terça-feira, 9 de agosto de 2011

Esperança.


Rir é arriscar-se
a parecer doido...

Chorar é arriscar-se
a parecer sentimental.

Estender a mão é arriscar-se
a se comprometer.

Mostrar os seus sentimentos
é arriscar-se a se expor.

Dar a conhecer as suas idéias, os seus sonhos, é arriscar-se a ser rejeitado.

Amar é arriscar-se a não ser retribuído no amor.

Viver é arriscar-se a morrer.

Esperar é arriscar-se a se desesperar.
Tentar é arriscar-se a falhar...

Mas devemos nos arriscar!

O maior perigo na vida está
em não arriscar.

Aquele que não arrisca nada...

Não faz nada...
Não tem nada...
Rudyard Kipling.

SE EU DESISTIR.

Se eu desistir, se eu disser

a mim mesmo que não posso;

se eu não tentar ir mais longe,

ousar mais ou ir mais alto;

se eu só, parado, comigo

me contentar, me bastar

e não pedir ao destino

e não rezar a algum deus,

mas em minha própria casa,

mas em meu próprio castelo

(que não é castelo algum);

se eu não me deixar levar

pela ideia sedutora,

pela ilusão sedutora

do mais amplo e do mais vasto,

pela visão do mais rico;

se eu, mesmo que insatisfeito

e falho de asa e valor,

e neutro de ouro e ambição,

a mim mesmo me disser

que basta não ter chegado,

que basta não ter ousado,

que não ter chegado foi

o mais longe que pude ir,

que não havia mais longe,

que não havia horizonte

e que por isso bastou

ter ido até onde fui

(que sei eu?); se eu me disser

que estar em casa é o bastante,

que me convém não ousar

e que é melhor não ousar,

não ir tão longe, não ser

o que tentou ir tão longe,

que basta apenas ficar,

permanecer, demorar,

que a mim me basta ficar;

se eu me disser a mim mesmo,

se eu não tentar ir mais longe,

se eu não fizer a besteira

de tentar me ultrapassar,

de ir aonde não posso ir,

de ser quem tenta ir mais longe,

de ser quem tenta ir mais alto.
Renato Suttana.

Se.



If.

If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings -nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And -which is more- you'll be a Man, my son!
TRADUÇÂO.
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar -sem que a isso só te atires,
De sonhar -sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;

De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,

E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais -tu serás um homem, ó meu filho!
Rudyard Kipling.