segunda-feira, 5 de maio de 2014

Pedra Bruta.

< Pedra Bruta Sempre questionei: o que sou?... para onde vou?... E, assim , na minha longa jornada procurei iluminar minha estrada na luz do conhecimento Tentei ser um aprendiz dedicado Usei a compreensão nas dúvidas. Conheci a grandeza do silêncio. Procurei, na sabedoria Justa e Perfeita, o elo fraterno para desbastar e aperfeiçoar a pedra bruta que eu era , antes do meu fim chegar .. Hoje, um ano já é passado. Não sou mais seu mundo presente. Para você sou uma ténue saudade de que sempre tentei corrigir - com segurança, aceitar - com amor , silenciar - para unir, buscando na minha verdade e crença na esperança de morrer para renascer ! ... Poema de João Roberto.

poema.

Onde quer que possas estar, Onde quer que te detenhas a meditar, Seja longe, em terras estranhas, Ou simplesmente no lar, doce lar, Sempre sentes um grande prazer, Que faz vibrar as cordas do coração, Apenas em ouvir a fraterna saudação “Vejo que tens viajado muito, Irmão!” Quando recebes a saudação do Irmão E ele te toma pela mão Isso comove-te e toca-te no íntimo, Numa emoção incontida, por demais profunda. Sentes que aquela união de Irmãos, Que é um anseio da humanidade inteira, Que se realiza no estender das mãos E na voz a dizer fraternalmente: “Vejo que tens viajado muito, Irmão” E se és um estranho, Solitário em estranhas terras, Se o destino te deixou derreado, Batido e à beira da morte, longe do lar, Não há sentimento mais completo Que aquele que te sacode sob a saudação “Vejo que tens viajado muito, Irmão” E quando chegar, finalmente, tua derradeira hora, O momento de empreender a mais longa das viagens, Revestido do branco avental de cordeiro E sob a a escolta dos Irmãos que já passaram, O Cobridor da Porta de Ouro, Com Esquadro, Régua e Prumo Pedir-te-á a Palavra de Passe E dir-te-á, então, “Passa. Vejo que tens viajado muito, Irmão” Autor: desconhecido, do Oriente de Montana - USA.

Lenda da Solidão.

Na deserta praia de sua vida, um feliz eremita ergueu, certa vez, um lindo castelo de areia e povoou de mil figuras da ilusão! Ouviu vozes, músicas. O mavioso canto de sereia transbordou-se em seu coração! E ele, dando asas à ilusão, sonhou com a cidade grande e lamentou a sua solidão. Ao longe, o mavioso e triste canto de uma rolinha, se destacava no pungente painel de uma sutil saudade, que já se prenunciava! Entre a moldura da tristeza, suas árvores tão queridas, de braços abertos para os céus, pareciam-lhe rogar em uma surda oração para que não fosse embora, mas ele levantou-se e disse: adeus! Mas ao chegar à cidade só encontrou gente de braços cruzados para Deus, para o próximo e para seus irmãos. Assustado, olhou para o céu e viu, no encantado e imenso Templo de Deus, milhares de estrelas em torno de uma poética lua, irradiantes de luz e vitais influências para todas as formas de vida da terra e do cosmos, em geral. Voltou seu olhar novamente para os homens, mas viu que a luz de seus olhares há muito se extinguira nas nebulosas masmorras de seus vícios e ilusões. Olhou para as árvores dos pomares e as viu carregadas de frutas que a todos serviam, pobres e ricos, sem nada pedir. De ânimo renovado e com grandes ideias, procurou seus irmãos, porém não encontrou neles qualquer fruto do amor pelo próximo em seus corações. Olhou para o mar e o viu semeado de pescadores em seus pequenos barcos, repletos de peixes! Voltou novamente o seu olhar, com um restinho de esperança, a procura de seus irmãos. Descobriu, mais uma vez desiludido, que o barco de suas vidas, vazio de boas obras, boiava à deriva, no turbulento mar de suas lamentáveis ambições! Envergonhado por seus irmãos perante Deus, não mais se atrevia em olhar para cima. Cabisbaixo, olhava para o chão quando notou uma correção de disciplinadas formiguinhas e, mais além, ordenadas abelhinhas, todas operando pacífica e conscientemente em torno do ideal único e sagrado: a comunidade! Comparou-as com o ser humano e sentiu-se decepcionado e convencido de que eram mesmo egoístas, vaidosos e ambiciosos, pois muitos de reuniam em torno de uma comunidade com a intenção de tirar vantagens e dar vazão às suas vaidades e maus instintos. E naquele momento, o eremita começou a compreender que a telecomunicação que tanto o encantara, vencendo todas as distâncias, não conseguira vencer a mais importante: a imensa distância, cada vez maior, que existe entre as almas do ser humano. Desiludido, abandonou aquela pobre comunidade, uma verdadeira selva de frias pedras com homens de gelo e templos de areia. No caminho de volta ao terno aconchego de sua tão querida floresta e à pureza de seu comunitário convívio entre sua fauna e flora tão agredidas pela ambição do ser humano, ele foi meditando. E então, num arroubo de entusiasmo e lucidez, exclamou: — Meu Deus! Eu agora sinto a tua fascinante presença! Eu te vejo em toda parte! No majestoso jequitibá e na humilde flor da tiririca! No trinado do canário e no coaxar de um velho sapo! Na força do jaguar e na beleza de uma frágil borboleta! Eu te vejo em toda extasiante pureza que deslumbra meus olhos e acalenta meu coração! Porque tu és a própria pureza que os homens, cegos de amor, estão destruindo! E o bom eremita admirava encantado sua exuberante floresta, com suas belas árvores tão repletas de flores, frutos e ninhos de passarinhos. E a pureza de seus rios, tão cristalinos, sempre servindo a tudo e a todos! O significado do gesto daquelas árvores de braços abertos para o céu compreendeu, agora, ser uma muda e eterna oração de agradecimento ao divino criador pela oportunidade de viver e ser úteis. Seus animais e suas aves em comunidades multicoloridas eram uma orquestra de seres felizes, em cantos mil, de amor a Deus, ao próximo e a liberdade! Compreendia que agora começava a ver a sagrada obra de Deus com “olhos de ver”, como tanto pegou o Grande Mestre! Que a solidão que julgava ter era apenas uma nota desafinada do enganoso canto das profanas sereias da vida! Compreendia compadecido que aqueles seres que respeitava como irmãos, nada mais eram que um rebanho de robôs em solidões paralelas! ∴ Lacerda Júnior.