contos sol e lua

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Afrodite - a face negra do amor.


Freqüentemente, entre muitos outros, um erro tem sido cometido entre os
neopagãos, talvez movidos pelo intenso pedantismo reinante ou pela misologia
característica dos "novos-bruxos", muitas divindades tem sido banalizadas e
tidas como seres eternamente à disposição das vontades humanas. Infeliz engodo.
Nessa ânsia de transformar de não reconhecer em certas divindades seus aspectos
negativos, acabamos caindo no velho conto do cego que não deseja a visão.
Afinal, é mais fácil fantasiar e decorar o mundo como um eterno mar de rosas e
viver boiando sobre ele. Uma deusa que, invariavelmente tem sido alvo de tais
praticas é Afrodite, umas das mais antigas divindades da arcaica religiosidade
helênica. Como divindade assaz primitiva, mesmo após sua entrada no Olimpo,
Afrodite permaneceu distante dos demais deuses, como Hécate ela era cultuada em
diversas partes do mundo antigo, chegando até mesmo à costa norte da África onde
há indícios de seu culto e lendas seus amores na região. Como
Hécate, por demais inserida no cotidiano dos povos helênicos, Afrodite não
apenas uma olimpiana, mas uma presença constante na vida de todos os gregos
arcaicos, como é ainda hoje para os reconstrucionistas da religiosidade grega.
Como deusa do amor, Afrodite não possuía em si apenas os aspectos
judaico-cristãos de afetividade tola que temos inserido em nossa sociedade. Era
a deusa do amor, do sexo e dos prazeres da carne, entretanto, possuia faces de
um amor celestial, divino, por demais elevado aos nossos conceitos, o amor
platônico como conhecemos hoje é regido também por essa deusa, sob o nome de
Afrodite Urânia.
Em seu aspecto de sedutora Afrodite incorporava o nome de Afrodite Pandemo,
"comum", e essa sua face, tão pouco desconhecida para os povos contemporâneos,
era a mais respeitada entre os gregos. Em alguns mitos ela aparece como Grande
Mãe, principalmente na Ásia Menor, onde era tida também como Afrodito, recebendo
barbas e transformando-se em uma divindade andrógina. Algumas lendas referem-se
à ela como amante de Zeus, o Pai.
Atualmente há uma pratica comum entre nossos escritores, principalmente os
religiosos e não históricos, em dar destaque somente à face boa e 'cristã' de
Afrodite, talvez por que certos conceitos ainda estejam por demais inseridos em
nossa mentalidade para serem claramente expostos. Nosso objetivo aqui não
agradar aos olhos dos leitores, é tornar claro que Afrodite não era para os
gregos uma divindade piedosa e caridosa, como muitos gostariam que o fosse, ao
contrário, em sua face negra Afrodite se mostra como a mãe destrutiva, a deusa
que dá a vida e a recolhe, sem utilizar critérios de pecado ou piedade, bondade
tola para sermos mais exatos. Ligada às deusas orientais Ishtar e Astarde,
Afrodite regia suas sacerdotisas nas antigas praticas da prostituição sagrada,
como assim o fazia Ishtar. As sacerdotisas de Ishtar eram escolhidas em tenra
idade, iam para os templos demasiado jovens, após receberem o primeiro
sangramento. Lá se deitavam com viajantes e todos aqueles que ali parassem
e pagassem à deusa pelos prazeres da carne. Afrodite, como nos atestam variados
indícios, também era simpática a tal prática. Talvez nossas pseudo-sacerdotisas
dos movimentos neopagãos se interessem por esse lado ao se dizerem filhas dessa
divindade. Astarde, à semelhança de Afrodite possuía também seu consorte divino,
Tamuz. Tamuz e Adônis, amantes das duas deusas, padeceram do mesmo mal, o
excesso de amor que as duas divindades lhes dedicavam. Eis a face negra do amor
divino. Essa história se assemelha muito ao mito da Roda do Ano dos wiccanos de
hoje, mas faremos tal analogia em uma próxima oportunidade.
Afrodite, como deusa negra, recebeu entre os gregos o nome de Afrodite Zeríntia,
sob o qual regia os espíritos e os mortos. Na Trácia recebia sob essa forma
sacrifícios de cães em seus oráculos. Aconselhamos assim certos indivíduos a
sacrificarem seus cãezinhos à deusa do amor, ora ela é apenas regente do amor, e
o amor não mata. Na península Ática seu nome Zerintia muda para Genítilis,
onde também recebia sacrifícios de diversos animais, entre eles os cães, que
também eram sacrificados à Hécate. Tais sacrifícios eram realizados
principalmente em oráculos, os cães como seres andantes eram tidos pelos gregos
como eternos conhecedores das estradas, eram sacrificados para auxiliar em
decisões de novos rumos e caminhos a serem tomados. Vale lembrar que Hécate
regia os caminhos, e freqüentemente era representada tendo um cão ao seu lado,
algumas vezes Cérbero, o cão de três cabeças que guardava, como se sabe, o
caminho para o Tártaro, o reino dos mortos. A deusa apareceu também sob os
nomes de Melena e Melênis, "a negra" e "a escura", respectivamente. Sob o nome
de Zerintia, Afrodite surge novamente como deusa negra, sob essa forma os gregos
à consideravam "a mais velha das Moiras". As Erínias, deusas da vingança e que
levam a morte lenta aos infratores das leis divinas eram filhas de Urano, como
Afrodite. Nessa versão de Hesíodo, enquanto Afrodite nascera do sêmen de Urano
fertilizando o mar, as Erínias e outras deusas negras surgiram do sangue de
Urano, quando este tocou o mar. Essas irmãs as Erínias, possuíam como Afrodite
duas faces, eram também as Eumênides, "as benevolentes". Já falamos da ligação
de Afrodite com Hécate pelo cão, o que falta ainda sobre esse tópico é que a
chegada das Erínias, era sempre ouvida por um forte ladrado de cães, assim
Ésquilo nos afirmou. O nome Erínia em seu significado original é "espírito de
cólera e vingança" e em alguns autores são citadas como Erini, forma única
dessas divindades. Karl Kerényi nos afirma que Afrodite não
era apenas uma das Erínias, e sim Erini, a mais poderosa delas. Em um trecho da
tragédia 'Hipólito', do autor grego Eurípides, encontramos a seguinte narração:
"AFRODITE Tão grande e famoso é o meu nome entre os mortais como no céu: sou a
deusa Cípris. Mas hoje ainda, devido às faltas contra mim cometidas,
punirei Hipólito . De acordo com os meus desejos, Fedra, nobre esposa de seu
pai, ao vê-lo, no coração foi ferida por violento amor."
As Erínias eram os espíritos da vingança, e nessa obra antiga Afrodite surge
exatamente como vingadora. Hipólito, por despreza-la e adorar Ártemis, sofrerá
as conseqüências de não reconhecer em Afrodite as qualidades por ela possuídas.
Eis sem mascara a deusa do amor dos jovens apaixonados, quanta ternura!
Afrodite era conhecida por outros nomes, em sua maioria ligando-a à morte, e a
destruição. Devido à imensa maioria dos nomes e das faces negras de Afrodite,
vemos que era cultuada mais como uma deusa negra do que como deusa do tolo amor
cristianizado. Foi chamada de Afrodite Andrófono, "a matadora de homens (o mito
mais conhecida de uma vingança das Erínias fala sobre sua perseguição à Orestes)
Afrodite igualmente pune Hipólito. Afrodite Anósia, como "a pecadora", nome sob
o qual eram erigidos os raros templos de prostituição sagrada existente na
Grécia. Como Senhora da Morte era Timborico, "a cavadora de túmulos". Aspecto
sob o qual se fazem presentes suas qualidades pouco atraentes. Algumas histórias
contam sobre uma certa Afrodite Persefessa, o sobrenome deveras semelhante à
Perséfone, esposa de Hades e rainha do Tártaro, sela assim sua presença como
face negra do divino feminino grego. Como cavadora de túmulos Afrodite não é a
deusa celestial que tanto aspiramos adorar. É, ao
contrário a senhora negra, o útero que devassa a vida dos homens, ao mesmo
tempo que lhes levava prazeres, Afrodite destruía e matava. Fez Hipólito infeliz
por ousar desacredita-la e certamente não coroará de rosas certos atos e
praticas que tanto a banalizam, especialmente nos tempos atuais. Afrodite
mostra-nos claramente as diversas faces de uma divindade, como deusa mãe, é não
apenas o doce útero que dá à luz, mas as garras que a tiram.
Asgard.

As Deusas Negras.

, Que se conectam com as luas escuras sempre tem muitos atributos: São Deusas da morte e da ressurreição, portadoras da foice que ceifa nossas vidas. Também as Deusas da magia, uma vez que os portais da magia somente serão abertos quando passamos a conhece-las.
São senhoras dos oráculos e tecelãs, no sentido de que transformam a vida.
Quando lidamos com as Deusas Negras estamos tratando de uma coisa chamada SOMBRA, ou seja, tudo o que sua personalidade consciente rejeitou para formar o EU que se apresenta ao mundo. Mas a personalidade de cada um de nos é formada pelo que vem da luz, o ego, mas em grande parte pela sombra.
Como em um icebergue o ego é a pontinha fora da linha da régua.
Porque é importante sabermos disso? Tendo consciência do que é nossa sombra poderemos conhecer a nós mesmos de uma maneira plena. Sua sombra traz dentro dela tudo o que vc rejeitou. Se vc é leal, sua sombra é desleal, se vc é honesto, sua sombra mente, se vc é ordeiro sua sombra ama a desordem.
Mas a sombra tem uma riqueza potencial enorme, porque guarda qualidades que vc também não tem. Por exemplo, se vc é tímido, sua sombra é arrojada, se vc é medroso, sua sombra é valente, se vc é rígido sua sombra é flexível e adaptável.
Por ai creio que já deu para vocês imaginarem como o trabalho com a sombra pode ser importante e rico. Ela pode fornecer a vc qualidades que você não tem e que podem te ajudar muito na vida. Mas há um preço a pagar. Qual seria ele?
Sabemos que a sombra é algo tem sido profundamente rejeitado por nós, quando não nos trabalhamos psicologicamente, que essas riquezas da sombra não estão facilmente disponíveis. Estão profundamente enterradas no inconsciente. E como faze-las vir a luz? encarar sua sombra de frente.
Quando as pessoas começam a ver isso, muitas se assustam e nunca mais voltaram a um trabalho mágico, muito menos a Wicca. Um trabalho de auto-transformação é um trabalho seríssimo. Especialmente para aqueles que crêem que são "bons", "guerreiros da luz", "certinhos".
Quanto mais uma pessoa vive essas personagens boazinhas, anjinhas, que espalham luz e bondade onde passam, maior é o abismo que separa a sombra do ego. Se você é daquelas pessoas que nunca se permite uma irritação, que nunca xinga, que nunca grita e que jamais perde a paciência, se você é uma pessoa sempre legalzinha, agüentando qualquer coisa que te façam de boca calada ou oferece a outra face, se você aparenta ser sempre Zen e que nada te perturba. bem , vc é um sério candidato a ser vítima do que se chama em psicologia uma revolta da sombra.
Já viram aquele número de malabarismo nos circos em que a pessoa se equilibra em uma tábua solta sobre um cilindro? Quanto maior for a tábua, mais difícil o equilíbrio. Quanto mais as pernas ficam próximas, mais fácil é. pois é, imagine que cada perna é ego e sombra , uma pessoa que dá vazão a sua sombra, que morde quando é cutucada, que xinga, briga, chuta em revolta, que não dá a outra face, que não finge que não está zangada e odeia. essa pessoa é muito mais equilibrada do que as que fingem que nada as afeta ou que sempre passam por cima de tudo, ou pior, que se compadecem de quem as agride.
A explosão da sombra pode se dar de mil maneiras, desde uma maneira bombástica como o cara bom pai de família e bom marido e trabalhador que um dia pega uma arma , entra numa lanchonete e fuzila todo mundo, até a pessoa que não agüenta mais e um dia manda o casamento por espaço os filhos pra marte e vai morar com os índios no Xingu.
Conhecer e acatar nossa sombra por exemplo que odeia, grita, rosna, ameaça os inimigos é parte essencial de uma psique saudável e do trabalho mágico, porque é só aceitando nossa condição humana capazes de conhecer quem realmente somos.
Uma bruxa sabe que aceitar as manifestações da sombra é o caminho do poder pessoal e do equilíbrio e que não há atalhos que o evitem. Emoções como ira, raiva, ódio, cobiça, gula , luxúria, preguiça, são HUMANAS.
Nenhum de nós escapa delas, e o resto é fingimento e hipocrisia.
A doutrina cristã é a escravidão da doutrina da CULPA.
E assombras que se alimentam desse sentimento chamado CULPA são sempre monstruosas.
A Deusa Negra nos traz muitas qualidades da sombra.
Quem é LILLITH?
É uma Deusa venerada na Mesopotânia, onde havia culturas religiosas fortemente baseadas em uma profética que se convencionou chamar "prostituição sagrada". Coloco o termo entre aspas porque sempre que vemos a palavra prostituição soa em nossas mentes o alarme do contexto negativo que a sociedade patriarcal deu ao termo.E o que eram essas culturas?
No grande templo de INNANA havia o culto a Ela como grande Mãe, depois Deusa do amor.
As sacerdotisas praticavam sexo, ritual com homens escolhidos para que a nação tivesse as bênçãos do Grande Rito: fertilidade, vida, prosperidade, boas colheitas...o coração da nação era esse templo. centenas de homens eram convidados todos os dias. Hoje muitos que escrevem sobre o tema, imbuídos de uma concepção machista, tentam minimizar a importância das sacerdotisas que exerciam esse papel. A verdade é que eram muito consideradas e tinham influencia política e econômica imensa, influindo diretamente na escolha dos governantes.
A porção donzela de INNANA era a Deusa LILLITH, e eram chamadas de LILLITHS as sacerdotisas mais jovens que saiam nas ruas para buscar os homens escolhidos para os rituais sexuais naquele dia.
LILLITH era " a mão da Deusa" que ia buscar os homens e traze-los aos templos. por isso ela também é chamada de a Donzela Negra.
Imaginem o choque cultural que houve quando os judeus chegaram a essa nação. Para os judeus, sexo era um mal necessário para a procriação. A mulher, uma coisa imunda e impura quando menstruava ai que nojo! alias, menos que um objeto. Podia ser apedrejada até a morte só por ter ousado falar mais alto, já que o marido era seu dono e senhor.
Imaginem o que sentiram os patriarcais judeus em uma sociedade (eles chegaram a Babilônia como escravos) onde as mulheres eram respeitadíssimas e as sumas sacerdotisas transavam com muitos homens e eram respeitadas por isso! LILLITH acabou sendo para os judeus uma "demônia" ou a "mão de todos os demônios". a famosa sombra.
O que se teme. no caso a liberdade sexual da mulher, o que as ameaça - uma mulher independente do homem é obviamente ameaçador e deve ser "demonizado", ou seja, deve ser execrado, desprezado, amaldiçoado, rotulado como o "mal".
LILLITH é uma Deusa Negra que nos traz a incomparável riqueza de discutir nossa sombra em relação da sexualidade. Todo mundo sabe como a maior parte das pessoas tem medo e dificuldade até de falar sobre sexo. Quanto mais de questionar seus medos, preferencias e praticas.assim se compreende facilmente as fantasias e o medo de LILLITH.
Todos, homens e mulheres, por ela, podem discutir suas vidas sexuais, seus relacionamentos, suas amarras, seus medos,seus dilemas. Ela traz a redenção da culpa sexual, que nos torna presa fácil dos preconceitos, das vidas sempre insatisfeitas, do controle de muitos.Ela pode libertar o homem e a mulher da opressão sexual, ela pode nos ajudar a viver em um mundo de mais equilíbrio, onde um não tema o poder do outro. Tudo isso é o trabalho da Deusa Negra em nós.Wikepédia.

Filosofia Wicca.


'A filosofia básica da Antiga Religião fundamenta-se nos caminhos da Natureza, e a compreensão da espiritualidade pela humanidade é revelada por um sentido de comunidade saudável. É nessa estrutura sustentadora de códigos de conduta, cortesia comum e respeito pelos outros que a essência de nossa espiritualidade pode ser compreendida.
Essencialmente, a filosofia da Wicca emana da antiga visão de que tudo foi criado pelos Grandes Deuses (a partir da mesma fonte procriadora) e de que tudo possui uma “centelha divina” de seu criador. Na Criação, ensina-se que existem quatro “Reinos”: Mineral, Vegetal, Animal e Humano, cada um deles expressão ou manifestação da Consciência Divina. Almas individuais atravessam esses Mundos, adquirindo conhecimento e experiência, movendo-se rumo à reunião com a Fonte de Todas as Coisas. Num certo sentido, pode-se dizer que as almas vivenciando o plano físico são como sondas conscientes enviadas pelo Criador Divino. Da mesma forma, pode-se dizer que as almas são como os neurônios na mente do Divino Criador, entidades individuais que formam parte de um todo.
Embutida na criação física está a Lei da Causa e Efeito (sendo o “Karma” seu contraponto espiritual), que serve para manter tudo em um equilibrado movimento. O Karma faz com que a alma experimente os níveis de energia positiva e negativa que ela própria projeta a outras almas. Assim, através de muitas existências, a alma é temperada e moldada para que possa ser funcional nos Mundos Espirituais nos quais um dia habitará. De acordo com as crenças antigas, a alma pode encarnar fisicamente muitas vezes até se libertar do Ciclo do Renascimento.
Nos “bastidores” da existência física habitam as forças que animam o mundo. Os antigos se referiam a essas forças como os Reinos Elementais: Terra, Ar, Fogo e Água. Nessas Forças ou Reinos, os antigos viam seus agentes ativos como espíritos conscientes. Aos espíritos da Terra eles deram o nome de “Gnomos”; aos do Ar, de “Silfos”; aos do Fogo, “Salamandras”; e aos da Água, “Ondinas”. Tudo na Natureza foi criado e é mantido por um ou mais desses Elementos (e seus agentes). Eis por que os Elementais são chamados em rituais ou em magia, para que algo possa ser criado ou estabelecido (apesar de, nesse caso, nós assumirmos a condição de “Criador” que dirige a manifestação).
Todas as formas de vida são respeitadas na Antiga Religião. Tudo possui igual importância. A única diferença é que as coisas estão meramente em diferentes níveis de evolução dentro dos Quatro Reinos. Os humanos não são mais importantes do que os animais, que não são mais importantes do que as plantas e assim por diante. Vida é vida, não importa que forma física ela adote em um determinado tempo. Somos todos parte da mesma criação e tudo se conecta e se une.
A Natureza é considerada o Grande Mestre. Os Ensinamentos dos Mistérios nos dizem que a Fonte Divina depositou no tecido da Criação um reflexo do que a criou. Assim, as leis da Natureza são reflexos das Leis Divinas ou princípios, os quais operam numa dimensão acima e numa abaixo da natureza física. Destarte, os antigos cunharam a frase “assim na terra como no céu”.
Ao estudar os Caminhos da Natureza, obtém-se uma visão (por mais crua que seja) dos Caminhos Divinos e, a partir destes, podemos ver o retorno das estações (reencarnação) e as leis de causa e efeito (karma) ligados ao uso (bom ou mal) da terra, do ar, dos recursos naturais e das criaturas vivas. Esse é um dos propósitos dos rituais sazonais, pois tais ritos nos saturam e nos harmonizam com a essência concentrada da Natureza nesses períodos determinados. Quanto mais a*****ulamos nas marés sazonais da Natureza, mais nos tornamos iguais a ela. Ao nos tornarmos como a Natureza, fica mais fácil compreende-la.
Quando contemplamos os chamados Reinos Inferiores, vemos a cooperação entre diversos insetos, tais como formigas ou abelhas, e em muitos animais encontramos rebanhos ou matilhas, etc. (nisso podemos reconhecer o Caminho Divino do Espírito Grupal). Todas as almas experimentarão tanto o grupo quanto a individualidade, para que possam compreender a necessidade de autolimitação (como no compromisso e na cooperação). Um grupo de criaturas trabalhando em conjunto pode defender-se e suprir suas necessidades melhor do que uma criatura solitária. Na reflexão Divina desse princípio, vemos que uma alma se enriquece ao dar de si mesma a outra alma, e é isolada quando se posiciona acima de outra.
Todos já experimentamos o prazeroso sentimento de proporcionar bem-estar a outra pessoa, e o sentimento de culpa ou de egoísmo ao darmos mais importância a nós do que a um amigo ou ser amado. Todos experimentamos o sentimento de aceitação e reconhecimento num grupo, assim como a dor da rejeição. Até mesmo quando obtemos prazer ou alegria solitariamente sentimos a necessidade de compartilhar esse sentimento com outra pessoa de algum modo. Disso surge o ensinamento de servir aos outros, pois os Wiccanos sempre foram os conselheiros ou curandeiros locais.
No que concerne ao ensinamento do relacionamento de uma alma a outra, sabemos que os antigos criam numa raça de deuses que observavam e interagiam com a humanidade. Para os antigos, um deus podia representar qualquer força da natureza singular, aparentemente independente, cujas ações podiam se manifestar na forma de tempestades, tremores de terra, arco-íris, belas noites estreladas e assim por diante. À medida que o esclarecimento e a intelectualidade dos humanos cresceu, também cresceu o conceito dos deuses.
Os Wiccanos geralmente vêem seus deuses como Seres cuidadosos e benevolentes, num papel semelhante ao de um amável pai ou mãe (apesar de muitos Neo-Wiccanos encararem o Deus e a Deusa como conceitos metafísicos em vez de aspectos da Consciência Divina). Um pai ou uma mãe cuidam em certos aspectos de uma criança, mas devem basicamente ensinar a criança a se preparar para viver sua própria vida. Ao correr de seu relacionamento, a criança nem sempre entenderá os atos de seus pais. No entanto, ainda existirá uma relação, e esta requer compreensão mútua e comunicação para que um espírito amoroso floresça.
Por vezes, uma criança pode achar que o pai ou a mãe são injustos ou pouco amorosos, sem compreender que o pai deve estabelecer limites e regras de comportamento para o próprio bem da criança. Regras e limites existem na Natureza e são essenciais para a formação de raciocínio e comportamento maduros (“assim na terra como no céu”). Ainda assim, não é crença entre os Wiccanos que os deuses coloquem obstáculos ou tragédias no caminho dos humanos, tampouco que tenha o costume de testar a fé humana. É a lei do Karma, e o azar de fatos aleatórios, que manifestam o que compreendemos como as agruras e dificuldades da vida. São os deuses que se mantêm a nosso lado e nos auxiliam a encontrar a força de que precisamos para prosseguir.
Um dos maiores dogmas de crença na Antiga Religião é o de aceitar as responsabilidades por nossos próprios atos. Nós fazemos ou destruímos nossas próprias vidas, e ativamos ou desativamos nosso próprio “quinhão” na vida. Os Deuses estão a postos para nos auxiliar, mas nós é que devemos realizar o trabalhão. Até mesmo quando fatos aleatórios ou o Karma aparentemente nos alquebram, somente nós é que podemos lutar para continuar. A Natureza fornece as chaves para compreender esse processo a fim de que não fiquemos sós; essas chaves são encontradas nos Mistérios Wiccanos. Na verdade, os Ensinamentos Misteriosos da Wicca nos auxiliam a encontrar nosso caminho ao seguirmos o caminho batido dos que já passaram.
Os Wiccanos não podem depositar tudo nas mãos dos deuses e dizer: “Cuide disto agora”. Devemos ser responsáveis por nós mesmos e por nossas próprias ações (ou falta delas), pois, mais do que nunca, somos nós mesmos quem trouxemos a situação à sua manifestação. Quando nos conscientizamos disso, e agimos de acordo, então os deuses se aliam a nós. É desejo de nossos deuses que sejamos felizes em nossas vidas e que atinjamos nosso objetivos e ambições antes do fim de nosso período na terra.
Na Antiga Religião, a morte significa simplesmente a passagem de um mundo a outro. O corpo físico, como a vestimenta da alma, é descartado quando se desgasta ou é danificado permanentemente. O nascimento é a entrada da alma no mundo. E, “assim na terra como no céu”, os outros Mundos aparentemente possuem sua próprias versões de nascimento e morte.
Os ensinamentos nos dizem que deste mundo físico os Wiccanos passam a um mundo espiritual conhecido como Summerland (ou o Reino de Luna). Esse é um domínio astral metafísico de prados, lagos e bosques, onde é sempre verão. É um paraíso pagão repleto de amáveis criaturas das antigas lendas; os próprios deuses residem lá. Ainda assim, o objetivo espiritual máximo dos Wiccanos não é Summerland, mas a união original que eles a um tempo compartilharam com a Alma Grupal, habitando em unidade com a Divina Fonte de Todas as Coisas.
Essa união não é um lugar num plano astral, como o é Summerland, é, isso sim, um estado de ser. Esse é um dos motivos pelos quais reencarnamos, vivendo nossas diferentes existências ora como machos, ora como fêmeas, ora ricos, ora pobres, etc., numa sucessão de personalidades, aprendendo e crescendo, tomando ciência e respeitando as outras almas.. Esse tipo de espiritualidade cria uma vibração mais elevada no interior da alma, permitindo que ela escape do retrocesso à matéria física, inerente a uma vibração mais baixa.
De tudo o que os Wiccanos compreendem da ordem do mundo físico, surge um código básico de conduta:
Se ninguém for prejudicado por uma ação sua (seja física, emocional ou espiritualmente), então aja como desejar na Vida, de acordo com sua Individualidade mais Elevada. Busque sua identidade e seu propósito.
Quando alguém faz algo de bom para você, retribua o gesto bondoso fazendo algo de bom por outrem, para que a semente plantada dê fruto.
Mantenha sua palavra e seus juramentos quando os empenhar.
Não mate ser algum, exceto quando necessitar de alimento ou proteção.
Reconheça e preste a devida reverência a seus deuses, observando todos os períodos e festivais sagrados.
Não despreze as crenças de outrem, simplesmente ofereça o que acredita ser verdade.
Busque viver em harmonia com os que discordam de você. Tente se conscientizar dos que estão a seu redor e encontre a compaixão em seu interior.
Seja sincero com seus próprios conhecimentos e lute para se afastar do que se opõe dentro de você.
Auxilie os outros de acordo com suas necessidades e de acordo com sua habilidade em dar de si mesmo.
Respeite a Natureza e lute para viver em harmonia com Ela.'
"Mistérios Wiccanos" de Raven Grimassi"