domingo, 4 de abril de 2010
Clérigos.
O Mundo Ausente é povoado de criaturas exóticas ocultas dos olhos da humanidade. Inclusive Deuses Antigos, que travam uma eterna batalha silenciosa pelo coração e a fé das pessoas. Sua origem é incerta, seus propósitos, gananciosos ou desesperados, são sempre obscuros e lutam para não serem esquecidos, para não desaparecerem nas brumas implacáveis do Tempo. Algumas destas Divindades ainda detém poder o suficiente para compartilhar com os mortais e escolher aqueles que representarão sua vontade no mundo físico. Estes mortais são conhecidos como Clérigos.
O Clérigo é um veículo da vontade da Divindade que o escolheu e tem deveres a cumprir, palavras a espalhar, missões a executar para continuar sob as graças do Imortal. Um Clérigo que demonstre incapacidade ou insubordinação, na melhor das hipóteses perderá todos os dons recebidos. Na pior das hipóteses, será vítima de uma catástrofe fatal ou tombará morto diante de seu substituto.
Por razões óbvias, Clérigos são intolerantes com outros que servem outros Poderes. O resultado desta intolerância irá variar de acordo com a Divindade a que se serve: Deuses mais sombrios exigirão reações mais drásticas de seus Clérigos.
Embora existam dezenas de Divindades disponíveis em Naipes Estranhos (tanto no Plano Coeso quanto no Plano Etéreo), abordaremos por enquanto apenas três casos: Clérigas de Morrigan, Clérigos de Anúbis e Clérigos de Thor.
Clérigas de Morrigan Morrigan é a Deusa Celta da Batalha. Freqüentemente aparece para seus seguidores na forma de um grande corvo negro. Na Antiguidade, seu culto (ou variações) se estendia desde a Irlanda até o interior da França, entre os Gauleses com seu mito sofrendo pequenas variações. Seu mito costuma estar associado também às lendárias guerreiras Valquírias. Recentemente, porém, durante a Segunda Guerra Mundial, as Valquírias se posicionaram ao lado de Hela e das forças do Eixo para desestabilizar o planeta. Morrigan e suas Clérigas ofereceram seus préstimos aos Aliados.
Morrigan ama a guerra acima de tudo. Acima de ideologias, facções políticas ou justiça, para Morrigan o importante é o estado de permanente batalha. A Deusa, segundo um poema antigo, "extrai o sangue do coração de seus inimigos e o cerne de seus valores". Suas escolhidas são sempre mulheres e cruzam o mundo atrás de guerras e conflitos, para abençoar os guerreiros e prometer-lhes a vitória. A carnificina é sua meta, em grandes quantidades.
As Clérigas de Morrigan raramente entram na linha de frente de uma guerra. Sua função é encantar os soldados que irão lutar em nome da Deusa e manter acesa a chama da batalha. Apesar disto, são oponentes perigosas, capazes de se defender com maestria e dotadas de força sobre-humana. Por imposição da divindade, estas Clérigas estão proibidas de usar armas de fogo ou Magias de dano direto (magias de Projétil, Toque Mortal etc) em seus oponentes. Uma Clériga de Morrigan luta somente com armas brancas e utiliza encantos apenas para ampliar suas chances na batalha.
Podem ser convencidas a participar de aventuras ao lado de outros seres sobrenaturais, mas apenas se a contagem de corpos for elevada.
Clérigos de Anúbis Anúbis é o Deus Egípcio da Morte. Entidade de origem misteriosa, idolatrado desde os primórdios do Reino Antigo e mencionado nos Textos da Pirâmide como o guardião dos mortos, o senhor de Necrópolis. Posteriormente foi perdendo espaço no Panteão para Osíris, supostamente sua mãe, tornando-se aquele que julga a alma dos mortos, separando os justos, que seriam conduzidos por ele até a presença de Osíris, daqueles de coração impuro, que teriam suas almas destruídas. Com o fim do politeísmo no Egito, os velhos Deuses foram desaparecendo no esquecimento, com poucas exceções.
Alguns afirmam que Anúbis foi despertado de seu sono no Antigo Egito pelas tropas nazistas de Rommel, durante a Segunda Guerra. Outros acreditam que ele tenha se tornado um Deus da Morte nômade desde o fim da última dinastia egípcia, sobrevivendo das matanças provocadas pelos Executores e os Clérigos. Independentemente de seu paradeiro anterior, Anúbis declarou guerra a Hela e a Emma-O, disputando o trono unificado de Deus da Morte.
Os Clérigos de Anúbis são grandes assassinos, em muito parecidos com seus supostos "irmãos", os Serial Killers. Ainda que Anúbis raramente lhes encarregue de alguma missão, a obrigatoriedade de tirar a vida humana pelo menos uma vez por semana os persegue. A certeza de que suas ações são aprovadas (e incentivadas) pela própria Morte, os tornam excessivamente confiantes. Ao contrário dos Assassinos Seriais, entretanto, seus poderes estão mais relacionados ao aspecto místico da morte: Clérigos de Anúbis são capazes de revelar a visão da morte em seus inimigos, conversar com os espíritos dos falecidos e mesmo drenar a essência vital de suas vítimas.
Indivíduos sombrios, endurecidos pelo peso (ou pela "honra") de suas funções, poucas vezes são vistos em companhia de outros membros do Mundo Ausente. Não apresentam nenhuma intolerância específica: aos seus olhos todos os seres vivos são oferendas em potencial ao Deus-Chacal, sem distinção.
Há rumores de uma guerra secreta entre Anúbis e poderosas entidades entrópicas, que se arrasta desde antes de seu período no Egito Antigo. Isto explicaria a capacidade inata de seus Clérigos de provocar dano maciço em mortos-vivos.
Clérigos de Thor Thor é o Deus Nórdico do Trovão. O poderoso filho de Odin é geralmente retratado como um homem largo e forte, com barba vermelha e olhos faiscantes. Apesar da aparência intimidadora, tornou-se muito popular por ser o protetor de deuses e homens contra as forças do mal. Ao contrário do seu pai, primeira divindade do Panteão Nórdico, Thor não exigia sacrifícios humanos em seus templos. Seu culto foi proibido durante a dominação Juliot na Europa e sua influência no coração dos homens diminuiu. Entretanto, por ser uma divindade recente, muitos dos seus poderes permanecem e ele foi visto combatendo pessoalmente a insana deusa Hela durante a Segunda Guerra Mundial.
Por ordens de Odin, Thor não está mais autorizado a lutar ao lado dos mortais, mas isto não o impede de ocasionalmente se misturar entre os humanos em festejos ou mesmo em momentos difíceis. Thor pode dar conselhos a seus Clérigos ou a seus amigos, mas não é conhecido por sua sabedoria.
Clérigos de Thor devotam sua vida a cumprir os desígnios da Divindade, em sua eterna luta contra o avanço das Trevas. Não fogem da luta se o motivo for justo e se valem dos poderes místicos de controlar relâmpagos, trovões e ventos violentíssimos para subjugar seus oponentes. Não apenas por uma força sobre-humana, mas o dano provocado por um Clérigo de Thor é sempre maior do que o normal, como se o próprio deus conduzisse seus golpes.
Apesar da tradição do uso do martelo de guerra como arma de preferência, estes clérigos não estão impedidos de aprender a usar outras armas, inclusive as de fogo. Afinal, os martelos de combate são pesados, grandes e muito difíceis de se transportar sem chamar atenção.
Clérigos de Thor são diferentes dos clérigos das demais divindades por carregarem uma grande alegria de viver em seus corações. Isto se reflete na dificuldade de seus inimigos em subjugarem sua vontade, mas também está presente em seu desejo incontrolável de celebrar. Podem ser grandes aliados em aventuras ao lado das forças do bem. Entretanto, tem o hábito de agir primeiro e pensar depois.Wikepédia.
Vampiros.
Também conhecidos como Noctívagos. Formam quatro grupos distintos neste Mundo e outras duas ramificações também são conhecidas, exclusivas da Faéria.
* Primevos, mais comuns. Oriundos da Primeira Expedição.
* Anjos Maculados, de rara beleza. Oriundos da Segunda Expedição.
* Quasímodos, de carne deformada. Oriundos da Segunda Expedição.
* Shutomah, exilados no Arquipélago Japonês. Oriundos da Terceira Expedição.
* Colônia, de organização social similar à das formigas. Derivação mutante da Primeira Expedição, habitam o interior de determinadas montanhas do continente Elgiano no Plano Etéreo.
* Leviatãs, adaptados para a vida submarina. Derivação mutante da Primeira Expedição, habitam o fundo dos Oceanos Rubros do Plano Etéreo. Raramente são vistos.
Anatomia e Sociedade dos Vampiros Fato inegável: Vampiros são seres vivos. Qualquer Magia relacionada a organismos vivos se aplica a eles. Eles nascem de um ventre humano, crescem, se alimentam, se reproduzem (na época certa) e morrem após alguns séculos devido à idade avançada (existem boatos de criaturas vampíricas entre a Casa Juliot, que através da Magia Negra teriam alcançado a casa dos mil anos, mas provavelmente são lendas).
Apenas uma mulher humana pode gerar um Vampiro, processo que sempre lhe é fatal: o primeiro ato do pequeno ser que nasce é drenar brutalmente a vitalidade de sua genitora. Tal sina não pode ser contornada, exceto talvez nos primeiros meses de gestação, quando um Sucesso Decisivo em Remoção de Maldição pode anular a gravidez. As mulheres escolhidas para este fim são sabiamente protegidas pelas vampiras responsáveis. A escolha da genitora varia de Casa para Casa e até de Vampiro para Vampiro. Há aqueles que preferem contar a verdade e transformar tudo em um ato de amor e há também aqueles que tratam-nas como gado procriador, escolhendo aquelas de maior vitalidade. O macho Vampiro apresenta apenas três ou quatro períodos férteis em toda a sua vida, apesar de seu apetite sexual ser completamente normal dentro de nossos padrões. Estes períodos são muito claros para ele, embora difíceis de explicar para aqueles que não sentem. Normalmente são descritos como um estado de euforia e paz consigo mesmo. Dentro da sociedade vampírica a mulher da espécie é vista como dotada de uma papel inferior ao do homem, servindo apenas como guardiã da genitora e posteriormente como tutora do pequeno Vampiro. Sua organização social evolui muito lentamente em relação à sociedade humana, por isso o Feminismo ainda é um fenômeno raro e inconveniente.
O Vampiro cresce sempre dentro de uma estrutura familiar: ele conhece seu pai e irmãos, assume sua tutora como se fosse uma mãe, respeita seus tios e avós e se dá com seus primos. A esta Estrutura se dá o nome de Casa e existem dezenas de Casas Vampíricas espalhadas pelo Plano Terrano e Etéreo. No passado eram comuns conflitos e até mesmo guerras entre elas e muitas foram completamente dizimadas ao longo da História. A época atual é um período de relativa paz dentro da comunidade.
O Vampiro é capaz de consumir alimentos e bebidas. Aliás, como todo organismo vivo, ele precisa consumir estas coisas. Ainda que seja possível um Vampiro passar fome e sede, ele nunca irá sofrer Dano em decorrência disto. Um redutor de Concentração pode ser aplicado na pior das hipóteses e nada mais. Entretanto, uma vez por mês, pelo menos, ele precisará drenar toda a HT de um ser humano até a morte, ou sofrerá os efeitos nocivos de uma Dependência Comum. Um Vampiro não precisa respirar, mas sofre os efeitos da falta de sono como um simples humano; durante o dia é um ótimo período para descansar e dormir.
Existem apenas quatro formas de um Vampiro morrer. A primeira delas é através de Dano provocado por madeira, seja Perfurante, de Corte ou Contusão. Uma árvore gigante caindo em cima de um deles é um trágico fim. A segunda forma é através da exposição a luz de um Sol (qualquer sol, mas não tem nenhuma relação com raios ultravioleta). Este efeito não pode ser evitado por roupas, embora possa ser evitado por meios místicos (Trevas , por exemplo) ou se escondendo (dentro de uma tumba...). A terceira forma de se matar um Vampiro é utilizando Magia: feitiços que provocam Dano e armas místicas. Criaturas sobrenaturais não entram nesta categoria. Por fim, o Vampiro pode morrer devido à idade avançada, o que acontece depois do quarto século aproximadamente, quando ele literalmente vira cinzas. Geralmente, ele adoece antes disso e morre em seu leito final. Agora, é importante ressaltar que qualquer Vampiro pode ser ferido por qualquer arma, de qualquer forma. Mas ele regenera rapidamente.Mesmo que ele seja completamente destruído em um acidente nuclear, ele recomeçará a se reconstruir no segundo seguinte e estará pronto para outra tão logo atinja um patamar de HT que permita isto de acordo com as regras normais.
A origem desta raça encontra-se envolta em Trevas e ignorância. Os Vampiros mais antigos raramente ultrapassam o tempo de 400 anos de idade e seus registros históricos variam de família para família, geralmente se confundindo com superstições primitivas ou explicações pseudo-científicas.
O relato mais fidedigno do surgimento da Maldição foi obtido através do Oráculo da Cidade Perdida de Trancentral e deverá ser utilizado pelo GM sempre que for necessário. Entretanto, vale ressaltar, que a esmagadora maioria da população vampírica não tem conhecimento desta Verdade e irá acreditar em teorias diversas e muitas vezes contraditórias. O Mestre de Jogo deve se sentir livre para criar suas próprias conjecturas, desde que não atrapalhem a mecânica de Naipes Estranhos. Um Vampiro que tenha, de alguma forma, acesso à Verdade tenderá a duvidar dela ou dar-lhe tanto crédito quanto a qualquer outra hipótese fantasiosa em voga.
Seu surgimento está ligado à origem do Universo, quando a Essência Vital fluía livremente através do Vazio do espaço. Da associação coerente de focos desta Essência surgiu a primeira consciência do que viria a ser o Vampiro. Determinados focos aglutinados formaram os primeiros seres vivos, ainda incorpóreos, talvez proto-almas de Deuses, o relato de Trancentral não é muito claro. Outros focos desta Essência formaram planetas e estrelas. Mas alguns desenvolveram um instinto parasitário que os levavam a consumir outras formas de vida e mesmo a energia das ainda nascentes estrelas. O Universo estava fadado ao colapso diante da imensa fome destes parasitas, se uma força maior não interferisse. Foi quanto a Voz proclamou a Maldição: os focos degenerados seriam confinados dentro de algo novo chamado Matéria e constituiriam Corpos condenados a vagar pelo Vazio vulneráveis à Vida e luz das estrelas, em eterna fome.
Mas o passar das Eras aprimorou a inteligência destes Corpos e sua Mente moldou-lhes a matéria em uma forma perfeita, construiu-lhes meios de locomoção e eles passaram a se alimentar de outros seres materiais que haviam surgido, levando a morte e o desespero aos confins do cosmos. Uma vez mais a Voz proclamou: mandamentos foram criados e um objetivo foi dado aos degenerados, fugir desta sina seria a condenação final, a aniquilação. Seus novos Corpos aprimorados (bizarras formas de asas membranosas e virtualmente indestrutíveis) não poderiam mais ser utilizados para caçar vítimas: os condenados seriam obrigados a se mesclar aos habitantes nativos de cada mundo visitado, nascer e morrer como um mortal qualquer e aprender o sentido da existência, para assim alcançar uma libertação.
Foi então que a Primeira Expedição alcançou um pequeno planeta com vida consciente em desenvolvimento: a Terra. Os primeiros Vampiros abandonaram seus corpos monstruosos e fecundaram humanas, esqueceram suas origens e se desenvolveram em uma nova raça no novo mundo. Através de portais abertos naqueles primeiros tempos eles alcançaram também a Faéria. Um Vampiro em seu corpo original foi deixado para zelar e estudar aquela colônia na Terra e ele é conhecido como O Primeiro. Seu paradeiro é desconhecido, mas ele está lá, vigiando sempre. Assim, o veículo que os trouxe partiu para a imensidão do espaço, para inseminar outros mundos na eterna busca pelo conhecimento.
Para assegurar a vulnerabilidade dos Vampiros à Vida, a madeira foi escolhida como ponto fraco desta nova espécie, como símbolo da vida neste novo planeta .Wikepédia.
Os Ventos.
Parti com os ventos
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...
Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...
Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...
Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...
Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...
Maria Ana Tavares
O Corpo de Pecado – A Autopossessão.
Há uma região (a inferior do Mundo do Desejo) que é o ambiente em que se movem os espíritos errantes. Neste plano eles estabelecem uma íntima ligação com as pessoas "vivas" que sejam mais facilmente influenciáveis. Geralmente, permanecem nestas condições durante cinquenta, sessenta ou setenta e cinco anos. Já observámos casos em que tais infelizes permaneceram séculos no ambiente físico. Tanto quanto foi possível investigar, parece não haver limite para o que possam fazer. Nem se pode prever, com segurança, quando possam deixar de actuar, por obsessão ou sugestão. Deste comportamento resulta uma tremenda responsabilidade da qual não poderão fugir, uma vez que o corpo vital reflecte e grava profundamente, no corpo de desejos, o registo de todas as acções. Quando, finalmente, abandonarem a vida errante, é que iniciam a existência purgatorial. E aí encontrarão o merecido castigo.
O sofrimento destas pessoas é, naturalmente, proporcional ao tempo em que estiveram nestas condições, depois da morte do corpo físico.
O corpo-de-pecado é o veículo formado pelos corpos vital e desejos amalgamados. Não se desintegra tão facilmente como os outros, quando é abandonado pelo espírito.
Quando este espírito renasce, atrai naturalmente o seu corpo-de-pecado. Vive com ele, geralmente, durante toda a vida, como um demónio. As investigações efectuadas revelam que este tipo de criaturas sem alma, eram abundantes nos tempos bíblicos. O Salvador referia-se-lhes chamando-lhes "demónios". São a causa de diversas obsessões e doenças físicas (erradamente atribuídas por vezes a outros espíritos). Ainda hoje, uma boa parte do Sul da Europa e Oriente é prejudicada pela sua influência. Em África, há tribos inteiras que, por causa das suas práticas de magia negra, arrastam consigo estes tenebrosos espectros. O mesmo se pode dizer dos indígenas da América do Sul.
No entanto, o mal não é um exclusivo dos povos menos desenvolvidos. Encontramos esses demónios mesmo entre os habitantes dos países ditos civilizados, no Norte da Europa e na América tanto do Norte como do Sul. A sua forma é, porém, menos repugnante do que nos casos atrás citados, frequentemente associados a práticas abomináveis.
A possibilidade de a guerra contribuir para que os corpos vital e de desejos se pudessem unir fortemente entre si preocupou-nos imenso tempos atrás. Poderia originar o nascimento de legiões de monstros que afligissem as gerações futuras. Concluímos, todavia, com satisfação, que esse receio era infundado. A cristalização do corpo vital e a sua forte ligação ao corpo de desejos só acontece como resultado da perversidade, da vingança premeditada e quando se alimentam estes sentimentos por muito tempo.
Os arquivos da Grande Guerra informam-nos até que, em alguns casos, os combatentes de ambos os lados, uma vez cessadas as hostilidades ou impedidos de permanecer em combate, se relacionavam normalmente sempre que para tal havia oportunidade.
Por isso, ainda que a guerra seja causadora de enorme mortalidade, mesmo infantil, não pode ser acusada, no entanto, das penosas consequências da obsessão nem dos crimes induzidos por esses tenebrosos corpos-de-pecado.
Os corpos-de-pecado abandonados permanecem normal e preferencialmente nas regiões etéreas inferiores. A sua densidade coloca-os no limiar da visão física. Algumas vezes materializam-se, atraindo alguns constituintes do ar, até se tornarem perfeitamente visíveis às suas vítimas.
Max Heindel.
A Astrologia e os Imperadores Romanos.
Octávio (63 a.C.-14 d.C.), que mais tarde seria Augusto, o primeiro imperador romano, estava certa vez em sua vila Apolónia; sentia-se aborrecido porque não tinha inimigos a vencer e então resolveu consultar um astrólogo para se distrair bem como ao seu amigo Agripa.
Em obediência às ordens do grande imperador apresentou-se o celebre astrólogo Theagenes, o favorito das damas romanas. O astrólogo principiou por se referir a Agripa. Revelou-lhe um futuro cheio de maravilhas, felicidades, riquezas e triunfos.
"Então, nada sobra para mim – observou Octávio –, é inútil dar-vos a data do meu nascimento. Jamais poderei ser tão feliz como meu amigo".
o astrólogo insistiu com tal habilidade que o César, intrigado, resolveu dar-lhe a data do nascimento. Depois de alguma reflexão o astrólogo precipitou-se aos seus pés e adorou-o como o futuro senhor do universo e do Império. Octávio, cheio de alegria, espalhou por toda parte a boa nova do astrólogo e, quando a profecia se realizou e ele assumiu o poder supremo, ordenou que gravassem medalhas com os signos zodiacais e as figuras planetárias sob as quais ele havia nascido e que tanto o favoreceram para conquistar a glória.
Tibério foi a Rodes para aprender astrologia com um sábio famoso e nomeou astrólogo oficial o celebre Trasilo, de renome universal. Esse desconfiado imperador lançava mão da astúcia e dos conhecimentos da astrologia para conhecer o futuro alheio. Temendo os rivais e os traidores, mandava levantar o horóscopo dos personagens mais célebres, para ver o que neles havia de perigoso.
Assim, a astrologia era um dos seus meios de governar o Império e de conservar sua posição. Nero quis aprender a levantar horóscopos, mas desistiu por achar muito difícil; não conseguindo resultados pessoais, servia-se frequentemente do astrólogo Babilus. Sua mulher, a bela e encantadora Pompeia, vivia com o palácio cheio de astrólogos que consultava noite e dia.
Seguindo o seu exemplo as damas romanas consultavam os astrólogos a respeito dos seus amigos, suas doenças, suas frivolidades. Os satíricos da época ridicularizavam essa mania e consideravam perigosas as mulheres que consultavam a astrologia para desvendar os segredos alheios.
Certas patrícias, sob o aspecto dos astros, recusavam acompanhar seus maridos à guerra ou nas viagens; outras, doentes, não se alimentavam nem tornavam remédios senão nas horas governadas pela Lua. Outras ainda procuravam encontros amorosos, somente na hora em que Vénus se encontrasse em bom aspecto com o planeta que favorecesse o marido.
Os astrólogos da época, os mais reputados, vinham da Ásia e gozavam, junto das senhoras ricas romanas, da fama de Magos do Oriente. Eram chamados "Caldeus". As patrícias ricas tinham astrólogos particulares e consultavam-nos para tudo, mesmo nas circunstâncias mais fúteis da vida. Um romano daqueles tempos não faria uma viagem, mesmo para almoçar fora da cidade, sem saber, por intermédio do seu astrólogo, qual a hora favorável para a partida, se o almoço seria bom, se as lampreias estariam saborosas ou não, e se o vinho de Falerno seria abundante, delicioso e fresco. As damas romanas usavam e abusavam do astrólogo: era uma espécie de móvel favorito, o complemento do vestiário, o objecto de adorno, a avis rara, o porta-felicidade, enfim, um deus mais forte e venerado do que Júpiter Olímpico.
Os sucessores de Augusto também consultavam os astrólogos, mas estes não tiveram o mesmo espírito e habilidade que o famoso Theagenes soube demonstrar perante Octávio; limitaram-se a dizer toda a verdade, embora nua e crua, revelada pelos astros. Isto custou-lhes a liberdade e até a vida. Segundo Juvenal, há um meio de se fazer conhecido e aumentar o renome. Não há nada de novo sob o sol, "nil novi sub sole": é o que se dá ainda com os políticos e a maior parte dos astrólogos.
Para se atingir o brilhante sol da glória é necessário que se fique na sombra. O grande satírico latino dí-lo com inimitável malícia: "Um astrólogo, nos nossos tempos, não terá fama enquanto não for acorrentado e não tiver dormido nas palhas das prisões. Se tu não tiveres sofrido condenação, ó caldeu, ó adivinho, ó astrólogo, ó feiticeiro, não passarás de um homem vulgar; mas se já escapaste da pena de morte, ou se, por um favor insigne, o édito de César te condenou ao exílio nas ilhas Cíclades, as damas romanas e as patrícias ficarão loucas por ti; haverá brigas e, onde fores, oferecer-te-ão refeições e bebidas que te arredondarão a pança." (Juvenal – Sátira VI).
Examinemos os outros césares. O guloso Vitélio (15-69 d.C.) detestava os astrólogos; chegou a publicar um édito para os expulsar de Roma. Os astrólogos, então, predisseram que o César sairia deste mundo antes que eles saíssem da cidade; isto aconteceu, de facto, pois, antes do fim do ano, César foi assassinado.
Vespasiano também os perseguia; entretanto, não desprezava as predições do celebre Babilus e recorria sempre aos horóscopos.
O amor às ciências ocultas e, em particular, à astrologia, custou caro a Septímio Severo. Tinha perdido a esposa e, desejando casar-se novamente, mandou levantar os horóscopos das jovens mais dotadas de beleza e, sobretudo, das mais ricas. Os temas natais indicaram-lhe que nenhuma das raparigas em questão possuía a fortuna que desejava. Todavia, um astrólogo informou-o que havia, na Síria, uma linda jovem a quem os astros lhe reservavam um rei como esposo. Severo ainda era um simples general, mas apressou-se em pedir a mão da jovem, tão favorecida pela sorte. O pedido foi aceite. Mas, uma duvida surgiu no espírito do general. Se a jovem fosse um dia coroada, participaria ele, Severo, dessa coroação, teria ele sucesso? Cruel angústia! Somente um astrólogo poderia solucionar a dúvida e Septímio, sabendo que na Sicília havia um sábio de renome, para lá se dirigiu. Mas o império romano estava a ser governado pelo louco e feroz Cómodo (161-192 d.C.). Este, sabendo que o seu general seria um dia o seu sucessor, resolveu mandar cortar-lhe a cabeça. Felizmente, Cómodo foi estrangulado antes disso. Um astrólogo já havia prevenido Septímio Severo e dito que ele e Júlia, sua esposa, ocupariam o seu lugar no trono dos Césares.
Como se vê, a astrologia não é uma ciência vaga e exige muito cuidado, trabalho e intuição para que se possa ler e dizer exactamente o que se acha anunciado pelos astros. Rev.R.Cruz. nº 368.
O porquê do Mal no Mundo.
O demônio disseminou a idéia de que é bom ser mau (!). Pasme-se em ver do que é capaz o diabo! E esse inacreditável conceito difundiu-se sobre a Terra através dos exemplos.
Agora que está claro o que é bom e o que é mau, deve ser explicada a razão do Mal proliferar no Mundo, transformando-o cada vez mais em um plano de manifestação aparentemente insuportável para os bem intencionados.
Como já foi dito, o Homem caiu em estado de pecado por obra do diabo, que enganou Eva. Ao cair no erro mortal (pois que por ele passou a ficar sujeito à finitude cósmica, isto é, à morte espiritual total, com a dissolução imediata no Nada ou com a desalmificação eterna, no Inferno), o Homem saiu do Paraíso e ingressou no Mundo fenomênico, que é justamente o reino do demônio.
Assim, pode-se afirmar que tudo o que existe de ruim, toda a maldade, toda iniqüidade, é diretamente relacionado com a matéria. No início, o ser humano foi enganado pelo diabo, evidenciando-se como é daninha a desobediência a Deus. Nos dias de hoje, a malignidade já proliferou a um ponto tal que os homens com ela compactuam conscientemente, transformando-se em verdadeiros demônios encarnados (e foi isso que levou Sartre a escrever que “O Inferno são os outros”).
Astuto, o demônio disseminou a idéia de que é bom ser mau (!). Pasme-se em ver do que é capaz o diabo! E esse inacreditável conceito difundiu-se sobre a Terra através dos exemplos, pois como já se explicou, é este plano uma escola de exemplos. De tanto ver a aparente vitória dos ímpios, os homens, em sua grande maioria, entregam-se à servidão mais abjeta e miserável aos desígnios de Satanás. Isto é feito através da glorificação do Bezerro de Ouro, com a adoração de bens materiais.
Quando um ser humano elege certos objetivos materiais como metas fundamentais de vida, está aderindo ao Mal. Por exemplo: o acúmulo de dinheiro ou de poder, a obtenção de vantagens sobre o próximo, a posse de cada vez mais bens, a satisfação dos desejos mais iníquos e que ferem profundamente os direitos do próximo, às vezes atingindo-o em sua inocência ou mera ignorância, tudo isso se constitui em parte da obra diabólica, que consiste essencialmente em tentar sabotar a Obra de Deus.
Freqüentemente homens ruins, perversos ao extremo, são bem sucedidos em atividades empresariais ou como funcionários de empresas, e vão subindo a cada dia em suas trajetórias rumo a um crescente sucesso, sem que nenhuma punição divina pareça desabar sobre eles. Muitas vezes esses homens são governantes de um país e se perpetuam no poder até a hora da morte, sem que se tenha visto alguma sanção sobre eles. Dirseia que foram bem sucedidos mesmo sendo extremamente execráveis (ou por isso mesmo). Esses exemplos vão fazendo escola e é por isso que o Mal se espalha pela Terra.
Por que tais demônios encarnados, que fizeram de suas vidas o Inferno de tantas outras criaturas obtiveram o sucesso material no plano terrestre? Muito simples: porquê contaram com o poderoso apoio do demônio, que os usou para que fossem erigidos em exemplos do sucesso do Mal na vida material. E assim vai o diabo firmando seu sofisma: é bom ser mau. O destino que aguarda aqueles miseráveis após a morte é o ingresso definitivo nas hostes da serpente que os apoiou e que, depois de tê-los usado como demônios encarnados, passa a utilizálos como demônios sem corpo físico e sem alma, isto é, como segmentos do Mal, dotados de autoconsciência e identidade própria. A identidade de tais seres se constitui da maneira pela qual compreenderam o diabo quando em vida e, após terem morrido, a personalidade hórrida que manifestaram no Mundo passa a figurar como registro infernal, como um dos incontáveis miasmas da podridão mais abominável de que é formada a Geena.
São justamente tais demônios que se corporificam como íncubos e se relacionam sexualmente com certas mulheres de índole perversa e ignóbil, dando seqüência à proliferação das bruxas. Como ensina Santo Agostinho em “De Christiana Veritate”, a origem de toda bruxaria se atém à associação pestífera entre seres humanos e demônios e é por essa via que o Mal vai se espalhando sobre a face da Terra, tudo fazendo para tentar solapar a unidade da Igreja.
Deus, em sua Perfeita Sabedoria, permite a disseminação do Mal e a multiplicação dos demônios encarnados, das bruxas e de outros entes igualmente asquerosos no Mundo para que o Homem tenha ocasião de usar seu livre-arbítrio e possa fazer sua opção conscientemente, repelindo essas abominações ou a elas aderindo. Pois que assim como se sucedem os maus exemplos, inclusive com o aparente êxito dos piores tipos, da mesma forma são numerosos os bons exemplos e é por isso que a Igreja canonizou tantos cristãos e cristãs de vida excelsa, que se entregaram ao cumprimento do Novo Mandamento(*), que nos foi legado por Nosso Senhor Jesus Cristo, e não esmoreceram ante nada para atingir o ideal seráfico.
Tamanha é a força do Mal neste Mundo governado por Satã que em certa época, apesar de toda a profilaxia que vinha sendo levada a termo pelo Santo Ofício, a multiplicação de bruxas havia atingido tal nível que a cada uma dessas miseráveis capturada surgiam duas outras (em certa diocese da Alemanha em um só dia 41 bruxas foram queimadas). Imagine-se nos dias atuais, quando a salutar cruzada contra aquele foco satânico foi desativada, a que ponto já não chegou o crescimento dessa pústula! Feiticeiras e bruxos, adoradores do diabo e toda uma miríade de energúmenos agem hoje impunemente, contando com a admiração das massas, que acreditam na impostura dos oráculos, nas falácias da astrologia e em outros embustes.
E desse modo vai a Humanidade caminhando para o precipício que dá para o Inferno post mortem. Na verdade, se o Santo Ofício viesse a ser reativado, em um governo teocrático o que seria uma possibilidade de melhoria para as atuais condições de vida na Terra, teria de ser feita a incineração implacável de todos os representantes do diabo, tais como traficantes de drogas, fomentadores de guerras, governantes corruptos e outras abominações, para que houvesse condições de se reiniciar a reconstrução da sociedade moderna com base em valores éticos e virtudes salvíficas, tal o ponto a que chegou a dissolução dos costumes, por obra de Satanás.
Entretanto, mesmo nesse cenário macabro qualquer homem pode se salvar, bastando que não ceda às tentações, não se deixando iludir pelos maus exemplos, permanecendo íntegro em meio a tanta iniquidade. Cabe mesmo dizer que teria sido mais fácil aos Santos Mártires enfrentarem o martírio pois que se deu praticamente de um só golpe do que ao homem moderno suportar o martirológio do dia-a-dia em meio a tantos demônios encarnados dos quais depende e com os quais tem de conviver para manter a família, sendo que muitos desses acólitos do diabo são justamente os que fazem as leis e as executam, para tormento dos justos e sofrimento dos humildes. Que são os assalariados de hoje, em sua esmagadora maioria, senão escravos modernos submetidos ao jugo de representantes das Trevas? O que é a sociedade de consumo senão uma engrenagem diabólica azeitada diretamente por Satã? O que são os governos modernos senão clones do Principado Infernal? Por isso disse Jesus, claramente: “Meu reino não é deste Mundo”Vicente Velado.
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