segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Os Contos e os Mitos Celtas.
Os mitos são histórias universais e atemporais que de certa forma, refletem e moldam nossas vidas - exploram os desejos, os medos, os anseios e fornecem narrativas que nos lembram qual é o significado da vida - através das suas simbologias.
"Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estarmos vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser e de nossa realidade mais íntima, de modo que realmente sintamos o enlevo de viver. É disso que se trata, afinal, e é o que essas pistas nos ajudam a procurar, dentro de nós mesmos. Os mitos nos ensinam que você pode se voltar para dentro de si para captar a mensagem dos símbolos." Joseph Campbel.
Os contos e os mitos do mundo céltico são crenças antigas que estão graficamente preservadas em vários textos ou manuscritos, que vão desde o irlandês "Lebor Gabála Érenn - O Livro das Conquistas" ao Mabinogion - coletânea escrita em prosa, no galês medieval - baseado nas tradições dos primeiros contadores de histórias, conhecidos como bardos, na tradição druídica.
As histórias serviam como elemento de educação para os jovens da nobreza céltica, pois seus personagens heróicos forneciam um modelo de comportamento guerreiro, próprio para juventude da época. Contudo, os mitos também forneciam representações lendárias de personagens reais, tão marcantes que foram preservados tanto na poesia bárdica como na memória popular.
Mesmo com a chegada do cristianismo, os contos orais não puderam ser destruídos, mas acabaram sendo adaptados ou cristianizados, onde antigos Deuses celtas tornaram-se um único Deus e sacerdotes druidas foram "substituídos" por monges católicos, isso, se restou algum druida vivo depois do século I.
Sendo que, o maior prodígio destas histórias são indiscutivelmente o fato de terem sobrevivido, durante séculos afora, fornecendo até os dias de hoje, informações sobre este rico e encantador mundo celta, para que assim, possamos transmiti-los às gerações futuras, preservando um pouco mais da cultura celta.
Mas, antes precisamos saber as definições básicas, entre: lendas, mitos e contos.
- Lendas: narrativa de caráter maravilhoso, em que fatos históricos são transformados pela imaginação popular ou pela invenção poética. As lendas freqüentemente contêm um elemento real.
- Mitos: narrativa popular ou literária, que coloca em cena seres sobrenaturais e ações imaginárias, para as quais se faz a transposição de acontecimentos históricos reais, fabulosos ou fantasiosos.
- Contos: como gênero literário de ficção é a narrativa folclórica em prosa, tanto oral como escrita, de menor dimensão das tradições, lendas, canções e costumes populares de um país.
Os mitos celtas foram preservados através das tradições orais e através dos registros escritos de monges cristãos, poetas e escribas medievais, a seguir em: Visão geral sobre os mitos celtas.
Por fim, a história dos celtas mantêm-se vívida, através da memória ancestral das lendas e dos mitos, contadas em verso e prosa, por séculos afora... Que assim seja!
Rowena Arnehoy Seneween.
Entre os Mundos .
Cruzando os céus de leste a oeste, de norte a sul
A alma percorre caminhos por entre as sombras da Lua
Onde espíritos da noite, envoltos pela névoa de prata
Brindam o entardecer na densidade do tempo que recua
Revelações escondidas, abaixo e acima das emoções
Nos mitos que vão muito além das espirais do saber
Nesta dança frenética sem fim, envolvente e sedutora
Refletem belas formas que começam a desaparecer
Seguem adiante e mergulham nesse mais belo azul
Para despertar nas terras da aurora prometida
Raízes ancestrais que circulam por entre os mundos
Resgatando a magia das lendas, outrora perdida. Awen!
Rowena Arnehoy Seneween.
A Lua dos Ventos - Setembro.
Setembro marca a época da renovação, com o ápice da primavera. Este mês, em gaélico, chama-se Meán Fomhair, é o final da roda escura do ano e o início da roda clara, onde todos os seres começam a vibrar intensamente, em todos os sentidos.
Pronúncia em gaélico: Meán Fomhair - Setembro
Respirar profundamente e absorver os conhecimentos que despertam a nossa alma... na qual as flores, mais uma vez, se fazem presentes e tudo ao nosso redor ganha um novo colorido, nos inspirando às transformações interiores e às mudanças.
Nada é esquecido, apenas se mantém adormecido, até que a semente esteja pronta para reiniciar seu ciclo de evolução. Os ventos promovem o movimento básico deste despertar, o fluxo sagrado da consciência, ou seja, a cada novo movimento sentimos-nos cada vez mais próximos da fonte.
Para que essa conexão aconteça, precisamos estar conscientes do agora, para percebermos que aquilo que vivenciamos diariamente nos liga intimamente aos Deuses.
Os ventos são umas das formas pelas quais a natureza nos conecta a esses sinais, por exemplo, quando são cálidos, leves, frios ou gelados. Naturalmente, sentimos diferentes sensações que nos transmitem alguma mensagem interior.
Para os antigos celtas, o vento era uma grande força da natureza, elementos invisíveis do céu e que nos remete aos Três Reinos Celtas: Terra, Céu e Mar, que representam também o corpo, a mente e o espírito.
O fogo era considerado, por eles, o ponto central da vida, um presente dos Deuses, responsável pela Inspiração, o Awen ou Imbas Sagrado.... Um ser vivo, que nasce, cresce, se alimenta, definha e morre.
Os três elementos estão interligados e conectados entre si, como se fossem um nó celta. Podemos representá-los, simbolicamente, da seguinte forma:
O centro é o equilíbrio, a Bilé ou o fogo sagrado, onde os três reinos estão ligados por uma grande árvore, no caso, representado pela figura de uma árvore com motivos celtas.
O ar é invisível - mas sua própria natureza de invisibilidade torna tudo mais profundo. Ele é a consciência do sopro sagrado, que continuamente é mudado. A cada respiração, o mundo exterior é trazido para o nosso espaço interior. Espaços internos de nossos corpos e, portanto, as mentes, sonhos, recordações e até mesmo crenças, são reavivadas.
O ar que se movimenta forma os ventos inerentes às quatro direções: Norte, Leste, Sul e Oeste. O centro é representado, novamente, como local sagrado, a Mãe Terra.
Aproveitando a atmosfera de renovação e de equilíbrio, proporcionada durante o Equinócio da Primavera, façamos uma meditação invocando a magia dos "Quatros Ventos". Sinta a presença de cada um, trazendo-lhe a força do Norte, a luz do Leste, a inspiração do Sul e a iluminação do Oeste.
Coloque no centro do seu espaço sagrado um caldeirão com uma vela branca dentro, simbolizando a sua consciência no momento presente. Medite o tempo que for necessário e sinta a sua energia se harmonizando com todo o universo. Que assim seja!Rowena Arnehoy Seneween.
Runas - O Oráculo dos Druidas.
O nome RUNA vem do termo gótico que significa sussurro, algo secreto, mistério, segredo. Os símbolos rúnicos eram utilizados antes do advento da escrita sendo, depois, associados ao alfabeto celta. Sabe-se que os povos germânicos, antes de possuírem uma escrita, costumavam desenhar símbolos em rochas.
Essas inscrições chamavam-se Hallristninger e datam de 1.300 anos AC. São 24 sinais representando homens, animais, partes do corpo humano, armas, símbolos solares, de transporte, de tempo, da natureza, cujo significado profundo era transmitido secretamente de pai para filho. Esse conjunto de sinais era usado como oráculo, podendo ser gravado somente em substâncias naturais, não manufaturadas, tipo cristais, sementes, couro, ossos, madeira, conchas, seixos etc. Para a utilização do oráculo, os símbolos eram previamente consagrados com as forças da natureza, os quatro elementos: terra, água, ar e fogo. A mitologia dos povos da Escandinávia, região que hoje corresponde à Suécia, Noruega, Islândia e Dinamarca, é repleta de histórias sobre deuses fantásticos, gigantes, dotados de incríveis poderes.
A gênese dos nórdicos é relatada no poema Edda Poético do século IX. Conta a lenda que Odin - PROTETOR DAS RUNAS - era um dos maiores deuses nórdicos. Seu nome significa VENTO ou ESPÍRITO. Esse protetor dos exércitos ficou pendurado pelo pé na árvore Yggdrasil (árvore do mundo, que ligava o céu e a terra), passando frio e fome durante 9 dias e 9 noites, ferido por sua própria lança. Após este ritual de sacrifício, teria avistado os caracteres rúnicos. Era ajudado por dois corvos, HUGIN, Espírito e Razão, e MUNIN, Memória e Entendimento, que se posicionavam em seus ombros depois de percorrerem o mundo durante o dia em busca de novidades para o Grande Deus. Odin possuia um cavalo lendário chamado SLEIPNIR, que tinha oito patas, locomovendo-se rapidamente pelos céus entre a esfera humana e a divina.
A lança de Odin, GUNGNIR, presente dos anões ferreiros, só se detinha após atingir o alvo. Sentado em seu trono de onde podia avistar o mundo inteiro, o deus ficava em companhia dos mais valorosos guerreiros mortos em campos de batalha, recolhidos no derradeiro minuto de vida pelas WALKIRIAS, as doze virgens aladas com plumas de cisne. Esse exército espiritual do Bem mantinha-se em alerta para entrar em ação contra as forças do mal, por ocasião do Crepúsculo dos Deuses - RAGNAROKK, o Apocalipse Os antropologistas afirmam que ODIN-homem era um paranormal, possuidor de poderes psíquicos, que mantinha contato com o mundo dos espíritos, conseguindo detectar doenças e localizar pessoas e objetos à distância. Esse homem, chefe de uma comunidade tribal da Ásia, com conhecimentos xamânicos, teria emigrado para a Escandinávia e lá instalado uma religião primitiva baseada nesse código secreto de mensagens mágicas. Odin-homem, após a sua morte, teria sido elevado à condição de divindade local, sendo seus ensinamentos difundidos por sacerdotes. Os celtas eram adoradores da natureza.
Os templos eram situados nas grandes florestas e sempre possuíam fontes de água subterrânea. A Catedral de Chartres foi construída numa região da antiga Beócia, sede de um complexo pré-histórico, que reunia aldeias celtas e um templo pagão da religião dos Druidas. No subsolo correm vários veios de água que, segundo especialistas em radiestesia, formam na superfície campos de energia telúrica excepcionalmente poderosos.
Hoje em dia é permitido ao turista levar água dessa fonte que contem propriedades curativas. Conclui-se que os celtas já eram conhecedores da radiestesia. Os Mestres das Runas eram identificados pelo manto que usavam com pedras na bainha, e por manterem a cabeça sob um capuz de pele branca. Eram muito respeitados pela comunidade em virtude do trabalho espiritual, jurídico e do apoio material que prestavam.
No século I de nossa era, o hábito de consultar as Runas já havia se espalhado pela Europa. O jogo de Runas sempre revestiu-se de um caráter mágico e sagrado. Usado como oráculo, chama a atenção para as forças ocultas que podem estar agindo. É o consulente, com base nessas informações, que decide o que fazer para que as tendências reveladas pelas Runas se concretizem ou não. Deve manter-se receptivo para acessar o que houver de positivo e transmutar o que existe de negativo. Mestre interior é a serenidade que vem da certeza de que sempre existirá uma passagem que leve do escuro profundo para a luz clara do dia, sempre ... Sua orientação dá-se quando a intuição se faz mais forte do que as dúvidas da razão, dizendo que esta é a hora e aquela é a direção.
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