terça-feira, 19 de outubro de 2010

O que è Felicidade.


Todas as pessoas querem ser felizes, mesmo não sabendo definir com clareza o que vem a ser a felicidade. A felicidade é um estado de consciência em que a criatura se sente bem, em paz consigo mesma e com o mundo em que vive. Esse estado independe de se ter dinheiro, saúde, estabilidade, companhia, amizades, sucesso na autorealização, reconhecimento da sociedade, poder, fama, glória e amor humano. A felicidade é, na verdade, uma condição de harmonização com Deus.
Assim, um homem sozinho, feio, pobre, desconhecido, doente, e que nunca tenha se realizado profissionalmente e que não tenha ninguém que o ame pode ser feliz, enquanto outro homem, que seja rico, bonito, saudável, poderoso, bem sucedido, amado, cercado de amigos, com estabilidade econômica e reconhecido na comunidade pode ser infeliz.
Na busca da felicidade, que é o summum bonum (bem supremo) das criaturas, estas freqüentemente se iludem. Um homem ou uma mulher acha, por exemplo, que é infeliz por não possuir um carro e passa longo tempo economizando e trabalhando em vários empregos ao mesmo tempo para poder comprar um. Quando finalmente consegue realizar esse sonho, sente-se bem e julga que tornou-se feliz. Logo, porém, elege outro objetivo de consumo para perseguir, ou surge algum contratempo uma batida com o carro, uma doença, o desemprego etc e eis que a pessoa está novamente infeliz.
Muitos passam a vida inteira perseguindo objetos de desejo ou metas de realização que tragam reconhecimento e fama, na tentativa de obter felicidade. Mas tão logo tais objetivos são alcançados e os desejos satisfeitos, a infelicidade volta a se instalar.
Outros, quando não conseguem atingir tais metas pelos meios normais apelam para as religiões e para o sobrenatural. Acham que podem fazer algum tipo de negócio com Deus, com alguma entidade e mesmo com o diabo, uma espécie de barganha: se dedicarão a realizar este ou aquele ritual, rezarão por este ou por aquele credo, viverão por tais ou quais princípios, seguirão determinados métodos e, em troca, Deus, a entidade ou o demônio lhes dará a felicidade.
Freqüentemente pessoas se conformam em levar uma vida miserável, repleta de infelicidade, na esperança de irem, após a morte, para o Reino dos Céus ou outra qualquer espécie de Paraíso, onde gozarão, finalmente, da felicidade que, supõem, lhes foi negada na Terra.
Há, ainda, pessoas que buscam a felicidade momentânea nos estados alterados de consciência, como os provocados pela bebida alcoólica e pelas drogas, ou em hobbies e atividades esportivas que dopam, como os esportes de massa, notadamente o futebol.
Outros confundem a felicidade com a satisfação dos prazeres da carne e o exercício da vontade, como comer, gozar sexualmente, dormir, mandar nos outros, ter todo o conforto etc.
Nada disso, porém, é a felicidade, e ela independe do grau de inteligência, da cultura, da sabedoria, do nível de compreensão da mente. Assim, um ser humano pode vir a compreender às vezes até transcendendo as suas limitações o que vem a ser o Universo e, mesmo assim, não ser feliz.
Como fazer, então, para atingir esse estado perpétuo de bem estar, que nada pode ameaçar e que vem a ser a autêntica felicidade? Isto somente é possível através da harmonização com Deus e essa harmonização pode ser tentada isoladamente ou em conjunto, por vários métodos, uns religiosos e outros não.
Tão complexa é essa questão da felicidade, que seria de se perguntar: Ao ser pregado na Cruz Jesus Cristo estava feliz? Uns diriam que, por um lado sim, por estar(*) ali realizando a salvação da Humanidade, mas que, por outro lado não, visto que estava ali sendo atrozmente supliciado. Outros diriam que não, porque o sofrimento físico, naquele momento da crucifixão, se sobrepunha de modo inapelável ao gáudio espiritual, tanto assim que Jesus clamou pelo Pai, aparentemente em desespero. Já outros diriam que sim, que Jesus estava totalmente feliz, apesar da aparente infelicidade momentânea, porque seu Reino não é deste mundo e, assim sendo, os males deste mundo não poderiam afligi-lo a tal ponto que se sentisse infeliz.
Entendendo-se que Jesus seja o próprio Deus e não um Deus Filho subordinado a um Deus Pai, compreende-se que Deus Onipotente tenha experimentado o sofrimento na carne; mas como a felicidade é um estado de harmonização com Deus, Deus é permanentemente feliz, pelo fato de ser O Perfeito, e, assim, o sofrimento não poderia tirarlhe a felicidade, mesmo que momentaneamente. Por conseguinte, a felicidade independe da ausência de sofrimento na carne, e pode ser obtida pelos seres humanos, feitos à imagem de Deus .
Na Cruz, o mistério da felicidade se revela aos olhos do iniciado, que vê e compreende a Paixão não como uma história de dor mas como um hino de transmutação, em que as imperfeições da matéria, expressas na personalidade humana, são sublimadas no cadinho crístico e dão origem ao desabrochar da Rosa Mística. Este, é o significado da Rosa na Cruz.
A Ordem Rosacruz, através de processos graduais de iniciação, que compreendem o desenvolvimento de certos centros psíquicos dos seres humanos, pode propiciar métodos de harmonização que levam à felicidade verdadeira e permanente, que se baseia na paz mental, um estado que é atingido quando a criatura já não se deixa iludir por falsos objetivos, os quais proporcionam apenas momentos de aparente felicidade.
Igualmente outras ordens iniciáticas, seculares ou monásticas, podem levar o ser humano à felicidade verdadeira.
Isso, porém, não é conseguido do dia para a noite. Somente com o tempo muitos e muitos anos , com muita humildade e persistência, com muita obediência e sinceridade de propósitos podese chegar ao estado de felicidade perene, o ideal seráfico, que advém da contemplação da face de Deus.
Nesse estado, já não importa o que um ser humano seja hoje, o que tenha sido no passado ou o que virá a ser no futuro, porque a felicidade verdadeira, por advir de Deus, transcende tempo e espaço. Em tal estado, tornam-se menores todas as outras questões, tais como “Existe ou não existe a reencarnação?”, “Era Jesus proprietário ou não das roupas que usava?”, “Por que o Buda sempre se recusou a falar sobre Deus? Seria o Nirvana um vazio?”, “Qual a verdadeira natureza da Trindade Divina?”, “O que acontece após a morte?”, “Quem sou eu? De onde vim? Para onde estou indo?”.
A isto, à assunção de tal estado, por ascensão (mesmo porque não há outra via), se dá o nome de domínio da vida.
O domínio da vida, como se vê, é um conceito amplo e claro, mas específico: consiste em ficar imune a tudo que cause infelicidade. Dentro do Cósmico, tudo é ligado. Assim, a individualidade é, na realidade, uma espécie de ilusão do plano material. E desta forma, a felicidade, que repousa no domínio da vida, o qual advém da harmonização com o nosso Deus), não pode ser obtida com finalidade egoística e de autosatisfação. De tal maneira que mesmo um eremita, em sua caverna ou cela de eremitério, está ali pela Humanidade, uno com todos, e não para se abstrair das tribulações da luta pela sobrevivência.
Uma vez compreendido este princípio básico, podese fazer um esclarecimento sobre a controversa questão da reencarnação.Vicente Velado.

A lenda da ave Fênix.


A lenda da ave Fênix está relacionada com o antigo Egito e com o culto ao Sol, sendo que sua pátria era a Etiópia. A ave vivia durante um período de tempo que alguns mitólogos cifram em quinhentos anos, outros em 1.461, e outros ainda em 12.994 anos.
Todos coincidem que o aspecto da Fênix era de uma grande beleza, sendo parecida com uma garça, do tamanho de uma águia e com longas penas. Para os egípcios, era como o símbolo da imortalidade e deus protetor dos mortos, devido à sua relação com o renascimento.
Diziam que era de uma cor vermelha intensa e as penas cor de ouro. Em sua honra, lhe dedicaram um templo em Heliópolis, que foi a cidade sagrada da Fênix, para a qual voltava de tempos em tempos para morrer e renascer, já que este é o seu principal papel: renascer e criar a si mesma.
A lenda da Fênix está muito relacionada com a sua morte e ressurreição; é uma ave única, que não pode se reproduzir com os outros animais. No Reino Médio do Egito, diziam que era o guia do Sol e era associada ao planeta Vênus; na sua representação como garça, às vezes levava uma coroa branca e duas plumas, ou a coroa Atef, ou disco solar.
Segundo o historiador grego Heródoto, a cada 500 anos, a ave criava uma fogueira de incenso, que ardia, e da qual nascia uma nova ave que, com o calor, se transformava em uma nova Fênix. Dizem também que ela nasce e morre no fogo, como o Sol que aparece com o brilho dourado da aurora e morre com o vermelho do entardecer. Quando a Fênix sentia que chegava o fim de sua existência, recolhia e acumulava plantas aromáticas, incensos e resinas, e construía um grande ninho exposto aos raios solares. O calor do Sol, incidindo sobre as plantas secas, incendiava o ninho, e a Fênix ardia com ele, convertendo-se em cinzas. Do ninho impregnado com os restos da ave, surgia lentamente uma ave que se convertia na Fênix, e o primeiro cuidado que tinha era depositar os restos de seu pai num tronco oco. Escoltada por uma grande quantidade de aves de várias espécies, levava essas relíquias até Heliópolis, onde as depositava no Altar do Sol em honra ao deus Rá. Depois que acabava essa homenagem a seu progenitor, a jovem Fênix voltava para a Etiópia e ali vivia, alimentando-se de gotas de incenso, até que chegava o final de seus dias.
Entre os pagãos, a Fênix simbolizou a castidade e a temperança e, entre os cristãos, a ressurreição.
Dizem que, no Jardim do Paraíso, o Éden original, debaixo da Árvore da Sabedoria crescia uma roseira. De sua primeira rosa nasceu um pássaro, e seu vôo era como um raio de luz, com magníficas cores e maravilhoso canto.
Quando Eva pegou o fruto proibido da ciência do bem e do mal, a ave foi a única que não quis provar as frutas da árvore proibida, e quando Eva e Adão foram expulsos do Paraíso, da espada de um anjo caiu uma chispa divina no ninho da ave, pegando fogo no mesmo instante.
A ave morreu nessa fogueira, mas das próprias chamas surgiu uma outra, a Fênix, com uma plumagem inigualável, com o corpo dourado.
Posteriormente, a fábula a situa na Arábia, onde habitava próxima de um poço de águas frescas, e no qual se banhava todos os dias, entoando uma melodia bela que faz com que o Deus Sol detenha o seu carro para escutá-la.
A imortalidade foi o prêmio por sua fidelidade ao preceito divino, junto com outras qualidades como o conhecimento, a capacidade curativa de suas lágrimas, ou sua incrível força. Em todas as suas vidas, sua missão foi transmitir a sabedoria que possui desde a sua origem, junto da Árvore do Conhecimento, servindo de inspiração aos que buscam o saber, tanto aos artistas como aos cientistas.
A cada 100, 500 anos – e, em algumas versões, como dissemos, em 540, 1.461 ou 12.994 anos – constrói uma pira funerária em seu próprio ninho, e coloca incensos e plantas aromáticas, cantando belas canções, e coloca fogo em si mesmo, até extinguir-se.
Não existe mais do que uma ave, e sua forma de reprodução é o renascimento de suas cinzas. Esse mito se estendeu amplamente entre os gregos, que lhe deram o nome de Phoenicoperus, que significa "asas vermelhas", e que posteriormente se estendeu por toda a Europa romana. Durante a dominação de Roma, os primeiros cristãos, influenciados pelos cultos helênicos, fizeram dessa singular criatura um símbolo vivente da imortalidade e da ressurreição.
Outro simbolismo da ave Fênix é a esperança; a esperança que nunca deve morrer no homem. Como a nova Fênix acumula todo o conhecimento obtido por suas antecessoras – que, na realidade, são a mesma – um novo ciclo de inspiração e esperança começa.
Helena Gerenstadt.