terça-feira, 31 de maio de 2011
A LEI DIVINA E NOSSAS NECESSIDADES COTIDIANAS.
A LEI de conseqüência ou de Causa e Efeito é, sem dúvida alguma, a mais fundamental das leis no destino humano. Convém lembrar, todavia, que não é uma lei estática. Freqüentemente a utilizamos para acionar novas causas que irão criar novo destino para equilibrar e melhorar o antigo destino que trouxemos do passado. A Lei de Conseqüência está intimamente ligada à Lei do Renascimento, chamada também como de Lei da Reencarnação. Todos nós já vivemos, no passado, muitas outras vidas na Terra, e haveremos, no futuro, de viver muitas outras ainda. Em cada uma delas pusemos em ação diversas causas, algumas das quais só efeitos. Tais efeitos são denominados dívidas do destino. Assim é que estamos pagando débitos e colhendo prêmios do passado. É a isso que damos o nome de destino mau ou bom.
Cabe-nos compreender desde logo, que "caráter é destino". Destino é reflexo de caráter. Nosso meio ambiente é um espelho no qual vemos o nosso caráter refletido. Não obstante, existe uma exceção a essa regra geral. É que em nosso último renascimento pudemos certamente haver-nos reformado de tal sorte que agora possuímos o que se pode chamar de um bom caráter, embora possamos continuar tendo sofrimentos e dívidas na presente existência, apesar de havermos remodelado nossa índole. Isto se deve ao fato de termos trazido débitos anteriores, os quais estamos pagando, e, como é do conhecimento geral, quando alguém resgata o que deve, considera, geralmente, que tal processo é restritivo, limitado e desagradável. Tem, contudo, o consolo de saber que as dívidas, uma vez quitadas, não mais podem ser pagas outra vez, ficando, portanto, livre delas por todas as vidas futuras. As tendências de caráter que mais freqüentemente causam mau destino são: a cólera, o temor, o orgulho, o ódio, a vingança, a sensualidade, o egoísmo, a inveja e a intolerância. Por conseguinte, a primeira coisa a fazer é analisar nossos pensamentos habituais e ver se mostram algumas dessas tendências, ainda que seja em pequena escala. Se assim acontece, comecemos imediatamente a trabalhar para eliminá-las. Os dois meios principais para obtê-los são uma mudança de pensamentos e de ação, especialmente para com as demais pessoas. O "pensamento" é o primordial, e se corrigirmos veremos quase automaticamente que nosso modo de agir está de acordo com esse pensamento.
Isto nos leva a um fator mais importante da situação, ou seja, o PODER CRIADOR DO PENSAMENTO. Este poder é o fator mais potente e fundamental da vida humana. O ditado, segundo o qual "os pensamentos são coisas tangíveis" quase palpáveis, é uma verdade incontestável. Cada vez que pensamos em algo criamos uma forma de pensamento que se pode converter em uma força vivente. Flutuam em redor de nós, em nossa aura, e se torna parte de nossa atmosfera mental, por conseqüência, integrante de nossa própria vida.
O passo seguinte é a atividade do pensamento criador que se reveste da substância do desejo e da emoção. Isso apresenta dois efeitos: primeiro, que pode conduzir-nos à ação correspondente; segundo, as formas de pensamento que não são acionadas de imediato se armazenam na memória como normas para uso futuro. Temos-lhes acesso a qualquer tempo. Podem, portanto, surgir como realidades físicas em nosso meio ambiente, tornando-o bom ou mau, conforme o pensamento que as criou. Assim, se você deseja mudar a atmosfera em que vive e sua sorte, "mude seus pensamentos". Desse modo você estará elaborando para si mesmo um novo e melhor destino que oportunamente surgirá e se manifestará de forma melhor ou de meio abundante e capaz de suprir as necessidades de sua existência.
Os desejos destrutivos, como sejam, a cólera, a vingança, o ódio, o ressentimento, principalmente a cólera e o egoísmo, desfiguram e destróem as boas formas de pensamento que tenhamos formado previamente, retardando-se, dessarte, sua materialização. Quando nos deixamos arrastar pela cólera ou pela vingança, por exemplo, dissipando alguma edificante criação mental, a configuração da correspondente forma de pensamento deve esforçar-se no sentido de uma restauração para concretizar o bem que anelamos, cuja marcha fora interrompida. Isso demanda tempo e faz retardar o período em que possa ocorrer uma mudança favorável em nossa vida, em nossa situação e em nosso ambiente geral. Veja, então, a grande importância de vigiar nossos pensamentos e emoções. Alguns perguntarão: "Como possa evitar os maus pensamentos e desejos, mantendo-os distantes de minha mente?" De fato, às vezes parece impossível evitar que se infiltrem em nós, mas a resposta é "substituição de pensamentos".
Esta prática se funda no fato de que dois pensamentos não podem ocupar ao mesmo tempo a mente, à semelhança daquele princípio de física que diz que dois corpos não podem simultaneamente ocupar o mesmo espaço. Quando você se sentir perturbado por maus pensamentos de qualquer índole, "substitua-os" simplesmente "por outros" e concentre-se nestes tão positivamente que o pensamento ruim ali não possa penetrar. É muito simples e requer apenas prática para comprovar a singeleza do tratamento. Os maus desejos são excluídos da mente pelo mesmo processo.
O PODER INTERNO – A existência desse poder é o próximo e mais importante ponto a considerar. Isso é algo acerca do qual os homens em sua maioria não possuem o mínimo conhecimento, de cuja realidade sequer suspeitam. Não obstante, o PODER INTERNO é um estupendo fator na vida humana e sobre ele se apóia o êxito na vida. O PODER INTERNO é o Ego, o Espírito, o Eu Superior, a Vida que vem de Deus e o poder essencial que mantém o homem ativo. O PODER INTERNO é o Deus Interno, e o Deus Interno é parte do Deus Externo, o DEUS do Universo. O PODER INTERNO é o traço pessoal que nos une a Deus. Para tanto, reflita quão poderoso é este Eu Superior. É "Onipotente", porque é parte do DEUS do Universo. Esta onipotência, contudo, está mais ou menos, latente na humanidade de hoje. É função da evolução desenvolvê-la e convertê-la em uma positiva e dinâmica onipotência. Eis o que gradativamente estamos aprendendo a fazer em nossa vida diária e por meio de sucessivos renascimentos.
Este Poder Interno afeta a personalidade e a vida cotidiana da seguinte maneira: O Deus Interno que é onipotente e possuidor ao mesmo tempo de toda sabedoria, está de contínuo enviando mensagem à mente consciente em forma de intuições, inspirações e idéias originais. Elas nos dizem o que nosso Eu Superior, em sua sabedora, deseja que façamos.
Se seguirmos essas sugestões e as praticarmos, os resultados em nossa vida serão construtivos. O fracasso se transformará em vitória, os obstáculos que se apresentam desaparecerão aos poucos e veremos que tudo começa a atuar conjuntamente para o bem e para o êxito em todas as coisas da vida. Se não fizermos caso das intuições do Poder Interno e seguirmos nossos desejos inferiores, bem como as extraviadas inclinações da personalidade, observaremos que nossas dificuldades aumentarão e nossa caminhada pela vida será mais árdua. Vemos quão importante é estar alerta para captar as idéias e intuições do Poder Interno e pô-las em execução.
Essas mensagens podem perceber-se de modo mais efetivo, quando a mente consciente se acalma e, muito em particular, quando estabelece momentos de quietude absoluta para a meditação, a fim de que, uma vez repousada a mente, o Poder Interno possa falar-nos e "nós ouvi-lo". Não obstante, esse Poder nos fala e envia-nos mensagens durante todo o tempo, apesar de estarmos ativos. A Consciência é outra das mensagens do Poder Interno que faríamos bem em obedecer. Se seguíssemos exclusivamente as direções desse Poder, cada vez se tornariam mais claros seus tons, reformando gradualmente nossas vidas e convertendo em sucessos nossos fracassos.
Devemos cultivar a crença na existência do Poder Interno e acreditar em sua habilidade para transformar nossas vidas. Esta crença é o cabo, o circuito elétrico que nos põe em contato com o referido Poder. Se estabelecemos nítida ligação entre esse Poder e nossa consciência (mente consciente) os resultados serão melhores porque então o Ego pode emitir suas mensagens com maior limpidez e efetividade. O descrer dessas coisas fundamentais impede a ligação e pode ainda chegar a destruí-la. Então isso nos deixa mais ou menos sem a orientação e a sabedoria do Deus Interno, ficando ao desamparo e expostos a todas as decepções. Veja como a crença nesse Poder é de grande importância. Alguns o chamam FÉ, fé em DEUS; porém, é a mesma coisa, ou seja, fé no Deus Interno e em seu poder, que é parte integrante do DEUS Externo e Sua Onipotência.
Se ouvirmos e obedecermos às sugestões e direções que emanam do Poder Interno, o temor e a ansiedade desaparecem por completo e obtemos equilíbrio, fator indispensável para um desfecho feliz. Perdemos todo temor à vida e mesmo à morte. Sabemos que tudo está determinado com sabedoria e que o resultado será BOM.
Por estar o Banco Universal amparado pelo Universo jamais poderá falir. Você nunca poderá perder ou ser iludido em algo que realmente lhe pertence. "Só se realizará a própria vontade". Não há, em hipótese alguma, erros no crédito cósmico, no qual esse Banco se desenvolve e opera. Se seu destino e seu progresso não são o que você gostaria que fossem é sem dúvida porque seu crédito no Banco Universal esgotou-se temporariamente. Neste caso, não há outro remédio senão apressar-se a fazer novos depósitos. Como já dissemos, os depósitos a seu favor se realizam por meio de um trabalho edificante, altruísta e autodisciplinado. Você pode estar certo de que seu empenho nesse sentido logo melhorará grandemente AS OPORTUNIDADES E AS CIRCUNSTÂNCIAS. Veja você como seu destino é criado "por você mesmo", que a sorte e a casualidade são apenas aparentes e que na realidade foram criadas por você no passado. Você está envolto na materialização de seus próprios atos e pensamentos. Vencer tendências indesejáveis e reconstruir e reformar seu caráter, eis o meio mais indicado para efetuar depósitos no BANCO UNIVERSAL.
O "provimento universal" do qual falam tão freqüentemente os estudantes de Metafísica é simplesmente outro dos nomes do BANCO UNIVERSAL. Muitos estudantes parecem acreditar que podem obter um provimento completo de tudo o que necessitam com o só repetir algumas afirmações. Enganam-se, todavia, quando julgam que podem sacar contra o BANCO sem fazer antes a cobertura necessária. Isto eqüivale a "procurar obter as coisas gratuitamente". Ninguém deve exigir a concretização de um desejo específico sem antes deixá-lo em mãos do Senhor, que pode atuar sabiamente. Nós não possuímos nem o direito nem a Sua Sabedoria. Porque, se exigirmos a realização de alguns de nosso pensamentos, expomo-nos a equivocar-nos e obter algo que "verdadeiramente" não desejamos.
Algumas pessoas não conseguem ter progresso espiritual e material, porque inconsciente ou ignorantemente violam a Lei de Causa e Efeito, a Suprema Lei de DAR E RECEBER. Há, sem dúvida, uma lei cósmica administrada por Forças Invisíveis, segundo a qual para receber é necessário primeiro dar. Compartindo o que possuímos, abrimos o canal que nos permite uma inundação de coisas almejáveis em nossas vidas. CRISTO, o Divino Mestre do gênero humano, ensina a existência desta lei no Evangelho de S. Lucas, quando diz "Dai e ser-vos-á dado; boa medida concentrada, sacudida e transbordante vos deitarão no vosso regaço, porque com a mesma com que medirdes também vos medirão" (6-38).
A compreensão, a aceitação desta lei e um esforço inteligente por obedecê-la trarão, a seu devido tempo, mudança favorável em nossas vidas.
A Regra de Ouro (Lucas 6-31) "E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma forma fazei-lhes vós" contém, igualmente, um importante princípio psicológico. Esta regra é inequívoca; ela nos diz em definitivo que façamos sempre o bem aos demais, sejam quais forem as circunstâncias, apesar do que eles nos façam a nós. A regra é impessoal; a conduta de outrem nada tem a ver com nosso caso. Se desrespeitarmos essa regra, obteremos infalivelmente maus resultados. Pondo-a em execução, à época oportuna ela nos trará um efetivo melhoramento em nosso ambiente e em nossas condições materiais e espirituais. Ela nos dá individualidade atrativa, magnética, o que nos torna atraentes para os demais e, ao mesmo tempo, não nos deixará faltar ajuda e a cooperação na realização de nossos projetos e anseios. Cria ainda uma força magnética que é o meio de aumentar o êxito sob todos os aspectos. Não permitamos nunca que o rancor por alguma desconsideração que tenhamos recebido nos impeça de fazer o que gostaríamos que outros nos fizessem. É realmente benéfico seguir a Regra de Ouro, que não é um simples ideal religioso.
Há outros dois ou três princípios metafísicos ou psicológicos que devemos conhecer e que aumentarão nosso progresso em matéria de trabalho, bem como no abastecimento de nossas necessidades de ordem material e espiritual. Procurar o BEM em todas as coisas e em todas as situações, apesar da adversidade das aparências é um deles. O simples fato de BUSCAR O BEM constrói uma forma de pensamento que com o tempo se converterá em um bem maior, mais sucesso e condições favoráveis. BUSCAR O BEM é como começar uma bola de neve que aumenta de tamanho à medida que desce de uma montanha. Essa é também a propriedade de toda forma pensamento. Todas as da mesma índole se combinam e crescem rapidamente. Isso se aplica na busca do bem, o qual pode ser aumentado, em nossa esfera social, de modo definido, com a prática desse princípio. O elogio ao Bem, é uma extensão do mesmo princípio e um raio de sol, a luz da alma. Ele propicia o bom augúrio e o êxito a tudo que é superior. Incentive tudo de bem que encontre nas demais pessoas, ainda que o motivo seja insignificante e, sobretudo, não se esqueça de louvar e agradecer ao PODER INTERNO, cada dia, por sua vida, sua orientação e pelo abastecimento de todas as necessidades espirituais e materiais. Tudo se origina desse PODER.
O PERDÃO é outra prática que não devemos esquecer. O perdão é científico. Ele traz consigo as forças dos planos invisíveis que nos cercam. Dissolve as formas de pensamento de ódio, vingança, egoísmo e má vontade, assim como impede que se materialize em adversidade. O rancor, a inveja, o egoísmo, a vindita freqüentemente se transmudam em alguma das condições mais infelizes da vida, especialmente se se continua habitualmente a emitir pensamentos nesse sentido.
O ódio é a força mais destrutiva do Universo, e o rancor e a vingança são fases do ódio. A vingança é a mais mortal das paixões, é absolutamente certo que impede o sucesso em todos os campos. Apesar do que possa acontecer, não se deve ter rancor nem ceder a pensamentos negativos. Você pode ter certeza de que se alguém lhe fez injustiça, a Lei invisível trará a ele merecida retribuição. Diz a Bíblia "Amados, não vos vingueis. Eu recompensarei a cada um, segundo o seu merecimento", disse o Senhor. Não tome a vingança por suas próprias mãos, porque a única coisa que você obterá é desencadear forças psicológicas que mais tarde ou mais cedo reagirão sobre você mesmo, com desvantagem. Diz a regra: "Perdoa tudo e mantém-te perdoando sempre, apesar de toda inclinação pessoal, e nada perderás, como erroneamente possas supor". Isso evoca à mente um princípio de vital importância e interesse sobre o êxito: "Fazer a vontade de outra é o ácido para provar o amor". A Bíblia o confirma ao ensinar: "Faze as pazes com teu adversário". A vontade própria é o amor próprio e o amor próprio é uma fase do ódio para com os outros. A aplicação deste princípio é particularmente valiosa quando queremos evitar desmandos e extinguir os que tenha começado. Naturalmente não devemos fazer a vontade a quem comete uma injustiça conosco ou em relação a terceiros. Devemos sacrificar as nossas inclinações e vantagens, ajustando-nos quanto possível às idéias de nosso adversário, satisfazendo-lhe o sentido de justiça. Por esse meio convertê-lo-emos em nosso amigo. Fazer com que predomine sempre a nossa vontade é obstruir o restabelecimento do êxito da cooperação amistosa.
Muito se tem falado sobre a CONFISSÃO. É provável que você não conceda a menor importância. Deve ter pensado, com certeza, que confessar as más ações a um sacerdote ou a um ministro não tem qualquer efeito. Não obstante, há notável princípio metafísico oculto na confissão, que é o seguinte: a confissão faz desaparecer a força emocional constituída por formas de pensamento sobre as nossas faltas do passado, liberando-as e ajudando-nos a restaurar o equilíbrio e a calma. Quando se comete uma falta que produz temor, vergonha, cólera, etc…, essa forma de pensamento penetra profundamente na subconsciência e ali fermenta. Especialmente se o mal não foi sanado na época oportuna. Formas de pensamento de tal natureza podem fermentar no subconsciente durante anos e com o tempo gerar o que se conhece por "complexos" e "neuroses". Se temos muitos desses complexos enterrados na subconsciência, perdemos gradativamente o equilíbrio e nos tornamos nervosos e neuróticos. Eis onde a confissão atua. Por seu intermédio liberta-se a energia emocional dos complexos que se dissolvem, não voltando a molestar-nos.
A confissão não precisa ser necessariamente feita a um sacerdote ou ministro de qualquer religião. Pode-se fazer diretamente à pessoa a quem se prejudicou ou ainda a alguém de absoluta confiança. Podemos também autoconfessar-nos ao EU SUPERIOR. Chamamos a esse confessório de "Retrospecção". Devemos realizá-lo toda as noites ao deitar-nos, começando por analisar os últimos acontecimentos do dia té chegar aos primeiros da manhã. Para que a Retrospecção surta efeito é indispensável o maior sentimento de contrição, uma vez que através dele nos purificamos, desfazendo a força emocional contida nos complexos ocultos. Grande número de pessoas têm encontrado na confissão, em qualquer da formas, alívio incrível, e sempre é seguida por singular aumento de êxito em todos os setores da vida.
Donde se conclui que será uma idéia excelente a de estender o princípio da confissão ou retrospecção aos anos anteriores de nossa existência, a fim de esclarecer os complexos que penetram em nosso subconsciente, impedindo-nos totalmente qualquer evento feliz. Tal processo pode chamar-se de retrospecção retardada, conforme ensina a Filosofia Rosacruz. A melhor forma de efetuá-la será por escrito. Sente-se e escreva em linhas gerais os acontecimentos do passado que lhe tenham causado temor, cólera, vergonha, etc, etc. Faça o máximo possível cada vez e assim continue até que haja revisado toda a sua vida. Aos poucos notará maravilhoso alívio mental e emocional, que oportunamente se refletirá em forma de melhoria da condições materiais e espirituais. Esses escritos devem fazer-se em segredo, omitindo os nomes de seus personagens. Terminada, essa autoconfissão escrita deve ser destruída.
Durante a vida não se pode obter êxito verdadeiro se não se possui razoável saúde, motivo por que devemos considerar a SAÚDE como fator de importância para a satisfação das necessidades de ordem material. Devemos ter sempre em mira a força vital emanada de nosso PODER INTERNO, o Ego. Se algo se interpõe entre a influência desta vida em nosso corpo e nossa personalidade, isso acarretará uma saúde precária. É possível aprisionar o Ego atrás de uma nuvem de errôneas formas de pensamento, falsas crenças, etc… de sorte que a corrente constitutiva da força, da vida do Ego, se reduz decididamente. Se emitirmos formas de pensamentos destrutivas, como temor, cólera, sensualidade, egoísmo, etc. que limitam e se acreditarmos no poder do mal sobre nós, tudo isso tende a encerrar o Ego, e "como crê" que está limitado na vida, realmente o estará.
Para a SAÚDE é necessário que a pessoa, a mente e a vontade cooperem com o Ego e se repilam toda forma de pensamento restritivo. Além disso, é possível construir um instrumento com o qual se perfure e destrua a atual nuvem de pensamentos. Tal instrumento são NOVAS formas mentais de fé, de fortaleza, de otimismo, de onipotência do PODER INTERNO, do êxito e de certeza de que todas as coisas boas são atingíveis. Construa novas formas de pensamentos nessa direção e elas se combinarão entre si, constituindo uma forma de grande potência e força. Eis o instrumento que perfurará essa nuvem mental e libertará o Ego. Fique certo de que apenas pensamentos errôneos podem bloquear esse poder. Mude, pois, seus pensamentos, e essa faculdade o livrará, operando milagres em sua vida. Restaurará sua saúde. Modificará suas condições mentais. Use a IMAGINAÇÃO para criar quadros de saúde abundante e de grande poder do Ego interno e esses quadros se confundirão com outras formas de pensamento de força e valor, convertendo-se em parte do instrumento de libertação. Então, verificará que terá deixado de ser um escravo da falta da saúde. Você verá que ela é complemento normal do repouso (calma) e de outras condições emocionais equilibradas. Juntamente com esse estado sadio virá maior disposição para o êxito no trabalho de ordem material e espiritual.
A FELICIDADE RESIDE APENAS NA MENTE - As condições externas têm uma influência na felicidade somente onde se lhes tenha permitido afetar as formas de pensamento. Essas formas têm a propriedade de cobrir-se com essa substância do plano invisível que conhecemos como Emoção. Se pensamos em otimismo e felicidade, substância emocional dessa natureza invade-nos a mente, e somos FELIZES, apesar de todas as condições materiais ou corporais. Se, ao contrário, elaboramos formas mentais de temor e de fracasso, elas constróem substância emocional de infelicidade e seremos infelizes, ainda que tenhamos todas as riquezas do mundo e uma saúde perfeita. Fica, portanto, demonstrado que a FELICIDADE só reside na mente e que pelo controle dos pensamentos e substituição deles temos sempre a chave da felicidade e do progresso. Em conclusão, dar-lhes-emos três pequenas fórmulas para ajuda própria que estão baseadas em sadios princípios metafísicos e que têm demonstrado sua valia.
PRIMEIRO, PENSAMENTO CONSTRUTIVO, POSITIVO – Mantenha sua mente sempre positiva e aberta, não imóvel e inerte. O pensamento construtivo fecha automaticamente a receptividade ao enxame de pensamentos que, impedidos de entrar, cessam de influir na vida, e as criações mentais melhoram consideravelmente através da decisão de concretizar as boas coisas.
SEGUNDO, A CHAVE DE OURO – Quando você se achar em dificuldades, quando tema perder algo valioso, não continue a construir formas mentais negativas, porque elas apenas contribuirão para que você se deprima. Ao contrário, inverta o processo e não faça senão PENSAR EM DEUS. Ele envolve todas as coisas desejáveis. Recusando-se a pensar na desgraça e pensando em Deus, você estará construindo pensamentos de força, bondade e sucesso, ainda que não perceba. Eles, a seu tempo, se concretizarão em forma de bem, e a calamidade que você temia se terá dissipado.
TERCEIRO, O PODER DO DEVER – O Dever cumprido um dia, e oportunamente, tem o poder de criar bem suficiente para acompanhá-lo durante o dia inteiro. E amanhã será outro dia no qual você pode repetir o processo. Os deveres cumpridos com amor são um caminho para a libertação. Esta é uma chave vital de êxito em todos os planos, material e espiritual, conforme prega a Filosofia Rosacruz, para qualquer outro período da vida. O sucesso que se obtém como resultado do dever cumprido não será sempre a classe do êxito que você mesmo teria escolhido, mas será o verdadeiro êxito sob o ponto de vista do Espírito, e isso é o que importa. Ainda mais, examinado a seu tempo, este êxito se converterá em uma forma tal que será facilmente reconhecida e admitida como a melhor. Entretanto, você estará livre do temor e da ansiedade porque saberá, finalmente, que "tudo" sairá BEM.
Assim, por intermédio do poder do dever cumprido, você se capacitará para VIVER PELA FÉ NO PODER INTERNO, que é o segredo fundamental do êxito da vida, e no cumprimento das necessidades ordinárias da existência material e espiritual.
Augusta Foss Heindel.
A Gnose.
A gnose é um conhecimento esotérico que surgiu na Antiguidade. Desenvolveu-se no seio do cristianismo antigo, principalmente na Ásia Menor e no Egipto (Alexandria). A gnose contém elementos de antigas doutrinas provenientes da Grécia e da Babilónia, do judaísmo e do Egipto faraónico. Todas se orientaram para a exégese mística e esotérica dos mistérios cristãos. Na maior parte dos casos relacionam-se com ritos iniciáticos, capazes de provocar o êxtase.
Do ponto de vista da doutrina, a gnose revela uma surpreendente homogeneidade quando estuda os mistérios da "queda" e da "redenção" do homem. Pode-se dizer mesmo que a gnose vai mais longe do que a interpretação vulgar da revelação testamentária, uma vez que remonta às origens do acto criador e desenvolve uma tese que transcende os mitos bíblicos. Para esta doutrina, o problema do bem e do mal estão ligados ao conhecimento (gnose) e à ignorância.
Havia numerosas escolas gnósticas no passado. O cristianismo desse tempo via nelas uma espécie de heresia, mas, curiosamente, foi através dos escritos dos Padres da Igreja que a sua doutrina essencial chegou até nós.
Os Gnósticos
O termo "gnose" significa, em grego "conhecimento". Não se trata do conhecimento empírico do mundo físico, mas o conhecimento místico de Deus. Os gnósticos eram filósofos místicos. Diziam que o homem podia conhecer pela razão o segredo da divindade e a essência do mundo.
Alguns historiadores costumam considerar o gnosticismo como um ramo do cristianismo. Outros, porém, acham que o cristianismo cresceu com base no gnosticismo e que este é mais antigo que o cristianismo. Há, por certo, uma parcela de verdade tanto num como noutro ponto de vista.
Os Cristãos
No século I já existiam no seio das comunidades cristãs várias correntes em luta entre si. Na Revelação, de S. João, mencionam-se os herejes nicolaítas.
No século II acentuou-se a luta encarniçada entre seitas e correntes. As mais interessantes de todas foram os movimentos dos gnósticos, especialmente dos marcionitas, e o movimento dos montanistas. A Igreja desse tempo, que se apresentou como a Nova Profecia, tomou a defesa da pistis, a fé, e reagiu contra os "gnósticos", que eram partidários da salvação por meio do conhecimento (gnose). No entanto, o estudo da teologia gnóstica mostra até que ponto as teologias das várias confissões cristãs actuais lhes são devedoras de vários princípios dogmáticos.
A Influência dos Gnósticos
A doutrina gnóstica do Logos (o Verbo), passou para o cristianismo na figura de Cristo Salvador. Isto é visível, em especial, no quarto Evangelho (segundo S. João), impregnado de espírito gnóstico: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus...1".
Há um livro, chamado Tratado Tripartido, escrito por um gnóstico (Heraclião, discípulo de Valentim), que expõe a concepção trinitária de Deus, composto de Pai, Filho e Ekklésia, na acepção que lhe dá Hermes: "comunidade mística de fiéis". Quase um século antes do concílio de Niceia, Heraclião concebe a trindade tal como irá penetrar no dogma católico: o Pai, o Filho e o Pneuma/ Espírito Santo.
Outro livro, intitulado Pistis Sophia, é uma espécie de romance filosófico em que Jesus e Sofia (a Sabedoria) desvendam a complexidade do universo regido por uma coorte de entidades, no seio das quais a alma procura, em peregrinação iniciática, a luz da salvação. O Pistis Sophia, que se pode considerar o "Livro dos Mortos" cristão, revela a vontade de pôr em concordância a gnose (conhecimento intelectual) e a pistis (fé).
Na época, porém, a corrente cristã intelectual foi vencida pelo cristianismo popular, pouco inclinado a deixar-se arrastar para tais especulações.
Glossário
Dogma. Do grego, com sentido de "decreto", "mandato". Desde o século XVIII significa uma imposição doutrinal sem base crítica dos seus princípios, apenas fundamentada na autoridade.
Exégese. Do grego, "explicação" ou "interpretação". Ciência que estuda o sentido de um texto, uma palavra ou uma frase.
Heresia. Separação, eleição. A palavra deriva do grego airesis, que significa ruptura, separação. No âmbito religioso, é considerado como heresia o desvio, opção, opinião particular ou não, que se afasta ou separa da doutrina oficial da Igreja.
Marcião. Rico armador de Sínope, no Mar Negro. Em 144 funda um movimento, por estar em desacordo com os presbíteros acerca de diversas passagens do Antigo Testamento. O seu movimento durou séculos, florescendo na Idade Média.
Nicolaítas. Um dos numerosos grupos gnósticos que surgiram no século I. Havia outros, como os ofitas, cainitas, etc. Cf. Ap., 2, 6 e 15.
Valentim. Membro da principal escola gnóstica, a egípcia. Foi a escola que produziu o sistema de maior maturidade. Valentim viveu em Roma entre 160-170 d.C.
Padres da Igreja. São os autores que reúnem as quatro condições seguintes: 1. Ortodoxia na doutrina; 2. Santidade de vida; 3. Aprovação da Igreja; 4. Antiguidade. Há "Doutores da Igreja" que não foram considerados "Padres da Igreja".
Bibliografia.
Orbe, Antonio – La Teologia dei Secoli II e III, Il Confronto della Chiesa con lo Gnosticismo, Vol I: Temi Veterotestamentari, Pontificia Università Gregoriana, Roma, 1995; Tokarev, Sergei – História das Religiões, Edições Progresso, 1986; Vaneigem, Raoul – As Heresias, Edições Antígona, Lisboa, 1995; Visieux, Dominique – La Pistis Sophia et la Gnose, Pardès, 1988.
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