capaz em torno dos dezoito anos. Mas nós os forçamos a não fazer amor - meninos e meninas são mantidos separados, e entre eles fica todo o mecanismo da polícia, dos professores, dos zeladores, dos vice-diretores, dos diretores. Todos eles estão lá, exatamente no meio, impedindo os meninos de procurarem as meninas e impedindo as meninas de procurarem os meninos. Por quê? Por que se toma tanto cuidado? Eles estão tentando matar o touro e criar um boi. Quando você atinge os dezoito anos de idade, está no auge de sua energia sexual, da sua energia amorosa. E, quando você se casa, está na casa dos vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete anos... e a idade está aumentando cada vez mais. Quanto mais culto um país, mais tempo se espera, porque é preciso aprender mais, procurar um emprego, isso e aquilo. Quando você se casa, o seu poder sexual já está praticamente em declínio. Você ama, mas o amor nunca fica realmente quente, nunca chega ao ponto em que a pessoa evapora; ele permanece morno. E não sendo capaz de amar totalmente, você não poderá amar seus filhos, porque você não sabe como. Você não conheceu o apogeu, como poderá ensinar seus filhos, como poderá ajudá-los a chegar ao apogeu? Ao longo dos tempos, o amor foi negado ao ser humano, para que ele permanecesse fraco. Segundo: Mantenha o ser humano tão ignorante e iludido quanto possível, para que ele possa ser facilmente enganado. E, se você deseja criar um tipo de idiotice, que é uma necessidade para o sacerdote e para o político e suas conspirações, então o melhor é não permitir que ele mergulhe livremente no amor. Sem amor, a inteligência da pessoa diminui. Você não observou isso? Quando você se apaixona, de repente todas as suas capacidades ficam no auge, em ascensão. Um momento atrás você parecia entediado e, então, encontra a pessoa amada; de repente, uma grande alegria emerge de seu ser, você fica radiante. Enquanto as pessoas amam, elas atuam em seu máximo. Quando o amor desaparece ou quando ele não está presente, elas atuam em seu mínimo. As pessoas mais inteligentes são as mais sexuais. Isso precisa ser entendido, porque a energia do amor é basicamente inteligência. Se você não pode amar, de algum modo fica fechado, frio; você não pode fluir. Amando, a pessoa flui; amando, a pessoa se sente tão confiante que pode tocar as estrelas. Por isso, a mulher se torna uma grande inspiração, o homem se torna uma grande inspiração. Quando uma mulher é amada, ela fica mais bela, imediatamente, instantaneamente! Um momento atrás ela era apenas uma mulher comum, e agora o amor se derramou sobre ela - ela é banhada por uma energia totalmente nova, uma nova aura surge à sua volta. Ela caminha mais graciosamente, uma dança surgiu em seu passo. Agora seus olhos têm imensa beleza, sua face brilha, ela fica luminosa. E o mesmo acontece com o homem. Quando as pessoas estão amando, elas atuam da melhor maneira possível. Não permita o amor, e elas permanecerão no mínimo. Quando elas permanecem no mínimo, ficam estúpidas, ignorantes, não se importam em saber. E, quando as pessoas são ignorantes, estúpidas e iludidas, podem ser facilmente enganadas. Quando as pessoas são sexualmente reprimidas, reprimidas no amor, começam a almejar outra vida, pensam no céu, no paraíso, mas não pensam em criar o paraíso aqui e agora. Quando você está amando, o paraíso é aqui e agora. Então, você não se importa. Então, quem vai ao sacerdote, quem se importa se deveria ou não haver um paraíso? Você já está nele! Você não se interessa. Mas, quando sua energia amorosa é reprimida, você começa a pensar: "Aqui não há nada, o agora é vazio. Em algum lugar deve haver algum objetivo..." Você vai ao sacerdote e pergunta sobre o paraíso, e ele pinta belas imagens do paraíso. O sexo foi reprimido para que você possa ficar interessado na outra vida. E, quando as pessoas estão interessadas na outra vida, naturalmente não se interessam por esta. Esta vida é a única vida. A outra vida está oculta nesta vida! Não é contrária a ela, não está distante dela; a outra está dentro desta. Mergulhe nesta vida - ela é isto! Penetre nela e também descobrirá a outra. Deus está oculto no mundo, está oculto no aqui e agora. Se você amar, será capaz de senti-lo. O terceiro segredo: Mantenha o ser humano tão amedrontado quanto possível. E a maneira segura é não lhe permitir o amor, porque o amor aniquila o medo, expulsa o medo. Quando você está amando, não tem medo. Quando está amando, pode lutar contra o mundo inteiro, sente-se infinitamente capaz de qualquer coisa. Mas, quando você não está amando, tem medo de coisas pequenas. Quando você não está amando, fica mais interessado em segurança, em proteção. Quando você está amando, fica mais interessado em aventura, em investigação. As pessoas não tiveram permissão para amar porque essa é a única maneira de deixá-las com medo. E, quando elas estão com medo e trêmulas, estão sempre de joelhos, curvando-se para o sacerdote e para o político. Essa é uma grande conspiração contra a humanidade, contra você! Seus políticos e seus sacerdotes são seus inimigos, mas fingem ser servidores públicos. Eles dizem: "Estamos aqui para servi-lo, para ajudá-lo a atingir uma vida melhor, para criar uma vida boa para você." E eles são os destruidores da própria vida. O quarto: Mantenha o ser humano tão infeliz quanto possível, porque uma pessoa infeliz fica confusa, não tem auto-estima, condena-se e sente que deve ter feito algo errado. Uma pessoa infeliz não tem base; pode-se empurrá-la para lá e para cá e ela pode se transformar muito facilmente num joguete. E uma pessoa infeliz está sempre disposta a ser comandada, a receber ordens, a ser disciplinada, porque ela sabe: "Por mim mesma, sou simplesmente miserável. Talvez alguém possa disciplinar a minha vida." Ela é uma vítima. E o quinto: Mantenha as pessoas tão alienadas umas das outras quanto possível, para que não possam se unir para algum propósito que o sacerdote e o político possam não aprovar. Mantenha as pessoas separadas umas das outras, não deixe que elas tenham muita intimidade. Quando as pessoas estão separadas, isoladas, alienadas umas das outras, elas não podem se unir. E existem mil e um truques para mantê-las separadas. Por exemplo: se você estiver segurando a mão de um homem - você é um homem e está segurando a mão de um homem, andando na rua a cantar -, você se sentirá culpado, porque as pessoas começarão a olhar para você. Você é bicha, homossexual ou algo assim? Dois homens não têm permissão de estarem felizes juntos, não têm permissão de darem as mãos, de se abraçarem. Eles são condenados como homossexuais, e surge o medo. Se seu amigo vem e segura sua mão, você olha à volta: "Estão olhando ou não?" E você fica com pressa de soltá-la. O aperto de mãos é apressado. Você observou isso? Você simplesmente toca a mão do outro, balança-a e está acabado. Você não segura a mão, não abraça o outro; você tem receio. Você se lembra de seu pai abraçando você? Você se lembra de sua mãe abraçando você depois que você ficou sexualmente maduro? Por que não? O medo foi criado. Um jovem e sua mãe se abraçando? Talvez algum clima sexual surgirá entre eles, alguma idéia, alguma fantasia. O medo foi criado; o pai e o filho, o pai e a filha, não; o irmão e a irmã, não; o irmão e o irmão, não! As pessoas são mantidas em compartimentos separados com fortes paredes à volta delas. Todos são classificados e existem mil e uma barreiras. Sim, um dia, depois de vinte e cinco anos de todo esse treinamento, você tem permissão de fazer amor com sua esposa. Mas agora, o treinamento penetrou muito fundo em você e, de repente, você não sabe o que fazer. Como amar? Você não aprendeu a linguagem. É como se uma pessoa fosse proibida de falar por vinte e cinco anos. Escute: por vinte e cinco anos ela não teve permissão de falar uma única palavra e, de repente, você a coloca num palco e lhe diz: "Dê uma boa palestra." O que acontecerá? Ela cairá ali mesmo. Ela poderá desmaiar, poderá morrer... vinte e cinco anos de silêncio e, agora, de repente, espera-se que ela dê uma grande palestra? Isso é impossível. E é isso o que está acontecendo! Vinte e cinco anos de antiamor, de medo e, de repente, a lei lhe permite amar - você tem uma licença e agora pode amar essa mulher. "Essa é sua esposa, você é o marido dela e vocês têm permissão de amar um ao outro." Mas onde vão parar aqueles vinte e cinco anos de treinamento errado? Eles estarão presentes. Sim, você "amará"... fará gestos. Não será explosivo, não será orgástico; será muito comedido. É por isso que você fica frustrado depois de fazer amor - noventa e nove por cento das pessoas ficam frustradas depois de fazer amor, mais frustradas do que jamais estiveram. E elas sentem: "O que é isso? Não existe nada! Isso não é verdadeiro!" Primeiro, o sacerdote e o político deram um jeito para que você não fosse capaz de amar e, depois, vêm e pregam que não existe nada significativo no amor. E certamente a pregação deles parece correta, parece estar exatamente de acordo com a sua experiência. Primeiro eles criam a experiência de futilidade, de frustração e, depois, o ensinamento... E juntos, ambos parecem lógicos, uma peça só. Esse é um grande truque, o maior já feito para enganar o ser humano. Essas cinco estratégias podem ser usadas por meio de uma só: o tabu contra o amor. É possível cumprir todos esses objetivos impedindo, de alguma maneira, as pessoas de se amar. E o tabu foi apresentado de maneira científica. Esse tabu é uma grande obra de arte - demonstra grande habilidade e astúcia. Trata-se realmente de uma obra-prima! Esse tabu precisa ser entendido. Primeiro, ele é indireto, oculto. Ele não é aparente, porque sempre que um tabu for muito óbvio, ele não funcionará. O tabu precisa ser muito oculto, para que você não saiba como ele funciona; tão oculto que você não possa nem imaginar que seja possível algo contra ele. Ele precisa penetrar no inconsciente, e não no consciente. Como fazê-lo ser tão sutil e indireto? O truque é o seguinte: primeiro, insista em ensinar que o amor é maravilhoso, para que as pessoas nunca pensem que os sacerdotes e os políticos são contra o amor. Continue a ensinar que o amor é maravilhoso, que ele é a coisa certa a fazer e depois não permita nenhuma situação em que o amor possa acontecer. Não permita que a oportunidade surja, não dê oportunidade e insista em ensinar que a comida é fantástica, que comer é uma grande alegria, "Coma tão bem quanto puder." Mas não ofereça nada que seja comestível. Mantenha as pessoas famintas e insista em falar sobre o amor. Assim, todos os sacerdotes ficam falando sobre o amor. O amor é mais louvado do que qualquer outra coisa; ele só perde para Deus, e é negada toda a possibilidade de o amor acontecer. Diretamente, eles o encorajam; indiretamente, eles cortam suas raízes. Essa é a obra-prima. Nenhum sacerdote fala como causou o mal. É como se você ficasse dizendo a uma árvore, "Seja verde, floresça, dê frutos", e então corte as raízes dela, de tal modo que a árvore não possa ser verde. E ao ver que a árvore não está verde, você pode saltar sobre ela e dizer: "Escute! Você não escuta, não nos segue. Cansamos de dizer "Seja verde, floresça, dê frutos, dance ...", e enquanto isso, continua a cortar as raízes dela. O amor é negado a tal ponto... E o amor é a coisa mais rara do mundo, ele não deveria ser negado. Se uma pessoa puder amar cinco pessoas, deveria amar cinco pessoas. Se puder amar cinqüenta, deveria amar cinqüenta. Se puder amar quinhentas, deveria amar quinhentas. O amor é tão raro que, quanto mais você puder espalhá-lo, melhor. Mas existem grandes estratégias - você é forçado a ficar num cantinho estreito, muito estreito. Você pode amar somente a sua esposa, o seu marido, somente isso e aquilo - as condições são inúmeras. É como se houvesse uma lei dizendo que você pode respirar somente quando está com sua esposa, somente quando está com seu marido. Assim, a respiração será impossível! Assim, você morrerá e não será nem mesmo capaz de respirar enquanto estiver com sua esposa ou seu marido. Você precisa respirar vinte e quatro horas por dia. Seja amoroso. E há uma outra estratégia: eles falam sobre um "amor mais elevado", e aniquilam o inferior. Eles dizem que o inferior precisa ser negado: o amor corporal é ruim e o amor espiritual é bom. Você já viu um espírito sem corpo? Você já viu uma casa sem alicerces? O inferior é o alicerce do superior. O corpo é a sua moradia; o espírito vive no corpo, com o corpo. Você é um espírito com corpo e um corpo com alma - você é ambos. O inferior e o superior não estão separados, eles são um só - degraus da mesma escada. O inferior não deve ser negado, mas transformado no superior. O inferior é bom. Se você se estagnar no inferior, a falta é sua, e não do inferior. Nada está errado com o degrau mais baixo da escada. Se você parar nele, você está parado; trata-se de algo em você. Mexa-se. O sexo não está errado. Você está errado se ficar estagnado ali. Vá para cima. O mais elevado não é contrário ao mais inferior; o mais inferior torna possível que exista o mais elevado. E essas estratégias criaram muitos outros problemas. Toda vez que você está amando, você se sente culpado; surge uma culpa. E, quando existe culpa, você não pode entrar totalmente no amor - a culpa o impede, o mantém preso. E existe culpa mesmo ao fazer amor com sua esposa ou seu marido: você acha que isso é pecado, acha que está fazendo algo errado, "os santos não fazem isso" - você é um pecador. Dessa maneira, você não pode se mover totalmente, mesmo quando tem permissão, superficialmente, de amar sua esposa. O sacerdote está escondido atrás de você, em seu sentimento de culpa; dali ele o puxa, puxa as suas cordas. Quando a culpa surge, você começa a sentir que está errado; você perde a auto-estima, perde respeito por si mesmo. E surge um outro problema: quando existe a culpa, você começa a fingir. Os pais não permitem que seus filhos saibam que eles estão fazendo amor; eles fingem, fingem que o sexo não existe. Mais cedo ou mais tarde, o fingimento deles vai ser descoberto pelos filhos. E, quando os filhos descobrem o fingimento, perdem toda a confiança. Eles se sentem traídos, ludibriados. E os pais dizem que os filhos não os respeitam - você é a causa disso; como eles podem respeitá-lo? Você os tem enganado de todas as maneiras, tem sido desonesto, indigno. Você tem dito a eles para não fazer amor, "Tomem cuidado!", e você faz amor o tempo todo. E mais cedo ou mais tarde virá o dia em que eles se darão conta de que nem mesmo o pai e a mãe foram verdadeiros com eles. Como eles podem respeitá-los? Primeiro, a culpa cria o fingimento. Depois, o fingimento cria a alienação das pessoas. Mesmo o filho, o próprio filho, não se sentirá sintonizado com você. Existe uma barreira - o seu fingimento. E, quando você sabe que todos estão fingindo... Um dia você vem a saber que está simplesmente fingindo e que os outros estão fazendo o mesmo. Quando todos estão fingindo, como você pode se relacionar? Quando todos são falsos, como você pode se relacionar? Como você pode ser amigável quando em todos os lugares existem fraudes e tapeações? Você fica muito, muito magoado com a realidade, fica muito amargo. Você a percebe somente como uma oficina do demônio. Osho.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

o Pêndulo.

É um instrumento que serve de ligação entre o inconsciente e o consciente. O pêndulo é apenas um peso na ponta de um fio flexível e resistente. Não importa o material do mesmo. Um pêndulo é um instrumento de pesquisa, de procura, um instrumento divinatório que você tem um suas mãos. Pode ser feito, por exemplo com um anel pendurado em uma linha, balançando tal qual um relógio antigo. Um objeto fascinante e útil. O pêndulo serve para tantas coisas que muitas vezes temos quase a certeza de possuirmos algo que nos leva atermos a resposta universal e generalizada sobre qualquer coisa. De forma geral poderíamos dizer que a manipulação do pêndulo é uma espécie de tecnologia da magia. Mas o que importa saber é que a magia e a tecnologia estão em você, são você. Você pode ter certeza de uma coisa o uso do lhe trará alguns flashes de iluminação que podem te levar a esclarecimentos. O que vai acontecer na realidade é que, enquanto você desenvolve suas habilidade e confiança nesta prática, certamente descobrirá muitas coisas a seu respeito. E esta é a melhor razão para aprendermos a manejar o pêndulo: poucos instrumentos como este nos levam a ter uma visão de nós mesmos e do mundo que nos cerca. O uso do pêndulo consiste basicamente em acompanhar seus movimentos no sentido horário e anti-horário e interpretar os significados possíveis destes movimentos, decifrando assim as respostas para qualquer tipo de pergunta. Na realidade um pêndulo não faz nada sozinho: é você quem faz. Ele simplesmente reflete as suas escolhas e as apresenta de uma maneira que você pode ver, sentir e perceber com clareza. Quanto mais você caminha nesta prática, melhor aprende a julgar, discriminar e testar. O mais importante é que aprende a captar e respeitar suas próprias decisões intuitivas. Um pêndulo é utilizado para responder perguntas. E, consequentemente, para questionar estas perguntas. Portanto, pode ser usado em qualquer situação na qual você precise de ajuda para perguntar ou responder. Via de regra, a resposta do pêndulo se restringe a SIM ou NÃO. Com um pequeno "esforço", você pode obter dele uma indicação precisa em relação a números ou direções. O truque principal consiste em apresentar a questão de tal maneira que a resposta SIM ou NÃO resulte num sentido prático. Obter resposta é a parte fácil, formular perguntas úteis é que é difícil. O pêndulo é um excelente modo de incrementar a sua inspiração! Qualquer situação na qual você precise confiar na intuição é onde o pêndulo pode ser de grande ajuda, porque ele formaliza o processo intuitivo, tornando-o mais confiável. O pêndulo tem sido usado há milhares de anos como um instrumento que ajuda o homem a entrar em contato com o seu subconsciente. O sistema nervoso humano é o sensor mais preciso existente no mundo. Responde a centenas de milhares de freqüências das quais a mente consciente não está a par. Você pode entrar em sintonia com o seu sistema nervoso com o uso de um pêndulo - qualquer objeto não condutor preso a um fio - e se programando para receber informações dele. Imagine se a resposta for SIM, o pêndulo deve se deslocar no sentido horário e, se a resposta for NÃO o pêndulo deve se deslocar no sentido anti-horário. Você pode fazer o seu diagnóstico ou de um amigo, fazendo uma lista de órgãos e, concentrando-se em um órgão de cada vez, perguntar se este órgão está saudável. Você deve estar emocionalmente neutro sobre as situações, caso contrário irá influenciar inconscientemente o pêndulo. Vivemos em um oceano de freqüência energéticas. Nossa consciência desta freqüências depende da nossa habilidade em registrá-las. Esta habilidade pode ser desenvolvida exatamente da forma como podemos sintonizar as vibrações ou as freqüências de um rádio com um aparelho de rádio. A receptividade tem um peso importante aqui: o que recebemos depende, por um lado, do rádio e, por outro, do nosso estado de conscientização. Toda sensação, todo sentimento, toda emoção, toda necessidade e toda forma de pensamento que experimentar, ou que achar que teve, devem-se ao registro das energias. Nossa grande tarefa é desenvolver a consciência das energias registradas. É importante termos em mente o seguinte: o som, a luz, o pensamento e o amor - todas as pessoas, lugares e coisas, o visível e o invisível - tudo que existe vibra de acordo com um ciclo específico por unidade de tempo. Usando o pêndulo, você pode explorar a vastidão multidimensional e infinita do mundo da energia. Você pode sintonizar o visível a milhares de quilômetros de distância ou exatamente onde estiver. Ao tomar consciência do mundo da energia, todo o saber fica ao seu alcance. Você simplesmente entra em sintonia com a freqüência ou freqüências e registra, vivência e sabe.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

a evolução da forma.

Toda forma que vês tem seu arquétipo no mundo sem-lugar. Se a forma esvanece, não importa, permanece o original. As belas figuras que viste, as sábias palavras que escutaste, não te entristeças se pereceram. Enquanto a fonte é abundante, o rio dá água sem cessar. Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém? A alma é a fonte, e as coisas criadas, os rios. Enquanto a fonte jorra, correm os rios. Tira da cabeça todo o pesar e sorve aos borbotões a água deste rio. Que a água não seca, ela não tem fim. Desde que chegaste ao mundo do ser, uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses. Primeiro, foste mineral; depois, te tornaste planta, e mais tarde, animal. Como pode ser isto segredo para ti? Finalmente foste feito homem, com conhecimento, razão e fé. Contempla teu corpo; um punhado de pó vê quão perfeito se tornou! Quando tiveres cumprido tua jornada, decerto hás de regressar como anjo; depois disso, terás terminado de vez com a terra, e tua estação há de ser o céu. Passa de novo pela vida angelical, entra naquele oceano, e que tua gota se torne o mar, cem vezes maior que o Mar de Oman. Abandona este filho que chamas corpo e diz sempre Um; com toda a alma. Se teu corpo envelhece, que importa? Ainda é fresca tua alma. rumi.

a poesia mística e amorosa de Rumi.

Pouco conhecido no Brasil, o sufismo é uma fraternidade espiritual nascida na antiga Pérsia e marcada pela busca de liberdade interna. Seus adeptos são, muitas das vezes, artistas, poetas, músicos, dançarinos, atores, que se utilizam da arte como meio de afinar sua espiritualidade. Dessa maneira, eles se destacam por criar meditações criativas e inspiradas, alegres e despojadas. O sufismo é um movimento espiritual que se infiltra em todas as demais escolas espirituais e religiões e tenta extrair de cada uma delas suas verdades mais íntimas e secretas. Sua essência é aceitar qualquer experiência e decifrar a inteligência camuflada por trás dela. Dessa maneira, um sufi nunca evita uma experiência, mas busca usá-la, seja qual for, como caminho para a vivência da espiritualidade. O caminho dos sufis rumo à realização espiritual passa sempre pelo coração. Ser um sufi significa viver um caso de amor com a espiritualidade, envolvendo a paixão fervorosa de um amante e a maturidade tranqüila de um amor fraterno. Pode-se mesmo dizer que os dois referenciais máximos do sufismo são o a liberdade e o amor. Rumi, poeta sufi do século XII resume este espírito em seus versos: “Ó amantes, abandonai as tolas ilusões. / Enlouquecei, perdei de vez a cabeça. / Erguei-vos do fogo ardente da vida / – tornai-vos pássaros, sede pássaros” O arrebatamento que Rumi evoca é a matriz do comportamento sufi, a entrega sem limites, sem medir as conseqüências e principalmente, sem medir o quanto se dá e o quanto se espera de volta, a entrega total como se não houvesse outra coisa a ser feita. A entrega que só conhecem aqueles que estão embriagados pela paixão. Rumi pede em seus versos uma atualização constante do sentir, “Limpa teu coração dos velhos rancores, / lava-o sete vezes / e serve o vinho do amor / torna-te o amor.” Esse é o cerne do sufismo, amar infinitamente o finito, de forma que o contato com o infinito não esteja fora, mas dentro de si. Amar tão infinitamente, que não é preciso alcançar algo fora de si que contenha, como “prêmio”, a espiritualidade, mas que essa própria intensidade e pureza de amor, possa traduzir o néctar da espiritualidade. Dessa maneira, para o sufi, mais importante que “o que” fazer, é “como” fazê-lo, com que sinceridade interna, com que inteireza, com que intensidade de doação de si. Assim, segue Rumi no poema: “Enche tua alma de todo o amor, / transforma-o na alma suprema. / Senta à mesa dos santos, / embriaga-te, sê o vinho.” Sim, “sê o vinho”, quem é capaz de reconhecer o próprio nectar e embriagar-se dele? Todos o são, potencialmente, mas na prática, quantos o fazem? “Dentro do coração emperdenido do homem / arde o fogo que derrete o véu de cima abaixo. / Desfeito o véu, / o coração descobre as histórias de Hidr / e todo o saber que vem de nós.” Sim, o mestre sufi aponta o tempo todo para isso: o grande saber não está em nenhum livro, mas no centro do peito da pessoa; Rumi, um dos maiores intelectuais e eruditos de sua geração, achava a erudição um perigo, que poderia afastar a pessoa de sua fonte mais pura de sabedoria, o coração. Por isso, não se contentou em criar algumas das mais belas e populares poesias persas de todos os tempos, mas criou também a mais famosa meditação sufi, o sama, o giro dos Dervishes. Para conhecer a riqueza do universo sufi, é necessária a prática, mais que qualquer conhecimento escrito. Como diz Rumi, “A palavra surge da alma, / mas diante dela se apequena / …ter sabedoria e vertê-la em palavras / é a honra maior a nós concedida, / mas, diante do sol da verdade, / fala e saber minguam e desaparecem”. Esse foi o recado de Rumi e tem sido o de todo o movimento sufi: se você quer conhecer a verdade interior, leia o quanto quiser, ou simplesmente não leia, mas, “pratique”, se você quer falar sobre espiritualidade, conheça-a primeiro, de verdade. O meio para isso pode ser praticar as meditações sufis. Com o coração. .

Divina Música! Gibran.

< Filha da Alma e do Amor. Cálice da amargura E do Amor. Sonho do coração humano, Fruto da tristeza. Flor da alegria, fragrância E desabrochar dos sentimentos. Linguagem dos amantes, Confidenciadora de segredos. Mãe das lágrimas do amor oculto. Inspiradora de poetas, de compositores E dos grandes realizadores. Unidade de pensamento dentro dos fragmentos Das palavras. Criadora do amor que se origina da beleza. Vinho do coração Que exulta num mundo de sonhos. Encorajadora dos guerreiros, Fortalecedora das almas. Oceano de perdão e mar de ternura. Ó música. Em tuas profundezas Depositamos nossos corações e almas. Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos E a ouvir com os corações. Filha da Alma e do Amor. Cálice da amargura E do Amor. Sonho do coração humano, Fruto da tristeza. Flor da alegria, fragrância E desabrochar dos sentimentos. Linguagem dos amantes, Confidenciadora de segredos. Mãe das lágrimas do amor oculto. Inspiradora de poetas, de compositores E dos grandes realizadores. Unidade de pensamento dentro dos fragmentos Das palavras. Criadora do amor que se origina da beleza. Vinho do coração Que exulta num mundo de sonhos. Encorajadora dos guerreiros, Fortalecedora das almas. Oceano de perdão e mar de ternura. Ó música. Em tuas profundezas Depositamos nossos corações e almas. Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos E a ouvir com os corações.

“Dá-me a flauta e canta!” – Gibran .

“Dá-me a flauta e canta!” – Gibran Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão Dá-me a flauta e canta! O canto é o pasto das mentes, e o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor Na floresta não existe ignorante ou sábio Quando os ramos se agitam, a ninguém reverenciam O saber humano é ilusório como a cerração dos campos que se esvai quando o sol se levanta no horizonte Dá-me a flauta e canta! O canto é o melhor saber, e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas Na floresta só existe lembrança dos amorosos Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram, seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos Conquistador entre nós é aquele que sabe amar Dá-me a flauta e canta! E esquece a injustiça do opressor Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue Na floresta não há crítico nem sensor Se as gazelas se perturbam quando avistam companheiro, a águia não diz: ‘Que estranho’ Sábio entre nós é aquele que julga estranho apenas o que é estranho Ah, dá-me a flauta e canta! O canto é a melhor loucura e o lamento da flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais Na floresta não existem homens livres ou escravos Todas as glórias são vãs como borbulhas na água Quando a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro, não diz: ‘Ele é desprezível e eu sou um grande senhor’ Dá-me a flauta e canta! Que o canto é glória autêntica, e o lamento da flauta sobrevive ao nobre e ao vil Na floresta não existe fortaleza ou fragilidade Quando o leão ruge não dizem: ‘Ele é temível’ A vontade humana é apenas uma sombra que vagueia no espaço do pensamento, e o direito dos homens fenece como folhas de outono Dá-me a flauta e canta! O canto é a força do espírito, e o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis Na floresta não há morte nem apuros A alegria não morre quando se vai a primavera O pavor da morte é uma quimera que se insinua no coração Pois quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculos Dá-me a flauta e canta! O canto é o segredo da vida eterna, e o lamento da flauta permanecerá após findar-se a existência.

A Terra de Gibran.

O mês de abril cobre a terra com ervas e flores As amendoeiras e macieiras com suas roupas simples parecem noivas dos filhos da poesia A Primavera é bela em toda parte mas é mais do que bela no Líbano A Primavera é a alma de um Deus desconhecido que percorre o mundo apressado e quando passa pelo Líbano detém o passo e conversa com as almas dos reis e dos profetas que vagueiam no espaço Na Primavera Beirute é muito mais bela pois está livre das chuvas do inverno e da poeira do verão Parece uma linda mulher sentada à beira da fonte onde se banhou deixando que os raios do sol sequem o seu corpo Quando chega a noite a lua se levanta detrás da montanha e estende sua luz sobre as colinas As aldeias aparecem nos flancos das montanhas como que surgidas do nada O Líbano então é como um jovem deitado sobre um véu que cobre seus músculos sem os esconder É uma palavra poética Simboliza sentimentos Evoca florestas de cedro entre perfumes de incenso Lembra torres de bronze e mármore marcadas pela glória Lembra bandos de gazelas correndo através dos prados Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano O Líbano hoje é como um velho curvado por muitos anos de lutas e lutos Um velho com os olhos abandonados pelo sono à espera da aurora como um rei destronado em meio às cinzas do seu trono e as ruínas do seu palácio O Líbano tinha a lua cheia e a alma feliz Hoje é um escuro triste exausto e solitário Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano Aviões e bombas cruzam os céus do Líbano