quarta-feira, 7 de outubro de 2009
As flores do mal.
Charles Baudelaire.
A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRE.
Teu ar, teu gesto, tua fronte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.
A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade,
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.
As fulgurantes, vivas cores
De tua vestes indiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.
Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!
Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;
E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.
Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,
Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,
E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!
EMBRIAGUEM-SE.
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.
Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.
E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
O CONVITE À VIAGEM.
Minha doce irmã,
Pensa na manhã
Em que iremos, numa viagem,
Amar a valer,
Amar e morrer
No país que é a tua imagem!
Os sóis orvalhados
Desses céus nublados
Para mim guardam o encanto
Misterioso e cruel
Desse olhar infiel
Brilhando através do pranto.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Os móveis polidos,
Pelos tempos idos,
Decorariam o ambiente;
As mais raras flores
Misturando odores
A um âmbar fluido e envolvente,
Tetos inauditos,
Cristais infinitos,
Toda uma pompa oriental,
Tudo aí à alma
Falaria em calma
Seu doce idioma natal.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Vê sobre os canais
Dormir junto aos cais
Barcos de humor vagabundo;
É para atender
Teu menor prazer
Que eles vêm do fim do mundo.
— Os sangüíneos poentes
Banham as vertentes,
Os canis, toda a cidade,
E em seu ouro os tece;
O mundo adormece
Na tépida luz que o invade.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
TRECHO DE “DIÁRIO DE UM MAGO”.
Dois dias depois tivemos que subir um monte chamado de Alto do Perdão. A subida demorou várias horas e, quando chegamos lá em cima, vi uma cena que me chocou; um grupo de turistas, com o rádio dos carros a todo volume, tomavam banho de sol e bebiam cervejas. Tinham aproveitado uma estrada vicinal que levava até o alto do monte.
- É assim mesmo – disse Petrus. – Ou você acha que ia encontrar aqui em cima um dos guerreiros de El Cid vigiando o próximo ataque dos mouros?
Enquanto descíamos, realizei pela última vez o Exercício da Velocidade. Estávamos diante de mais uma planície imensa, ladeada por montes azulados e com uma vegetação rasteira queimada pela seca. Não havia quase árvores, apenas um terreno pedregoso com alguns espinheiros. No final do exercício, Petrus me perguntou alguma coisa sobre meu trabalho, e só então eu me dei conta que há muito tempo não pensava nisto. Minhas preocupações com os negócios, com o que tinha deixado por fazer, tinha praticamente deixado de existir. Só me lembrava destas coisas à noite, e mesmo assim não dava muita importância. Estava contente de estar ali, fazendo o caminho de Santiago.
- Qualquer hora você vai fazer que nem Felícia de Aquitânia – brincou Petrus depois que comentei com ele o que estava sentindo. Depois, parou e pediu que eu deixasse a mochila no chão.
- Olhe em volta e fixe sua visão em um ponto qualquer – disse.
Eu escolhi a cruz de uma igreja que conseguia ver ao longe.
- Mantenha seus olhos fixos neste ponto, e procure concentrar-se apenas no que eu vou lhe falar. Mesmo que você sinta qualquer coisa diferente, não se distraia. Faça como estou dizendo.
Fique em pé, relaxado, com os olhos fixos na torre, enquanto Petrus colocou-se por detrás de mim e comprimiu um dedo na base da minha nuca.
- O caminho que você está fazendo é o caminho do Poder, e só os exercícios de Poder lhe serão ensinados. A viagem, que antes era uma tortura porque você queria apenas chegar, agora começa a transformar-se em prazer, no prazer da busca e da aventura. Com isto você está alimentando uma coisa muito importante, que são seus sonhos.
"O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo. Muitas vezes, em nossa existência, vemos nossos sonhos desfeitos e nossos desejos frustrados, mas é preciso continuar sonhando, senão nossa alma morre e Ágape não penetra nela. Muito sangue já rolou no campo diante dos seus olhos, e aí foram travadas algumas das batalhas mais cruéis da Reconquista. Quem estava com a razão, ou com a verdade, não tem importância: o importante é saber que ambos os lados estavam combatendo o Bom Combate.
"O Bom Combate é aquele que é travado porque o nosso coração pede. Nas épocas heróicas, no tempo dos cavaleiros andantes, isto era fácil, havia muita terra para conquistar e muita coisa para fazer. Hoje em dia, porém, o mundo mudou muito, e o Bom Combate foi transportado dos campos de batalha para dentro de nós mesmos.
"O Bom Combate é aquele que é travado em nome de nossos sonhos. Quando eles explodem em nós com todo o seu vigor – na juventude – nós temos muita coragem, mas ainda não aprendemos a lutar. Depois de muito esforço, terminamos aprendendo a lutar, e então já não temos a mesma coragem para combater. Por causa disto, nos voltamos contra nós e combatemos a nós mesmos, e passamos a ser nosso pior inimigo. Dizemos que nossos sonhos eram infantis, difíceis de realizar, ou fruto de nosso desconhecimento das realidades da vida. Matamos nossos sonhos porque temos medo de combater o Bom Combate.
a pressão do dedo de Petrus na minha nuca tornou-se mais intensa. Eu julguei que a torre da igreja se transformava – o contorno da cruz estava parecendo um homem de asas. Um anjo. Pisquei os olhos e a cruz voltou a ser o que era.
- O primeiro sintoma de que estamos matando nossos sonhos é a falta de tempo – continuou Petrus. – As pessoas mais ocupadas que conheci na minha vida sempre tinham tempo para tudo. As que nada faziam estavam sempre cansadas, não davam conta do pouco trabalho que precisavam realizar, e se queixavam constantemente que o dia era curto demais. Na verdade, elas tinham medo de combater o Bom Combate.
"O segundo sintoma da morte de nossos sonhos são nossas certezas. Porque não queremos olhar a vida como uma grande aventura a ser vivida, passamos a nos julgar sábios, justos e corretos no pouco que pedimos da existência. Olhamos para além das muralhas do nosso dia-dia e ouvimos o ruído de lanças que se quebram, o cheiro de suor e de pólvora, as grandes quedas e os olhares sedentos de conquista dos guerreiros. Mas nunca percebemos a alegria, a imensa Alegria que está no coração de quem está lutando, porque para estes não importa nem a vitória nem a derrota, importa apenas combater o Bom Combate.
Finalmente, o terceiro sintoma da morte de nossos sonhos é a Paz. A vida passa a ser uma tarde de Domingo, sem nos pedir grandes coisas, e sem exigir mais do que queremos dar. Achamos então que estamos maduros, deixamos de lado as fantasias da infância, e conseguimos nossa realização pessoal e profissional. Ficamos surpresos quando alguém de nossa idade diz que quer ainda isto ou aquilo da vida. Mas na verdade, no íntimo de nosso coração, sabemos que o que aconteceu foi que renunciamos à luta por nossos sonhos, a combater o Bom Combate.
A torre da igreja transformava-se a toda hora, e em seu lugar parecia surgir um anjo, com asas abertas. Por mais que eu piscasse, a figura permanecia lá. Tive vontade de falar com Petrus, mas senti que ele ainda não havia acabado.
- Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz – disse ele depois de um tempo – temos um pequeno período de tranqüilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e as psicoses. O que queríamos evitar no combate – a decepção e a derrota – passa a ser o único legado de nossa covardia. E um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo.
Agora eu tinha certeza de que estava vendo mesmo um anjo, e não consegui mais seguir as palavras de Petrus. Ele deve ter percebido isto, pois tirou o dedo da minha nuca e parou de falar. A imagem do anjo permaneceu por alguns instantes, e depois desapareceu. Em seu lugar, surgiu novamente a torre da igreja.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Petrus enrolou um ci-garro e começou a fumar. Eu tirei da mochila uma garrafa de vinho e bebi um gole. Estava quente, mas o sabor continuava o mesmo.
- O que você viu? – perguntou ele.
Eu contei a história do anjo. Disse que no começo, quando piscava, a imagem desaparecia.
- Também você tem que aprender a combater o Bom Combate. Já aprendeu a aceitar as aventuras e os desafios da vida, mas continua querendo negar o extraordinário.
Petrus tirou da mochila um pequeno objeto e me entregou. Era um alfinete de ouro.
- Isto é um presente de meu avô. Na Ordem de RAM, todos os Antigos possuíam um objeto como este. Chama-se “O Ponto da Crueldade”. Quando você viu o anjo aparecer na torre da igreja, quis negá-lo. Porque não era uma coisa com a qual você estivesse acostumado. Na sua visão de mundo, as igrejas são igrejas e as visões só podem acontecer nos extases provocados pelos Rituais da Tradição.
Eu respondi que minha visão deve ter sido efeito da pressão que ele exercia na minha nuca.
- Está certo, mas não muda nada. O fato é que você rejeitou a visão. Felícia de Aquitânia deve ter visto algo semelhante, e apostou toda a sua vida no que viu: o resultado é que transformou sua obra em Amor. O mesmo deve ter acontecido com seu irmão. E o mesmo acontece com todo mundo, todos os dias: vemos sempre o melhor caminho a seguir, mas só andamos pelo caminho que estamos acostumados.
Petrus recomeçou a caminhar, e eu o segui. Os raios de sol faziam brilhar o alfinete na minha mão.
- A única maneira de salvarmos nossos sonhos, é sendo generosos conosco mesmos. Qualquer tentativa de autopunição – por mais sutil que seja, deve ser tratada com rigor. Para saber quando estamos sendo cruéis conosco mesmos, temos que transformar em dor física qualquer tentativa de dor espiritual: como culpa, remorso, indecisão, covardia. Transformando uma dor espiritual em dor física, saberemos o mal que ela pode nos causar.
E Petrus me ensinou O EXERCÍCIO DA CRUELDADE.
O EXERCÍCIO DA CRUELDADE.
Toda vez que um pensamento que você acha que lhe faz mal passar-lhe pela cabeça – ciúme, autopiedade, sofrimentos de amor, inveja, ódio, etc – proceder da seguinte maneira:
Cravar a unha do indicador na raiz da unha do polegar, até que a dor seja bem intensa. Concentre-se na dor: ela está refletindo no campo físico o mesmo sofrimento que você está tendo no campo espiritual. Só afrouxe a pressão quando o pensamento lhe sair da cabeça.
Repita quantas vezes for necessário, mesmo que seja uma atrás da outra, até que o pensamento o abandone. Cada vez, o pensamento voltará mais espaçadamente, e sumirá por completo, desde que você não deixe de cravar a unha toda vez que ele voltar.
- Antigamente eles usavam um alfinete de ouro para isto – disse ele. – Hoje em dia as coisas mudaram, como mudam as paisagens no caminho de Santiago.
Petrus tinha razão. Visto de baixo, a planície parecia uma série de morros à minha frente.
- Pense em algo cruel que você fez hoje consigo mesmo, e execute o exercício.
Eu não conseguia me lembrar de nada.
-Sempre é assim. Só conseguimos ser generosos conosco nas poucas horas que precisamos de severidade.
De repente eu me lembrei que havia me julgado um idiota por subir o Alto do Perdão com tanta dificuldade, enquanto aqueles turistas tinham conseguido o caminho mais fácil. Sabia que não era verdade, que eu estava sendo cruel comigo mesmo; os turistas estavam em busca de sol, e eu estava em busca de minha espada. Eu não era um idiota e bem podia me sentir como tal. Cravei com força a unha do indicador na raiz da unha do polegar. Senti uma dor intensa, e enquanto me concentrava na dor, a sensação de que era um idiota passou.
Comentei com Petrus e ele riu sem dizer nada.
Aquela noite ficamos num aconchegante hotel da tal cidadezinha cuja igreja eu havia visto de longe. Depois do jantar, resolvemos dar um passeio pelas ruas, para fazer a digestão.
- De todas as maneiras que o homem encontrou para fazer mal a si mesmo, a pior delas foi o Amor. Estamos sempre sofrendo por alguém que não nos ama, por alguém que nos deixou, por alguém que não quer nos deixar. Se estamos solteiros é porque ninguém nos quer, se estamos casados transformamos o casamento em escravidão. Que coisa terrível – completou mal-humorado.
Chegamos em frente a uma pequena praça, aonde estava a igreja que eu havia visto. Era pequena, sem grandes sofisticações arquitetônicas, e seu campanário elevava-se para o céu. Tentei ver de novo o anjo e não consegui nada.
Petrus ficou olhando a cruz lá em cima. Pensei que estivesse vendo o anjo, mas não: logo começou a falar comigo.
- Quando o Filho do Pai desceu à terra, ele trouxe o Amor. Mas como a humanidade só consegue entender o amor com sofrimento e sacrifício, terminaram por crucificá-lo. Se não fosse assim, ninguém acreditaria em seu amor, já que todos estavam acostumados a sofrer diariamente com suas próprias paixões.
Sentamos no meio-fio e continuamos a olhar a igreja. Mais uma vez foi Petrus quem quebrou o silêncio.
- Sabe o que quer dizer Barrabás, Paulo? Bar quer dizer filho, e Abba quer dizer pai.
Ele olhava fixamente para a cruz no campanário. Seus olhos brilhavam, e senti que estava possuído por alguma coisa, talvez por este amor do qual falava tanto, mas que eu não conseguia entender direito.
- Como são sábios os desígnios da glória divina! – disse, fazendo com que sua voz ecoasse pela praça vazia. – Quando Pilatos pediu que o povo escolhesse, na verdade não lhe deu opção. Mostrou um homem flagelado, em pedaços, e outro homem de cabeça erguida, Barrabás, o revolucionário. Deus sabia que o povo ia enviar o mais fraco para a morte, para que ele pudesse provar seu amor.
E concluiu:
- E, no entanto, fosse qual fosse a escolha, o Filho do Pai é que terminaria sendo crucificado.P.Coelho.
DIÁRIO DE UM MAGO.
O diário de um mago é uma promessa de que com seu pé e seu passo você é absolutamente capaz de fazer seu caminho, de atingir seu sonho e conquistar sua espada.
O livro conta a história da jornada de três meses que Paulo Coelho peregrinou pelos quase 700 km pela cidade de Santiago de Compostela. A obra relata a saga de Paulo Coelho que busca pelos mistérios sagrados da magia, conta também sobre seu encontro com um mago italiano que é seu guia, as experiências místicas conhecidas como As Práticas de RAM e a passagem por um dos três caminhos sagrados da antigüidade: O Caminho de Santiago de Compostela.
Neste livro, narrado na primeira pessoa, o autor faz uma descrição detalhada de uma viagem, na qual se compromete quando comete o erro de iniciar como mágico. É necessário que faça este trajeto, porque dele depende a entrega da sua espada nova que substitui a anterior, enterrada por ele mesmo, sem possibilidade de revogar a ação. Esta espada significa muito para o protagonista da trama, pois representa todo o poder que se pode desenrolar numa nova face de perfeição como homem, que o leva a um nível superior na dita tradição. O caminho de Santiago, especialmente a rota francesa, foi percorrido por ele. Muito conhecido desde o tempo das cruzadas, cheio de mistérios e tradições. O personagem principal deste romance irá ver-se envolto nuns cem números de situações, que resultam em provas que terá de ultrapassar para atingir o seu objetivo. Em algumas oportunidades contará com a ajuda de um estranho companheiro que servirá de guia no seu trajeto pela grande extensão de terra entre a sua meta física e espiritual.
Concluímos que neste livro vemos a possibilidade de interagir de alguma maneira com o protagonista, porque ainda que narre uma história já passada, algumas imagens são detalhadas, alguns rituais mágicos que o autor teve que executar para superar momentos críticos e avançar para os níveis de perfeição espiritual. Alguns exercícios representam o renascer do ser humano, a relação entre a vida e a morte, a interação entre o ser humano e o divino por meio da comunicação com o anjo da guarda, paciência, autocontrole. Ensinam a caminhar de uma maneira desconhecida para muitos, ficando-se pelos detalhes que ainda que sejam quotidianos, não nos apercebemos da sua presença e muitas vezes da sua importância nas nossas vidas.P.Coelho.
A Lenda das Areias.
Vindo desde as suas origens nas distantes montanhas e após passar por inúmeros acidentes de terreno nas regiões campestres, um rio finalmente alcançou as areias do deserto. E do mesmo modo como vencera outras barreiras, o rio tentou atravessar esta de agora, mas se deu conta de que mal suas águas tocavam a areia, nela desapareciam.
Estava convicto, no entanto, de que fazia parte de seu destino cruzar aquele deserto, embora não conseguisse fazê-lo. Então uma voz misteriosa, saída do próprio deserto arenoso, sussurrou:
- O vento cruza o deserto, o mesmo pode fazero rio...
O rio objetou estar se arremessando contra as areias, sendo assim absorvido, enquanto o vento podia voar, conseguindo, dessa maneira, atravessar o deserto.
- Arrojando-se com violência, como vem fazendo, não conseguirá cruzá-lo. Assim desaparecerá ou se transformará num pântano. Deve permitir que o vento o conduza a seu destino.
- Mas como isso pode acontecer?
- Consentindo em ser absorvido pelo vento.
Tal sugestão não era aceitável para o rio. Afinal de contas, ele nunca fora absorvido até então. Não desejava perder sua individualidade. Uma vez a tendo perdido, como poderia saber se a recuperaria mais tarde?
- O vento desempenha essa função - disseram as areias. - Eleva a água, a conduz sobre o deserto e depois a deixa cair.
Caindo na forma de chuva, a água novamente se converte num rio.
- Como é que posso saber se isso é verdade?
- Pois assim é, e se não acredita, não se tornará outra coisa senão um pântano, e ainda isso levaria muitos e muitos anos, e um pântano não é certamente a mesma coisa que um rio.
- Mas não posso continuar sendo o mesmo rio que sou agora?
- Você não pode, em caso algum, permanecer assim - retrucou a voz. - Sua parte essencial é transportada e forma um rio novamente. Você é chamado assim, ainda hoje, por não saber qual é a sua parte essencial.
Ao ouvir tais palavras, certos ecos começaram a ressoar nos
pensamentos mais profundos do rio. Recordou vagamente um estágio em que ele, ou uma parte dele, não sabia qual, fora transportada nos braços do vento. Também se lembrou, ou lhe pareceu assim, de que era isso o que devia fazer, conquanto não fosse a coisa mais natural.
Então o rio elevou seus vapores nos acolhedores braços do vento, que suave e facilmente o conduziu para o alto e para bem longe, deixando-o cair suavemente tão logo tinham alcançado o topo de uma montanha, milhas e milhas mais longe.
E porque tivera dúvidas, o rio pôde recordar e gravar com mais firmeza em sua mente os detalhes daquela sua experiência. E ponderou:
- Sim, agora conheço a minha verdadeira identidade.
O rio estava fazendo seu aprendizado, mas as areias sussurraram:
- Nós temos o conhecimento porque vemos essa operação ocorrer dia após dia e porque nós, as areias, nos estendemos por todo o caminho que vai desde as margens do rio até a montanha.
E é por isso que se diz que o caminho pelo qual o Rio da Vida tem que seguir em sua travessia está escrito nas Areias.Elena Leal.
The Vampire Diaries.
Um colégio, um vampiro que não se alimenta de humanos, uma mocinha infeliz que se apaixona por ele e um vampiro do mal, que teima em não deixa o irmão bonzinho em paz. Isso me faz lembrar de “Crepúsculo”. A trama de “ The Vampire Diares” é bem parecida com a história, mas o contexto é outro. Elena (Nina Dobrev) é a mocinha infeliz e reencarnação de alguém que Stefan (Paul Wesley) amou. Stefan volta a sua cidade para reencontrar Elena, mas trás junto com ele seu irmão, Damon (Ian Somerhalder) tem a missão de atormentar a vida de Stefan. Durante o primeiro episódio, Damon deu a atender que foi ele quem provou o sangue de Katherine, antepassada de Elena.
Esse triângulo é a base da história. Elena perdeu seus pais em um acidente e ainda não conseguiu superar a morte deles. Além disso, tenta tirar seu irmão das drogas, o que não parece ser uma missão fácil. A melhor amiga da protagonista brinca dizendo que é vidente, mas ela realmente tem poderes sensitivos. elena mantém um diário, no qual narra seus pensamentos e vontades. Esse é um ponto em comum entre ela e o novo rapaz do colégio, Stefan também mantém um diário, aliás, vários diários da sua longa vida eterna.
A trama toda passa em uma cidade pequena, onde todos conhecem todos. Stefan já não se alimenta mais de humanos e tenta se misturar com eles. Graças a um anel, ele pode caminhar durante o dia sem sofrer os efeitos da luz do sol. O que o vampiro não esperava era a visita de seu irmão, que esteve longe por 15 anos e resolveu aparecer. Damon chega na cidade trazendo morte, afinal ele tem que se alimentar. Em um desses ataques, Damon deixa a vítima viva, que afirma ter sido atacada por um vampiro.
Com a presença de Damon, Stefan terá que proteger Elena e tentar impedir que ele leve a morte para a cidade. Um familiar de Stefan diz a ele que a cidade já passou por ataques há muito tempo e não quer que isso ocorra novamente. Não sei o que Stefan fará para deter Damon, já que o irmão malvado é bem mais forte que ele. O fato é que Damon já colocou suas manguinhas de fora e está se mostrando.
A atração de Elena por Stefan pareceu ser imediata, ele até conseguiu ser convidado para entrar na casa da mocinha. Entretanto, Matt (Zach Roerig), ex-namorado de Elena, não foi muito com a cara do novo amigo dela e notou a reação estranha do vampiro quando Vicki (Kayla Ewell) foi encontrada toda ensanguentada. Foi nessa ocasião que Stefan descobriu que havia outro vampiro nos arredores da cidade.
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