contos sol e lua

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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Cristo Recém-Nascido.

Temos repetido com freqüência em nossa literatura, que o sacrifício de Cristo não foi um acontecimento que teve lugar no Gólgota, nem foi consumado de uma vez por todas em poucas horas, mas que os nascimentos e mortes místicas do Redentor são contínuas ocorrências cósmicas. Concluímos que esse sacrifício é necessário à nossa evolução física e espiritual durante a presente fase do nosso desenvolvimento. Como se aproxima a época do nascimento anual de Cristo, mais uma vez é-nos apresentado um tema para meditação, um tema que nunca envelhece e é sempre novo. Podemos tirar muito proveito refletindo sobre ele e dedicando-lhe uma oração, para que faça nascer em nossos corações uma nova luz que nos guie no caminho da regeneração. O apóstolo deu-nos uma maravilhosa definição da Divindade quando disse: "Deus é Luz", pelo que a "Luz" tem sido usada para ilustrar a natureza do Divino nos Ensinamentos Rosacruzes, especialmente o mistério da Trindade na Unidade. As Sagradas Escrituras de todos os tempos ensinam claramente que Deus é uno e indivisível. Ao mesmo tempo verificamos que, do mesmo modo que a luz branca una refrata-se nas três cores primárias - vermelho, amarelo e azul - Deus também revela-Se em papel tríplice durante a manifestação pelo exercício de três funções divinas: criação, preservação e dissolução. Quando Ele exercita o atributo criação, Deus revela-se como Jeová, o Espírito Santo, Ele é o Senhor da lei e da geração, projetando a fertilidade solar indiferentemente através dos satélites lunares de todo planeta em que seja necessário fornecer corpos para seus seres evoluintes. Quando Ele exercita o atributo preservação, com o propósito de sustentar os corpos gerados por Jeová sob as leis da Natureza, Deus, revela-se como Redentor, Cristo, e irradia os princípios de amor e regeneração diretamente a todo planeta, onde as criaturas de Jeová requeiram essa ajuda para libertarem-se das malhas da morte e do egoísmo, e alcançarem o altruísmo e a vida infinita. Quando do exercício do divino atributo dissolução, Deus aparece como o Pai. Chama-nos de volta ao lar celestial para assimilarmos os fruto das experiências e do crescimento anímico que acumulamos durante o dia de manifestação. Este Solvente Universal, o raio do Pai, emana então do Invisível Sol Espiritual. Esses processos divinos de criação e nascimento, preservação e vida, dissolução, morte e retorno ao autor de nosso ser, nós os vemos em toda parte, em tudo o que nos cerca. Então, reconhecemos o fato de que são atividades do Deus Trino em manifestação. Porventura já nos demos conta de que no mundo espiritual não existem acontecimentos definidos, nem condições estáticas; que o começo e o fim de todas as aventuras, de todas as eras estão presentes no eterno "tempo" e "espaço"? Gradativamente, tudo se cristaliza e torna-se inerte, precisando dissolver-se para dar lugar a outras coisas e outros eventos. Não há como escapar dessa lei cósmica, que se aplica a tudo no reino do "tempo" e do "espaço", inclusive ao raio Crístico. Como o lago que se derrama no oceano volta a encher-se quando a água que o abandonou evapora-se e a ele retorna em forma de chuva, para tornar novamente a correr incessantemente em direção ao oceano, assim o Espírito do Amor que nasce eternamente do Pai derrama-se incessantemente, dia após dia, hora após hora, no universo solar para libertar-nos do mundo material que nos prende em seus grilhões mortais. Portanto, onda após onda partem do Sol em direção a todos os planetas, o que proporciona um impulso rítmico às criaturas que neles evoluem. No sentido mais verdadeiro e literal, é um Cristo recém-nascido que saudamos em cada festa natalina, e o Natal é o mais importante acontecimento anual para a humanidade, quer tenhamos consciência disso ou não. Não se trata meramente de comemorar o aniversário de nascimento do nosso amado Irmão Maior, Jesus, mas sim da chegada da rejuvenescente vida-amor do nosso Pai Celestial, por Ele enviada para libertar o mundo do glacial abraço da morte. Sem esta nova infusão de vida e energia divinas, logo pereceríamos fisicamente, frustando o nosso progresso no que tange às atuais linhas de desenvolvimento. Precisamos esforçar-nos por compreender muito bem este ponto, a fim de que possamos aprender a apreciar o Natal da maneira mais profunda possível. A este respeito, como em muitos outros, podemos aprender uma lição observando nossos filhos ou recordando a nossa própria infância. Como eram fortes nossas expectativas à aproximação dos festejos natalinos! Como ansiosamente esperávamos pela hora de receber os presentes que pensávamos serem deixados pelo Papai Noel, o misterioso benfeitor universal que distribuía os brinquedos! Como nos sentiremos se nossos pais nos dessem apenas as bonecas estragadas e os tamborzinhos já gastos do ano passado? A sensação seria certamente de infelicidade total, além de uma profunda quebra de confiança em tudo, sentimentos que os pais achariam cada vez mais difícil restaurar. Isso nada seria, comparado à calamidade cósmica que se abateria sobre a humanidade, se o nosso Pai Celestial deixasse de enviar como Presente Cósmico de Natal, o Cristo recém-nascido. O Cristo do ano anterior não nos pode livrar da fome física, como as chuvas daquele ano não podem agora encharcar o solo e desenvolver os milhões de sementes que dormitam na terra, à espera de que as atividades germinadoras da vida do Pai as façam crescer. Assim como o calor do último verão já não nos pode aquecer, o Cristo do ano passado não pode acender de novo em nossos corações as aspirações espirituais que nos impelem para cima em busca de algo mais. O Cristo do ano passado deu-nos seu amor e sua vida sem restrições ou medidas. Quando Ele renasceu na Terra no Natal anterior, Ele impregnou de vida as sementes adormecidas, que cresceram e muito gratamente encheram os nossos celeiros com o pão da vida física. O amor que o Pai Lhe deu, Ele o derramou profusamente sobre nós, e do mesmo modo que a água do rio volta para o céu pela evaporação, assim também Ele eleva-se outra vez ao seio do Pai, após esgotar toda a sua vida e morrer na Páscoa. Mas, o amor divino jorra infinitamente. Como um pai apieda-se de seus filhos, assim também nosso Pai Celeste compadece-se de nós, pois Ele conhece a nossa fragilidade e dependências física e espiritual. Por conseguinte, esperamos mais uma vez, confiantemente, o nascimento místico do Cristo que virá com renovada vida e renovado amor. O Pai no-Lo envia acudindo à fome física e espiritual que sofreríamos se não tivéssemos d’Ele essa amorosa oferenda anual. As almas jovens, via de regra, acham difícil separar em suas mentes as personalidades de Deus, de Cristo e do Espírito Santo, de modo que algumas podem amar apenas a Jesus, o homem. Esquecem Cristo, o Grande Espírito, que introduziu uma nova era na qual as nações estabelecidas sob o regime de Jeová serão destroçadas, a fim de que a sublime estrutura da Fraternidade Universal possa ser edificada sobre as suas ruínas. No devido tempo, o mundo inteiro saberá que "Deus" é espírito, para ser adorado em "espírito e em verdade". É bom que amemos Jesus e O imitemos; desconhecemos ideal mais nobre e alguém mais digno. Se pudesse ter sido encontrado alguém mais nobre, não teria sido Ele o escolhido para ser o veículo do Grande Unigênito, Cristo, em que reside a Divindade. Fazemos bem em seguir "Seus passos". Ao mesmo tempo devemos exaltar Deus em nossas próprias consciências, aceitando a afirmação bíblica de que Ele é espírito e que não podemos tentar representar a Sua imagem, nem retratá-Lo, pois Ele a nada se assemelha, quer nos céus quer na Terra. Podemos ver os veículos de Jeová circulando como satélites em volta de diversos planetas. Também podemos ver o Sol, que é o veículo visível de Cristo. Mas o Sol Invisível, que é o veículo do Pai e fonte de tudo, este só pode ser visto pelos maiores clarividentes e apenas como a oitava superior da fotosfera do Sol, revelando-se como um anel de luminosidade azul-violeta por trás do Sol. Mas nós não precisamos vê-Lo. Podemos sentir Seu amor e essa sensação nunca é tão grande como na época do Natal, quando Ele nos está dando o maior de todos os presentes: o Cristo do novo ano.Max Heindel. FIM

A Missão de Cristo e o Festival das Fadas .

Sempre que nos defrontamos com um dos mistérios da natureza que não compreendemos, simplesmente acrescentamos um novo termo ao nosso vocabulário, uma espécie de truque para ocultar a nossa ignorância a respeito do assunto. O exemplo temos em relação a palavra "ampére" que utilizamos para medir o volume da corrente elétrica e a voltagem que empregamos para medir a força da corrente, e o "ohm" que empregamos para assinalar o grau de resistência que um dado condutor oferece à passagem da corrente. Dessa maneira, depois de muito estudar a respeito de termos e figuras, as mentes mestras da ciência elétrica tentam persuadir-se e aos demais que compreenderam e penetraram no mistério dessa força ilusória que desempenha um papel tão importante no trabalho do mundo. Mas, depois de tudo dito, esses homens iminentes admitem que as mais brilhantes luzes da ciência elétrica não conhecem senão um pouquinho mais do que uma criança da escola primária quando começa a experiência com pilhas e baterias. O mesmo se passa com as outras ciências. Os anatomistas não podem distinguir o embrião de um cão do de um ser humano durante um longo período, e enquanto o fisiologista discorre com autoridade sobre o metabolismo, não pode deixar de admitir que as experiências de laboratório, pelas quais se esforça para imitar nosso processo digestivo, devem ser e são muito diferentes das transmutações que se operam no laboratório químico do corpo, pela alimentação que ingerimos. Isto não é dito para desacreditar ou menosprezar as maravilhosas descobertas da ciência, mas para demonstrar que existem fatores por detrás de todas as manifestações da natureza - inteligências de diversos graus de consciência, construtivas e destrutivas, que desempenham parte importante na economia da natureza - e até que esses agentes sejam identificados e seu trabalho estudado, nós mão podemos ter um conceito adequado do modo como atuam essas forças da natureza, as quais chamamos calor, eletricidade, gravidade, ação química, etc.. Para os que cultivam a visão espiritual, é evidente que os chamados mortos empregam parte de seu tempo em aprender a construir corpos sob a direção de certas hierarquias espirituais. Eles são os processos metabólicos e anabólicos; eles são os fatores invisíveis na assimilação e é, portanto, literalmente exato que seriamos incapazes de viver sem a importante ajuda daqueles que chamamos mortos. Para conceber a idéia de como esses agentes trabalham e da sua relação conosco, podemos citar um exemplo mencionado no Conceito Rosacruz do Cosmos. Suponhamos que um carpinteiro está construindo uma mesa, e um cachorro, que é um espírito em evolução pertencente a uma outra onda de vida, está observando-o. Ele vê o processo de cortar tábuas; gradualmente a mesa é formada desse material e finalmente fica pronta. Mas, ainda que o cão esteja atento ao trabalho do homem, ele não tem um conceito claro de como esse trabalho foi feito, nem do uso final da mesa. Suponhamos ainda mais, que o cachorro estivesse dotado somente de uma limitada visão e incapaz de perceber o carpinteiro e suas ferramentas; veria somente as tábuas de madeira sendo divididas em partes, depois juntarem-se e ficarem dispostas de outra maneira até a mesa tomar forma e ficar pronta. Ele teria visto o processo da formação e o objeto terminado, mas não teria idéia que a ativa ação do trabalhador foi necessária para transformar a madeira em mesa. Se o cachorro pudesse falar, explicaria a origem da mesa como Topsy1 ( personagem do romance "A Cabana do Pai Tomás" ) referiu-se a si mesma dizendo: "simplesmente cresceu". Nossa relação com as forças da natureza é semelhante àquela do cachorro com o invisível carpinteiro, e nós somos tão capazes de explicar os mistérios da natureza, como o fez Topsy. Eruditamente, narramos às crianças como o calor do Sol evapora a água dos rios e oceanos, fazendo que este vapor ascenda às regiões mais frias do ar onde se condensa em nuvens, que tornam-se, finalmente, tão saturadas de umidade que elas gravitam em direção à Terra em forma de chuva para preencher os rios e oceanos, e novamente a água ser evaporada. É tudo muito simples, um belo processo automático de movimento contínuo. Mas, é só isso? Não há nesta teoria um número de omissões? Sabemos que sim, embora não possamos desviar-nos muito do nosso assunto para discuti-lo. Falta explicar totalmente uma coisa, a saber, a ação semi-inteligente das sílfides que levantam as delicadas partículas da água volatizada em vapor, e que são separadas da superfície do mar pelas ondinas, que as levam o mais alto possível antes que aconteça a condensação parcial e as nuvens até que as ondinas as forcem a libertá-las. Quando dizemos que há tempestades, na verdade, batalhas estão sendo travadas na superfície do mar e no ar, algumas vezes com a ajuda das salamandras, para acender a tocha do relâmpago dos separados hidrogênio e enviar seu aterrorizante zig-zag através da negra escuridão, seguida do poderoso troar do trovão na atmosfera transparente, enquanto as ondinas triunfalmente lançam as resgatadas gotas de água sobre a Terra para que elas possam novamente unir-se ao seu elemento materno. Os pequenos gnomos são necessários para construir as plantas e as flores. Seu trabalho é pintá-las com matizes inumeráveis de cor, que deleitam os nossos olhos. Eles também cortam os cristais em todos os minerais e elaboram as gemas valiosas que cintilam nos diademas preciosos. Sem eles não haveria ferro para nossas máquinas e nem ouro com que pagá-las. Eles estão em todas as partes e a proverbial abelha não é tão atarefada como eles. Enquanto para a abelha é dado todo o crédito pelo trabalho que ela faz, os pequenos espíritos da natureza, que desempenham uma parte imensamente importante no trabalho do mundo, são desconhecidos, salvo por alguns que são chamados de sonhadores ou loucos. No solstício de verão, as atividades físicas da natureza estão no apogeu ou zênite, portanto, é no "Solstício do Verão" que se realiza o grande festival das fadas que trabalharam para construir o universo material. Nutriram o gado, cultivaram o grão e estão saudando com alegria e dando graças à onda de força, que é a sua ferramenta, para colorir as flores, na assombrosa variedade de delicados matizes requeridos por seus arquétipos, pintando-as em inúmeras tonalidades que são o prazer e o desespero do artista. Na maior de todas as noites da alegre estação do verão, as fadas se reúnem vindas dos pântanos e das florestas, dos estreitos e pequenos vales para o Festival das Fadas. Elas realmente cozem e preparam seus alimentos etéricos e, mais tarde, dançam em êxtases de alegria - a alegria de terem realizado o seu trabalho e desempenhado importante papel na economia da natureza. É um axioma científico que a natureza não tolera o que é inútil; os parasitas e os zangões são uma abominação; o órgão que se torna supérfluo atrofia-se, assim também acontece com o membro ou o olho que não é usado. A natureza tem um trabalho a fazer e necessita da colaboração de todos que se propuseram a justificar suas existências, pois todos são parte dele. Isto se aplica à planta, ao planeta, ao homem, ao animal e também às fadas. Elas têm seu trabalho a cumprir; elas são hostes ativas e suas atividades são a solução para muitos mistérios da natureza, como já foi explicado. Nós estamos agora no outro pólo do ciclo anual, quando os dias são curtos e as noites mais longas. Fisicamente falando, a escuridão cai sobre o Hemisfério Norte, mas a onda espiritual de luz e vida, que será a base do crescimento e progresso do próximo ano, está agora na maior altura e força. Na Noite de Natal, no solstício de inverno, quando o celestial signo da Virgem Imaculada está no horizonte oriental à meia noite, o sol do novo ano nasce para salvar a humanidade do frio e da fome, que continuariam se a manifestação dessa luz fosse suprimida. Nessa ocasião, o Espírito Cristo nasce na Terra e começa a fermentar e fertilizar os milhões de sementes que as fadas prepararam e regaram para que possamos ter alimento físico. Mas "o homem não vive somente de pão". Importante como é o trabalho das fadas, torna-se insignificante comparado com a missão de Cristo, que nos traz a cada ano o alimento espiritual necessário para que avancemos no caminho do progresso, para que possamos alcançar a perfeição no amor com tudo o que ele implica. É o advento desta maravilhosa luz de amor que nós simbolizamos pelas lamparinas acesas no altar e pelo soar dos sinos do Natal que, a cada ano, anunciam as alegres novas do nascimento do Salvador, pois para o sentido espiritual, luz e som são inseparáveis. A luz do Natal que brilha sobre a Terra é dourada, induzindo os sentimentos de altruísmo, amor e paz, os quais nem mesmo a grande guerra consegue obscurecer. A guerra passou e como normalmente damos mais valor ao que perdemos, esperemos que toda a humanidade se una neste Natal para o canto dos cantos "Paz na Terra e Boa Vontade entre os homens".Max Heindel

O Místíco Sol da Meia-Noite.

Esotericamente e desde épocas imemoriais, o Sol tem sido reverenciado como o dador de vida, porque a multidão era incapaz de ver além do símbolo material de uma grande verdade espiritual. Mas, além daqueles que adoravam a órbita celeste que é vista com o olho físico, sempre houve e continua a haver uma pequena mas crescente minoria, um sacerdócio consagrado pela virtude mais do que por rituais, que viu e vê as eternas verdades espirituais por trás das formas temporais e efêmeras que revestem essas verdades, nas mudanças de cerimonial consoante à época e aos povos a que foram destinadas originalmente. Para estes, a lendária Estrela de Belém brilha todos os anos como o Místico Sol da Meia-Noite, o qual penetra em nosso planeta no solstício de inverno os três atributos divinos: Vida, Luz e Amor. Estes raios de esplendor e poder espirituais inundam o nosso globo com uma luz sobrenatural que envolve todos sobre a Terra, do mais insignificante ao mais importante, sem distinção. Mas nem todos podem participar desse maravilhoso dom na mesma medida. Alguns conseguem mais, outros menos. Alguns nem participam da grande oferta de amor que o Pai preparou para nós em Seu Filho Unigênito, porque ainda não desenvolveram o imã espiritual, o Cristo menino interno, que unicamente pode guiar-nos ao Caminho, à Verdade e à Vida. “Se não tiver olhos para ver? Se o Cristo é meu, como posso saber a não ser através do Cristo em mim? A voz silenciosa dentro do meu peito é o penhor do pacto entre Cristo e eu, e enfim Ela confere a fé, a força do Feito.” Esta é, sem dúvida, uma experiência mística que soa verdadeira para muitos de nossos estudantes, tão verdadeira como a noite segue-se ao dia e o inverno segue-se ao verão. A menos que tenhamos Cristo dentro de nós, e que um maravilhoso pacto fraternal de sangue tenha sido consumado, não podemos ter parte no Salvador, embora os sinos de Natal nunca parem de soar. Mas, quando Cristo formar-se em nós, quando a imaculada concepção tornar-se uma realidade em nossos próprios corações, quando nos tenhamos postado aos pés do Cristo recém-nascido para oferecer-Lhe os nossos presentes, dedicando a natureza inferior ao serviço do Eu Superior, então, e só então, as festividades natalinas são compartilhadas por nós, ano após ano. E, quanto mais arduamente tenhamos labutado na vinha do Mestre, mais clara e distintamente poderemos ouvir a voz silenciosa em nossos corações, sussurrando o convite: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo... porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve". Então, ouviremos uma nova nota nos sinos de Natal como nunca ouvimos antes. porque não há dia mais alegre do que o do nascimento de Cristo, quando Ele renasce na Terra, trazendo consigo presentes para os filhos dos homens - presentes que significam a continuação da vida física, porque sem essa vitalizante e enérgica influência do Espírito de Cristo, a Terra permaneceria fria e árida; não haveria uma nova canção da primavera, nem os pequeninos coristas da floresta para alegrar os nossos corações à chegada do verão. A pressão gélida dos pólos Boreais manteria a Terra agrilhoada e muda para sempre, impossibilitando-nos de prosseguir em nossa evolução material, tão necessária para aprendermos a usar a força do pensamento através de canais criativos apropriados. O espírito de Natal é, pois, uma realidade viva para todo aquele que já desenvolveu o Cristo interno. O homem e a mulher comum sentem esse espírito somente nas proximidades das festas natalinas, mas o místico iluminado pode vê-lo e senti-lo meses antes e meses depois do seu ponto culminante na Noite Santa. Em setembro ocorre uma mudança na atmosfera terrestre; uma luz começa a brilhar nos céus. Essa luz parece permear todo o universo solar e, gradualmente, vai crescendo em intensidade, parecendo envolver o nosso globo. Então, ela penetra a superfície do planeta e, pouca a pouco, concentra-se no seu centro, onde os espíritos-grupo das plantas têm o seu lar. Na Noite Santa ela alcança o mínimo de seu tamanho e o máximo de seu fulgor. Então, passa a irradiar luz concentrada, dando nova vida à Terra para que esta prossiga com as atividades da Natureza no ano entrante. Isso é o começo do grande drama cósmico ‘Do Berço à Cruz", que acontece anualmente durante os meses de inverno (no Hemisfério Norte). Cosmicamente, o Sol nasce na mais longa e escura noite do ano, quando o signo zodiacal Virgo - a Virgem Celestial - situa-se no horizonte oriental a meia-noite para dar à luz o Filho Imaculado. Durante os meses que se seguem, o Sol transita pelo Violento signo de Capricornus onde, segundo a mitologia, todos os poderes das trevas concentram-se em frenético esforço para matar o Portador-da-Luz, fase do drama solar que é apresentado misticamente no episódio da perseguição movida pelo rei Herodes, e a fuga de Jesus para o Egito a fim de escapar à morte. Quando em fevereiro o Sol entra no signo de Aquarius - o Portador-da-Água - temos a época das chuvas e tempestades e, do mesmo modo que o batismo consagra misticamente o Salvador à sua obra de serviço, assim também a abundância de umidade que desce sobre a Terra torna-a de tal maneira branda e rica, que pode produzir frutos para preservar a vida de todos os que nela habitam. A seguir, o Sol transita pelo signo de Pisces - os Peixes. Nesta altura, os estoques de alimentos do ano anterior já foram quase totalmente consumidos, de forma que as provisões do homem ficam escassas. Temos, por conseguinte, o longo jejum da Quaresma, que representa misticamente para o aspirante o mesmo ideal mostrado cosmicamente pelo Sol. Neste momento do ano ocorre o carne-vale (carnaval), o adeus à carne, pois todo aquele que aspira a vida superior precisa algum dia despedir-se para a Páscoa que, então, aproxima-se. Em abril, quando o Sol cruza o equador celestial e entra no signo de Áries - o Cordeiro - a cruz se ergue como um símbolo místico que o candidato à vida superior precisa entender e, em seguida, aprender a abandonar o veículo mortal e começar a escalada para o Gólgota, o lugar na caveira e daí cruzar o limiar do mundo invisível. Finalmente, imitando a subida do Sol para os céus do norte, ele precisa aprender que o seu lugar é com o Pai e, com todo fervor, deve elevar-se até aquele exaltado lugar. Assim como o Sol não permanece naquele alto grau de declinação, mas ciclicamente desce para o equinócio de outono e solstício de inverno a fim de completar muitas vezes o círculo para benefício da humanidade, do mesmo modo todo aquele que aspira tornar-se um Caráter Cósmico, um salvador da humanidade, precisa preparar-se para oferecer-se muitas vezes como um sacrifício em benefício de seus semelhantes. Este é o grande destino colocado diante de nós. Cada um é um Cristo-em-formação, se o quiser ser, porque como disse Cristo aos Seus discípulos: "Aquele que crer em Mim fará também as obras que faço, e maiores ainda". Além disso e de acordo com a máxima: "A necessidade do homem é a oportunidade de Deus", nunca houve tão grande oportunidade de imitar o Cristo, de fazer as obras que Ele fez, como nos dias que correm, quando todo o continente europeu vive sob o paroxismo de uma guerra mundial e quando o maior de todos os cânticos de Natal - "Paz na Terra e boa vontade entre os homens"(Lucas 2:14) parece mais longe de concretizar-se do que nunca. Temos em nós o poder de apressar o dia da paz ao falar, pensar e viver em PAZ, pois a ação conjunta de milhares de pessoas transmite impressões ao Espírito de Raça quando a ele enviadas, especialmente quando a Lua está em Cancer, Scorpio ou Pisces, que são os três grandes signos psíquicos mais apropriados para trabalhos ocultos dessa natureza. Usemos os dois dias e meio que a Lua transita por cada um desses signos para propósito de meditar sobre a paz - Paz na Terra e boa vontade entre os homens. Mas, ao fazê-lo, estejamos certos de não tomar partido, a favor ou contra, por quaisquer das nações conflitantes. Lembremos a todo instante que cada um dos seus membros é nosso irmão. Cada um merece o nosso amor tanto quanto o outro. Tenhamos em mente que o que queremos ver é a Fraternidade Universal sobre a Terra, ou seja, a paz na Terra e boa vontade entre os homens, a despeito de terem os combatentes nascido de um lado ou de outro das linhas traçadas nos mapas, ou como eles se expressam neste, naquele ou em qualquer outro idioma. Oremos para que a paz possa reinar sobre a Terra. Uma paz duradoura e uma boa vontade entre todos os homens, não importando quaisquer diferenças de raça, cor ou religião. Na medida em que tenhamos êxito em formular com os nossos corações e não apenas com os nossos lábios essa prece impessoal a favor da paz, estaremos antecipando a chegada do Reinado de Cristo para recordar que é a Ele que estamos todos destinados na época oportuna - o reino dos céus, onde Cristo é "Rei dos reis e Senhor dos senhores". Max Heindel.

O Sacrifício Anual de Cristo.

Você já esteve ao lado do leito de um amigo ou parente que se encontrasse prestes a passar deste mundo para o além? Muitos de nós já tivemos essa experiência, pois qual o lar que não foi visitado pelo Pai Tempo? Nem é incomum a fase que se segue ao ocorrido, à qual devemos prestar atenção especial. A pessoa ao transpor os umbrais do invisível, muitas vezes fica em estado de torpor. Então acorda, e vê não apenas este mundo, mas também o mundo em que está prestes a entrar. É muito significativo que nesses momentos ela vê pessoas que foram suas amigas ou parentes nesta vida física - filhos, filhas, esposa ou qualquer pessoa que lhe tenha sido realmente muito próxima ou muito querida - postadas ao redor do seu leito e aguardando o momento da transição. A mãe pode estender os braços: "Oh! é o João e como ele cresceu! Que esplêndido rapaz está!". Deste modo ela pode reconhecer, um após outro, todos os filhos já falecidos. Estes estão reunidos em volta da sua cama à espera que ela vá unir-se a eles, invadidos pela mesma sensação que assalta as pessoas quando uma criança está para nascer neste mundo: o regozijo pela chegada de alguém que eles sentem, instintivamente, ser um amigo que regressa a eles. O mesmo se dá com as pessoas que, tendo passado, antes ao além, reúnem-se para receber um amigo que está prestes a cruzar a fronteira e juntar-se a eles do outro lado do véu. Vemos assim que o nascimento em um mundo é morte, sob o ponto de vista do outro mundo, isto é, a criança que vem a nós morre para o mundo espiritual, e a pessoa que sai do alcance dos nossos olhos ao transpor o véu pela morte, nasce em novo mundo e junta-se a seus amigos. "Como é em cima, assim é em baixo". A Lei da Analogia, que é a mesma para o microcosmo e para o macrocosmo, diz-nos que aquilo que acontece ao ser humano sob determinada condições, deve também aplicar-se ao sobre-humano em circunstâncias análogas. Estamos nos aproximando do solstício de inverno (no Hemisfério Norte), dos dias mais escuros do ano, época em que a luz brilha com menos intensidade quando o Hemisfério Norte se torna frio e melancólico. Porém, na noite mais longa e mais escura do ano, quando o Sol retoma o seu caminho ascendente, a luz de Cristo nasce de novo na Terra e o mundo inteiro rejubila. No entanto, conforme nossa analogia, quando Cristo nasce na Terra, Ele morre no céu. Assim como o espírito, livre ao nascer, fica fortemente enclausurado no véu da carne, que o restringe por toda a vida física, assim também o Espírito de Cristo é agrilhoado e tolhido toda vez que nasce na Terra. Este grande Sacrifício Anual - começa quando soam os nossos sinos de Natal, quando os alegres sons do nosso louvor e gratidão ascendem aos céus. No mais literal sentido da palavra, Cristo é aprisionado desde o Natal até a Páscoa. O homem pode zombar da idéia de que existe nessa época do ano um influxo de vida e luz espirituais. Não obstante, isso é um fato, creiamos ou não. Nesta época do ano, no mundo inteiro, todos se sentem mais leves, diferentes, algo como se um fardo fosse tirado dos seus ombros. O espírito de paz na terra e boa vontade entre os homens prevalecem, e o espírito de que nós também devemos dar algo expressa-se nos presentes de Natal. Este espírito não pode ser negado, já que é evidente a qualquer observador e é um reflexo da grande onda de dádiva divina. Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu Seu Filho único ou Unigênito. O Natal é a época das dádivas, mesmo que a consumação do sacrifício aconteça apenas na Páscoa. Aqui situa-se o ponto crucial, o ponto crítico, quando sentimos ter ocorrido algo que garante a prosperidade e a continuidade do mundo. Quão diferente é o sentimento do Natal daquele que se manifesta na Páscoa! Neste último há uma expressão de desejo, uma energia que se expressa em amor sexual visando a perpetuação de si mesmo como nota-chave. Quão diferente é o amor que se expressa no espírito de dar ao invés de receber, que sentimos no Natal. Agora, observe as igrejas. Nunca suas luzes brilham tanto quanto neste dia e nesta noite do ano. Em nenhuma outra ocasião os sinos ressoam tão festivos do que quando proclamam para o mundo a mensagem: "O Cristo nasceu!". "Deus é Luz", diz o inspirado apóstolo e nenhuma outra descrição é capaz de transmitir tanto da natureza de Deus quanto essas três pequenas palavras. A luz invisível, que se encontra envolvida pela chama sobre o altar, é uma representação cabal de Deus, o Pai. Nos sinos, temos um símbolo muito apropriado de Cristo, a Palavra, pois suas línguas metálicas proclamam a mensagem evangélica de paz e boa vontade, enquanto o incenso, simbolizando maior fervor espiritual, representa o poder do Espírito Santo. Por conseguinte, a Trindade é simbolicamente parte da celebração que faz do Natal a época do ano de maior regozijo espiritual, sob o ponto de vista da raça humana que está atualmente na matéria. Todavia, não se deve esquecer, conforme dissemos no terceiro parágrafo deste capítulo, que o nascimento de Cristo na Terra significa Sua morte para a glória dos céus, e que, quando nos rejubilamos pelo seu regresso anual a nós, Ele de fato toma novamente sobre Si o pesado fardo físico que cristalizamos ao nosso redor, e que é agora a nossa habitação - a Terra. Neste pesado corpo, Ele é incrustado e espera ansiosamente pelo dia da libertação. Podemos compreender, naturalmente, que existem dias e noites tanto para os maiores espíritos quanto para os seres humanos; que, do mesmo modo que vivemos em nossos corpos durante o dia, cumprindo o destino que nós mesmos criamos no mundo físico e somos liberados à noite para nos recuperarmos nos mundos superiores, assim também existe essa alternância para o Espírito de Cristo. Parte do ano Ele habita o interior do nosso globo, e depois se retira para os mundos superiores. Assim, o Natal é para Cristo o começo de um dia de vida física, o início de um período de limitação. Qual deve ser, portanto, a aspiração do místico devotado e iluminado, que compreende a grandeza da dádiva de Deus à humanidade nesta época do ano; que compreende este grande sacrifício de Cristo por nossa causa; essa dádiva de Si mesmo sujeitando-se a uma virtual morte para que pudéssemos viver esse maravilhoso amor que se derrama sobre a Terra nessa época? Unicamente a de imitar, mesmo em pequeníssima escala, as maravilhosas obras de Deus. Ele deve aspirar fazer de si mesmo um servo da Cruz como jamais o fora antes; mais disposto a seguir o Cristo em todas as coisas, sacrificando-se a si mesmo pelos seus irmãos e irmãs; colaborando, dentro de sua esfera imediata de trabalho, para a elevação da humanidade, de modo a apressar o dia da libertação pela qual o Espírito de Cristo está esperando, gemendo e labutando. Falamos de uma libertação permanente, do dia e do advento de Cristo. Para concretizarmos essa aspiração na medida mais ampla, avancemos pelo ano entrante plenos de auto-confiança e fé. Se até aqui temos descrido de nossa capacidade de trabalhar para Cristo, ponhamos de lado essa descrença lembrando o que Ele disse: "Maiores obras que estas vós o fareis!" Teria Ele, que era a Palavra da verdade, dito tais coisas se elas não fossem possíveis? Todas as coisas são possíveis àqueles que amam a Deus. Se de fato trabalharmos em nossa própria pequena esfera, não buscando coisas maiores até havermos feito aquelas que estão à mão, então descobriremos que um maravilhoso crescimento anímico pode ser alcançado, de forma que as pessoas que nos rodeiam possam ver em nós algo que não saberão definir, mas que, não obstante, ser-lhes-á evidente - verão a luz natalina, a luz do Cristo recém-nascido brilhando dentro da nossa esfera de ação. Isto pode ser conseguido; depende apenas de nós mesmos aceitá-Lo por Sua palavra, cumprindo o que Ele ordenou: "Sêde perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus". A perfeição pode parecer uma longa caminhada. E quanto mais consideramos Cristo, mais nos apercebemos como estamos longe de viver à altura dos nossos ideais. Não obstante, é pela luta diária, hora após hora, que finalmente chegaremos lá. E a cada dia algum progresso pode ser feito, algo pode ser realizado. Podemos deixar a nossa luz brilhar de tal maneira, que os homens a vejam como faróis na escuridão do mundo. Que Deus nos ajude durante o próximo ano a alcançar maior semelhança com Cristo do que jamais conseguimos antes. Vivamos a vida de tal modo que, quando outro ano tiver passado, quando contemplarmos novamente as luzes do Natal e ouvirmos os sinos chamando para as cerimônias da Noite Santa, possamos sentir que não temos vivido em vão. Cada vez que nos damos completamente ao serviço em benefício dos outros, acrescentamos brilho aos nossos corpos-alma feito de éter. É o éter de Cristo que permite este nosso globo flutuar, e recordemos que, se quisermos trabalhar por sua libertação, devemos todos desenvolver nossos corpos-alma até ao ponto em que eles é que façam flutuar a Terra. Deste modo tomamos o Seu fardo e livramo-Lo da dor da existência física.Max Heindel.

O Significado Cósmico do Natal.

Mais uma vez, no decorrer do ano, estamos às vésperas de Natal. A visão de cada um de nós sobre esta festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período reverenciado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão. Nas igrejas narra-se a história de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é dada; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a mente e a razão levam-no a excluir a fé, se ele vê apenas o que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza. Interpretações diferentes têm sido dadas para satisfazerem a mente, principalmente as de natureza astronômica. Diz-se que na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a "Luz do Mundo". O frio e a fome exterminariam inevitavelmente a raça humana se o Sol permanecesse sempre no sul. Por isso, é motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte, pelo que é então aclamado "Salvador", pois vem "salvar o mundo", vem para dar o "pão da vida" quando amadurece o grão e a uva. Assim, "Ele dá sua vida na cruz (cificação) do equador (no equinócio da primavera) e começa sua ascensão no céu (norte). Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o signo Virgo, a Virgem Celestial, a "Rainha do Céu", está no horizonte astrologicamente, "seu signo Ascendente". Portanto Ele "nasce de uma virgem", sem intermediários, sendo daí "concebido imaculadamente". Esta interpretação pode satisfazer a mente quanto à origem da suposta superstição, mas o lamentável vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao coração como à mente. Derramar tal luz sobre este mistério sublime será nosso empenho neste livro. A concepção imaculada será o assunto da lição seguinte. Por enquanto, queremos mostrar como as forças materiais e espirituais fluem e refluem alternadamente no decurso do ano, e por que no Natal é realmente um "dia santo". Digamos que concordamos com a interpretação astronômica, assim como é verdadeiro o que se segue quando contemplamos o nascimento místico sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. Os Cristos Salvadores do mundo nascem também quando as trevas espirituais da humanidade são maiores. Há um terceiro aspecto de suprema importância, isto é, não há nenhuma futilidade nas palavras de Paulo quando ele fala do Cristo sendo "formado em vós". É um fato sublime que todos somos Cristos-em-formação, de modo que quando compreendemos que temos de cultivar o Cristo interno antes que possamos perceber o Cristo externo, mais apressaremos o dia da nossa iluminação espiritual. Citamos novamente nosso aforismo preferido, de Angelus Silesius, cuja sublime percepção espiritual fê-lo proferir: "Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém, Se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida. Em vão olharás a Cruz do Gólgota A menos que dentro de ti, ela seja novamente erguida. " No solstício de verão, em junho, a Terra está mais distante do Sol, mas o raio solar atinge-a quase em ângulo reto em relação ao seu eixo no Hemisfério Norte, resultando daí o alto grau de atividade física. Nessa ocasião, as irradiações espirituais do Sol são oblíquas a essa parte da Terra e são tão fracas como os raios físicos quando são oblíquos. Porém, no solstício de inverno, a Terra está mais perto do Sol. Os raios espirituais caem em ângulos retos na superfície da Terra no Hemisfério Norte, estimulando a espiritualidade, enquanto as atividades físicas diminuem em razão do ângulo oblíquo em que o raio solar atinge a superfície de nosso planeta. Por este princípio, na noite entre 24 e 25 de dezembro, as atividades físicas estão no seu mais baixo nível e as forças espirituais no seu mais elevado fluxo, por isso, ela é chamada a "noite mais santa do ano". Por sua vez, o pleno verão é a época de divertimento para duendes e entidades semelhantes interessadas no desenvolvimento material do nosso planeta, conforme demonstrado por Shakespeare no seu "Sonho de Uma Noite de Verão". Se nadarmos quando a maré está mais forte, alcançaremos uma distância maior com menos esforço do que em qualquer outra ocasião. É de grande importância para o estudante esotérico saber e compreender as condições especialmente favoráveis que prevalecem na época do Natal. Sigamos a exortação de Paulo, Cap. 12 aos Hebreus, atirando à distância toda carga embaraçante, como fazem os indivíduos que correm numa competição. Batamos no ferro enquanto ele está quente. Isso significa que devemos nessa época do ano concentrar todas as nossas energias em esforços espirituais para colher o que não conseguiríamos obter em nenhuma outra ocasião. Lembremo-nos também que o aperfeiçoamento próprio não deve ser a nossa única consideração. Somos discípulos de Cristo. Se aspiramos ser distinguidos, lembremo-nos do que Ele disse: "Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o SERVO de todos". Existe muita aflição e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano serão mais sensíveis aos nossos desvelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido por qualquer outro modo.Max Heindel.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Causa da Obsessão...

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A causa de todas as obsessões é a imperfeição moral, conforme palavras de Kardec, no capítulo XXVIII de “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “do mesmo modo que as doenças resultam das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau.” André Luiz, no livro “Ação e Reação”, explica como se dá esse processo, através das palavras do Espírito Leonel, um obsessor: “Sim, aprendemos nas escolas de vingadores que todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um “desejo-central” ou “tema básico” dos interesses mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos aprisionam a experiência rotineira, emitimos com mais frequência os pensamentos que nascem do “desejo-central” que nos caracteriza, pensamentos esses que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo... Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir é, assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa forma, a fixação mental. Com esse objetivo, basta alguma diligência para situar, no convívio da criatura malfazeja que precisamos corrigir, entidades outras que se lhe adaptem ao modo de sentir e de ser, quando não possamos por nós mesmos, à falta de tempo, criar as telas que desejemos, com vistas aos fins visados, por intermédio da determinação hipnótica. Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o “delírio psíquico” ou a “obsessão”, que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo. E, sorrindo, o inteligente perseguidor disse, sarcástico: – Cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio.” É ainda o próprio André Luiz quem nos elucida sobre o início do processo obsessivo, na mensagem Influenciações Espirituais Sutis, do livro Estude e Viva, que transcrevemos: "Sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil. Seja claro consigo para auxiliar os Mentores Espirituais a socorrer você. Essa é a verdadeira ocasião da humildade, da prece, do passe. Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se: • dificuldade de concentrar ideias em motivos otimistas; • ausência de ambiente íntimo para elevar os sentimentos em oração ou concentrar-se em leitura edificante; • indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastre imediato; • aborrecimentos imanifestos por não encontrar semelhantes ou assuntos sobre quem ou o que descarregá-los; • pessimismos sub-reptícios, irritações surdas, queixas, exageros de sensibilidade e aptidão a condenar quem não tem culpa; • interpretação forçada de fatos e atitudes suas ou dos outros, que você sabe não corresponder à realidade; • hiperemotividade ou depressão raiando na iminência de pranto; • ânsia de investir-se no papel de vítima ou de tomar uma posição absurda de automartírio; • teimosia em não aceitar, para você mesmo, que haja influenciação espiritual consigo, mas, passados minutos ou horas do acontecimento, vêm-lhe a mudança de impulsos, o arrependimento, a recomposição do tom mental e, não raro, a constatação de que é tarde para desfazer o erro consumado. São sempre acompanhamentos discretos e eventuais por parte do desencarnado e imperceptíveis ao encarnado pela finura do processo. O Espírito responsável pode estar tão inconsciente de seus atos que os efeitos negativos se fazem sentir como se fossem desenvolvidos pela própria pessoa. Quando o influenciador é consciente, a ocorrência é preparada com antecedência e meticulosidade, às vezes, dias e semanas antes do sorrateiro assalto, marcado para a oportunidade de encontro em perspectiva, conversação, recebimento de carta, clímax de negócio ou crise imprevista de serviço. Não se sabe o que tem causado maior dano à Humanidade: se as obsessões espetaculares, individuais e coletivas, que todos percebem e ajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessões de quase-obsidiados, despercebidas, contudo bem mais frequentes, que minam as energias de uma só criatura incauta, mas influenciando o roteiro de legiões de outras. Quantas desavenças, separações e fracassos não surgem assim? Estude em sua existência se nessa última quinzena você não esteve em alguma circunstância com características de influenciação espiritual sutil. Estude e ajude a você mesmo."

Sinais da Obsessão.

O espírita consciente compreende que qualquer tarefa, realizada ou não na Casa Espírita, está passível de sofrer interferências indevidas que podem comprometer o seu funcionamento harmônico. No que diz respeito à prática mediúnica em geral, e ao comportamento dos integrantes da reunião mediúnica, em particular, a vigilância deve ser redobrada, a fim de que a obsessão não se instale. Daí Emmanuel recomendar: “Toda vez que obstáculos se nos interponham entre o dever da ação e a necessidade da cooperação no serviço do bem aos semelhantes, que redundará sempre em benefício a nós mesmos, peçamos o Auxílio Divino, através da prece silenciosa. A obsessão é, segundo Allan Kardec, uma das maiores dificuldades que a prática espírita pode apresentar. Caracteriza-se pelo... domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas. É praticada unicamente por Espíritos inferiores, que procuram dominar, pois os Espíritos bons não impõem nenhum constrangimento.... A obsessão, por sua vez, está relacionada há três fatores básicos: a) falta moral ou comportamento social, incompatíveis com o bem (viciações); b) grave desarmonia mental/psíquica (distúrbios mentais); lesões físicas que afetam certas estruturas ou órgãos relacionados ao raciocínio, à cognição, à emoção, etc. (por exemplo, certas enfermidades do sistema nervoso). A obsessão é considerada fator primário quando a pessoa sofre ação direta de um perseguidor espiritual. As imperfeições morais (egoísmo, orgulho, vaidade, ciúme, inveja, ganância, rancor, entre outras) e vícios, de qualquer natureza, são em geral definidos como fator secundário, uma vez que o indivíduo se compraz em manter sintonia mental com entidades que apresentam as mesmas tendências/inclinações e gostos. De uma forma ou de outra, a obsessão conduz a pessoa a quedas morais, pois suas estruturas mentais e o seu pensamento são continuamente submetidos a influências perniciosas, próprias ou estranhas, que produzem, em consequência, atordoamento, do raciocínio, da ideação, das emoções e dos sentidos como pondera Emmanuel: Não ignoramos, porém, que os sentidos transviados conduzem fatalmente à deturpação e ao desvario. Os olhos são auxiliares imediatos dos espiões e dos criminosos que urdem a guerra e povoam as penitenciárias... Os ouvidos são colaboradores diretos da crueldade e da calúnia que suscitam a degradação social... O sexo, que constrói o lar em nome de Deus, por toda parte é vítima de tremendos abusos pelos quais se amplia terrivelmente o número de enfermos cadastrados nos manicômios... Em se tratando da prática mediúnica, Kardec apresenta nove sinais mais evidentes do processo obsessivo, aplicados tanto ao médium, propriamente dito, ou seja, aquele que é portador de mediunidade de efeitos patentes (psicofonia, psicografia, vidência, etc.) como a qualquer outro trabalhador da reunião mediúnica: 1ª persistência de um Espírito em se comunicar, queira ou não o médium, pela escrita, pela audição, pela tiptologia [ruídos, como pancadas e batidas], etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam; 2ª ilusão que, não obstante a inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das comunicações que recebe; 3ª crença na infalibilidade e identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas e absurdas; 4ª confiança do médium nos elogios que lhe fazem os Espíritos que por ele se comunicam; 5ª disposição para se afastar das pessoas que podem dar-lhe conselhos úteis; 6ª reagir mal à crítica das comunicações que recebe; 7ª necessidade incessante e inoportuna de escrever [ou de se manifestar por outro tipo de mediunidade]; 8ª constrangimento físico qualquer, que domine a vontade do médium e o force a agir ou falar contra a própria vontade; 9ª ruídos e perturbações persistentes ao redor do médium, dos quais ele é a causa ou o objeto visado. O Codificador esclarece, também, em A Gênese, como prevenir e combater as obsessões: Assim como as moléstias resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral é preciso que se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, é preciso fortificá-lo; para garantir a alma contra a obsessão, tem-se que fortalecê-la. Daí, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar pela sua própria melhoria, o que na maioria das vezes é suficiente para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de pessoas estranhas. Este socorro se torna necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão [entendida aqui como uma manifestação gravíssima da subjugação], porque neste caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.5 O Espírito André Luiz, por sua vez, esclarece: Você, enfim, talvez se veja em qualquer estado de introdução ao desequilíbrio espiritual, prestes a cair sob cadeias obsessivas… Mas, se você realmente deseja livrar-se disso, deve compreender, antes de tudo, que precisa de esclarecimento e de amparo. Entretanto, para que você obtenha luz e auxílio é indispensável adote duas atitudes fundamentais: Estudar e raciocinar, a fim de instruir. REFERÊNCIAS. 1 XAVIER, Francisco Cândido. Rumo Certo. Pelo Espírito Emmanuel. 12 ed. 1 imp. Brasília: FEB Editora, 2013. Cap. 8, pág. 30. 2 KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Pt 2, cap. XXIII, it. 237, p. 259. 3 XAVIER, Francisco Cândido. Seara dos Médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 20 ed. 1 imp. Brasília: FEB Editora, 2013 Cap. 43, pág.146/147. 4 KARDEC, Allan. O Livro dos médiuns. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Pt 2, cap..XXIII, it. 237, pág. 259 5 _______. A Gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1 imp. Brasília: FEB Editora, 2013. Cap. XIV, it. 46, pág. 259. 6 XAVIER, Francisco Cândido. Meditações diárias.Pelo Espírito André Luiz. 1. ed. Araras: IDE, 2009. Capítulo: Terapêutica desobsessiva, p.142.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Julgamento – Rabindranath Tagore.

Não julgues… Habitas num recanto mínimo desta terra. Os teus olhos chegam Até onde alcançam muito pouco… Ao pouco que ouves Acrescentas a tua própria voz. Mantém o bem e o mal, o branco e o negro, Cuidadosamente separados. Em vão traças uma linha Para estabelecer um limite. Se houver uma melodia escondida no teu interior, Desperta-a quando percorreres o caminho. Na canção não há argumento, Nem o apelo do trabalho… A quem lhe agradar responderá, A quem lhe agradar não ficará impassível. Que importa que uns homens sejam bons E outros não o sejam? São viajantes do mesmo caminho. Não julgues, Ah, o tempo voa E toda a discussão é inútil. Olha, as flores florescem à beira do bosque, Trazendo uma mensagem do céu, Porque é um amigo da terra; Com as chuvas de Julho A erva inunda a terra de verde, E enche a sua taça até à borda. Esquecendo a identidade, Enche o teu coração de simples alegria. Viajante, Disperso ao longo do caminho, O tesouro amontoa-se à medida que caminhas. Rabindranath Tagore

Carpe Diem – Sociedade dos Poetas Mortos.

Aproveita o dia, Não deixes que termine sem teres crescido um pouco. Sem teres sido feliz, sem teres alimentado teus sonhos. Não te deixes vencer pelo desalento. Não permitas que alguém te negue o direito de expressar-te, que é quase um dever. Não abandones tua ânsia de fazer de tua vida algo extraordinário. Não deixes de crer que as palavras e as poesias sim podem mudar o mundo. Porque passe o que passar, nossa essência continuará intacta. Somos seres humanos cheios de paixão. A vida é deserto e oásis. Nos derruba, nos lastima, nos ensina, nos converte em protagonistas de nossa própria história. Ainda que o vento sopre contra, a poderosa obra continua, tu podes trocar uma estrofe. Não deixes nunca de sonhar, porque só nos sonhos pode ser livre o homem. Não caias no pior dos erros: o silêncio. A maioria vive num silêncio espantoso. Não te resignes, e nem fujas. Valorize a beleza das coisas simples, se pode fazer poesia bela, sobre as pequenas coisas. Não atraiçoes tuas crenças. Todos necessitamos de aceitação, mas não podemos remar contra nós mesmos. Isso transforma a vida em um inferno. Desfruta o pânico que provoca ter a vida toda a diante. Procures vivê-la intensamente sem mediocridades. Pensa que em ti está o futuro, e encara a tarefa com orgulho e sem medo. Aprendes com quem pode ensinar-te as experiências daqueles que nos precederam. Não permitas que a vida se passe sem teres vivido… //////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro. Vindo da decadência do império Romano o termo Carpe diem era dito para retratar o “cada um por si”, devido o império estar se desfazendo, naquele momento a visão de que cada dia poderia ser realmente o último era retratado pela frase que hoje é utilizada como uma coisa boa, porém sua origem vem do desespero da destruição de um grande império antigo. No filme “A Sociedade dos Poetas Mortos”, o personagem de Robin Williams, Professor Keating, utiliza-a assim: “Mas se você escutar bem de perto, você pode ouvi-los sussurrar o seu legado. Vá em frente, abaixe-se. Escute, está ouvindo? – Carpe – ouve? – Carpe, carpe diem, colham o dia garotos, tornem extraordinárias as suas vidas.”

A Morte, O Espaço, A Eternidade – Jorge de Sena.

De morte natural nunca ninguém morreu. Não foi para morrer que nós nascemos, não foi só para a morte que dos tempos chega até nós esse murmúrio cavo, inconsolado, uivante, estertorado, desde que anfíbios viemos a uma praia e quadrumanos nos erguemos. Não. Não foi para morrermos que falámos, que descobrimos a ternura e o fogo, e a pintura, a escrita, a doce música. Não foi para morrer que nós sonhámos ser imortais, ter alma, reviver, ou que sonhámos deuses que por nós fossem mais imortais que sonharíamos. Não foi. Quando aceitamos como natural, dentro da ordem das coisas ou dos anjos, o inominável fim da nossa carne; quando ante ele nos curvamos como se ele fora inescapável fome de infinito; quando vontade o imaginamos de outros deuses que são rostos de um só; quando que a dor é um erro humano a que na dor nos damos porque de nós se perde algo nos outros, vamos traindo esta ascensão, esta vitória, isto que é ser-se humano, passo a passo, mais. A morte é natural na natureza. Mas nós somos o que nega a natureza. Somos esse negar da espécie, esse negar do que nos liga ainda ao Sol, à terra, às águas. Para emergir nascemos. Contra tudo e além de quanto seja o ser-se sempre o mesmo que nasce e morre, nasce e morre, acaba como uma espécie extinta de outras eras. Para emergirmos livres foi que a morte nos deu um medo que é nosso destino. Tudo se fez para escapar-lhe, tudo se imaginou para iludi-la, tudo até coragem, desapego, amor, tudo para que a morte fosse natural. Não é. Como, se o fôra, há tantos milhões de anos a conhecemos, a sofremos, a vivemos, e mesmo assassinando a não queremos? Como nunca ninguém a recebeu senão cansado de viver? Como a ninguém sequer é concebível para quem lhe seja um ente amado, um ser diverso, um corpo que mais amamos que a nós próprios? Como será que os animais, junto de nós, a mostram na amargura de um olhar que lânguido esmorece rebelado? E desde sempre se morreu. Que prova? Morrem os astros, porque acabam. Morre tudo o que acaba, diz-se. Mas que prova? Só prova que se morre de universo pouco, do pouco de universo conquistado. Não há limites para a Vida. Não aquela que de um salto se formou lá onde um dia alguns cristais comeram; nem bem aquela que, animal ou planta, foi sendo pelo mundo este morrer constante de vidas que outras vidas alimentam para que novas vidas surjam que como primárias células se absorvam. A Vida Humana, sim, a respirada, suada, segregada, circulada, a que é excremento e sangue, a que é semente e é gozo e é dor e pele que palpita ligeiramente fria sob ardentes dedos. Não há limites para ela. É uma injustiça que sempre se morresse, quando agora de tanto que matava se não morre. É o pouco de universo a que se agarram, para morrer, os que possuem tudo. O pouco que não basta e que nos mata, quando como ele a Vida não se amplia, e é como a pele do ónagro, que se encolhe, retráctil e submissa, conformada. É uma injustiça a morte. É cobardia que alguém a aceite resignadamente. O estado natural é complacência eterna, é uma traição ao medo por que somos, áquilo que nos cabe: ser o espírito sempre mais vasto do Universo infindo. O Sol, a Via Láctea, as nebulosas, teremos e veremos até que a Vida seja de imortais que somos no instante em que da morte nos soltamos. A Morte é deste mundo em que o pecado, a queda, a falta originária, o mal é aceitar seja o que for, rendidos. E Deus não quer que nós, nenhum de nós, nenhum aceite nada. Ele espera, como um juiz na meta da corrida torcendo as mãos de desespero e angústia, porque nada pode fazer nada e vê que os corredores desistem, se acomodam, ou vão tombar exaustos no caminho. De nós se acresce ele mesmo que será o espírito que formos, o saber e a força. Não é nos braços dele que repousamos, mas ele se encontrará nos nossos braços quando chegarmos mais além do que ele. Não nos aguarda – a mim, a ti, a quem amaste, a quem te amou, a quem te deu o ser – não nos aguarda, não. Por cada morte a que nos entregamos ele se vê roubado, roído pelos ratos do demónio, o homem natural que aceita a morte, a natureza que de morte é feita. Quando a hora chegar em que já tudo na terra foi humano — carne e sangue —, não haverá quem sopre nas trombetas clamando o globo a um corpo só, informe, um só desejo, um só amor, um sexo. Fechados sobre a terra, ela nos sendo e sendo ela nós todos, a ressurreição é morte desse Deus que nos espera para espírito seu e carne do Universo. Para emergir nascemos. O pavor nos traça este destino claramente visto: podem os mundos acabar, que a Vida, voando nos espaços, outros mundos, há-de encontrar em que se continui. E, quando o infinito não mais fosse, e o encontro houvesse de um limite dele, a Vida com seus punhos levá-lo-á na frente, para que em Espaço caiba a Eternidade. Jorge de Sena.

Somos Eternos – Max Heindel.

Numa nuvem tormentosa sibilando; na asa de Zéfiro, O coro do espírito canta os hinos sacros do mundo, alegremente Escuta! Ouve suas vozes: “Pelas portas da morte nós passamos, a Morte não existe; alegrai-vos a vida continua eternamente”. Somos, sempre fomos e sempre o seremos Somos uma parte da Eternidade, Mais velha que a Criação, a parte de Um Grande Todo, Cada Alma é Individual, na sua imortalidade. No tear farfalhante do Tempo, nossa roupagem formamos, A rede do Pensamento urdidos eternamente; O que é modelada na Terra, é no céu que planejamos E ao nascer, nossa raça e nossa pátria, já as trazemos na mente. Brilhamos em uma jóia e sobre a onda dançamos Cintilamos em pleno fogo, a tumba desafiamos através de formas várias em tamanho, gênero e nome A essência individual é a mesma, é a que sempre carregamos. E quando alcançarmos o mais elevado grau, A gradação do crescer com nossas mentes relembraremos Para que, elo por elo, possamos juntá-los todos E passo a passo tragar o caminho que percorremos. Com o tempo saberemos, o que realmente foi feito O que eleva e enobrece, o certo e a verdade Sem malicia com ninguém, sempre agindo com bondade, Em e através de nós, a Deus será feita a Vontade. Max Heindel

quarta-feira, 26 de junho de 2019

"OS FILHOS DE CAIM E OS FILHOS DE SET"

No início da criação, a Humanidade foi divida em duas grandes correntes de evolução: a mística e a ocultista. Na Bíblia, tal divisão é representada pelas correntes de Set e de Caim. Set atingiu seu progresso pela fé; Caim o fez pelo trabalho. De Set (Sheth), portanto, derivou a Igreja; de Caim, por outro lado, derivou o estadismo, a ciência e a arte. Dentre os filhos de Noé , Sem tipifica a corrente de Set ou o Coração; Cam (Ham), a linha de Caim ou o intelecto. Ambas as linhas estão sujeitas ao pecado. Os filhos de ambas as casas são tentadas. Na linha de Cam, o filho de Cush (Gen 10:6) foi Nemrod (confusão, construtor da Torre de Babel, onde o intelecto é exaltado sobre o Espírito. Dentre os filhos de Sem, Faleg defendeu a confusão e a divisão. Em todos os capítulos da Bíblia, a divisão entre os Filhos da Água (Místicos) e os Filhos do Fogo (ocultistas), é observada. Apenas na Segunda Vinda de Cristo, como vislumbrado no Livro do Apocalipse, tal divisão será sanada e a união, alcançada. A doutrina esotérica de Israel, eminentemente exemplificada no Zohar, ou Livro do Esplendor (do Equilíbrio ou Temperança entre Rigor e Misericórdia), tem por objetivo curar tal desunião. Em linguagem moderna, este Equilíbrio ou Temperança é chamado de Trabalho da Iniciação. A Bíblia, que é um manual da Iniciação, retrata a luta das almas aspirantes que buscam alcançar tal Temperança, e, por meio deste Equilíbrio, alcançar o Céu e a sua Glória. Os Livros dos Reis é o Livro do Ocultismo, enfatizando o caminho da realização pelo Labor. Os Livros das Crônicas (primeiro e segundo) são livros sobre Misticismo, enfatizando o caminho da realização pela Fé. Os Livros dos Reis apontam para os seguidores de Jeroboão, a corrente de Caim (Fogo); Crônicas, aos seguidores de Roboão, corrente de Set (Água). Jeroboão significa luta do povo; Roboão significa crescimento do povo. Jeroboão e Roboão eram filhos de Salomão. Enquanto irmãos, estavam completamente divididos por diferenças e antagonismos. Uma divergência indicativa das barreiras que separam aqueles que seguem a corrente do conhecimento dentre aqueles que caminham pela fé. Embora os eventos descritos em ambos os Livros (Reis e Crônicas) sejam amplamente correlacionados entre si, os mesmos produzem reações divergentes entre os personagens envolvidos, pois eles descrevem, em linhas gerais, as variadas reações às experiências da vida, de um lado pela via ocultista, aqueles que seguem o caminho da cabeça, e por outro, os místicos, aqueles que seguem o caminho coração. Reis, o Livro do Ocultismo, relata como o tempo de vida de Ezequias se prolongou; Crônicas não faz qualquer menção sobre isto. O Livro das Crônicas fala do arrependimento do malvado Manassés; em Reis, não se encontra nenhuma referência a isso. Novamente, o Livro dos Reis demonstra o conflito entre Adonias e Salomão, pelo trono de Davi, uma luta omitida no Livro das Crônicas. Nem este último registra a queda de Salomão na idolatria ou o pecado de Davi e Bate-Seba, ambos mencionados em Reis. No idioma Hebreu, as Crônicas são chamadas de Dibre Hayzamin, que significa os eventos do tempo. Crônicas II foi o último Livro histórico antes do Cativeiro. O Livro de Ezra foi o primeiro depois do Cativeiro. Os versos finais do último capítulo das Crônicas antecipam os versos iniciais do primeiro capítulo de Ezra. Os 77 anos de Cativeiro ocorrem entre os primeiros 40 versículos do capítulo 36 das Crônicas. Assim, o registro profético mostra que a profecia preencheu o abismo da história, de modo que, para a visão do Clarividente, a história de Israel é ininterrupta do primeiro ao último. Embora as grandes massas tenham vivido em escuridão, alguns poucos encontraram a Luz. Assim, nas Crônicas, a Rainha de Sabá, que simboliza a humanidade, busca pela luz aos pés de Salomão, o Rei da Sabedoria. A primeira e a segunda Crônicas são ligadas ao número 10. Onde as massas estão concentradas, este número leva a destruição de Jerusalém, isto é, a perda da paz e do poder espiritual. Mas para os poucos que encontraram a Luz, o número 10 é um caminho secreto, o Caminho ao Rei, que leva ao equilíbrio, harmonia e a realização, quando o UM (1) supera o NADA (0) como a Luz dissipa as trevas. O primeiro e o segundo livros dos Reis estão ligados ao número 6, que simboliza uma Cruz de Lux e a Estrela de Seis Pontas de David. Seis é tanto masculino quanto feminino. Ele abarca as forças mescladas do Sol e da Luz e é representado no Livro do Apocalipse como s Mulher Vertida de SOL que tem a LUA em seus pés. A força vibratória que imprime o poder do 6 sobre qualquer forma de criação proclama o fato de que a evolução na forma alcançou a perfeição, assim, o trabalho do espírito é soberano. Deus sempre vê que o trabalho do sexto dia é bom. Assim, o sexto dia é seguido pelo dia do “descanso”, um interlúdio subjetivo. O crescimento e o desenvolvimento do cosmos, e a relação disso com o Homem, é revelada pelo estudo esotérico dos números. Por esta razão um candidato a maçonaria* é instruído a estudas ambas as ciências: matemática e as ciências das estrelas. “Porém alguns dos filhos de Judá, e dos filhos de Benjamim, e dos filhos de Efraim e Manassés, habitaram em Jerusalém”. 1 Crônicas 9:3. Em Jerusalém, cidade da grande mescla, foi ensinado a arte alquímica do Casamento Místico, união entre o Coração e a Cabeça – o ideal para muitos, porém alcançado apenas por alguns. Ali, Melquisedeque, Rei e Sacerdote de Salém, ensinou este grande mistério alquímico a Abraão, o primeiro Mestre iluminado da Era de Áries. O Caminho para se alcançar este casamento foi ilustrado no Tabernáculo do Deserto, e sua consumação era o Santo dos Santos (Sala Oeste, local onde havia a Glória de Shekinah). Mas o Homem falhou nesta consumação. O Místico Rei Salomão e o Mestre do Ocultismo e Ofício Hiram Abiff tentaram instruir as pessoas no Grande Trabalho, mas seus esforços também encontraram a falha. Após está falha de realizar a mescla divina, ocorreu à destruição do Templo e de Jerusalém, e os 70 anos de escravidão na Babilônia. Cristo Jesus, o Mestre Supremo, fez-se carne e ensinou o Trabalho que foi consumado Nele mesmo. Seu corpo foi à oficina. Ele mesmo foi o Grande Trabalho e o Artífice; o Labor e Quem Labora; A Verdade e o Revelador da Verdade. Seu secreto desenvolvimento foi e é a mescla alquímica entre Água e Fogo, entre Coração e Mente, entre Set e Caim. Ele não é um ou outro, mas ambos. Ele ensinou este segredo aos seus discípulos; e no Dia de Pentecostes, quando a Língua Espiritual dupla (fogo e água) desceu sobre eles, tornaram-se Filhos de Deus com Ele. Este é o verdadeiro ensinamento esotérico do Judaísmo e do Cristianismo, e o florescimento de tudo isso foi ensinado por Homens Sábios de todos os tempos e raças. Em nenhum lugar do Mundo Cristo é um estranho. Ele é o Irmão, e mais do que um Irmão, Ele é todos os Homens. Enquanto seus ensinamentos profundos estão escondidos para as grades massas, os estudantes do esoterismo podem enxergar isso como uma Luz distante e viajam em direção a ela, sem desanimarem pelos terrores do caminho, pois eles sabem que o Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.(Corinne Heline)

A Finalidade da Vida Humana.

Somos “pensamentos” de DEUS. “Pensamentos de DEUS”, vivos e desdobrando a potencialidade que, como herança divina, DEUS nos deu. Envolveram-se estes “pensamentos” desta vida virginal em todas as substâncias necessárias para adquirir consciência de si mesmos. É verdade que um dia fomos inconscientes de nós mesmos. Por assim dizer, movimentávamo-nos na vida una sem consciência dela mesma. Hoje, estes “pensamentos”, Espíritos Virginais convertidos mais tarde em Egos humanos, chegaram a esta perfeição de poderem se manifestar como indivíduos separados e, no entanto, tão unidos e tão imensamente unificados na vida de DEUS. Penso que assim foi para alcançar esta consciência consciente de que hoje dispomos. A humanidade toda tem percorrido tantos e tantos tempos que mesmo se perde na memória. Assim, amigos, já passamos por três grandes Anos Siderais. Cada ano sideral se compõe de 25.868 anos. E passamos três anos Siderais para chegar à metade de nossa Evolução. É apenas o que se pode comprovar em relação aos passos que já realizamos na Terra. Quanto teremos nos movimentado antes de chegarmos a esta forma concreta? Somente na infinita vida de DEUS é que se poderá encontrar a exatidão destes “pensamentos de DEUS”. Entretanto, a vida humana tem uma finalidade: adquirir o domínio total de tudo que possuímos como Espíritos em evolução. Para isto, é que manifestamos pensamentos, sentimentos, desejos que nos vêm de DEUS e nos provocam uma reação, à medida de nossa evolução, que cada dia é maior. Sentimos, hoje em dia, a necessidade imensa de poder ter um mundo de Paz e que toda a humanidade possa ter a alegria de viver em Paz. Paz e Paz para com todos os homens. Paz, trata a ciência e Paz, trata a religião, e ambas trabalham. E como trabalham separadas, separadamente extraem seus resultados. Em conjunto, unidas, é difícil. Por isto, é preciso que se trate de uma unificação integral da criatura de DEUS. Quando se tratar a ciência, a religião e a arte juntas, não haverá tanta preocupação com a Paz e a Paz será uma realidade entre todos nós. Porque o essencial da vida humana é adquirir experiência, e a finalidade de estarmos na Terra é somente adquirirmos uma consciência consciente, para podermos penetrar em outros planos de atividade ou Dias de Manifestação, onde possamos viver em corpos mais leves, com uma Inteligência ou Sabedoria desdobrada mais próxima da realidade da Vida de DEUS. Amigos, na verdade, entender o Cristianismo de Cristo é simples e natural. Nós, os cristãos, é que somos complicados e, sobretudo, é muito difícil para nós entendermos a unificação de toda humanidade. Sim, enquanto isso não seja uma realidade, andaremos pelas areias da vida sempre à procura da última fórmula fora de nós, e sem sentir que ela está no mais interno de nosso coração. Por que ela está no mais interno de nosso coração? Porque em nosso coração há um ventrículo e nele, de verdade e em verdade, mora a Voz de DEUS. É essa voz de DEUS que se manifesta, é essa voz de DEUS que pulsa constantemente para dar algo que nos traga a Paz, algo que nos dê a sensação da Unidade completa com tudo. Por que temos esta ânsia de chegar a DEUS? Em verdade, não há criatura que esteja satisfeita. Não há poder na Terra que dê a completa harmonia, a satisfação do Espírito, porque ele se sente movido sempre por seu eterno Criador, por Aquele que pensa, que o provoca e o movimenta. Assim, amigos, o Espírito, envolvido em corpos, vai desenvolvendo a Vontade do Pai, o Amor e a Sabedoria de Cristo e a Atividade do Espírito Santo. Como isto se manifestará na vida humana? Através da manifestação de cada um de nós. Quando nos manifestamos, pomos em movimento as essências que estão em nosso interior. Assim, vamos desenvolvendo uma vontade, essa vontade que se dirige para o divino, para o perfeito; esta é a Vontade do Pai. De certa forma, a Vontade do Pai sustém o mundo para ver se cada um de nós deseja mesmo empregar a vontade para unir e construir, para amar e levantar a humanidade, se cada um de nós está fazendo contato com a Vontade do Pai, assim como o Pai fez contato com a Vontade de DEUS. Assim será quando desejarmos amar profundamente, amar por amar mesmo sem nada possuir, apenas por um desejo de dar-nos. Dar-nos, amigos, é uma palavra muito difícil. É tão difícil para o cristão dar-se!... O único espelho, o único que temos no Cristianismo, deu-se, deu-se sem nada pedir, deu-se por dar-se mesmo na ânsia infinita de amar até mesmo o imperfeito, como imperfeitos somos nós. Ele é grande, imensamente grande e nós, na nossa pequenez, desejamos somente amar o perfeito. Oh! Quantas vezes negamos a caridade do sentimento! Haverá caridade maior do que a caridade do sentimento para uma alma que sofre, seja qual for a natureza de seu sofrimento? Não há caridade maior que esta, mas nós escolhemos a quem dar nosso sentimento... O Cristianismo é perfeito. O Cristianismo é único. Nós, os cristãos, é que somos imperfeitos, é que selecionamos para amar. Quando amarmos integralmente, quando amarmos sem nada pedir, quando amarmos sem nada possuir, estaremos amando como nos ensina o Cristianismo. Amando, amando tudo, estaremos fazendo contato com o Salvador do Mundo. Não temos outro meio para salvar-nos senão esse meio: o meio de contato com o Pai, o meio de contato com o Filho. Sim, usando nossa vontade, a parte do Pai que está em nós se manifesta através dela, mesmo a vontade para realizar no plano material. É sempre um contato com a vontade do Pai. Assim, quando amamos, quando desejamos saber dar, quando desejamos dar tudo o que possuímos, estamos fazendo contato com o Amor e a Sabedoria de Jesus Cristo. E quando pomos em atividade este Princípio Divino em nós, estamos entrando em contato com a origem de nossa vida e, como “pensamentos de DEUS”, manifestar-nos-emos muitíssimo mais amplamente em toda a atividade da vida. Porque quando a nossa Vontade, o nosso Amor e o nosso desejo revolucionarem o nosso próprio ser de encontro a uma meta divina, estaremos entrando em contato consciente com os poderes latentes que estão em nosso interior e, de certa forma, estarão os “pensamentos de DEUS” buscando a origem de como manifestar-nos divina e sabiamente. A atividade de nossa vida, a ação de nossa vida, está dirigida pelo Espírito Santo. Do Espírito Santo nos chega a ação. Em tudo o que é ação em nossa vida está-se manifestando em nós o Espírito Santo. Em verdade, três divindades em uma, pois, na verdade, todas as três divindades são DEUS mesmo, através de seu Verbo Criador. Assim como nós, Espírito tríplice, em verdade um Espírito agindo em diferentes facetas de nossa manifestação, assim como o Espírito tríplice manifesta-se ou extrai a alquimia destas atividades, a alma, que não é de DEUS, se forma para DEUS. Quando nós, em Espírito como somos, manifestarmos a Vontade, o Amor e a Atividade, estará se manifestando em nosso interior a triplicidade de nosso Espírito. Essa triplicidade de nosso Espírito põe em atividade os Corpos. Chamamos na Filosofia Rosacruz de Max Heindel de Sombras do Espírito. Sombras porque são de matérias mais densas e denominam-se Corpo Denso, Corpo Vital, Corpo de Desejos e Mente. Em verdade, são instrumentos do Espírito Uno. Mas o Espírito Uno não se manifesta diretamente senão através de sua Santíssima Trindade e nós, como”pensamentos d´ELE”, nos manifestamos em Triplicidade. É assim que DEUS põe em movimento o Pai, o Filho e o Espírito Santo para manifestar seu Poder Criador Divino. Nós, como Espíritos Virginais imortais, pomos em manifestação a triplicidade do Espírito com seu tríplice corpo, e, trabalhando através de seus corpos, o Espírito extrai de cada um deles a alquimia, a grandiosa e formosa alquimia dos alquimistas: a transmutação do material inferior em ouro puríssimo da alma. Quando o Espírito consegue trabalhar manifestando a Vontade Divina, o Amor, a Sabedoria e uma Atividade correta, digna e unificante, está trabalhando as alquimias de seus corpos e ele extrairá disso o resultado. Forma-se, então, através do trabalho do Corpo Físico o que se denomina Alma Consciente. Extrai-se do Corpo Vital o que se denomina Alma Intelectual e extrai-se do Corpo de Desejos o que se denomina Alma Emocional. Tem, então, o Espírito o que se denomina as alquimias, como um grande alquimista que há de transmutar a partir dos metais baixos o puríssimo ouro para formar as almas em homenagem Àquele que o criou. Em Verdade e em Verdade disse Paulo: “Não sabeis que sois Templos de DEUS?” Sim, somos Templos de DEUS, onde DEUS se manifesta, mas através de um grande alquimista que também está em nosso interior – o Espírito Uno em potencial. Assim, amigos, poderemos realizar tudo o que nos propuzermos a realizar. Sim, amigos, tudo alcançaremos, dependendo das forças que pusermos em movimento dentro de nós. Não se esqueçam de que a vontade deve ser uma Vontade Divina, deve ser uma vontade sublime, deve ser uma vontade mística e magnífica. O Amor deve ser um amor de dar por dar mesmo. E a Atividade deve ser uma atividade que nos dê a experiência sábia e consciente, sem magoar, sem oprimir, sem nada querer, senão pela forma de dar-se. Dar-nos é a única forma que temos de ganhar. Dar-nos para ganhar o Caminho de Retorno, Sábio e Consciente à Fonte de toda Origem. Hoje é um grande dia para recolher-se, para recuperar a saúde, harmonizar os corpos e sobretudo revestir-se de harmonia interna. Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! - Palestra radiofônica feita ao microfone da Rádio Copacabana, no Programa "A Voz Rosacruz",17/09/1959

terça-feira, 11 de junho de 2019

A Amizade.

Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! Sentimos a alegria de podermos estar entre todos vós. Que sempre seja “alegria” a palavra que nos leva mais perto de DEUS e, assim sendo, a essa harmonia infinita que tudo envolve e nos sustenta a todos. Amigos, há algo maravilhoso que todos nós humanos devemos praticar, para seguir, sempre, justificando a verdade que é luz. Tudo isto tem sentido: é o sentido da amizade. Hoje, nossas palavras serão sobre a amizade. A amizade é algo profundo em nós e é a maior palavra que nos deu Cristo quando nos diferenciou como “Seus amigos”. Ele disse: “O servo nunca sabe o que o amo faz, mas seus amigos sabem o que ele faz”. Assim, hoje trataremos de compreender o sentido da amizade. Todos nós, que compreendemos e aceitamos o renascimento como finalidade para que o Espírito em evolução conquiste seu patrimônio verdadeiro e absoluto, encontramos nesta manifestação de amizade um desprendimento de nós mesmos, que deve ser o maior sentimento que podemos ter para com a humanidade. Cristo nos chamou de “Seus amigos” e, com isso, Ele nos mostrou saber ser Amigo de toda a humanidade. Saber ser amigo não somente daqueles que nos agradam, não somente daqueles que nos fazem o bem, não somente daqueles que algum interesse representam para nós, mas ser amigos em um sentido o mais amplo possível, levando a um desprendimento compatível com a divindade que mora em nosso interior. Ser amigos! Ter amizade! É algo profundo e inesgotável o que existe nesta amizade! E, no cristianismo, por havê-lo compreendido, colocamo-lo em prática e assim ele nos une a todas as criaturas. Se Cristo nos deu este exemplo com um sentimento tão profundo de amizade, é por que este é o grande elo que deve haver entre todos nós. Nós que compreendemos o renascimento, sejamos estudantes Rosacruzes ou de qualquer outra escola de corrente espiritual, deveríamos ter uma amizade profunda entre todos nós. Deveríamos amar-nos e sentir-nos profundamente uns aos outros no esforço de levar adiante o ensinamento que Cristo, com Sua grande amizade, nos deixou: o renascimento. Não deveria haver jamais entre nós, os que aceitamos a Lei do Renascimento, forças contrárias ou confrontações, porque estas enfraquecem e diminuem as forças do cristianismo. Como poderíamos dizer que alguém é cristão se nega a sua amizade a outro cristão? Como se pode ser amoroso, se não se sabe ser amigo? O sentido da amizade é algo tão profundo como a luz infinita. Entre aqueles que viveram uma verdadeira amizade, nada houve que os pudesse separar, nem houve mal-entendidos que os pudessem aborrecer. Onde há amizade, Amor. A amizade perdura através dos tempos, a amizade se sobrepõe aos pequenos obstáculos na escola de aprendizagem do espírito. A inimizade vem sempre da incompreensão. A incompreensão é sempre um produto daquele que se sustenta por ela mesma, e que não alcançou o verdadeiro sentido da evolução. Por isso, havendo em nós juízos, é muito necessário compreender que cada criatura está colocada na situação que lhe corresponde. Cada um executa aquilo que ressoa no instrumento de sua alma no sentido espiritual. Todos podemo-nos unir e trabalhar, trabalhando cada um de acordo a seus instrumentos anímicos. Não seria uma grande orquestra se cada um dos indivíduos se especializasse em determinado instrumento? Assim, somos nós espiritualistas que aceitamos a Lei do Renascimento, espiritualistas que compreendemos que estamos na escola da vida, colocados para aprender, cada um, sua devida lição. Assim como toda a humanidade não pode freqüentar uma mesma escola, o mesmo ocorre com os Rosacruzes. Que mal entendedor seria este da magna Filosofia Rosacruz se dissesse que não está unido com outros Rosacruzes! Pois assim como em cada cidade há diversas escolas segundo as pessoas que compõem esta cidade, assim também somos os que seguimos as correntes Rosacruzes: são escolas de ensino superior. São escolas onde o espírito compreende e sente a profundeza da vida. Busca, como busca o bom estudante, a união entre todos em um alto sentido de amizade. Como seria possível que uma faculdade depusesse contra a outra? Se uma depõe contra a outra, é porque há falta de verdade, é porque não desenvolveu o primeiro sentido da amizade. Todos os Rosacruzes, sejam de Max Heindel, sejam de qualquer outra fraternidade, sejam estudantes ou adeptos, segundo a situação de cada um, são, no sentido verdadeiro, o que mostram através de sua compreensão e suas obras, por força do estágio evolutivo que ocupam dentro do Conhecimento Rosacruz. O Conhecimento Rosacruz não é somente uma ideologia a mais para a humanidade. Ele é a própria manifestação da evolução humana e, assim sendo, serve para todos. Todos podem estar nele e ele estar, em diversos graus, entre todos. Por isso, na amizade daqueles que entenderam o princípio do renascimento e a evolução humana, haverá sempre o mais profundo e benéfico sentido dessa amizade. Se há amizade, há um verdadeiro reverberar de Amor. Por isso, Cristo nos ensina que não serão as palavras nem as ideologias que salvarão a humanidade, senão o sentido próprio da unidade com tudo, através da manifestação do Amor. E como poderá haver Amor se não há amizade? Comecemos por sentir esta profunda amizade para com todos e ela se transformará no Amor que vai redimir a humanidade. Que a Paz seja convosco e a Paz seja entre todos nós! - Palestra radiofônica feita ao microfone da Rádio Copacabana, no Programa "A Voz Rosacruz", 29/09/1959

Auto-conhecimento e Espiritualidade.

Meu Irmão... ... nunca pensaste na hora em que possas conhecer-te a ti mesmo? Queres iniciar, hoje, a fazer reais esforços para alcançar essa inefável virtude? Ela é tão preciosa para o espírito, que Goethe, um iluminado ser, dizia: "Quando o homem se conheça a si mesmo, libertar-se-á das cadeias que o prendem a este mundo". Bem...se queres começar agora mesmo, acalma, primeiro, o tumulto de tuas vozes internas. Senta-te comodamente. Respira com sossego e naturalidade. Fecha os olhos. Depois pergunta-te: "Quem sou eu, em realidade?" Pensa lentamente, mas com determinação. Procura conhecer-te em todas tuas facetas. Esquadrinha profundamente teu mundo mental, definindo-o com leal exatidão. Pergunta-te honestamente: "Qual é meu objetivo sobre a Terra?" Se chegas a responder-te, de acordo aos conhecimentos que possuis, de um modo consciente e claro, tuas possibilidades de progresso são imensamente melhores O objetivo do ser humano na Terra caminha paralelamente a seu grau de inteligência. Quando se chega a um grau de consciente responsabilidade, delineando ampla e precisamente os propósitos espirituais que se tem, passa-se a estar na proporção de cinqüenta por cento no caminho verdadeiro. De nada valem todas as filosofias sobre a vida, se a humanidade não se define a si mesma. Uma pessoa pode passar estudando as coisas do espírito vinte, trinta anos, uma existência enfim, e não obter mais que uma erudição intelectual. Portanto, amigo, sê teu próprio juiz, com o máximo rigor, com a maior severidade, efetuando a necessária devassa em tua vida interna. Averigua, em teu íntimo, o que procuras no caminho espiritual: conhecer-te ou ignorar-te? Acaso, será que queres passar a existência filosofando inutilmente, sem tentar a reforma interna, sem divisar com clareza tuas reais ânsias e aspirações? Ou desejas, pelo contrário, constatar tuas imperfeições, conhecer tuas falhas e debilidades, a fim de transmutar tuas fraquezas, conscientemente, e empreender uma nova etapa em tua vida, para viver o que estudas e compreendes, procurando elevar-te na conquista da evolução celeste, e ser, desde este momento, por primeira vez em tua aprendizagem na Terra, espiritualmente sincero e leal com teu próprio Ser espiritual? Se te respondes positiva e convictamente, e procedes em teu íntimo em harmonia com as respostas que te deres, então deixarás de representar uma simples folha levada à vontade do vento, para passar a governar sabiamente o timão de tua presente vida, de teu destino, de tua finalidade divina! - Irene Gómez de Ruggiero

sábado, 9 de março de 2019

NOÉ E SUA ADMIRÁVEL ARCA.

Todas as passagens da Bíblia têm muitas interpretações, pois ela foi escrita como a chave de todas as coisas e não meramente como explanação de um único mistério. Por exemplo, quando estudamos a parte que fala da história de Noé e Sua Arca, estamos lidando com uma alegoria duodécupla. Muitos mistérios da Bíblia não foram ainda compreendidos pelos mais adiantados estudantes, e não o serão totalmente até que a mente humana atinja proporções cósmicas. A Bíblia é um livro secreto e continuará secreto até que o próprio homem, pela purificação de seus corpos e o equilíbrio de sua mente, tenha fornecido à espada de seu espírito o poder de cortar o Nó Górgio e, para isso, o Irmão Leigo precisa despender anos e talvez vidas tentando desatá-lo. A verdadeira obra oculta não é secreta; ninguém está proibido de estudar e dominar as leis da Natureza, mas, até termos nos preparado pelo serviço e pelo altruísmo, seremos incapazes de compreender a grandeza, a pureza e a justiça do Plano Universal. A Bíblia é um livro secreto pela mesma razão que o estudante nada pode ver além do mundo físico ou nos livros sagrados até que tenha desenvolvido olhos internos para ver e apreciar as realidades ocultas.Ingersoll foi perfeitamente correto quando disse: "Um Deus honrado é a mais nobre obra do homem", pois, enquanto Deus for imutável segundo o conceito que d'Ele fazemos, Ele será para nós limitado pelos nossos próprios ideais, e os mistérios em Seus livros sagrados estarão velados aos olhos daquele que só vê com a visão física. Retornemos ao livro do Gênesis, que contém a história da Arca e o Dilúvio, e leiamos os capítulos sexto, sétimo, oitavo e nono. Alguns pontos ficarão mais claros se o estudante ler esses capítulos antes de continuar a leitura deste artigo. Primeiro consideremos o Dilúvio. Em todas as religiões do mundo encontramos referência a ele e todas concordam com a época aproximada em que ele ocorreu. O estudante de religiões comparadas certamente irá se lembrar da grande inundação que submetgiu o que restava do continente Atlante cerca de nove mil anos antes de Cristo. Todas as inundações anteriores cobriram apenas uma parte da terra, e o pesquisador é forçado a procurar em outro lugar pela Grande Inundação ou Olvido de que se fala na Bíblia. Encontramos que a antiga palavra usada para inundação não significa necessariamente água, mas sim olvido ou esquecimento. Uma das grandes leis da Natureza é a da peridiocidade, em outras palavras, a lei de ação e repouso. Sabemos ser necessário ao homem dormir todas as noites para se refazer de seus grandes gastos de energia durante o dia. Sabemos que cada doação tem que ser balanceada por um recebimento. É o mesmo com o universo como é com o homem. Chega a ocasião em que o mundo precisa descansar após cada grande dia de manifestação. A isso se chama a Noite dos Deuses. Nessa oportunidade, todos os planetas e sóis retornam ao todo universal. Podemos observar esse processo acontecendo nas grandes nebulosas no céu. É então que Deus, o Criador, cessa de manifestar-se por um período de tempo antes de tornar a enviar globos nos quais deve se processar o desenvolvimento do homem. É quando Noé, representando o Deus de nosso Sistema Solar, e seus três filhos, representam a tríplice trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, flutuam sobre o Olvido, carregando com eles todos os embriões de todas as coisas criadas que foram recolhidas para o Infinito. Quando os mundos são manifestos novamente, esses seres são levados para os globos com cujas vibrações estejam afinados. O processo é o mesmo que é usado para o Ego, que contém em si todos os átomos sementes dos corpos inferiores. O Ego e a substância espiritual que o reveste constituem a Arca; os três filhos de Noé são os átomos sementes dos corpos inferiores e as esposas são os pólos negativos desses átomos. Noé é a mente. A Arca com os átomos sementes flutua na matéria mental antes da descida novamente dos átomos na matéria por meio do renascimento. Nas histórias maçônicas, acha-se mencionado um cabo reboque que liga a Arca com a terra. Isto o estudante conhece como sendo o cordão prateado que liga o espírito ao corpo. Sabemos que o espírito não pode morrer. Os animais que são guiados para dentro da Arca representam a vida de todos os reinos que foi retirada para dentro de Deus e lá permanece até que planos de consciência sejam desenvolvidos para que a vida neles se manifeste. Então, a história da Arca é a história do Ego construindo os corpos que, quando completados, vão dar a ele consciência em todos os planos da Natureza. Os três filhos de Noé, como já foi dito, são os três corpos inferiores. Para que o homem funcione em qualquer plano da natureza, ele precisa ter um corpo sintonizado com aquele plano. A perda de consciência significa que o veículo que sintoniza o espírito com aquele plano foi retirado. Desde que os três corpos inferiores tenham sido construídos, o Ego sempre tem um veículo de expressão e nunca perde consciência em nenhum plano da natureza. Os animais da Arca representam assim os vários poderes do homem que são levados com ele vida após vida, na arca viva do próprio ser. A única janela na Arca representa o olho espiritual através do qual o homem superior contempla os corpos abaixo dele. Quando o mundo ( os corpos ) novamente entra no ser, a Arca vai repousar no topo do Monte Ararat. Isto é a cabeça do homem ou o lugar alto no corpo. Lá, no seio frontal, o Ego se assenta e as forças dele, descendo outra vez, habitam o corpo. Quando a pomba, o mensageiro, traz o raminho de acácia de volta para o homem superior, então ele sabe que os corpos inferiores retornariam à vida, e que será possível descer da Arca e com eles trabalhar. Isto mostra que os altos ideais e as forças animais transmutadas podem novamente ir a todos os lugares da Terra e prosseguir com seu trabalho. A primeira coisa que Noé fez quando saiu da Arca foi construir um altar para o Senhor e, sobre esse altar ele construiu uma fogueira, e sobre esse altar ele fez sacrifícios a Deus. Cada um de nós que seguir seus passos terá de fazer o mesmo. O altar que ele construiu para Deus foi seu próprio corpo purificado e, diante Dele, ele e todos os seus filhos fizeram reverência. O fogo sobre o altar foi o fogo espiritual interno aceso por Noé por meio de seus atos e pensamentos. O sacrifício por ele feito sobre o altar foi o das paixões e emoções inferiores de sua vida. Então, o arco-íris apareceu no céu e a promessa foi feita pelo Todo poderoso a Noé que, por todo o tempo que o arco lá permanecesse, jamais haveria outra inundação. Essa é uma alegoria admirável, especialmente quando nos lembramos que o arco-íris é feito das três cores primárias: o azul do espírito, o amarelo da mente e o vermelho do corpo. Estas são as cores da tríplice trindade do homem: o pai, o Filho e o Espírito Santo. Assim que estes três princípios estejam equilibrados no homem, formando em suas combinações todas as demais cores, nunca mais haverá outro Olvido. Enquanto o coração, a mente e o corpo estão unidos, tudo vai bem. Mas, se apenas uma dessas cores desaparecer, a escuridão envolverá o Ego em cujo templo foi cometido o erro. O tríplice caminho que leva a Deus é entretanto apenas um. Se nós amamos com todo nosso sere permitimos que a nossa mente e o nosso corpo sigam sem uso, estamos tirando o nosso arco-íris do céu. Se sabemos todas as coisas e não temos amor, nada conquistamos. Se temos conhecimento e amor, mas nos descuidamos das ações de nossas mãos e corpos no trabalho diário, nada conquistamos. Nesse arco-íris, vemos o tríplice cordão prateado que, quando se parte, o corpo está morto. A morte é o resultado da cristalização, quando o corpo torna-se por demais pesado para ser carregado pelo espírito . Então ele é descartado e um outro é adquirido. É o mesmo com os pensamentos e emoções. Eles podem ser elevados e etéreos, embora sempre práticos. Se eles não o são, o arco-íris se quebra e o olvido, provocado pela discórdia e as incertezas, envolve o Ego e torna o caminho da vida muito mais difícil do que deveria ser. A Analogia é a chave que abre muitos segredos. Nos mundos e nos indivíduos, a Natureza age da mesma maneira. Assim como é com os menores, assim é com os maiores. Se desejamos ser aqueles que se elevam acima das inundações do olvido e desejamos flutuar sobre o caos na Arca de nossas próprias almas, será necessário para nós construirmos esta arca como a natureza constrói a grande Arca Cósmica, isto é, pela elevação da consciência e o aperfeiçoamento dos sempre mais elevados veículos de expressão. Isto é feito vivendo-se diariamente a vida de serviço , reflexão e amor, cada um destes na mesma medida e, sempre, com o único ideal de manter aceso o fogo do altar de Deus. - Manly Palmer Hall.. - Traduzido da revista "Rays from the Rose Cross", edição de maio-junho de 1988,traduzido pela Irmã Probacionista Laís da Gama Rosa Costa.