contos sol e lua

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sábado, 13 de abril de 2013

NÁYADES E ONDINAS

Do ponto de vista etimológico "náyade" vem da palavra latina "naias-adis", que a sua vez provêm da palavra grega "vaia-adós", nome com que se designava na mitologia grega as ninfas da água e que encarnavam a divindade do manancial em que habitam. Em cada fonte poderia viver uma só ninfa, chamada ninfa da fonte, ou várias, todas iguais entre si e consideradas irmãs. Nas fontes era freqüente vê-las banharem-se e brincarem. Mortais, porém de grande longevidade, dizia Homero que eram filhas de Zeus com o Céu. Jovens e atrativas, tinham o dom de curar, porém podiam também ser perigosas por sua beleza. As náyades são primas das ondinas e compartem entre si muitas peculiaridades. No entanto, as náyades, contrárias as ondinas, preferem viver em lugares bem tranqüilos, tais como o fundo dos rios e os lagos. Algo que as aborrece é os humanos entrarem em suas águas sem permissão. Quando alguém comete esse sacrilégio, corria perigo mortal, independentemente de quem fosse. As náyades podiam castigar-lhe com uma doença incurável ou a loucura. Contam que nem Nero se livrou de sua ira, estando em Roma, se banhou na fonte de Marcia. Durante vários anos uma estranha parlisia e uma febre alta o manteve na cama. ONDINAS (NIXIE). Espírito elemental da água, as ondinas ou nixies, podem ser vistas no mundo todo com seus rostos ovais, longos cabelos verdes ou dourados e grandes olhos que podem ser verdes ou amarelos. São altas e esbeltas e possuem uma pele que varia de uma cor cinza até um branco com intenso brilho prateado. Suas asas são tão finas como teias de aranha, mas também são imensamente fortes. Carregam pequenas bolsinhas com encaixes feitas de mágicos pedregulhos de cor pálida e, se você encontrar uma dessas pedrinhas, lhe proporcionará uma sorte incomparável. Suas vestes (quando as usam) são transparentes e também com encaixes para carregar as bolsinhas. Gostam de colocar babados esvoaçantes em torno dos decotes, nas mangas e em torno da bainha do vestido, os quais, creio eu, refletem o seu amor pelas águas espumantes. As ondinas adoram cantar e pentear seus cabelos e buscam os humanos para conversar dentro da água. Por causa de uma antiga promessa, as ondinas têm que salvar uma vez ao ano uma alma humana que tenha se afogado na água. Guardam essas pequenas almas em pequenos recipientes de louça em forma de respingos que enterram no leito do rio, de modo que a alma humana pode voltar à Terra de visita uma vez ao ano em Samhain (Holtaalloween). Uma de suas brincadeiras preferidas é perseguir canoas e barcos. Seu lar se encontra geralmente se encontra embaixo das cascatas ou outras formações naturais nas quais a água flui com velocidade. Apesar disso, a tradição popular germânica nos conta que elas possuíam a capacidade de transformarem-se em mulheres maiores que iam andando sobre a terra aos mercados locais, maravilhando-se diante a diversidade de frutas e a variedade das verduras. LENDAS E APARIÇÕES DE ONDINAS. O LAGO CARUCEDO. O lago de Carucedo, na província de Léon (Espanha), com 30 metros de profundidade e quatro quilômetros de perímetro, o qual encerra várias lendas. Um de seus mistérios refere-se à sua origem. Dizem que se formou pela abundância das lágrimas vertidas pela ondina Carissia, que apaixonada pelo general romano Tito Carissio, que dominou o Bierzo no ano 19 a.C. e tomou Castro Bérgidum ou Castro Ventosa, que encontra-se perto de Cacabelos (declarado monumento nacional em 1931) e ali estabeleceu suas tropas de romanos para vigiar a exploração aurífera de Las Médulas. Carissia, segundo as lendas, vivia na mítica cidade de Lucerna e quando se apaixonou pelo general romano, esse mentiu para ela e a depreciou ao descobrir que tratava-se de uma ninfa, que naquela época era um povo inimigo. A ondina chorou tanto e durante anos que alagou a cidade de Lucerna e formou o lago. Todos os anos, ao amanhecer do dia de São João, se vislumbra no fundo do lago Carucedo o reflexo de Lucerna e nessa noite é quando sai nossa ondina a buscar um belo moço que peça seu amor. AGRILLA E A FONTE ENCANTADA. Conta uma lenda que há muito tempo, quando todavia os árabes ocupavam o reino de Granada, perto das areias do rio Darro, se escondia em uma gruta uma fonte de águas cristalinas. Essa fonte era conhecida por todos da região, que só a bebiam quando a sede era insuportável, temerosos pelos estranhos poderes que tinha a água. Contam que em alguns dias a água era doce como um torrão de açúcar e quem a bebia se sentia o mais afortunado da terra, porém em outros a água era tão amarga que despertava o ódio e a raiva de quem bebia. Inclusive diziam que foi culpada de muitas brigas entre os habitantes do povoado. Tantas foram as vezes que falavam do poder dessas águas, que o administrador da justiça de Granada, cansado de tantas disputas, ordenou aos soldados que fossem até lá para descobrir o que ocorria com ela. Passados alguns meses, não conseguiram descobrir nada, pois a cada noite, quando chegava as doze horas, esquisito sono os abatia e não conseguiam despertar até que chegasse o primeiro raio de sol. Cansados dessa situação,os soldados tentaram achar uma solução para o problema. Um deles ficaria, à noite, fora da gruta escondido atrás de uma árvore, sem tocar na fonte e dali ficaria espionando para descobrir seu mistério. Chegou a noite todos caíram adormecidos às doze horas, menos um, o valente que guardava a árvore. Pouco depois, uma linda jovem saía da água e se sentava na borda da fonte a cantar, enquanto penteava seus cabelos e os raios da lua a iluminavam. O jovem soldado se aproximou: -"Que fazes aqui..." -"Queria descobrir o mistério dessas águas. -"Não te aproximes, pois não quero causar-te mal. Meu nome é Agrilla e sou a fada dessa fonte. Vivo aqui desde muito tempo, antes que tu nasceste, por isso as vezes me sinto só e minhas lágrimas amargam essa água. Amanhã quando amanhecer desperte teus companheiros, diz que já sabes a verdade e tratem de partir, para nunca mais voltar. Se cumprires meus desejos, prometo não lhe causar dano nunca, nem a ti, nem aos teus." O soldado, cujo único encargo era descobrir o milagre dessas águas, que faria como ela lhe havia pedido. Acordou seus companheiros e todos se foram. Durante muitos anos as águas seguiam tal como o soldado as deixou, doce quando a fada sorria e amarga quando chorava. Um dia, ante a surpresa dos mouros, os cristãos tomaram Granada. Contam, que desde então, ninguém voltou a ver a fada, que abandonou a fonte. E contam também, que para sempre suas águas se tornaram agridoces: doce pela ternura do espírito que habitou suas águas e amarga pelas lágrimas que derramou quando teve que abandonar Granada. A ONDINA LUCÍA BOSÉ. Lucía Bosé é uma artista italiana que no ano de 1994, estava hospedada em uma localidade nos sul da França, em Aix-en-Provence, quando estava nos arredores da casa de André Malby. Esse local é uma dessas zonas mágicas que existem no mundo, onde inclusive a pessoa menos dotada sente presenças invisíveis que os estão rodeando-la, e esta é a impressão de quase todas as pessoas que freqüentam essas paragens. Ali existe um rio,com pequenos afluentes que confluem em um só e um bosque cheio dólmenes. Lucia estava sentada em uma rocha, perto de uma cascata, contemplando o rio em um processo de meditação. Fechou os olhos, se concentrou, abriu seus canais de percepção e quando voltou à abri-los viu no rio uma figura feminina que identificou como uma ondina ou uma sereia. Estava de pé,olhando-a sorridente. Media aproximadamente um metro de altura e toda ela era verde, desde sua longa cabeleira até seu pé escamoso, assim como seus profundos olhos...Suas pernas eram muito juntas que parecia uma só submergida do rio. A visão durou só uns segundos, porém foi o suficiente para que Lúcia não ficasse sem dúvida alguma sobre sua veracidade, experimentando também um intenso sentimento de paz e harmonia. AS ONDINAS SEGUNDO GEOFFREY HODSON (CLARIVIDENTE). EM WHITENDALE, ABRIL DE1922. "Sentado num quiosque recoberto de urze, ao lado de uma cachoeira que jorra de duas enormes pedras antes de cair de uma altura de um metro e meio a dois metros sobre os rochedos cobertos de musgos,faço uma tentativa para estudar as fadas da água, com as quais não é fácil entrar em conato imediatamente depois de a consciência ter estado sintonizada com os espíritos da terra. Sem dúvida, seus movimentos são mais rápidos e sutis. Sua figura, também modifica-se com desconcertante rapidez. Ao observá-las, elas se me afiguram pequenas mulheres, inteiramente nuas, com cerca de dez a quinze centímetros de altura; seus cabelos são longos e caem para trás e usam alguns enfeites, semelhantes a pequenas grinaldas e em volta da cabeça. Elas brincam no meio ou em volta da cachoeira, cruzando-a velozmente em muitas direções e emitindo sem parar um som frenético, que por vezes chega a configurar um som agudo. Tais chamados são infinitamente remotos,, mal chegando a mim, feito o chamado de um pastor que ecoa por um vale alpino. Trata-se de um som vogal, embora não me tenha sido possível identificar até agora as séries de vogais de que se compõe. Elas podem subir a cachoeira contra a corrente ou nela permanecer imóveis, mas geralmente são vistas a brincar à sua volta ou a cruzá-la velozmente. Quando uma nuvem passa no céu e a cachoeira volta a brilhar ensolarada, elas parecem experimentar uma alegria redobrada; então, incrementam o ritmo de seus movimentos e de sua cantoria. Posso representar aproximadamente o som desta última pelas vogais "e", "o", 'u", "a', "i', combinadas numa palavra, cuja emissão termina com uma cadência suplicante e queixosa. São entre oito a doze ondinas a brincar na cachoeira; algumas são bem maiores do que as outras, tendo a mais alta cerca de vinte centímetros de altura. Dentre as mais altas, uma acaba de expandir o seu tamanho em cerca de sessenta centímetros, para agora se arremeter velozmente cachoeira acima. Algumas possuem auras róseas, outras verde-claras, e um contato mais direto, que consigo agora estabelecer, mostra-me quão belas e ao mesmo tempo infinitamente distantes, em relação ao homem, são tais criaturas. Elas atravessam de um lado para o outro as grandes rochas que ladeiam a cachoeira sem encontrar qualquer tipo de obstáculo. Sinto-me inteiramente incapaz de atrair a sua atenção ou exercer sobre elas qualquer tipo de influência. Algumas mergulham na poça situada ao pé da cascata, reaparecendo, eventualmente, em meio ao turbilhão de espuma. A grinalda anteriormente mencionada é luminosa e aparentemente faz parte de suas auras." THIRLMERE. AO LADO DE DAB GHYLL. NOVEMBRO DE 1921. "Existem duas variedades distintas de espíritos da Natureza nesta cachoeira. Uma delas, aparentemente, está associada a todo o vale, e foi vista pela primeira vez ao galgar velozmente a montanha de onde se origina o curso da água. Pertence inequivocamente à variedade da ondina e, embora um tanto maior do que as outras antes observadas, assemelha-se a elas por suas demais características. É uma figura feminina, que brilha como se estivesse molhada, nua e desprovida de asas, insinuando-se os seus estranhos membros em meio à irradiação branca de sua aura. Os braços, invulgarmente longos e belos, são por ela graciosamente agitados ao voar. Possui cerca de dez centímetros de altura e uma cor predominante prateada-clara, com estrelas douradas em torno da cabeça. Ela sobe a cachoeira por meio de uma série de movimentos bruscos de estonteante rapidez, desaparecendo de vista como se tivesse sumido dentro da rocha, para de novo reaparecer e desaparecer. Ao acompanhar seus rápidos deslocamentos, ela parece subitamente torna-se lânguida; sua figura desvanece lentamente e sua consciência baixa à terra, como para repousar. No lugar exato em que ela desapareceu, uma grande escarpa rochosa recoberta de urze e de samambaias, posso sentir ainda, eu diria quase ver, a ondina, a uma profundidade de dois ou três metros sob o chão. Ela torna a reaparecer e, pelo visto, experimenta uma grande alegria, exprimindo deleite e prazer com a cachoeira, pairando de um modo a sugerir uma emoção próxima à ternura contemplativa. Ela mostra uma certa seriedade espontânea; nada tem daquela insensível negligência que caracteriza tantos espíritos da Natureza menos evoluídos. Em sua mente, há um senso de responsabilidade em relação a certos aspectos e processos de evolução que têm lugar aqui e que dizem respeito principalmente à água e à vegetação. Na rocha em que ela sumiu, persiste uma nítida influência magnética, sem dúvida devida à longa permanência ali, o que confere ao lugar uma aura marcante e uma atmosfera própria. Existem algumas ondinas menos evoluídas nessas mesmas cachoeiras que parecem constituir o seu reduto permanente. Também elas são capazes de atravessar as rochas ao bel-prazer. Diferenciam-se das que acabamos de descrever, principalmente pelo tamanho; possuem menos de trinta centímetros de altura e parecem emitir sons vocais com uma alegria mais desenfreada e sua conduta bem mais irrefletida. Chegam a somar cinco ou seis. Seus corpos são nus, esbeltos e graciosos, são extremamente maleáveis e elas assumem constantemente poses de grande efeito, enquanto flutuam em meio à torrente ou pairam acima da névoa líquida. Uma de suas poses características é com o corpo ereto e mais ou menos rijo, as pernas esticadas, os braços junto ao corpo, a cabeça ligeiramente reclinada para trás, os olhos mirando as alturas. Mantendo essa pose, elas se deslocam lentamente até o topo da cachoeira, feito bolha de água se inflando; lá chegando, elas lançam ao espaço aberto, liberando energia concentrada que parecem ter absorvido, proporcionando um esplêndido espetáculo de luzes e cores e irradiando graça e felicidade em todas as direções. Elas estão cantando com um timbre agudo, porém melodioso, que chega a mim como uma série de sons vogais abertos, geralmente em escala ascendente, terminando em uma nota incrivelmente alta. O sol, agora, bate em cheio na cachoeira, e elas aproveitam ao máximo a vitalidade magnética que daí resulta. Elas desprendem um grande esforço pata comprimir e conter o máximo possível essa energia vital, até que, incapazes de resistir por mais tempo, ela irrompe, tal como descrevemos, afetando sensivelmente as rochas, as samambaias e as árvores das proximidades. Tal processo enche de alegria a ondina; ela chega a palpitar durante o processo de absorção e compressão, e, chegada a hora da descarga, sente uma satisfação delirante. Perdem a cabeça, por assim dizer; a sua figura real torna-se indefinida por alguns instantes, durante os quais ela se dá a ver sob a forma de radiações luminosas intermitentes. Na verdade, foram estes clarões de intenso brilho que primeiramente atraíram a minha atenção e fizeram com que eu me dispusesse a estudá-las. Indubitavelmente, tudo isso representa um estímulo para o seu crescimento, como para o meio representa um estímulo para o seu crescimento, como para o meio ambiente em que habitam. Suponho que os exemplares menores estão, de certa forma, sob o controle dos espíritos da Natureza mais evoluídos que descrevemos anteriormente; certamente, foi ao divisá-los, durante o seu passeio pela cachoeira, que uma ondina se deteve no ar, proporcionando-me a oportunidade de observá-la pela primeira vez." CAPTURAR UMA ONDINA OU NIXIE. Só a capture se você tiver um local adequado para ela em sua casa como um lago ou uma fonte artificial. Em primeiro lugar, deve-se levar-lhe de presente uns nenúfares e deixá-los em um lugar aquoso onde você imagine que possa estar. Se os nenúfares afundarem ou desaparecerem, é sinal que foi aceito seu presente. Sente-se à margem da água e cante qualquer canção para atraí-la. Sussurra-lhe por que deseja que se mude para sua casa. e explique-lhe que será livre para fazer o que quiser (as ondinas são um tipo de fadas mais independentes que existem). Se sentir que houve aceitação do convite, é hora de voltar para casa e esperar sua chegada. Ao ser muito independente, a ondina chegará sozinha à sua casa. Não tenha medo quando perceber que a ondina decidiu viver com você e a partir de agora prestará atenção à tudo que fizer com a água. Entretanto, talvez se dê conta que haverá mais líquidos se derramando do que o normal. Os lugares que sofrem constantes inundações estão geralmente habitados por coleções de ondinas. Se desejar que a ondina vá embora, simplesmente livre-se de qualquer traço de água e ela irá em busca de locais mais úmidos. MENSAGEM DAS ANÁYDES E ONDINAS. As maioria das correntes de água são habitadas por fadas que se esforçam ao máximo para purificá-las e procuram manter seus próprios espíritos alegres para adicionar poder as águas. Mas as águas feéricas refletem o estado emocional dos seres humanos, de modo que quando chegam ao nosso mundo têm menos pureza e poder naqueles lugares onde vivem pessoas mais "civilizadas" e estressadas. Existem ainda no mundo inúmeros mananciais de água curativas, habitat dessas fadas, mas há também fontes e poços que elas habitam que outorgam sabedoria e habilidades, como a famosa fonte Hipocrena do monte Helicón, que outorga inspiração poética. Se tomares um gole, adquirirá certa destreza poética; o segundo gole incrementa tua habilidade e o terceiro leva ao pleno florescimento lírico. A razão pela qual o mundo não esteja cheio de poetas é porque é muito difícil encontrar o manancial. Há também fontes da juventude, como a Dun I, a colina mais alta de Iona, uma ilha mágica das ilhas Hébridas, na costa oeste da Escócia. Também é bem difícil de encontrá-la, mas em minha próxima viagem irei buscá-la com fervor, pois hoje já estou necessitando muito dela. As fadas da água nos falam de um tipo de troca em particular: uma troca emocional e uma troca também de nossa saúde. Temos de adotar decisões importantes a respeito de como enfrentar essas trocas e até onde elas podem nos levar: até a pureza calma e fluente das águas feéricas ou até um caldeirão fervente de temperamento irritante. Porém, as fadas da água nos recordam que podemos eleger sabiamente ou não, e nossa decisão determinará nosso futuro. As coisas que necessitamos na vida sempre são as mesmas, independentemente do que ocorra e de intensos que sejam as trocas e pressões que suportemos. Necessitamos cuidados e amor, e proporcioná-los depende em última instância de nós mesmos. As fadas nos ajudariam se fossem solicitadas. ROSANE VOLPATTO.