contos sol e lua

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Os Doze Tons Cósmicos.


" Se alguém desejar saber se um reino é bem ou mal governado, se a sua moral é boa ou má, examine a qualidade da sua música, que lhe fornecerá a resposta ". Confúcio.

As mencionadas palavras de Confúcio correspondem aos preceitos da Sabedoria Antiga relativos aos sons que afirmava que todas as civilizações aperfeiçoam-se e moldam-se de acordo com o tipo de músicas que nelas são executadas. Diz que se a música de uma civilização é melancólica, romântica, o próprio povo é romântico; se é vigorosa e marcial, então os vizinhos dessa nação devem se acautelar.

A Sabedoria Antiga assegura que uma civilização permanece estável e inalterada enquanto a sua música também permanecer inalterada. Mudar o estilo da música ouvida pelo povo acarreta inevitavelmente uma mudança do próprio estilo de vida desse povo. Esse conceito fazia com que os sábios afirmassem que se a música de uma civilização estivesse nas mãos dos maus ou dos ignorantes, só poderia levá-la à inevitável ruína Por outro lado, nas mãos dos iluminados a música era um instrumento de beleza e de poder, capaz de conduzir toda uma nação à uma idade áurea de paz e prosperidade. Este era um dos pontos de intransigência demonstrada por Confúcio.
Por pensar como muitos filósofos antigos justifica-se o porquê da intransigência de Confúcio a respeito da vigilância que se deve ter sobre a música.

Os grandes místicos do passado sabiam que todas as coisas criadas tinham como base variações do Som Cósmico chamados pelos hindus de OM. Segundo eles esse som libera energia sob forma de vibração que diretamente, ou por ressonância, gera e modificada tudo quanto há. Esse conceito antes somente admitido pelos místicos e Iniciados atualmente vem sendo aceito pela própria ciência que já começa a afirmar que toda matéria é energia ( E=MC2 ), que as coisas existentes são composta de um algo fundamental, e que as freqüências desse algo determina a natureza específica de cada átomo. Assim é plenamente aceitável a concepção de que a música libera no mundo material uma energia fundamental, superfísica, que vem de fora do mundo da experiência cotidiana.

Desta forma não há razão para se estranhar o lado melódico de algumas religiões e Ordens Iniciáticas. Sabe-se que a voz do sacerdote, da sacerdotisa ou vestal age no tempo e espaço e através do qual manifestam-se determinadas forças que podem ter poder energizante do Criador.

A música ritualística pode servir de canal entre Deus e o homem, é uma chave para a liberação das energias do Supremo no mundo material.

" Os demônios entoam em conjunto louvores a Deus. Eles perdem a maldade e a ira". Mistério da Primeira Hora - Nuctemeron - Apolônio de Tiana.

Entre outras referências podemos considerar o homem em seu aspecto negativo através dos sons modificando suas qualidades inferiores.

A história tem mostrado que uma inovação no estilo musical de um povo tem sido invariavelmente seguida de uma inovação política e moral, por isto é que os filósofos antigos, especialmente os chineses, davam muito atenção à música do seu país, desde que tinham certeza de que para que todos os cidadãos se mantivessem livres dos perigos do uso indevido da música e do seu poder, e para que todos aproveitassem o seu efeito benéfico, ela tinha que ser devidamente orientada. Toda música deveria transmitir verdades eternas e especialmente influir no caráter do homem visando torna-lo melhor.

Os mestres da antigüidade estavam certos de que toda música vulgar e sensual exercia uma influência imoral sobre o ouvinte, daí o porquê de toda música devia ser devidamente cuidada para que ela fosse dirigida ao lado espiritual e não para o lado da degradação. Qualquer música deveria ser direcionada de tal forma que o seu efeito se fizesse sentir no sentido do bem. Por isto justifica-se Confúcio haver condenado diversos estilos de música que supunha moralmente perigosos. Dizia: "A música de Cheng é lasciva e corruptora, a música de Sung é mole e efeminante, a música de Wei é repetitiva e tediosa, a música de Ch´i é dura e predispõe à arrogância." Também são palavras de Confúcio: " A música do homem de espirito nobre, suave e delicado, conserva um estado d´alma uniforme, anima e comove. Um homem assim não abriga o sofrimento nem o luto no coração; os movimentos violentos e temerários lhes são estranhos". " Se alguém desejar saber se um reino é bem ou mal governado, se a sua moral é boa ou má, examine-se a qualidade da sua música, que terá a resposta".

A cítara chinesa de 4 cordas tem uma razão espiritual de ser. As quatro cordas relacionam-se com as quatro estações e também a concepção dos quatro aspectos do homem: Mente abstrata, mente concreta, emoções, e corpo físico. Estas quatro qualidades mais tarde foram representados pelos alquimistas como os quatro elementos: Fogo, Ar, Água e Terra.

A música por ser uma manifestação vibratória está diretamente relacionada com os Princípios Herméticos em todos os seus aspectos. Na escala tonal, mantendo-se de lado 2 semitons, existem 7 tons maiores e 5 tons menores perfazendo um total de 12 tons que somados aos semitons perfazem o número 14. Pela música pode-se penetrar intimamente nos mistérios desses três números.

Os 12 tons estão associados às 12 casas do zodíaco, que na realidade refletem as vibrações dos 12 focos de irradiação cósmica [1] sobre os quais já falamos em palestras anteriores. Por isto dizem que a astrologia começou como o estudo do Tom Cósmico. Concebia-se a astrologia como originalmente baseada nesses 12 tons e nas influências que as suas freqüências vibratórias exerciam sobre a terra.

O tempo tem muito a ver com os 12 tons cósmico, não é sem razão que o tempo tem base 12 o dia tem doze horas, o ano tem doze meses.[2]
música.

Padrão de Vitral da Idade Média.
Os chineses, e outros povos da antigüidade, misticamente dividiam o ano em períodos de l2 meses e o dia em dois períodos de 12 horas. Tais divisões não eram arbitrárias, resultavam de um sábio reconhecimento, por parte do homem, de fatos objetivos de natureza cósmica, pois sabiam que os 12 tons musicais eram manifestações da ordem celestial no mundo terreno. À cada um dos períodos correspondia um determinado tom, ou seja, cada hora corresponderia a um tom e da mesma forma a cada mês do ano. Neste contexto reconheciam na música certa correspondência com a data - mês - e com o horário do dia, por isso numa determinada hora a música adequada normalmente era diferente daquela indicada para uma outra hora, e o mesmo com relação aos meses. Desta forma procurava-se a harmonia vibratória entre a música ao nível da terra com a vibração correspondente ao nível cósmico. Em outras palavras, eles concebiam os sons audíveis como sendo manifestações a nível físico das vibrações primordiais imediatas ao OM.
Assim como os Tons Cósmicos mantinham a harmonia e a ordem nos céus, da mesma forma a música mantinha a ordem e a harmonia na terra, bastando para isto que a sua composição e execução fosse estruturada como um reflexo adequado da ordem, da harmonia, e da melodia dos Tons Cósmicos.José Laércio do Egito - F.R.C.

O Caminho de Santiago- Luz do Ocidente


Luz do Ocidente.

O Caminho de Compostela não é o único caminho que levava os peregrinos da Europa de Oriente para Ocidente, terminando invariavelmente na costa atlântica, não em mar aberto, mas em rias profundas, que permitiam abrigo e ancoragem segura de barcos. Mas é o único caminho que foi “recuperado” pelo cristianismo, passando a constituir uma das suas três peregrinações principais, juntamente com Roma e Jerusalém.

Além do Caminho de Compostela havia mais três, dois dos quais bastante conhecidos e um que terá caído no esquecimento. Estranhamente, esses caminhos estavam escalonados por latitudes separadas de três em três graus, todas passavam por lugares sagrados e por regiões onde abundam megalitos e dólmenes, vestígios naturais atribuídos à antiga civilização celta ou lígure.

Já vimos que o Caminho de Compostela corria ao longo do paralelo 42. Logo acima, no paralelo 45, havia desde tempos imemoriais um caminho que talvez fosse o menos importante e por isso esquecido, mas que passava por Le Puy, pelas célebres grutas de Lascaux e terminava em Lugon. Não existe ponto de referência para o início deste caminho.

Mais a norte, ao longo do paralelo 48 havia o caminho que tinha início em Sainte-Odile, na Alsácia, povoação situada em recinto de antigas construções ciclópicas impossíveis de datar, e terminava perto de Quessant, na costa atlântica. Ao longo deste caminho encontramos inúmeros megalitos, provavelmente pontos de referência e orientação para os peregrinos. Passa por diversos locais sagrados, especialmente por Chartres, o lugar mais sagrado dos franceses.

Subindo mais três graus na latitude, encontramos o caminho britânico ao longo do paralelo 51. É provável que este caminho tivesse origem mais a leste, no continente europeu, numa altura em que talvez ainda não existisse o Canal da Mancha e a Ilhas Britânicas não existissem como ilhas, mas fazendo parte do continente.

Considerando apenas o território britânico, este caminho começa em Canterbury e passa por Maidstone (a pedra da Virgem), Godstone (a pedra de Deus), por um cromeleque chamado Amesbury, que alguns entendem significar o “túmulo de Adão”, depois por outro cromeleque, Avesbury, que talvez signifique o “túmulo de Eva”. Passa também por Stonehenge, com o seu “grande templo do Sol” e o Cathoir Ghall, a “sala de dança dos gigantes”. Segue-se Glastonbury, onde se conta que José de Arimateia teria depositado o Graal, perto da colina de Avalon, que antes dos depósitos fluviais era a ilha mítica de Avalon, bem conhecida através da lenda de Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Este caminho termina num local próximo de Tintagel, onde foi descoberto, gravado na pedra, um labirinto semelhante a um outro encontrado na Galiza, não distante de Santiago de Compostela.

Tudo isto, as rotas traçadas de Oriente para Ocidente, a balizagem ao longo de um paralelo preciso com pequenas variações de minutos, a existência de lugares considerados desde sempre sagrados ao longo desses caminhos, não pode ser obra do acaso.

É de presumir que estes caminhos foram traçados com fins religiosos, em que os peregrinos seguiam a rota do Sol, ou a rota indicada pela Via Láctea, de leste para oeste e terminando sempre no mar atlântico. Mas a precisão com que foram marcados sugere-nos que poderia haver outro motivo que ainda desconhecemos, mas que podemos pressentir. Para uma peregrinação religiosa não é necessária a existência de uma rota elaborada com tal precisão, qualquer caminho serve, desde que sirva para atingir o objectivo final. Por exemplo, para a peregrinação a Roma ou Jerusalém não existe um caminho pré-determinado. No caso de Compostela, outros caminhos foram sendo criados ao longo do tempo, como o chamado caminho português, mas prevaleceu sobre todos o caminho tradicional, aquele que segue ao longo do paralelo 42. O que procuravam os peregrinos a Ocidente?

Uma das profecias de João XXIII diz: “ (…) Luz do Neiva no Oriente, mas a luz vem sempre do Ocidente”. Seria para esta luz que os peregrinos caminhavam através de mil dificuldades impostas pelas condições do terreno e dos perigos que punham em risco a própria vida? Que luz seria esta? Será que os portos atlânticos que os peregrinos demandavam eram pontos de encontro com seres que vinham do mar e traziam consigo todo um conjunto de conhecimentos que depois legavam a esses peregrinos?

Temos que reconhecer que estamos perante um enigma, pois na verdade não sabemos para que é que esses caminhos serviam. Alguns autores afirmam que se tratava de caminhos iniciáticos, ao longo dos quais o peregrino era submetido a provas duras que lhe poderiam proporcionar o acesso a um conhecimento maior. Outros afirmam que durante o percurso o peregrino poderia aprender certos conhecimentos ocultos, como por exemplo o tratamento da pedra. Já vimos que os talhadores de pedra na região, no tempo dos lígures, se chamavam tiagos. O que é que acontecia quando chegavam ao seu destino, à beira do Atlântico? Entravam em contacto com seres que consideravam superiores, que depois chamaram deuses, vindos de algures do meio do oceano? Para tentarmos encontrar alguma resposta temos que recorrer à tradição.

Parece não haver já dúvidas para ninguém de que existiu, há uns milhares de anos, uma grande ilha a meio do Atlântico, de que os arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias serão os remanescentes. Parece também não haver dúvidas para ninguém de que, há uns milhares de anos, se deu um imenso cataclismo, que na Bíblia se chama Dilúvio Universal. Este dilúvio é conhecido sob a forma de lendas em todas as latitudes e longitudes da Terra. Portanto, havendo assim tantas descrições, umas mais fantasiosas que outras, é prova de que aconteceu na realidade. Esse cataclismo terá afundado essa ilha e levado para o fundo das águas os atributos de uma civilização evoluída, a que Platão chamou de Atlântida.

Aparentemente não havia uma única ilha, mas várias ilhas, uma grande ilha rodeada de outras menores. Estas ilhas seriam habitadas por duas raças, uma de pele escura avermelhada e outra de pele clara. A de pele escura era de pequena estatura, mas a de pele clara era constituída por indivíduos altos. Não é credível que esses habitantes não tivessem entrado em contacto com os habitantes das regiões limítrofes, como a Europa ocidental, a costa ocidental da África e a costa oriental da América. Também não é credível que não tivesse havido migrações, tanto para ocidente como para oriente, e que esses povos migrados não se tivessem misturado com as populações locais. Acreditamos que essas migrações terão fundado colónias que mantiveram ligações com a pátria de origem, cujos conhecimentos procuraram transportar para as novas terras que ocupavam.

A determinada altura aconteceu o cataclismo que, além de afundar a pátria de origem, causou devastações por toda a Terra, salvando-se apenas uns poucos sobreviventes. Estes, a pouco e pouco, órfãos da terra-mãe, foram esquecendo os prodígios que a sua civilização tinha alcançado, mas mantiveram os conhecimentos básicos que lhes permitiram depois dar início a outras civilizações. Por isso a civilização do antigo Egipto despontou de repente, como o desabrochar de uma rosa.

Assim, os caminhos traçados de forma quase geométrica poderão ter sido os marcos de referência para os sobreviventes do cataclismo, que após aportarem em locais abrigados da costa, se encaminhavam para o interior ao encontro das populações aí residentes e também sobreviventes. Temos consciência de que esta é uma teoria sem bases de prova, mas é uma teoria tão boa como muitas outras. Com o tempo, esses caminhos serviram para levar os peregrinos em busca desses seres que um dia vieram do ocidente, movidos por uma vaga lembrança da portentosa civilização que aí teria existido.

Isto leva-nos a outro ponto, que é o de saber onde ficaria situado o Paraíso Terrestre. Segundo a Bíblia, estava situado na região de quatro rios, dentre os quais, o Tigre e o Eufrates. Embora na Mesopotâmia actual (Iraque) não existam esses quatro rios, apenas aqueles dois referidos, pesquisas por satélite revelaram a existência em tempos idos de mais dois rios. Portanto, assunto resolvido, o Paraíso ficava localizado na Mesopotâmia. Mas, como grande parte dos livros da Bíblia terão sido escritos por sábios judeus após a sua libertação do cativeiro na Babilónia, é muito provável que a descrição do Paraíso tenha sido originada em alguma lenda daquela região e assim, a indicação daqueles rios.

Por outro lado, Caim, depois de ter assassinado Abel, foi enviado para a Terra de Nod, a leste do Éden. Aparentemente, apesar de expulsos, Adão e Eva ainda estariam no Paraíso (Éden), porque foi dali que Caim foi enviado para leste. Mas “Nod”, segundo alguns autores, significa “peregrinação”, quer dizer, a partir do Éden, Caim peregrinou pelas terras do leste. Mas a leste de quê? Da Mesopotâmia? Foi Caim peregrinar para os antigos Irão, Afeganistão, Paquistão, Índia? Para sabermos que leste era esse precisamos de situar o Éden em algum lugar.

Por estudos feitos através de satélites, está provado que o deserto do Sara foi, em tempos recuados, uma região luxuriante, com várias cidades hoje soterradas debaixo das areias, com lagos e quatro rios, entre os quais o próprio Nilo, que terá sido desviado do seu primitivo curso para o actual que conhecemos. A civilização que ali prosperou terá vindo, muito provavelmente, da Atlântida. Os tuaregues, os “aristocratas” do deserto, serão originários da civilização que ali se implantou pois, segundo a lenda, a filha da Poseidon, Atena, ter-se-á retirado para a terra de Hoggar para ali cumprir uma missão civilizadora. A terra de Hoggar é o Sara e Atena, como rainha dessa região, chamava-se Tin-Hinan.

Esta rainha, considerada deusa pelos tuaregues, terá estabelecido um governo matriarcal e por isso, entre os tuaregues a mulher continua a ter um papel muito especial, é a guardiã da tradição. Mas uma lenda acaba quando começa a História e assim, Tin-Hinan deixou de ser uma lenda quando o seu túmulo foi descoberto em Abalessa, ao sul da actual Argélia. Pelo estudo dos seus restos mortais, tratava-se de uma mulher branca, de elevada estatura, parecida com as mulheres egípcias do tempo dos faraós, as ancas estreitas e as espáduas largas.

Por motivos que desconhecemos, o Nilo foi desviado do seu curso, privando o Hoggar da sua água, e parte da população ali existente terá partido para oriente, criando a esplendorosa civilização egípcia. Seria o Hoggar, o local em que se situava o Éden, pois também era uma região de quatro rios?

Segundo a tradição, a grande ilha da Atlântida também tinha quatro rios, os quais corriam no sentido dos pontos cardeais. Seria, afinal, a Atlântida, o local do Paraíso terrestre? Tanto do Hoggar como da Atlântida, as migrações foram feitas maioritariamente para leste, exceptuando as eventuais migrações que terão povoado as Américas.

Assim, talvez aqueles caminhos tão bem demarcados no terreno levassem os peregrinos em busca, não só dos seres que em tempos recuados teriam vindo do mar a ocidente, mas em busca do Paraíso perdido.
Manuel O. Pina.