contos sol e lua

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quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Círculo Mágico e o Altar.


O círculo, círculo mágico ou esfera é um templo bem definido, embora não-físico. Actualmente, na Wicca, rituais e trabalhos de magia acontecem dentro de tais construções de poder pessoal.
O círculo mágico tem origem antiga. Versões dele eram utilizadas na velha magia babilónica. Magos cerimoniais da Idade Média e da Renascença também o utilizavam, bem como muitas tribos indígenas americanas, apesar de o fazerem, provavelmente, por motivos diferentes.
Há dois tipos principais de círculos mágicos. Aqueles utilizados por magos cerimoniais antigos (e actuais) são criados para proteger o mago das forças que ele gera. Na Wicca, o círculo é utilizado para criar um espaço sagrado no qual os humanos encontram a Deusa e o Deus.
Na Europa pré-cristã, a maioria dos festivais religiosos do paganismo acontecia ao ar livre. Eram celebrações ao Sol, à Lua, às estrelas e à fertilidade da Terra. As pedras erguidas, círculos de pedras, bosques sagrados e fontes cultuadas da Europa são resquícios desses antigos dias.
Os ritos pagãos passaram ao ostracismo na época de sua proibição pela nova e poderosa igreja. Nunca mais os prados ouviram as vozes cantando os nomes dos deuses solares, e a lua passava sem adoração pelos céus nocturnos.
Os pagãos tornaram-se reservados quanto a seus ritos. Alguns os praticavam ao ar livre somente sob a protecção da escuridão. Outros adaptaram-nos a ambientes fechados.
Infelizmente, a Wicca herdou esta última prática. Entre muitos Wiccanos, rituais a céu aberto constituem uma novidade, uma agradável ruptura com os rituais domésticos. Chamo a esta síndrome de "sala-de-estar de Wicca". Apesar de muitos Wiccanos praticarem sua religião em ambientes fechados, o ideal é executar os ritos ao ar livre, sob o Sol e a Lua, em locais silvestres e isolados, longe do assédio dos humanos.
Tais ritos Wiccanos são difíceis de praticar hoje. Os rituais tradicionais da Wicca são complexos e normalmente requerem um grande número de instrumentos. Privacidade é também algo difícil de obter, além do simples medo de ser visto. Por que ter medo?
Há adultos tidos como responsáveis e inteligentes que nos prefeririam ver mortos do que praticando nossa religião. Tais "cristãos" são minoria, mas certamente existem, e mesmo hoje os Wiccanos são vítimas de agressões psicológicas e violência física nas mãos dos que não compreendem sua religião.
Não permita que isto o assuste. Os rituais podem ser praticados ao ar livre, se forem adaptados para atrair o mínimo de atenção. Vestir-se com um robe preto encapuzado, enquanto mexe um caldeirão e manuseia facas no ar no meio de um parque público não é o melhor meio de evitar ser notado.
Roupas comuns são aconselháveis em rituais ao ar livre em áreas onde possa ser visto. Podemos utilizar instrumentos, mas lembre-se de que estes são acessórios, não necessidades. Deixe-os em casa se sentir que podem trazer problemas.
Em 1987, numa viagem a Maui, acordei-me ao nascer do sol e caminhei até a praia. O Sol estava apenas nascendo por detrás de Haleakala, tingindo o oceano de rosa e vermelho. Caminhei pela areia coral até um ponto onde a água morna batia em rochas vulcânicas.
Lá, depositei uma pequena pedra na areia em honra às antigas deidades havaianas. Sentado diante dela, abri-me à presença das deusas e deuses ao meu redor. A seguir, caminhei pelo mar e atirei uma plumeria lei à água, oferecendo-a a Hina, Pele, Laka, Kane, Kanaloa e todos os seus semelhantes.
Não pronunciei longos textos nem ergui instrumentos ao ar. Ainda assim, as deidades lá estavam, por toda a parte, enquanto as ondas quebravam contra minhas pernas e a aurora rompia por completo sobre o antigo vulcão, tocando o mar com uma luz esmeralda.
Rituais ao ar livre como este podem ser mil vezes mais eficazes por serem ao ar livre, e não numa sala repleta de aço e plástico e as engenhocas de nossa era tecnológica.
Quando não forem possíveis (o clima é certamente um factor), os Wiccanos transformam suas salas e quartos em locais de poder. Fazem-no ao criar um espaço sagrado, um ambiente mágico no qual as deidades são acolhidas e celebradas, e no qual os Wiccanos se dão conta dos aspectos da Deusa e do Deus interior. Pode-se também praticar magia nesse espaço. Esse espaço sagrado é o círculo mágico.
É praticamente um pré-requisito para trabalhos em ambientes fechados. O círculo define a área ritual, retém o poder pessoal, isola energias perturbadoras - em suma, cria uma atmosfera apropriada para os ritos. Permanecer dentro de um círculo mágico, observando o brilho das velas no altar, aspirando o perfume do incenso e entoando antigos nomes é uma maravilhosa experiência evocativa. Quando correctamente formado e visualizado, o círculo mágico executa sua função de aproximar-nos da Deusa e do Deus.
O círculo é construído com poder pessoal o qual é sentido (e visualizado) saindo do corpo, através do punhal mágico (athame), e rumo ao ar. Quando completo, o círculo é uma esfera de energia que engloba toda a área de trabalho. A palavra círculo é equivocada: uma esfera de energia é o que realmente se cria. O círculo simplesmente assinala o anel onde a esfera toca a terra (ou o chão) e continua através dela para formar a outra metade.
Algum tipo de marcação é feito no solo para mostrar onde o círculo secciona a Terra. Pode ser um barbante que forme um círculo, um leve círculo riscado com giz, ou objectos depositados de modo a indicar seus limites. Estes podem ser flores (ideais para ritos de primavera e verão); ramos de pinho (festivais de inverno); pedras ou conchas; cristais de quartzo e até mesmo cartas de tarô. Use objectos que activem sua imaginação e estejam em sintonia com o ritual.
O círculo tem normalmente nove pés de diâmetro, pois nove é o número da Deusa, se bem que qualquer medida confortável é aceita. Os pontos cardeais são em geral assinalados com velas ou com os instrumentos rituais a eles correspondentes.
O pentagrama e um pote com sal ou terra podem ser colocados no Norte. Este é o domínio da terra, o elemento estabilizador, fértil e nutritivo que é a base dos outros três.
DEUSA OS DOIS DEUS
Simbolização das áreas divinas de um altar.
O incensário com incenso fumegante é atribuído ao Leste, lar do elemento intelectual, o Ar. Flores frescas ou incenso de varetas também podem ser usados. O Ar é o elemento da mente, da comunicação, do movimento, da adivinhação e da espiritualidade ascética.
Ao Sul, uma vela normalmente representa o Fogo, o elemento da transformação, da paixão e da mudança, do sucesso, da saúde e da força. Uma lâmpada a óleo ou um pedaço de lava vulcânica também pode ser utilizado.
Um cálice ou pote de água pode ser depositado no Oeste do círculo para representar a Água, o último dos quatro elementos. A Água é o domínio das emoções, da mente psíquica, do amor, da cura, da beleza e da espiritualidade emocional.
Alternativamente, esses quatro objectos podem ser depositados sobre o altar, em posições correspondentes às direcções e aos seus atributos elementais.
Uma vez que o círculo esteja formado ao redor do espaço de trabalho, tem início o ritual. Durante os trabalhos de magia, o ar dentro do círculo pode ficar desconfortavelmente quente e fechado - o ar de fato fica diferente do mundo externo, carregado com a energia e vivo com o poder.
O círculo é um produto da energia, uma construção palpável, a qual pode ser sentida e percebida com experiência. Não é meramente um anel de flores ou barbante, mas uma barreira sólida, viável.
De acordo com a Wicca, o círculo representa a Deusa, os aspectos espirituais da natureza, fertilidade, infinidade, eternidade. Simboliza ainda a própria Terra.
O altar, com os instrumentos, fica no centro do círculo. Pode ser feito de qualquer material, apesar de a madeira ser melhor. Recomenda-se especialmente o carvalho, devido a seu poder e força, assim como o salgueiro, sagrado para a Deusa.
A Wicca não acredita que a Deusa e o Deus habitem o altar em si. É um local de poder e magia, mas não é sacrossanto. Apesar de o altar ser normalmente preparado e desmontado para cada ritual mágico, alguns Wiccanos também possuem altares permanentes. Seu altar pode tornar-se um desses.
O altar é por vezes redondo, para representar a Deusa e a espiritualidade, apesar de também poder ser quadrado, simbolizando os quatro elementos. Pode ser nada mais do que uma área no chão, uma caixa de papelão coberta com um pano, dois blocos com uma tábua sobre eles, uma mesa de café, um velho toco de uma árvore há muito cortada ou uma pedra grande e plana. Durante rituais a céu aberto, um fogo pode substituir o altar. Incenso em varetas pode ser utilizado para delinear o círculo. Os instrumentos usados são os poderes da mente.
Os instrumentos da Wicca são normalmente distribuídos sobre o altar num padrão agradável. Em geral, o altar é montado no centro do círculo, de frente para o Norte. O Norte é a direcção do poder. É associado à Terra, e uma vez que esta é nossa morada podemo-nos sentir mais confortáveis com este alinhamento. Alguns Wiccanos também montam seus altares voltados para o Leste, onde o Sol e a Lua surgem.
O lado esquerdo do altar é geralmente dedicado à Deusa. Seus instrumentos sagrados são ali depositados: o cálice, o pentagrama, o sino, os cristais e o caldeirão. Pode-se, ainda, colocar uma imagem da Deusa ali, e também apoiar uma vassoura no lado esquerdo do altar.
Se não conseguir encontrar uma imagem apropriada da Deusa (ou se simplesmente não o quiser), pode substituí-la por uma vela verde, prata ou branca. O caldeirão, por vezes, também é colocado no chão, ao lado do altar, se for grande demais para ficar em cima dele.
No lado direito, a ênfase é no Deus. Uma vela vermelha, amarela ou dourada, ou ainda uma figura apropriada é ali colocada, assim como o incensário, o bastão, o athame (punhal mágico) e o punhal de cabo branco.
Flores podem ser colocadas no meio, talvez num vaso ou num pequeno caldeirão. Outra possibilidade é colocar o incensário no centro, para que a fumaça seja oferecida tanto para a Deusa como para o Deus, e o pentagrama pode ser posicionado diante do incensário.
Símbolo ou vela da Deusa.
Os dois.
Símbolo ou vela do Deus.
Incensário.
Pote de Água.
Vela Vermelha.
Pote de Sal.
Taça.
Pentagrama.
Incenso.
Bastão.
Caldeirão (ou material para o encantamento).
Athame.
Sino.
Bolline.
Disposição sugerida para o Altar.
Alguns Wiccanos seguem um planejamento de altar mais primitivo, mais voltado para a natureza. Para representar a Deusa, uma pedra redonda (perfurada, se disponível), uma bonequinha de milho ou uma concha do mar funcionam a contento. Cones de pinho, pedras afiadas e bolotas de carvalho podem ser usados para representar o Deus. Use sua imaginação ao montar o altar.
Se estiver trabalhando magia dentro do círculo, leve todos os itens necessários para dentro dele antes de iniciar, no altar ou sob este. Nunca se esqueça de Ter fósforos à mão, bem como um pequeno recipiente no qual depositar os fósforos utilizados (não é adequado atirá-los no incensário ou no caldeirão).
Apesar de podermos colocar imagens da Deusa e do Deus, não somos idólatras. Não acreditamos que uma tal estátua ou pilha de pedras realmente seja a deidade representada. E, apesar de reverenciarmos a natureza, não cultuamos árvores ou pedras ou aves. Simplesmente nos deleitamos com as manifestações das forças criativas universais - a Deusa e o Deus.
O altar e o círculo mágico no qual ele fica é uma construção pessoal e deve ser de seu agrado. Meu primeiro mestre de Wicca preparava altares elaborados adequados à ocasião - se não pudéssemos praticar ao ar livre. Para um rito da Lua Cheia, ele cobriu o altar com cetim branco, colocou velas brancas em suportes de cristal, um cálice de prata, rosas brancas e folhagens brancas. Um incenso composto de rosas brancas, sândalo e gardênia flutuava pelo ar. O altar resplandecente inundava o ambiente com energias lunares.“Guia essencial da Bruxa Solitária”, de Scott Cunnigham.