contos sol e lua

contos sol e lua

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Coletânea de contos celtas de várias épocas.


Diferentemente da mitologia grega, a mitologia celta, apesar de sua forte influência nas lendas arturianas e da recente expansão da Wicca, que se apropria dela, é pouco conhecida. Este livro busca resgatar alguns dos mitos celtas e trazê-los ao leitor de hoje.
Existem duas razões principais para este desconhecimento:
Os celtas, apesar de terem uma escrita, faziam pouco uso dela, pois consideravam que a palavra tinha poderes mágicos e reservavam a escrita para casos especiais.
Foram derrotados pelos romanos que destruíram monumentos, documentos e mataram detentores de conhecimentos, eliminando boa parte dos parcos registros da história do povo celta.
O livro é composto por 16 histórias, seguidas por um posfácio em que o autor explica suas escolhas e analisa um pouco do material disponibilizado ao leitor. É inteligente colocar este tipo de informação no final do livro, pois evita spoilers e uma leitura contaminada pela posição do ensaísta.
Os contos devem ser lidos pelo que são: uma narrativa construída para, principalmente, entreter.
Muito mais que os gregos, os celtas deixam os deuses próximos dos homens, a ponto de só os percebermos por seus feitos extraordinários. Deusas sofrem as dores do parto e deuses envelhecem ou são mortos por flechas, enquanto homens podem se transformar em animais.
A primeira história, "O Erro do Rei Nuada", conta a saga das tribos de Dana e seu rei em confronto com os filborg, com a ajuda dos fomores. Os filborg e os fomores representam as forças primitivas e destrutivas, enquanto a tribo de Dana e seu rei são as forças da ordem. Mas a ordem em si mesma não é um bem puro, pois pode se transformar em tirania, como ocorre quando Bres assume o trono.
A saga do rei Nuada segue em "A Segunda Batalha de Mag Tuareg", onde os antes aliados fomores agora são o inimigo. Neste conto tomamos consciência de quem são os filhos de Dana.
O terceiro conto, "A Busca dos Filhos de Tuireann", nos mostra um dos valores caros aos celtas: o heróismo, considerado desta forma como a capacidade de realizar feitos maravilhosos (vencer monstros invencíveis, subir a mais alta montanha, descer ao mais profundo dos mares, etc.).
O heroísmo pode mesmo trazer redenção ao mais cruel assassino, mesmo ante aos familiares das vítimas, e uma morte com honra seria um dos mais admiráveis feitos, como nos é mostrado nesta história.
A quarta e a quinta histórias (“O Príncipe do Abismo” e “A Cavaleira de Aberth”) são sobre Pwyll, conhecido por ser Príncipe do Abismo. O “abismo”, o que seria? Como em muitas culturas, é o reino subterrâneo dos mortos. Pwyll, após ter cometido uma descortesia com um estranho numa caçada, se oferece para reparar o erro. O estranho, porém, não é ninguém menos que Arawn, príncipe do abismo. Na nossa cultura seria o mesmo que encontrar-se com Satã, porém, para os Celtas não existe tanta polarização entre o senhor dos mortos e os homens ou deuses. Tanto que é possível um acordo entre eles, sem que haja um comprometimento maior a não ser cada um cumprir sua parte, e tanto um como outro honram o combinado.
O conto 6, "A Montanha Sobre o Mar", conta a origem de Londres e por que ela venceu tantos ataques até os dias de hoje.
O sétimo, "A Mulher Mais Bonita do Mundo", é sobre a relutância de Arianrod, uma poderosa maga, em aceitar seu filho e os estratagemas do pai adotivo da criança, Gwydion, para conseguir as bençãos da mãe para o menino. Nesta mesma história, há a criação de uma mulher artificial (feita por magia), por quem todos se apaixonam, até quem deve destruí-la.
O conto 8 fala de "A Fraqueza dos Ulates" (irlandeses). Uma deusa, Macha, vive oculta entre os homens, casada com um um deles, de quem fica grávida. Essa deusa, por falta da compaixão dos irlandeses em relação a seu estado, os amaldiçoa a sentir as dores do parto uma vez por ano, durante 15 dias.
O nono conto fala de um jovem Cuchulainn, que ousa reivindicar para si “O pedaço do herói”, a primeira porção do primeiro porco a ser servido num banquete. Aqui a questão da honra e da bravura ganham novamente relevância, mostrando quão caro eram esses valores para os celtas. No conto, os dois pretendentes ao pedaço do herói brigam o dia inteiro para provar quem é digno de tal iguaria, mesmo que ao cair da noite a carne esteja pra lá de fria.
O décimo conto, "O Touro Castanho de Culnge", tem como tema a inutilidade da guerra movida por simples ambição, em que os dois lados saem perdedores. Apesar dos celtas serem um povo guerreiro e conquistador, tinham uma ética bem delineada em relação aos conflitos, como está retratado nesse conto.
O 11o conto, "Um Voo dos Cisnes", é uma bela história de amor com um final surpreendente, cuja mensagem é o verdadeiro amor transcende a aparência física, um conceito que só volta a aparecer nos contos de fada após a Bela e a Fera e mais recentemente em Shrek.
Os contos 12, 13 e 14 ("O Rei sem Reino", "O Casamento de Fionn" e "O Ciúme de Fionn") são sobre o Fionn, rei dos fiana, com destaque para "O Ciúme de Fionn". O amor proibído, mas realizado sob duras penas, de Diarmaid e Graine é o tema desta grande história, que pode ser considerada ancestral de "Tristão e Isolda" do ciclo arturiano e de todas as histórias de amor, de Romeu e Julieta à novela das sete.
O conto 15, “A ilha das mulheres”, conta uma história com contornos fantásticos, em que aparecem seres belíssimos e tentadores que afastam os homens de seus propósitos e distorções de tempo, que lembram histórias fantásticas e até de ficção científica mais contemporâneas.
O último conto, "O Príncipe dos Bardos", conta a história de Tailesin, o maior de todos os bardos. A sua origem foi recontada inúmeras vezes em várias lendas orais e escritas. Tailesin faz parte do ciclo arturiano. Uma parte importantante é o duelo com Keridwen, em que Gwyon e a maga duelam entre si cada um assumindo a forma de um animal (como aparece no duelo entre o mago Merlin e a Madame Min no desenho A Espada era a Lei, dos estúdios Disney).
O último conto encerra muito bem o livro, pois os celtas colocavam o homem dentro de um universo em que conviviam com os deuses lado a lado e poderiam não só interagir diretamente como lutar e até vencê-los e, como acreditavam no poder da palavra, o simples fato de fabular e contar histórias dava um poder extraordinário a quem tinha capacidade de imaginação. Tal qual Tailesin, os criadores de fábulas atuais – escritores, poetas, roteiristas, diretores de cinema e teatro – tem um poder incomensurável, sendo capazes de criar mitos e lendas que ultrapassam a época em que foram escritos. Contos e Lendas da Mitologia Celta
Álvaro A. L. Domingues

O lago Emprestado.


Um jovem chefe cortejava a filha de outro chefe, cujo forte se achava situado no limite de Loch Ennel em Westmeath.
A dama era bastante altaneira e melindrosa, e lhe disse claramente que não aceitaria assumir a condição de dona de casa se não pudesse ver da sua janela um lago tão belo como o que se divisava frente à casa de seu pai.
Este era um assunto delicado, o vale era adequado, mas as ladeiras das colinas estavam cobertas de casinhas e o riacho que serpenteava lá no fundo demoraria muitíssimos anos para encher o vale, e uma vez terminada a represa, cuja construção necessitaria de uma dúzia de anos, o galã seria já velho.
Sua mãe adotiva, uma feiticeira (isto ocorria nos tempos dos Danaans), ao vê-lo arrancar os cabelos em um par de ocasiões, induziu-o a refazer-se e lhe ordenou que respeitasse até o dia seguinte seus soltos cachos.
Logo, a feiticeira dirigiu-se com o meio corrente de transporte das feiticeiras, à cabana de uma irmã Firbolg na arte da magia, situada sobre a margem ocidental do Shannon.
Esta cabana estava comodamente localizada sobre o corte de uma colina, dando sobre um agradável lago, e a mulher Danaan foi hospitaleiramente agasalhada pela mulher Firbolg.
Depois de seu singelo refrigério, a visitante revelou o motivo de sua viagem e suplicou a sua sabia amiga que lhe emprestasse seu lago até o dia da lua seguinte, acrescentando num resmungo enganoso
-"depois da semana da eternidade".
Um lago era algo difícil de conseguir, mas finalmente obteve-o e o levou triunfalmente debaixo da capa ao vale de Leinster.
As pessoas que viviam nas ladeiras das colinas despertaram naquela noite de seus sonhos ouvindo um estrondo, digamos assim como o de dez mil cascatas.
Todos fugiram até as terras altas e foram hospitaleiramente resguardados pelos edifícios do forte, e ao alvorecer da manhã seguinte, milhares de assombrados olhos contemplaram o plácido lençol de água que cobria suas moradas do dia anterior.
Assim foi conquistada a altaneira noiva.
A desgarrada mulher de Connacht esperou até o dia da segunda lua, irritadíssima ante o lamacento leito que exibia o fundo de seu lago debaixo da influência de um sol ardente e sem aparentes perspectivas de que lhe devolveriam com gratidão as águas.
Até uma mulher sábia pode perder a paciência.
Esta voou à casa de sua enganadora colega em bruxarias, cavalgando sobre sua vassoura e foi recebida com fingida alegria.
-Não há tempo para cumprimentos, comadre - lhe disse
-Chegou o dia da lua seguinte e até o da lua subseqüente, e em vez do meu agradável lago, só vejo rochas, barro e peixe podre. Devolva-me meu lago, te digo.
- Ah, querida irmã! A ira te tirou a memória. Prometi-te devolver-te teu formoso pedaço de água no dia da lua seguinte à semana da eternidade, não antes; reclama-o quando vencer o prazo.
A ira da bruxa traída não teve limites, mas não tinha argumento algum, devido à traiçoeira reserva da astuta Danaan.
O resultado foi trágico para a maior parte dos interessados; mas a incorporação de Loch Owel às agradáveis planícies de Meath é tudo o que nos interessa por agora.F.P.Wikepédia

A SOMBRA RUIVA.

A Irlanda é cheia de lendas sobre a banshee, criatura lacrimosa cujas visitas anunciam mortes. Seu nome, em Celta, é bansidhe - fada - embora muitos digam seja um espírito, ora bondosos ora malévolos. Essas aparições estão ligadas por lendas centenárias às grandes casas da Irlanda, cujos infortúnios ficam registrados nos gritos lamuriantes ou nas risadas demoníacas do espírito. Existem vários relatos corroborando essas Lendas, mas talvez o mais impressionante ocorreu no século XVII na Irlanda, na residência dos O'Brien. Certa noite, Lady Ann Honora O'Brien foi acordada por numa noite por uma voz suave. Olhou pela janela e viu uma mulher que parecia flutuar bem em frente à vidraça. O corpo do fantasma se perdia na bruma, mas seu rosto, delineado pela Lua, estava claro - pálida, de olhos verdes, linda e uma farta cabeleira ruiva. A aparição gemeu três vezes, suspirou e sumiu. Aquela imagem fascinou e amedrontou a jovem Ann, mas pensando que fosse apenas um sonho, dormiu novamente . Na manhã seguinte, Lady Ann encontrou sua família em prantos. seu irmão mais jovem havia morrido durante a noite. Sem saber o que fazer, a jovem contou aos pais sobre a visão que tivera na noite anterior. Aquilo não alertou ninguém, pois os mais velhos sabiam que sempre que um O'Brien morria, uma jovem ruiva que morrera no castelo e fora enterrada no jardim - logo abaixo da janela de Lady Ann - aparecia para um membro da família e chorava pelo parente morto.F.PWikepédia.

domingo, 29 de agosto de 2010

Meu Sonho.


Eu
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sangüenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso.
E galopas do vale através.
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?.
Tu escutas. Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? - que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

O Fantasma
Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!.
A. de Azevedo.

O Oceano.


Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!
Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;
de ruínas o homem marca a terra, mas se evola
na praia o seu domínio. Na úmida extensão
só tu causas naufrágios; não, da destruição
feita pelo homem sombra alguma se mantém,
exceto se, gota de chuva, ele também
se afunda a borbulhar com seu gemido,
sem féretro, sem túmulo, desconhecido.

Do passo do há traços em teus caminhos,
nem são presa teus campos. Ergues-te e o sacodes
de ti; desprezas os poderes tão mesquinhos
que usa para assolar a terra, já que podes
de teu seio atirá-lo aos céus; assim o lanças
tremendo uivando em teus borrifos escarninhos
rumo a seus deuses - nos quais firma as esperanças
de achar um portou angra próxima, talvez -
e o devolves á terra: - jaza aí, de vez.

Os armamentos que fulminam as muralhas
das cidades de pedra - e tremem as nações
ante eles, como os reis em suas capitais - ,
os leviatãs de roble, cujas proporções
levam o seu criador de barro a se apontar
como Senhor do Oceano e árbitro das batalhas,
fundem-se todos nessas ondas tão fatais
para a orgulhosa Armada ou para Trafalgar.

Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:
Grécia, Roma, Catargo, Assíria, onde é que estão?
Quando outrora eram livres tu as devastavas,
e tiranos copiaram-te, a partir de então;
manda o estrangeiro em praias rudes ou escravas;
reinos secaram-se em desertos, nesse espaço,
mas tu não mudas, salvo no florear da vaga;
em tua fronte azul o tempo não põe traço;
como és agora, viu-te a aurora da criação.

Tu, espelho glorioso, onde no temporal
reflete sua imagem Deus onipotente;
calmo ou convulso, quando há brisa ou vendaval,
quer a gelar o polo, quer em cima ardente
a ondear sombrio, - tu és sublime e sem final,
cópia da eternidade, trono do Invisível;
os monstros dos abismos nascem do teu lodo;
insondável, sozinho avanças, és terrível.

Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenis
ir levado em teu peito, como tua espuma,
era um prazer; desde meus tempos infantis
divertir-me com as ondas dava-me alegria;
quando, porém, ao refrescar-se o mar, alguma
de tuas vagas de causar pavor se erguia,
sendo eu teu filho esse pavor me seduzia
e era agradável: nessas ondas eu confiava
e, como agora, a tua juba eu alisava.
L.Byron

O Crepúsculo da Tarde.


Anão e servos, menestrel e bardos,
o árabe narrador e as bailarinas
desertaram das salas do banquete.
Haydéa e seu amante, a sós, estavam,
vendo o sol que em desmaio no ocidente
bordava o céu de franjas cor-de-rosa.

Ave-Maria! estrela do viandante,
tu conduzes ao pouso o peregrino
que anda, longe dos seus, na terra estranha.
Salve, estrela do mar; em ti se fitam
olhos e coração do marinheiro
que no oceano te saúda agora.
Salve, rainha excelsa, Ave-Maria!
Ei-la que chega a hora do teu culto,
à tardinha, em céu meigo, à luz do ocaso!

Bendita seja est'hora tão querida,
e o tempo, e o clima, e os sítios suspirados,
onde eu gozava na manhã da vida
o enlevo, - o santo enlevo, - deste instante!
Soava ao longe, - bem me lembro ainda, -
na velha torre o sino do mosteiro;
subia ao céu em notas morredouras
o harmonioso cântico da tarde;
era tudo silêncio, - e só se ouvia
a natureza a suspirar seus hinos
de arroubo e fé, - de devoção e pasmo.

Hora do coração, do amor, das preces,
Salve, Maria. Enlevo a ti minha alma,
Como é formoso o oval de teu semblante!
Amo teu rosto feiticeiro e belo,
amo o doce recato de teus olhos,
que se cravam na terra, enquanto adejam
sobre tua puríssima cabeça
cândidas asas de celeste anúncio!
Será isto um painel da fantasia?
Um quadro, um canto, uma legenda, um sonho?
Não! somente me prostro ante a verdade.

Aprazem-se uns obscuros casuístas
em criminar-me de ímpio. - Eles que venham
ajoelhar-se e suplicar comigo...
Veremos qual de nós melhor conhece
o caminho do céu. - São meus altares
as montanhas, as vagas do oceano,
a terra, o ar, os astros, o universo,
tudo o que emana da sublime Essência,
de onde exalou-se, e aonde irá minh'alma.

Hora doce do trêmulo crepúsculo!
quantas vezes errante, junto à praia,
na solidão dos bosques de Ravena,
que se alastram por onde antigamente
flutuavam as ondas do Adriático,
Bosques frondosos, para mim sagrados
pelos graciosos contos do Boccácio,
pelos versos de Dryden; - quantas vezes
aí cismei aos arrebóis da tarde!

Tudo o que há de mais grato, a ti devemos,
ó Héspero: - ao romeiro fatigado
dás a hospedagem: - a cansado obreiro,
a refeição da tarde; - ao passarinho,
a asa da mãe; - ao boi, o aprisco:
toda a paz que se goza em torno aos lares,
o quente, o meigo aninho dos penates,
descem contigo à hora do repouso,
tu coas n'alma o doce da saudade;
moves o coração, que a vez primeira
sai da terra natal, deixa os amigos,
e anda à mercê das ondas do oceano:
enterneces, enfim, o peregrino
ao som da torre, cuja voz sentida
como que chora o dia moribundo.
L.Byron

SONETO.


Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
William Shakespeare.

A balada das rosas negras.


Pela noite fria ela vaga
O perfeito reflexo do vazio
Sua face é pálida e gélida,
de beleza intocada
E indiferença cruel

Em sua alegria inocente
Reina na escuridão
Livre é seu andar
Deixando-se levar
Pela brisa envolvente

O silêncio mortal é quebrado
E uma voz angelical
Emana, suave como um sopro
De seus doces lábios
E os mais belos e tristes sons
Ecoam pelo negro caminho
Beleza e tristeza essas
Dedicadas às mais breves musas da noite.
Uma canção, dedicada às rosas negras. The crow.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

História e ancestralidade dos Druídas.


Que o druidismo moderno é uma espiritualidade viva e transformadora ninguém duvida. A cada ano, mais e mais pessoas procuram no druidismo um caminho espiritual pleno e recompensador através do qual possam expressar sua própria espiritualidade, permitindo o fluxo de inspiração de suas almas, de suas mentes e de seus corpos.
A Ancestralidade é um dos pilares do druidismo – não somente a ancestralidade sangüínea, que nos faz pertencer a uma família, um clã, uma etnia: mas também a ancestralidade espiritual – aquela através da qual identificamos as origens do druidismo, sua história, seu desenvolvimento e sua importância nos dias de hoje. Toda a prática druídica – o estudo, os rituais, o convívio – sempre tem em mente o agradecimento aos ancestrais por nossa herança física, mental e espiritual. O calendário celta mostra claramente a importância dos ancestrais na data sagrada de Samhain, o ano novo celta, em que se prestam homenagens aos que já se foram (O Samhain é, inclusive, a influência por trás da criação da data cristã de Finados, ou Dia dos Mortos).
Para o Druidismo, as disciplinas da História, da Arqueologia, da Literatura e da Antropologia são os instrumentos que nos permitem conhecer e honrar nossas origens e nossos Ancestrais - aqueles que viveram antes de nós, que abriram o caminho que hoje trilhamos – seja há dois milênios, dois séculos ou meros dois anos. Compreender as origens do druidismo e seu desenvolvimento através dos séculos fortalece a tradição, encorpa o próprio espírito do druidismo e inspira nossas práticas.
Essa ênfase atribuída à nossa história praticamente elimina do druidismo quaisquer teorias delirantes que afirmem que os druidas eram monoteístas, ou que não eram celtas, ou que eram uma das doze tribos perdidas de Israel, ou que viessem da Atlântida... O druidismo pauta seu desenvolvimento no conhecimento profundo da História – a sua, a dos celtas, a do mundo. Afinal, o druidismo é uma espiritualidade do mundo, emana do mundo e nos conecta com este mundo, de forma harmoniosa e equilibrada.
Não por acaso, a Druid Network – uma das mais importantes organizações druídicas mundiais – conta com a participação constante de um dos maiores especialistas em história do paganismo nas Ilhas britânicas (berço do druidismo): o Professor Ronald Hutton, titular da cadeira de História na Universidade de Bristol, Inglaterra.
Num importante ensaio entitulado “Who possesses the Past?” (“A quem pertence o passado?”), o Prof. Hutton responde que o passado não pertence a ninguém, “exceto aos mortos”. Ou seja: qualquer pessoa – pesquisador acadêmico ou diletante, ou mero curioso – que fizer qualquer afirmação categórica sobre o passado corre um enorme risco de ser facilmente desmentido pelo próprio passado – pela própria história e herança dos mortos a quem ele pertence.
Ainda há, dentro do universo acadêmico dos historiadores, pesquisadores sérios e bem intencionados, mas que põem a perder parte de seu trabalho por crerem que, graças ao seu diploma, o passado lhes pertence. Esses pesquisadores são vítimas inocentes da própria postura da Academia como um todo, que se fecha em seu ambiente de pesquisa e estudo e, ao fazê-lo, perde contato com o mundo à sua volta. No caso específico da História, várias autoridades respeitadas no assunto puseram sua reputação a perder (e nalguns casos realmente a perderam) por apegarem-se com demasiado fervor a suas percepções da História, recusando-se a admitir novas abordagens. Felizmente, a Academia desenvolveu em seu interior um interessante mecanismo que impede (ou minimiza) o monopólio de idéias: a própria pesquisa. Ao estimular interpretações pouco ortodoxas do passado, a Academia sempre se propõe o desafio da mudança e evita a estagnação – claro, desde que respeitando os limites do bom senso.
(No caso específico da História dos Celtas, um ótimo exemplo disso é a polêmica tese de Lord Colin Renfrew, eminente arqueólogo britânico, segundo a qual os celtas surgiram no continente europeu muito antes do que as teses mais conservadoras. A polêmica ainda é grande, mas os argumentos apresentados são fundamentados e não podem ser desmerecidos. )
Isso prova a importância de os historiadores abrirem suas mentes e estudos para teses que, num primeiro instante, contrariam o senso comum – mesmo quando essas teses emanam de fora do mundo acadêmico. Sempre dentro do universo da história celta, é célebre a história de um celtista amador que, num de seus trabalhos, sustenta que os cubículos de pedra encontrados na Irlanda eram usados como “saunas xamânicas” pelos celtas – afirmativa prontamente classificada por um distinto membro da comunidade acadêmica como absurda. Anos depois, com o avanço das pesquisas e estudos dos tais cubículos, esse mesmo historiador afirmou em um de seus livros que sim, eles eram usados para a “queima de ervas em rituais de cunho religioso”. Como se vê, a academia realmente não detém o monopólio sobre o passado...
Pelo contrário: mais e mais os pesquisadores modernos percebem que não há mais espaço para o desrespeito puro e simples de pesquisadores amadores – e menos ainda o desprezo por aqueles que fazem do passado a fonte de inspiração para a sua manifestação espiritual moderna – como os druidas modernos.
O Dr. Robert J. Wallis, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Southampton, anos atrás contribuiu com um excelente artigo para o informativo druídico The Druid’s Voice, editado pela British Druid Order. Nesse artigo, o Dr. Wallis assinala a importância de um diálogo franco e aberto entre o universo da pesquisa acadêmica os grupos ou indivíduos que resgatam as crenças espirituais de povos do passado – no caso específico, os druidas modernos. Para o Dr. Wallis, “os arqueólogos e os historiadores podem até ser classificados como guardiões do passado, mas não são seus donos nem detêm exclusividade sobre as teorias acerca do passado.”
Evidentemente isso não quer dizer que alguém que dedique poucas horas nos finais de semana para estudar o passado esteja em igualdade de condições com alguém que dedique sua vida à pesquisa, fazendo dela seu ofício. É cristalino que o próprio tempo dedicado – sem contar o acesso á informações acadêmicas – possibilitam aos historiadores profissionais um avanço mais rápido e sólido em suas pesquisas. Por outro lado, muitas vezes o pesquisador diletante – até por não se ver limitado pelos métodos e teorias acadêmicas – acaba tendo mais facilidade para romper com essas limitações e propor novas visões, novas teses, novas abordagens. Isso é ainda mais evidente no caso dos druidas modernos, visto que, como já dito acima, para os druidas a História é a ponte que nos liga ao passado, e o passado é a voz de nossos Ancestrais.
O druidismo moderno é mais uma evolução da contínua e transformadora história do druidismo, desde suas origens célticas (ou até mesmo antes delas) até os nossos dias, passando pela romanização e posterior cristianização das terras celtas, da influência das levas migratórias de outros povos, do “Renascimento Druídico” na Irlanda e no País de Gales do século XVII (um movimento, diga-se de passagem, muito mais sócio-cultural do que espiritual), do Romantismo e das sociedades secretas do século XIX, do reconstrucionismo e do xamanismo celta do século XX. A compreensão desses processos, dessas múltiplas fases, é fundamental para que o druidismo moderno seja de fato uma espiritualidade significativa, válida e coerente – “só sabe para onde vai quem sabe de onde vem”... Para que isso ocorra, o trabalho dos arqueólogos e historiadores é fundamental, como é igualmente importante que o público em geral tenha acesso à informação acadêmica e possa, como sabiamente propõe o Dr.Wallis,
dialogar com a Academia.
Toda essa questão é abordada de forma brilhante pelo Prof. Simon James, um dos mais importantes nomes da pesquisa celta, que pondera que ninguém “descobre o passado, pois ele está perdido.” O que os pesquisadores modernos fazem, na verdade, é, com base nos registros, documentos, vestígios e monumentos, construir as Histórias – note-se o significativo plural, referindo-se às diferentes versões a que aludimos anteriormente. Mas note-se ainda mais o verbo ‘construir’: pois é a partir dos poucos e esparsos dados concretos acerca do passado que os historiadores e pesquisadores – acadêmicos ou não - “constroem” a História. Os vestígios dos celtas – seus utensílios, suas lendas, seus costumes sociais, os registros de observadores estrangeiros – são os blocos que possibilitam a construção da história do druidismo; a inspiração do pesquisador, que tem como origem sua compreensão da cultura celta, é a argamassa que fixa os blocos dessa História. Usando os mesmos blocos e a mesma
argamassa, dois construtores diferentes erguerão suas casas de formas diferentes, atendendo a suas necessidades e seus interesses diferentes. Isso não torna a casa de um melhor ou pior do que a do outro. Da mesma forma, partindo das mesmas informações, dois pesquisadores (acadêmicos ou não) construirão versões diferentes da História dos celtas, de acordo com suas motivações, seus valores e suas percepções, e isso não torna uma versão superior ou inferior à outra.
Eis porque temos, atualmente, uma diversidade de “druidismos”. Nalguns casos, as visões do que tenha sido o druidismo ancestral e, principalmente, a relevância desse druidismo ancestral para nossos dias pode parecer conflitante. O tema, magistralmente explorado pelo Professor Ronald Hutton em sua mais recente obra, “The Druids”, prova o contrário: as diferentes correntes druídicas por ele identificadas hoje são, na verdade, todas elas manifestações válidas, pois todas emanam de determinados aspectos do druidismo histórico atualmente enfatizados por esta ou aquela corrente filosófica druídica. É a isto que se referia anos antes Philip Shalcrass, fundador da British Druid Order, quando afirmou que a arqueologia, a história, a literatura e o folclore fornecem o material para a construção do druidismo moderno. Mas ele ressalva: o resultado dessa construção depende de nós.
Como, então, lidar com essa diversidade de filosofias druídicas? Com a mesma sabedoria que os historiadores verdadeiramente sérios e responsáveis lidam com teses por vezes conflitantes. Mais uma vez recorrendo ao Prof. Simon James:
"Todas as interpretações da História são moldadas e influenciadas por nossas próprias formas de pensar o mundo, nossos preconceitos, e nossas (geralmente omitidas) motivações. Estas, por sua vez, dependem de nossas experiências pessoais, de nossa educação e de nossa herança cultural. Isso se aplica a todos, inclusive (e não menos) os arqueólogos e historiadores. Nem os acadêmicos, nem ninguém conhece a Verdade sobre o que foi o Passado.”
Difícil acreditar que alguém em sã consciência pense ou aja de outra forma. Diria ainda mais: quem persistir em não reconhecer essa postura está fadado a ficar para trás, a desaparecer, como tudo aquilo que é anacrônico e ultrapassado – seja dentro da academia ou no universo do druidismo moderno.
Ainda de acordo com o Prof. James, é justamente a ênfase pessoal dos diferentes pesquisadores (acadêmicos ou não) que pode levar um mesmo corpo de evidências a gerar interpretações notadamente distintas entre si, sem que isso implique em manipulação, distorção ou má fé dos pesquisadores (acadêmicos ou não...). Da mesma forma, as informações de que dispomos sobre o druidismo e os celtas, por mais escassas que sejam, “mostam-nos algumas coisas bem definidas, que apóiam algumas interpretações e descartam outras. Elas (as informações sobre os celtas) nos orientam rumo às explicações mais plausíveis sobre o que realmente foi o passado”. Novamente, note-se o plural ‘explicações’: não há uma única Verdade sobre o Passado celta e druídico; o que há é a interpretação do que tenha sido, pautada nas evidências inquestionáveis sobre os celtas e druidas do passado.
Atualmente, diversos autores e lideranças druídicas ao redor do mundo adotam essa abordagem saudável e responsável, unindo os frutos da pesquisa acadêmica à sua interpretação e inspiração para fazer do druidismo um caminho espiritual digno de respeito e reconhecidamente válido. Em meu próprio trabalho - como escritor, instrutor e celebrante -, procuro sempre manter essa mesma postura, na tentativa de contribuir para que esse belo processo continue em curso.
0 Professor Niall Ferguson, talvez o mais brilhante historiador de nossos tempos, afirma que “a atividade da História é, essencialmente, um compromisso com os mortos”. Como já dito, a Ancestralidade é um dos pilares do druidismo – os Ancestrais, mesmo que já mortos, vivem para sempre através de seus feitos, seus monumentos, suas lendas e, principalmente, em nossas memórias. Lidar com o druidismo é lidar com os mortos – tanto pela sua própria filosofia, quanto pelo fato de que os druidas ‘clássicos’ já não caminham entre nós. Mas é incontestável que, por tudo o que sabemos sobre os druidas da Antigüidade, eles jamais deixarão de ser uma fonte viva e inspiradora para nossas vidas, no aqui e no agora.
'Nós não controlamos o passado, e nosso conhecimento sobre ele é limitado. Não podemos, contudo, correr o risco de esquecer o passado – afinal, ele ainda é extraordinariamente poderoso. O Passado conserva sua capacidade de inspirar sentimentos extremos como a afeição ou o ódio, lealdade ou desconfiança, aceitação ou busca apaixonada. Os mortos nem sempre estão quietos, e o passado jamais será um assunto seguro a ser contemplado. Assim como no Outro Mundo celta, o Passado está para sempre no limiar da experiência humana, seduzindo-nos e ameaçando-nos, chamando nossa atenção e constantemente irrompendo nos nossos afazeres cotidianos com uma força irresistível, a um só tempo parte de nós mesmos, mas para sempre separados de nós.” Ronald Hutton.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Armageddon Finally Comes (tradução).



Os tremores da terra, e os mares estão subindo.
Tal como o bruxo olha profundamente nas chamas.
O fogo do mal estão refletidos em seus olhos abismados.
Como ele apela para os mais antigos

Chamo por ti, detentor das chamas mais sombrias.
Para beber do cálice de almas.
Chamo por ti, rei de todas as bestas
Senhor da caça, silencioso perseguidor da noite.
Chamo por ti, guardião de todo ódio e angústia
Aquele que carrega a dor cósmica.
Chamo por ti, custodiante das legiões infernal.
Deus da guerra e das tempestades de ódio.

O céu cospe fogo, Armageddon chegou.
A ira de Satanás desce a este mundo mortal.
Homens se revertem para bestas, desespero suicida por sua
glória.
Cada mente é abraçada em terror,
Como um vórtice do mal rodeia o bruxo das chamas.

As legiões de Satanás passam através das chamas.
A Terra está com medo e queimado como mortas da pele.
Sangue dos anjos mancham o Nazareno reino divino.
Armageddon finalmente chega.
O vento levar cinzas e o cheiro de carne queimada,
Os rios estão cheios de sangue.
Os mortais são capturados em uma tensão
irreversível para as suas almas,
Contra as forças inflexíveis do MAL ........ ..........
Armageddon finalmente chega.

Anjos choram, enquanto lentamente afundam as lanças.
O seu reino está desaparecido, agora governada pelo diabo*
Mais uma vez, o Nazareno meretriz está pregado,
Mas desta vez nenhum devoto foi deixado para trás.
Dark Funeral.

Attera Totus Sanctus (tradução).


Eu dei a beleza à serpente
Eu dei à serpente seu charme,
Eu dei à serpente sua atração fatal
E a tudo que é santo eu dei podridão

Ninguém será meu mestre
Nem aceitarei grilhões
Olhe em meus olhos
Você verá que as tempestades estão do meu lado
Tudo o que é sagrado
Ah, como eu odeio
Seu deus não fez nada
Pra alguém como eu

Eu sou uma criança que nasceu sem pecado
Eu sou a alma que você nunca ganhará
Eu vejo através de suas mentiras
Você não tem reino
Para onde as pessoas vão quando morrem

O céu e o inferno estão dentro de mim
Eu escolhi o demônio porque gosto de ser livre
Faça o que deseja é a lei
Ou obedeça a um deus e seja mais umas dessas prostitutas

Eu sou a alma que você nunca ganhará
Eu vivo totalmente em pecado
Eu vejo através de suas mentiras
Você não tem reino pra onde as pessoas vão quando morrem.
Dark Funeral.

A Chegada do império de Satan.


A guerra profana, quando os demônios de Satan são cobertos em sangue.
Penas caem das asas dos anjos no céu.
Pai Satan una suas legiões, está na hora de reivindicar seu trono.
A chegada de seu domínio, tão longo quanto tenha sido.
Assim una minhas legiões agora, está na hora de lutar pelo nosso senhor.
Saudação Satan grite para as massas, cobertas pelo sangue dos anjos.

Deuses da guerra, as asas dos doze, abrem todos os portões.
Voem alto nos céus; tragam a mim a cabeça de deus.
Senhor do inferno, pai profano.
Seu desejo é meu comando.
Eu cortarei a garganta do mentiroso; Sangue Cristão cairá ao chão.

Legiões de demônios voem pelos portões.
No céu escurecido.
Segurem alto, as lanças do mal.
Como elas correm, pela carne dos anjos.
Eles gritam de dor, como eles vêem seu reino cair.
Lágrimas dos anjos caem no chão, como Satan novamente reinará.

Deuses da guerra, as asas dos doze, abrem todos os portões.
Voem alto nos céus; tragam a mim a cabeça de deus.
Senhor do inferno, pai profano.
Seu desejo é meu comando.
Eu cortarei a garganta do mentiroso; Sangue Cristão cairá ao chão.
Dark Funeral.

O Alquimista.


"...E...do sal essencial das cinzas humanas um filósofo deveria...Chamar pelo formato de qualquer antecessor morto..."

Escondida
Um legado negro
Só para mim
Segredos não revelados
Meu mundo antepassado
Trouxe de volta à vida
Alquimia
Minha reflexão nas tendas
Começando de volta em mim
Um retrato escondendo a sabedoria
de séculos esquecidos
escrito em textos demoníacos
Eu conjuraria os mortos
Mas o que eu pensei que eu poderia controlar
ao invés disso, pegou de mim

Sob controle
Do outro lado do espaço e do tempo
Devagar isso drenará
minha vida
Eu vejo seu rosto
Como um espelho do meu
o Alquimista retornará
Ele retornará
Oh, mas eu devo ter ido?
No fundo da terra
eu encontrei seu trabalho
congelado no tempo
Agora eu vejo
Cinzas de homem
Um plano mal sucedido
lvanta para a vida bem alto
O que eu descobri?
Me diga simplesmente, o que eu vi?
Murais de pintura levam a
alguma monstruosidade bizarra
Seguindo a cabeça do dragão
Ele brota dos mortos
Um defunto vivo renasce de novo
Do qual eu não posso me defender

Sob controle
Do outro lado do espaço e do tempo
Devagar isso drenará
minha vida
Eu vejo seu rosto
Como um espelho do meu
o Alquimista retornará
Ele retornará
Oh, mas eu devo ter ido?

Agora meu tempo está acabando
numa realidade de mistério
Um retrato trazido à vida por
mistérios sobrenaturais
Com meu suspiro morrendo
Ouça meu aviso que eu disse:
"Não chame para cima o que não pode ser levado de volta para baixo"


Sob controle
Do outro lado do espaço e do tempo
Devagar isso drenará
minha vida
Eu vejo seu rosto
Como um espelho do meu
o Alquimista retornará
Ele retornará
Oh, mas eu devo ter ido?
Dark Empire.

domingo, 22 de agosto de 2010

O Destino dos Filhos de Lir.


Os cinco reis da Irlanda reuniram-se um dia para eleger, dentre eles, um grande rei de Erin. Os seus nobres escolheram Dearg, filho de Daghda, por ser o filho mais velho de um druida altamente respeitado. Contudo, o rei Lir deixou a reunião real muito irritado, pois esperara para si próprio essa alta distinção.
Os outros reis quiseram cavalgar atrás dele e feri-lo com a espada e com a lança devido à sua traição, mas Dearg deteve-os. De forma a manter a paz, disse: faremos dele nosso parente, dando-lhe a saber que pode escolher para esposa uma das três lindas filhas de Oilell de Aran, meu próprio filho adotivo.
Foram enviados mensageiros para a colina de White Field, onde o rei Lir tinha a sua corte. Este aceitou a oferta e, no dia seguinte, partiu com cinquenta carroças para o lago do Olho Vermelho, perto de Killaloe. O rei Dearg estava lá à sua espera, juntamente com as três filhas de Oille. Toma a donzela que desejares, qualquer que seja, disse Dearg.
Não posso decidir qual delas é a mais bonita, responder Lir, e por isso, levarei a mais velha, pois ela é a mais nobre. A donzela Ove é a mais velha das três, e é tua se assim o desejas, disse Dearg.
Lir regressou à colina de White Field, com Ove como sua noiva. Pouco tempo depois nasceram uma filha e um filho gêmeos, Fingula e Aod eram os seus nomes. Mais dois filhos se seguiram, Fiachra e Conn, mas o nascimento deles levou à deplorável morte de Ove. Contudo, Lir amara ternamente a sua mulher e o seu coração não teria resistido se não fosse o igual amor que sentia pelos seus quatro filhos.
Imagem de John DuncanQuando recebeu a notícia, o rei Dearg sentiu muito a dor de Lir, pelo que enviou mensageiros para lhe oferecer a mão de Oifa, irmã de Ove, como segunda esposa. Casaram e viveram felizes durante algum tempo. Porém, Oifa começou a ter ciúmes das crianças, que eram amadas por toda a gente. Assim, levou-as a passear de carroça, tendo em mente intentos perversos. Fingula resistiu, pois na noite anterior, sonhara coisas terríveis a respeito da sua madrasta; porém o seu destino estava marcado e ela entrou na carroça.
Os cinco chegaram ao lago dos Carvalhos. Dar-vos-ei aquilo que mais desejarem neste mundo, gritou Oifa para a gente que ali habitava, se matarem os quatro filhos de Lir. Todavia, ninguém quis nada com ela. Então, disse às crianças que fossem nadar no lago, lançando-lhes um encantamento com uma varinha que um druida lhe oferecera certa vez. E enquanto apontava a varinha, cantou as palavras mágicas por sobre as águas e lançou correntes de prata, que se enrolaram nos pescoços das crianças:
Nas águas selvagens, real Progênie de Lir!
Para todo o sempre os vossos
Gritos ficarão perdidos entre as aves.
As quatro crianças começaram imediatamente a ficar cobertas de penas macias e, em breve, se tornaram lindos cisnes da mais pura brancura.
Fingula cantou: Conhecemos-te por aquilo que és, mulher bruxa!
Tens poderes para nos fazer nadar no lago,
Ainda que possamos descansar em terra quando quisermos;
Nós seremos acariciados, mas tu serás censurada.
Embora nos vejas agora sobre as ondas,
Os nossos espíritos estão a caminho de casa.
Retira a maldição que sobre nós lançaste, gritou Fingula. Nunca! Exclamou Oifa, rindo. Não até que Lairgnen de Connaught case com Deoch de Munster e as mulheres do Sul se unam aos homens do Norte. Durante novecentos anos terão de sulcar os lagos e rios de Erin e ninguém será capaz de retirar o meu encantamento. Uma coisa vos concedo: conservarão a fala do homem e nenhum homem ou animal ouvirá o vosso áspero cantar. Disse isto sem qualquer remorso; depois cantou:
As nossas saudações ao grupo de cavaleiros
Que se aproxima do lago do Olho Vermelho,
Estes não são homens de encantamento e podem
Procurar tirar-nos das águas.
Então dirijam-se para a margem, irmãos Aod,
Fiachra e formoso Conn,
Pois estes não são cavaleiros estranhos
Mas nosso pai, o rei Lir, e os seus homens.
Lir ouviu as maravilhosas vozes humanas dos cisnes e perguntou os seus nomes. Nós somos os filhos de Lir, gritaram. A nossa madrasta lançou sobre nós uma cruel maldição, como todos podem ver, e esta não pode ser levantada até ao casamento de Lairgncn e Deoch.
Os cisnes cantaram as suas selvagens e míseras baladas. Lir e os seus acompanhantes choraram e enfureceram-se, até que os cisnes acabaram por voar para longe. Logo a seguir, Lir fez-se a caminho para o palácio de Dearg e contou-lhe a perfídia da sua segunda mulher. Que criatura, perguntou Dearg a Oífa, gostarias menos de ser neste mundo de figuras e formas?
Bem, repondeu ela, qualquer pessoa odiaria ser transformada em um demônio do ar.
Então, torna-te num deles, disse Dearg, apontando sua varinha para Oifa. O rosto desta tornou-se imediatamente demoníaco e as asas afiladas levaram-na para o ar, para ali ficar como demônio, até ao fim dos tempos.
Os filhos de Lir entoaram as suas canções de pesar aos clãs que habitavam em redor do lago do Olho Vermelho, até acharem que chegara a altura de partir. Enquanto se mantiveram nas margens do lago, Fingula cantou para a gente de Dearg e de Lir:
Faz o bem, Dearg nosso rei,
Tu que dominaste a arte dos druidas!
E faz o bem, nosso pai querido,
Rei Lir da colina de White Field!
Nós vamos partir para viver os nossos últimos dias,
Muito longe das habitações dos homens.
Nadaremos nas mates cheias do Moyle,
Com todas as penas frias e salgadas.
Até esse dia em que Deoch se junte a Lairgnen,
Voemos, meus irmãos, que já tivemos faces coradas;
Do lago do Olho Vermelho partiremos;
Com pesar voaremos para longe dos nossos entes queridos.
Partiram, voando alto pelo céu, a perder de vista, e não descansaram até chegarem a Mooyle, o lençol de água que está entre Erin e Alba. E a gente de Erin ficou tão triste com a partida dos meninos-cisne, que decretou uma lei que proibiu a morte de cisnes.
As crianças encontraram-se, geladas e sozinhas, no meio de uma enorme tempestade. Fingula sugeriu que combinassem um ponto de encontro, para o caso de se perderem na tempestade. Reunir-nos-emos, disse a seus irmãos, no rochedo das Focas.
Ao dizer isto, um relâmpago e um trovão atiraram os filhos de Lir para longe uns dos outros, perdidos na intensa tempestade. Quando finalmente esta amainou, Fingula cantou:
Desejei ter morrido nas bravias águas
Pois as minhas asas transformaram-se em gelo.
Meus três irmãos, voltem de novo
E escondam-se uma vez mais debaixo das minhas asas.
Mas eu sei que isto nunca poderá acontecer
Até que os mortos se levantem das suas sepulturas!
Pôs-se a caminho do rochedo das Focas, e apareceram dois dos seus irmãos, Conn e Fiachra, com as penas pesadas pelo sal que o mar tempestuoso atirara sobre elas. Fingula aconchegou-os debaixo das suas asas. Se, pelo menos, o nosso irmão Aod estivesse aqui conosco, gritou, então estaríamos felizes. Aod chegou com a cabeça e as penas secas e lisas. Fingula cobriu-o com o peito, tendo Conn e Fiachra debaixo de cada uma das asas, e cantou:
As palavras mágicas de uma mulher malvada
Enviaram-nos para os mares setentrionais,
Transformados pela nossa madrasta somos
Formas mágicas de cisnes.
E agora a nossa banheira é a crista da água
Na espuma salgada do rebentar das ondas
E a única cerveja que bebemos durante a festa
E o trago salgado do profundo mar azul.
Um belo dia, um grupo de reluzentes cavalos brancos chegou a galope e as crianças-cisne reconheceram os dois filhos de Dearg. O rei, nosso pai, disseram, e evidentemente, o vosso próprio pai Lir, estão vivos e bem, mas não se sentem felizes desde que voastes do lago do Olho Vermelho. Fingula cantou então os seus destinos:
Esta noite há carne e bebida na corte,
Na corte de Lir há alegria.
Mas o que foi que aconteceu aos filhos de Lir?
As nossas camas são as nossas penas,
A nossa comida é a areia branca,
O nosso vinho é o profundo mar azul.
Debaixo das minhas penas descansam Fiachra e Conn,
Sob as minhas asas nadam no Moyle,
E debaixo do meu peito descansa o querido Aod.
Juntos descansamos na nossa cama de penas.
Os filhos de Dearg regressaram, contaram o que tinham visto e falaram da linda canção que tinham ouvido. As correntes do Moyle levaram os filhos de Lir para a baía de Erris, onde permaneceram até ao dia fadado em que tiveram de regressar à colina de White Field. Encontraram tudo num estado de desolação; só havia urtigas onde, outrora, se erguiam as altas paredes das casas. Por três vezes gritaram a sua dor. Então, mais uma vez, Fingula cantou:
Que triste é para mim ver
As casas em ruínas de meu pai.
Houve aqui outrora cães de guarda e cães de caça,
Aqui as mulheres riam com os galantes cavaleiros,
Aqui ouviu-se outrora o entrechocar dos copos
De chifre ou madeira nas festas felizes,
Agora, tudo o que vejo é desolação
Desde que há muito meu pai morreu e partiu.
E nós, seus filhos, vagueamos durante anos,
E sentimos a cruel rajada dos ventos gélidos;
Mas chegou agora o mais cruel de todos os golpes,
Regressar finalmente a uma casa vazia.
Em seguida, os cisnes voaram para as encantadoras ilhas do Oeste. Por essa altura, a profecia da canção de Fingula tornou-se verdadeira. Deoch, a princesa de Munster, prometeu casar com Lairgnen, príncipe de Connaught. Todavia, Deoch não casaria até que o seu príncipe lhe trouxesse os maravilhosos cisnes.
Eairgnen encontrou-os a nadar alegremente no lago das Aves; remou até eles e retirou-lhes as correntes de prata. Num instante, tornaram-se novamente humanos, mas os rapazes tinham crescido e eram agora homens velhos e a jovem Fingula uma velha magra encurvada. Morreram, passada uma hora, e foram deixados a descansar como tinham estado em vida. Fiachra e Conn, um de cada lado de Fingula, e Aod debaixo do seu peito.
Fonte bibliográfica:
Introdução à Mitologia Céltica - David Bellingham

Os Contos Celtas.


Os contos e os mitos do mundo céltico são na maioria, da Idade do Ferro do Ciclo de Ulster, antigo Ulaid, e estão graficamente preservados em vários textos, que vão desde o antigo Lebor Gabála Érenn (O Livro das Conquistas) ao Mabinogion, uma coletânea de manuscritos escritos em prosa, no galês medieval e nas tradições dos primeiros contadores de histórias irlandesas, conhecidos também como bardos.
Estas histórias serviam como elemento de educação para os jovens da nobreza céltica, pois seus personagens heróicos forneciam um modelo de comportamento guerreiro, próprio para juventude da época. Contudo, os mitos também forneciam representações lendárias de personagens reais, cujos atos são tão marcantes que foram preservados tanto na poesia bárdica como na memória popular.
Mesmo com a chegada do cristianismo, os contos orais não puderam ser destruídos, mas acabaram sendo adaptados ou cristianizados, onde antigos Deuses celtas tornaram-se um único Deus e sacerdotes druidas da Velha Religião foram substituídos pelos atuais santos católicos.
Sendo que, o maior prodígio destas histórias são indiscutivelmente o fato de terem sobrevivido, durante séculos afora, e fornecerem até os dias de hoje informações sobre esse rico e encantador mundo celta, para que assim, possamos transmiti-los às gerações futuras, preservando um pouco da sua cultura.
A história dos celtas mantêm-se vívida, até os dias hoje, através da memória ancestral dos seus mitos. Eis, alguns destes contos... Bênçãos plenas e boa leitura a todos!
Powena Arnehoy Seneween

O Credo das Bruxas.


Ouça agora a palavra das Bruxas,
os segredos que na noite escondemos,
Quando a obscuridade era caminho e destino,
e que agora à luz nós trazemos.
Conhecendo a essência profunda,
dos mistérios da Água e do Fogo,
E da Terra e do Ar que circunda,
Manteve silêncio o nosso povo.
O eterno renascimento da Natureza,
A passagem do Inverno e da Primavera,
Compartilhamos com o Universo da vida,
que num Círculo Mágico se alegra.
Quatro vezes por ano somos vistas,
no retorno dos grandes Sabbats,
No antigo Halloween e em Beltane,
ou dançando em Imbolc e Lammas.
Dia e noite em tempo iguais vão estar,
ou o Sol bem mais perto ou longe de nós,
Quando, mais uma vez, Bruxas a festejar,
Ostara, Mabon, Litha ou Yule saudar.
Treze Luas de prata cada ano tem,
e treze são os Covéns também,
Treze vezes dançar nos Esbaths com alegria,
para saudar a cada precioso ano e dia.
De um século à outro persiste o poder,
Que através das eras tem sido levado,
Transmitido sempre entre homem e mulher,
desde o princípio de todo o passado.
Quando o círculo mágico for desenhado,
do poder conferido a algum instrumento,
Seu compasso será a união entre os mundos,
na terra das sombras daquele momento.
O mundo comum não deve saber,
e o mundo do além também não dirá,
Que o maior dos Deuses se faz conhecer,
e a grande Magia ali se realizará.
Na Natureza, são dois os poderes,
com formas e forças sagradas,
Nesse templo, são dois os pilares,
que protegem e guardam a entrada.
E fazer o que queres será o desafio,
como amar a um amor que a ninguém vá magoar,
essa única regra seguimos à fio,
para a Magia dos antigos se manifestar.
Oito palavras o credo das Bruxas enseja:
sem prejudicar a ninguém, faça o que você deseja.
[D.A]

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

LE VAMPIRE.


Toi que, comme un coup de coufeau,
Dans mon ur plaintif es entrée,
Toi Qui, fort comme un troupeau
De démons, vins, folle et parée

De mon esprit humilié
Faire ton lit et ton domaine;

- Infâme à Qui je suis lié
Comme le forçat à la chaîne,

Comme au jeu joueur têtu,
Comme à la bouteille l'ivrogne,
Comme aux vermines la charogne,
- Maudite, maudite sois-tu!

J'ai prié le glaive rapide
De conquérir ma liberté,
Et j'ai dit au poison perfide
De secourir ma lâcheté.

Hélas! Le poison et le glaive
M'ont pris en dédain et m'ont dit:
"Tu in'es pas digne qu'on t'enlève
A ton esclavage maudit,

Imbécile! - de son empire
Si nos efforts te délivraient,
Tes baisers ressusciteraient
Le cadavre de ton vampire!"

O VAMPIRO

Tu que, como uma punhalada,
Em meu coração penetraste,
Tu que, qual furiosa manada
De demônios, ardente, ousaste,

De meu espírito humilhado,
Fazer teu leito e possessão
- Infame à qual estou atado
Como o galé ao seu grilhão

Como ao baralho o jogador,
Como à carniça o parasita,
Como à garrafa o bebedor
- Maldita sejas tu, maldita!

Supliquei ao gládio veloz
Que a liberdade me alcançasse,
E ao veneno, pérfido algoz,
Que a covardia me amparasse.

Ai de mim! Com mofa e desdém,
Ambos ma disseram então:
"Digno não és de que ninguém
Jamais te arranque à escravidão,

Imbecil! - se de teu retiro
Te libertássemos um dia,
Teu beijo ressuscitaria
O cadáver de teu vampiro!
Charles Baudelaire

Amor Místico.


Quando a minha alma nasceu
Para onde olhou primeiro,
E viu tudo um nevoeiro,
Foi lá cima para o céu.
Que a alma nunca lhe passa
De ideia a fonte da graça!

Em toda a ânsia de luz,
Em toda a ânsia de gozo,
Sempre aquele olhar ansioso
Nesse ideal dd criador.
Nesse bem que não se exprime.
Êxtase de amor sublime!

Olhava da solidão,
Onde se sentia presa,
Com a natural tristeza
Dos ferros de uma prisão.
À espera sempre da hora
Que lhe raiasse a aurora!

Bem a chamavam de cá
Sempre os cuidados do dia;
Ela, que nunca os ouvia,
Olhava, mas para lá.
Donde ela mesmo viera,
Donde todo o bem se espera!

Um dia (nem eu sei qual,
Que em suma foi isso há tanto!)
Vê com uns olhos de espanto
Romper-se a névoa geral;
E como um sol recortado
Nesse mar enevoado.
E dentro desse clarão,
Como em círculo de prata,
Que imagem se lhe retrata,
Fosse verdade ou visão?
A mesma que ela apertava
Nos braços quando sonhava.

Mas a visão, em lugar
De vir cair-lhe nos braços,
Voa por esses espaços
Até já mal se avistar.
Indo assim a luz minguando
E indo-se a névoa cerrando!

E hoje a minha alma, não sei
Se nessa névoa cerrada
Vê tal visão embrulhada
Ou nem já vestígios vê.
Sei que se ainda me anima,
É de olhos fitos lá cima.
João de Deus.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu sou quem sou.


sou como sou,
sou um ser humano
como muitos são,
com uma personalidade diferente e quase nem sempre com razão.
Sou igual, sou diferente
Sou aquilo que o coração sente.
Percorro caminhos longínquos,
aqueles que o destino me reserva.
Predestinado, obstinado,
Procuro viver, não só existir.
Adoraria que fosse tudo mais fácil,
mas não teria o prazer de ver você vir.
Confesso-me também forte por fora, na minha aparência,
fraco por dentro, mas com paciência.
Adoraria poder escolher
os caminhos por onde ir,
mas quando se quer alguém,
juntos é melhor decidir.
Eu sou quem sou.
Sou como sou,
já não me sinto sozinho
E o meu Eu conjuga com Você,
verbos que a vida, assim tão querida,
tecerá os caminhos.
Leo Cruz

sábado, 14 de agosto de 2010

CREDO OU CRISTO.



Não ama a Deus quem ao semelhante odeia;

espezinhando-lhe a alma e o coração;

aquele que algema, nubla ou tolda a mente,

ameaçando-a com o inferno, não entendeu a divina direção.

Todas as religiões são abençoadas e mandadas por Deus;

e Cristo, o Caminho, a Verdade, a Vida,

foi enviado por Ele para aliviar o pesado fardo

do triste, do pecador, dando-lhes a paz pedida.

Eis que o Espírito Universal veio

a todas as igrejas e não à uma somente;

No dia de Pentecostes, uma língua de chama brilhante

envolveu cada apóstolo, num halo cintilante.

Desde então, como abutres famintos,

por um nome vão, muitas vezes, vamos lutar,

procurando com dogmas, éditos ou credos,

uns aos outros às chamas enviar.

Cristo então é dois? Foram Cephas, Paulo,

para salvar o mundo, à cruz pregados?

Por que então existem, aqui, tantas divisões?

Se pelo amor de Cristo todos somos abraçados.

Seu amor puro e doce não está limitado

a credos que segregam e muros que levantamos.

Seu amor envolve todos e abraça a espécie humana

não importa como a nós ou a Ele O chamamos.

Por que Então não aceitá-Lo na Sua doce palavra?

Por que manter credos que trazem desuniões?

Uma só coisa importa e deve ser ouvida!

Que o amor fraternal encha todos corações.

Mas há ainda uma coisa que o mundo precisa saber;

há um só bálsamo para toda a humana dor,

há um só caminho que conduz ao céu,

este caminho é a solidariedade humana e o amor.

MAX HEINDEL

sábado, 7 de agosto de 2010

Eu Queria Ter Um Anjo.


Eu Queria Ter Um Anjo
Eu desejo ter um anjo
Por um momento de amor
Eu queria ter o seu anjo esta noite

Fundo dentro de um dia que morre
Eu dou um passo para fora de um coração inocente
Prepare-se para me odiar, caia quando eu puder
Esta noite vai te machucar como nunca aconteceu antes

Velhos amores custam a morrer
Velhas mentiras custam mais ainda a morrer

Eu queria ter um anjo
Por um momento de amor
Eu queria ter o seu anjo
Sua virgem maria desfeita
Estou apaixonada pela minha luxúria
Queimando asas de anjos até virarem pó
Eu queria ter o seu anjo esta noite

Eu estou descendo tão frágil e cruel
Um disfarce bêbado muda todas as regras


Eu queria ter um anjo
Por um momento de amor
Eu queria ter o seu anjo
Sua virgem maria desfeita
Estou apaixonada pela minha luxúria
Queimando asas de anjos até virarem pó
Eu queria ter o seu anjo esta noite

A maior vibração, não é de matar
Mas ter o prêmio da noite
Hipócrita, falso amigo
13º discípulo que me traiu por nada!

Última dança, primeiro beijo, seu toque é minha alegria
A beleza sempre vem com pensamentos obscuros

Eu queria ter um anjo
Por um momento de amor
Eu queria ter o seu anjo
Sua virgem maria desfeita
Estou apaixonada pela minha luxúria
Queimando asas de anjos até virarem pó
Eu queria ter o seu anjo esta noite.
Nightwish.

Santuário Gótico.


Não toque sinos para mim, Pai
Mas deixe este cálice de sofrimento passar por mim
Não me mande pastores para curar meu mundo
Mas sim o anjo, o sonho profetizado
Rezei mais de três vezes para que você visse
O lobo da solidão em mim
Não a minha mas que seja feita a vossa vontade

Você acorda, onde está o túmulo?
A Páscoa virá, entrará em meu quarto?
Meu Senhor chora por mim
Mas as minha lágrimas caem por você

Outra Bela amada por uma Fera
Outro conto de sonhos infinitos
Seus olhos, eles eram o meu paraíso
Seu sorriso fazia meu sol nascer

Me perdoe, pois não sei o que ganho
Sozinho neste jardim de dor
Encantamento tem uma verdade
Eu choro por ter o que tenho medo de perder

Você acorda, onde está o túmulo?
A Páscoa virá, entrará em meu quarto?
Meu Senhor chora por mim
Mas as minha lágrimas caem por você

Eu nunca conheci você antes
Eu nunca vi você antes
Mas o amor, a dor, a esperança, oh Bela
Tornaram você minha até o fim do meu tempo

Sem você.
A poesia em mim está morta.
Nightwish.

Anjos Caem Primeiro.


Uma coruja nevada sobre as águas assombradas
Poeta de deuses antigos
Gritos para contar a história sem fim
Profecia que se tornam inundações

Uma aura de mistério envolve ela
A senhora vestida com um branco fluorescente
Logo o encarnado nascerá
O Criador da Noite

Escuridão funda é o reino da Majestade dele
Um portent do mundo de amanhã
O líquido Lhe dará poder
O senhor de olhos vermelhos ha de nascer

Abraço fatal das águas de sangue vermelho
O berço de escuridão infinita
O feitiço para dominar esta Terra
Na tumba de uma criança

" Eu morrerei para o amor da sereia
A beleza de sedução dela e desprezo
Bem-vindo ao fim de sua vida
- Cumprimento o nascimento do oceano "!

" Desgraçado é minha virgindade
A Morte teceu meu vestido de noiva
Oh Grande Azul respire o orvalho matutino
Para você, é o berço da imagem de deus "

" O bravo agora descansa docemente
Comigo aqui no fundo"

" Eu rezei por prazer, desejei amor
Rezei por você"

" Nunca reze para mim "!

" Quem é você para mim mais que um
sonho mortal para ver "?

" Esta vida apática tem que se afogar
Sempre só para mim "



" Do berço para o caixão
Deixe minha maldade ser tua paixão "

Deixaremos os golfinhos livre
Nós lavaremos o mar de sangue vermelho escurecido
Nossas canções ecoarão em cima das montanhas e mares
A eternidade começará mais uma vez em paz.Nightwish.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uther Evil.

Perdoe-me Pendragon por não dizer que te amo Se os anos fez do meu coração uma bola de pedra Não você nunca, nunca sabe Estou afundado nas trevas; vestindo a armadura do inferno E suas palavras para me aumentar a minha raiva Eu desprezo sua mão misericordiosa Porque Estou fora da graça de Teu Deus Eu sou o outro lado da moeda A faca que mata a carne Ansioso para beber o seu sangue Porque sou seu destino a melhor coisa que você fez O bastardo da sua semente, doença e ódio Tente negar o meu nome novamente E finalmente nos reunimos nossos exércitos cara a cara Os maus contra seu acolhimento de anjos Eu vou destruir você, Camelot E estuprar as esposas de seus cavaleiros Eu vou tomar o seu Santo Graal e preencher de sangue Ah! Lembra a traição? Os Kells, os Littles confiavam em você Eu juro vou te fazer pagar A maldição abraça a terra O Terra vai beber o seu sangue em seus pés. Desaparecendo o sangue. Soldados das Trevas, o tempo chegou Para beber o sangue de nossos inimigos E rasgar-lhe em sua cruz!Dark Avenger.

Avalon.


Ossos, ossos, som de ossos quebrando, olhos mortos olham para mim, um cheiro podre de corpos mortos eleva-se para o céu; Brimstone com tom e cheiro da morte. Vejo as suas ondas se afastando. E termina uma história a ser contada para mim. Os olhos de Avalon. A noite continuava ainda sobre esta colina de sangue vermelho, onde bravos homens vieram para lutar e para morrer. Alguns lutam por uma cruz que segura um Nazareno de encontro a aquilo que fielmente chamamos de maldito. Com fogo e aço que selou seu destino nas areias corretamente até aqui. Tinham feito uma escolha. Esta escolha tinha um nome. O nome da ira. Eu vejo os lábios dos Druidas sendo calados sem um grito. A terra bebe o sangue de cordeiros de um massacrante sacrifício. Como é que eu estou sozinho? Com tantos corpos pelo meu lado? Pertencem a Ti . Eu ainda posso ouvir as suas orações e passam através dos meus olhos a forma como foram abraçados pela guerra. Alguns detestam o sinal da cruz, veja enquanto eles chamam Caeridien. Eu vejo que alguém que corre para Avalon, no coração acredita que a fé vai viver novamente " Cristo não tem poder aqui " O espírito irá sobreviver, vamos viver tudo novamente na mesma velha ilha, mas agora eles estão todos mortos. Ela foi deixada para viver solitariamente e sabe que não irá voltar. Ela está perdida na noite. Eles chegaram à montanha para morrer. Suas obras resumidas ao pó da guerra desaparecerão eternamente! Vou viver tudo novamente. Ouça, eles pertencem a ti, Dama Morte. Através dos meus olhos, você não vai chegar? Avalon! Não deixe que o tempo esqueça seu nome Avalon! Apenas me dê força pra dizer sua história. Sua história.Avalon.Dark Avenger

Morgana.


Grandes raios, tocam minhas mãos
Mal poderoso em suas nuvens negras
venham e toquem minhas mãos.

Hoje, hoje é noite de feitiçaria.

Senhorita, com toda sua ira , venha a minhas mãos
Mundos espirituais, com almas perdidas
venham e toquem minhas mãos

Hoje, hoje é noite de feitiçaria.

Vamos empalar os cristãos em suas cruzes
Vamos beber de seu vinho
nenhum sinal da bondade,
Vocês queimaram nos reinos subterrâneos

Hoje, maldições perversas cairão
Hoje, será visto o dragão britânico sangrar
Suas ousadias serão pagas com suas almas
e dor por revelarem o desconhecido

Eu invoco os deuses das florestas e os demônios da noite
Não há tempo para o choro, a lamina que se levante exerça o equilíbrio.

Hoje, maldições perversas cairão
Hoje, será visto o dragão britânico sangrar
Suas ousadias serão pagas com suas almas
e dor por revelarem o desconhecido

Rogarei meus feitiços

Hoje, maldições perversas cairão
Hoje, será visto o dragão britânico sangrar
Suas ousadias serão pagas com suas almas
e dor por revelarem o desconhecido
Soletrem meu nome seus miseráveis.
Morgana.Dark Avenger.

Ghost Diinity.


“Há algumas coisas que é melhor nem sonhar Pois prendem tua alma dentro do vazio Como um buraco negro sugando teu espírito para o nada É um lugar onde a luz não chega E mesmo a morte não se atreve a ir..." Não pense que está salvo Pois não há segurança para onde estamos indo este é o reino da Divindade Fantasma Vou falar sobre o mal Um mal que rouba alma de crianças Dentro da escuridão quando os inocentes Sonham eu venho e os levo para o lado negro Nesta jornada que farás comigo Não há início, meio ou fim Mostrar-te-ei tudo que me pertence Coisas que Teu Pai esconde Para que não conheças meu nome Veja a si mesmo à beira do abismo Um buraco sem fundo espera tua queda Mas não temas por tua vida mortal Adore-me criança e te darei asas para voar Olhe em volta e veja a Legião dos que me adoram Os milhares que nunca acordam Se pudessem enxergar veriam seuas mães a chorar Gritar e desesperar ajoelhadas às suas camas Mas no meu reino Tu não tens poderes E tua bondade não poderá te salvar Cuidado irmão, Tu não terás anjos Somente tormento, benvindo ao meu inferno “Chegamos finalmente ao fim da nossa jornada Escolha seu lado... Céu ou Inferno Sente-se ao meu lado esquerdo e governe meu reino Da Divindade Fantasma"Dark Avenger,

Perdido Em Sonhos Gélidos.


A solidão me rodeia e meus pensamentos
Eu submeto ao destino
nos meus olhos vazios
meus sonhos perdidos são espelhados para trás
meus pensamentos me levam a caminhos nunca entrou
mas onde os caminhos final?
Eu só vejo escuridão sombria
mas eu nunca posso voltar novamente
meus pés não me quer mais tempo para tomar
a vida faz-me cansado
Eu só quero dormir, finalmente dormir
e esquecer os meus sonhos perdidos
Eu sonho o sonho da eternidade
Eu faria com prazer se tornam reais
e eu não será mais levado em
pela ilusão da vida
a vida parece esquecido
o dia, à noite,
as memórias sem sentido
espelhos volta nos meus sonhos perdidos
uma vida em um mundo sem luz
controlada pela frieza dos meus pensamentos
que me leva lentamente em abismo
até o eterna escuridão me rodeia
as algemas, que me acorrentar a vida
tornam-se cada vez mais fraca
feito com a vida, pronto para enfrentar a morte
esquecer os meus sonhos perdidos para sempre.
Dark Centuries.

Sinos de Notre Dame.


Nascido em um pesaroso berço, deixado nas pedras frias da escada
Condenado a ser desprezado, na escuridão
Condenado a permanecer só
Levado pelas pessoas da igreja, sua alma será escrava de Deus
No belo campário sua imagem é algo impar(de contraste)

Nós vimos um corcunda em Notre Dame
Dançando na mais alta das torres

Arcos e espirais, enchendo seu coração
Profundo como um coro, bom como arte
É minha cela, não é?
Será o repouso de Deus meu inferno?
Oh, meu corpo aprisionado,
Minha pobre alma, eu continuo a portar

Eu sou desagradável, cheio de tristezas
Em meu túmulo gótico não ofiscante
Mas os sinos em meu coração repicarão para sempre
Com o "ding" que pertence ao rei de suas canções
Eu sou o som de Notre Dame

Na roda da vida ele é um horror para a multidão
Quando for a hora ele conseguirá ver o sol entre as nuvens?
olhando para os sinos ele pensa sobre o trágico fato
Quer ser uma rocha ou um metal como sua miserável e companheira alma

Nós ouvimos o corcunda de Notre Dame
Chorando na torre mais alta

Gárgulas e colunas, sua realidade
Cantos solenes, agonia dele
É minha cela, não é?
Será o repouso de Deus meu inferno?
Oh, meu corpo aprisionado,
Minha pobre alma, eu continuo a portar

Eu sou desagradável, cheio de tristezas
Em meu túmulo gótico não ofiscante
Mas os sinos em meu coração repicarão para sempre
Com o "ding" que pertence ao rei de suas canções
Eu sou o som de Notre Dame.Dark Moor.

TERRA MÁGICA.


Na floresta enquanto elfos tocam seus instrumentos Cantando sobre um lugar distante Na colina negra quando os anões cavam a pedra Falam sobre a casa do mago Além das colinas brancas Dobrando o mar dourado Você verá (o) caminho começar (Se) você quer ver (o) sinal Você deve usar sua mente E seguir o vento Corra para a terra mágica onde tudo começou Corra para a terra mágica Mágica está aguardando por você Os acólitos direcionam seus passos para lá Mas eles devem sempre cuidar-se Porque somente o melhor pode sobreviver Onde outros perderão suas vidas Isso pode ser irreal, ou isso pode ser real Procure na sua mente (se) você seguir o indicio Você saberá que isto é verdade E as portas brilharão Mãe dos magos ajude me a entender (Os) segredos da lua e do sol Ensine-me a força e a essência do feitiço Poderes do céu e inferno Se você coloca sua mão Sobre a areia marcada Iremos começar o ritual Terra, agua e fogo E ar nós desejamos Mágica seja certa.Dark Moor.

Um lamento de miséria.

Eu sou o mais sozinho
o dono da melancolia nebulosa
Eu sou o marinheiro
num mar de gritos
esperando na areia
o retorno dos seus encantadores olhos brilhantes
mas eu estou chorando e morrendo
eternamente mentiroso
Debaixo de um temporal
uma sepultura de flores negras
Buraco...
na minha alma

As lágrimas em meu rosto
a chuva num lugar triste
minha alma está se ajoelhando
a maré traz os sentimentos
Eu poderia viver um sonho
onde seu espírito chama nos mares altos
Oh! Minha amada, eu estou sozinho
O tempo passa tão devagar
Eu carrego meu coração
com a dor do desespero
Tristeza...
na costa

Vem da briza
dos mares
as ondas cantam
a doce música em sua memória
nas profundezas
da minha alma
onde as sereias
do oceano
trazem o silêncio
Eu choro

Em meus olhos
há um lamento de miséria
Em meu suspiro
uma escura miséria
Então eu morro
Oh! meu amor

Eu estou sonhando, escuridão envolta
Eu estou velejando na ferida do barco
Anjos gritando
na neblina junto ao mar

(Silencioso, obscuro, loucura das sereias
amando, felicidade, tristeza morrendo
sonhando profundo, sentindo, tristeza
esperando, sombras, olhando, medo
Os anjos estão chorando por mim)

Oh! espelho prateado
seu custo foi um erro
Eu morro arruinado
minha sentença foi dita
Mas na fria espuma
ficam esperanças da minha alma imortal
No crepúsculo o céu queima
e não há retorno
somente minha razão
para viver nesta prisão
Esperando...
na costa.
Dark Moor.

Os Filtros e as Sortes.


JUSTITIA – MYSTERIUM - CANES
A tacamos, agora, o abuso mais criminoso que se pode trazer das ciências mágicas: é a magia, ou antes a feitiçaria envenenadora. Aqui devem compreender que escrevemos, não para ensinar, mas para prevenir.
Se a justiça humana, usando de rigor contra os adeptos, só tivesse atingido os necromantes e feiticeiros envenenadores, é certo, como já o fizemos notar, que os seus rigores teriam sido justos e que as mais severas intimidações nunca podiam ser excessivas contra semelhantes celerados.
T odavia, não se deve crer que o poder de vida e morte que pertence secretamente ao mago sempre tenha sido exercido para satisfazer alguma covarde vingança, ou uma cupidez mais covarde ainda na Idade Média, como no mundo antigo, as associações mágicas muitas vezes fulminaram ou fizeram perecer lentamente os reveladores ou profanadores de mistérios, e, quando o punhal mágico devia abster - se de ferir, quando a efusão de sangue era para temer, a água Toffana, os ramalhetes aromáticos, as túnicas de Nessus e outros instrumentos de morte mais desconhecidos e mais estranhos, serviam para executar, cedo ou tarde, a terrível sentença dos franco - juízes.
Dissemos que existe na magia um grande e indizível arcano, que nunca é comunicado entre os adeptos e que, principalmente, é preciso impedir que os profanos adivinhem; qualquer que outrora revelasse ou fizesse, por imprudentes revelações, os outros acharem a chave deste arcano supremo, era imediatamente condenado à morte e, muitas vezes, forçado a ser o próprio executor da sentença.
O famoso jantar profético célebre de Cazotte, escrito por La Harpe, ainda não foi entendido; e La Harpe, contando - o, cedeu ao desejo tão natural de deixar admirados os seus leitores, amplificando os detalhes. Todos os homens presentes a esse jantar, à exceção de La Harpe, eram iniciados e reveladores, ou ao menos profanadores dos mistérios. Cazotte, mais elevado do que todos eles na escada da iniciação, lhes pronunciou a sua sentença de morte em nome do iluminismo, e esta sentença foi diversamente, mas rigorosamente executada, como outras sentenças semelhantes o tinham sido, vários anos e vários séculos antes, contra o abade de Villars, Urbano Grandier e tantos outros, e os filósofos revolucionários pereceram, como deviam perecer também Cagliostro abandonado nas prisões da inquisição, o bando místico de Catarina Theos, o imprudente Schroepffer, forçado a matar- se no meio dos seus triunfos mágicos e da admiração universal, o desertor Kotzebüe, apunhalado por Carl Sand, e tantos outros, cujos cadáveres são achados sem que se saiba a causa da sua morte súbita e sangrenta.
Lembramo - nos da estranha alocução que dirigiu ao próprio Cazotte, condenando - o à morte, o presidente do tribunal revolucionário, seu confrade e co - iniciado. O enredo do drama de 93 ainda está escondido no santuário mais obscuro das sociedades secretas; aos adeptos de boa fé, que queriam emancipar o povo, outros adeptos, de uma seita oposta, e que estavam ligados a tradições mais antigas, fizeram uma oposição terrível por meios análogos aos dos seus adversários: tornaram impossível a prática do grande arcano, desmascarando a teoria. A multidão nada entendeu, mas desconfiou de todos, e caiu, por falta de ânimo, mais baixo do que estava. O grande arcano ficou mais desconhecido do que nunca: somente os adeptos, neutralizados uns pelos outros, não puderam exercer o seu poder, nem para dominarem os outros, nem para se libertarem a si próprios; eles se condenaram, pois, mutuamente como traidores e votaram uns aos outros ao exílio, ao suicídio, ao punhal e ao cadafalso.
Perguntar -me -ão, talvez, se perigos tão horríveis ameaçam ainda, nos nossos dias, quer o intruso do santuário, quer os reveladores do arcano. Para que hei de responder à incredulidade dos curiosos? Se me exponho a uma morte violenta para os instruir, certamente não me salvarão; se tiverem medo para si mesmos, que se abstenham de investigações imprudente: eis tudo o que lhes posso dizer.
Magia envenenadora.
Alexandre Dumas, no seu romance de Monte Cristo , revelou algumas das práticas desta ciência funesta. Não repetiremos, depois dele, as tristes teorias do crime, como se envenenam as plantas, como os animais alimentados com plantas envenenadas adquirem uma carne doentia, e pode, quando servem, por sua vez, de alimento aos homens, lhes causar a morte, sem que o veneno deixe sinal; não diremos como, por unções venenosas, se envenenam as paredes das casas e o ar respirável por fumigações, que exigem do operador o uso da máscara de vidro de Santa Cruz; deixaremos à antiga Canidia os seus abomináveis mistérios, e não procuraremos até que ponto os ritos infernais de Sagana aperfeiçoaram a arte de Locusta. Seja -nos suficiente dizer que estes malfeitores da pior espécie distilavam junto o vírus das doenças contagiosas, o veneno dos répteis e o suco nocivo das plantas; que tiravam do cogumelo o seu humor viscoso e narcótico, do datura stramonium seus princípios asfixiantes, do pessegueiro e do loureiro -amêndoa o veneno de que uma só gota na língua ou no ouvido, como um raio, faz cair e mata o ser vivo mais bem constituído e mais forte. Faziam ferver o suco branco do timalo o leite em que tinham afogado víboras e áspides; colhiam com cuidado e traziam das suas viagens, ou faziam vir, por altos preços, a seiva de uma árvore venenosa das Antilhas e os frutos de Java, o suco da mandioca e de outros venenos; pulverizavam o sílex, misturavam com cinzas impuras a baba seca dos répteis: compunham filtros horrendos com o vírus dos jumentos enraivecidos e as secreções das cadelas com cio. O sangue humano se misturava com drogas infames, e disso compunham um óleo que matava só pelo mau cheiro: isto lembra a torta burbônica de Panurgo. Até escreviam receitas de envenenamentos, disfarçando - as sob os termos técnicos da alquimia, e, em mais de um velho livro considerado hermético, o segredo do pó de projeção não é outro senão o pó de sucessão. No grande Grimório , ainda se acha uma dessas receitas menos disfarçadas do que as outras, mas somente intitulada Meio de fazer ouro : é uma horrível decocção de verdete, vitríolo, arsênico e serragem de madeira, que deve, para ser boa, consumir imediatamente um ramo que nela for molhado e roer rapidamente um prego. João Batista Porta, na sua Magia Natural , dá uma receita do veneno dos Bórgias; mas, como me se pensa, ele zomba do público e não divulga a verdade, muito perigosa em tal matéria. Podemos, pois, dar aqui a receita de Porta, somente para satisfazer a curiosidade dos nossos leitores.
O sapo, por si mesmo, não é venenoso, mas é uma esponja de venenos: é o cogumelo do reino animal. Tomai, pois, um grande sapo, diz Porta, e prendei - o numa garrafa com víboras e áspides; dai - lhes para alimento, durante vários dias, cogumelos venenosos, a digital a cicuta, depois irritai - os, batendo - lhes, queimando - os e atormentando - os de todas as maneiras, até que morram de raiva e de fome; salpicai - os, então, de escuma de cristal pulverizado e eufórbio, depois, pô - los - eis numa redoma bem fechada e fareis secar lentamente toda sua umidade pelo fogo; em seguida, deixareis esfriar e separareis a cinza dos cadáveres do pó incombustível que tiver ficado no fundo da redoma: tereis, então, dois venenos, um líquido e outro em pó. O líquido será tão eficaz, como a água Toffana, o pó fará dessecar ou envelhecer em alguns dias, depois morrer no meio de horríveis sofrimentos, ou uma atonia geral, aquele que dele tiver tomado uma pitada misturada com a sua bebida. É preciso convir que esta receita tem uma fisionomia mágica das mais feias e mais negras, e que lembra, indignando o coração, as abomináveis cozinhas de Canidia e Medéia.
Eram semelhantes pós que os feiticeiros da Idade Média pretendiam receber no Sabbat , e que vendiam a elevado preço à ignorância e ao ódio: é pela tradição de semelhantes mistérios que espalhavam o espanto nos campos e chegavam a lançar sortes. Uma vez ferida a imaginação, uma vez atacado o sistema nervoso, a vítima perecia rapidamente, e até o terror de seus pais e amigos acabava a sua perda. O feiticeiro e a feiticeira eram quase sempre uma espécie de sapo humano, inchado de velhos rancores: eram pobres, repelidos de todos, e, por conseguinte, odiosos. O temor que inspiravam era a sua consolação e vingança; envenenados também por uma sociedade de que só tinham conhecido as escórias e os vícios, envenenavam por sua vez os que eram tão fracos para os temer, e vingavam - se na beleza e na juventude a sua velhice maldita e sua imperdoável fealdade.
Só a operação destas más obras e a realização destes horrendos mistérios constituíam e confirmavam o que então era chamado o pacto com o mau espírito. É certo que o operador devia pertencer ao mal em corpo e alma, e que merecia justamente a reprovação universal e irrevogável expressa pela alegoria do inferno. Que almas humanas tenham descido a este grau de malvadez e demência, isto deve nos espantar e afligir, sem dúvida; mas não é preciso uma profundidade para base da altura das mais sublimes virtudes, e o abismo dos infernos não mostra, por antítese, a elevação e grandeza infinita do céu?
No Norte, onde os instintos são mais reprimidos e mais vivazes; na Itália, onde as paixões são mais expansivas e mais ardentes, ainda são temidas as sortes e o mau olhado; em Nápoles, não é desafiada impunemente a jettatura , e até reconhecemos, por certos sinais exteriores, os seres desgraçadamente dotados desse poder.
Para garantir - se contra isso, é preciso trazer consigo chifres, dizem os práticos, e o povo, que toma tudo ao pé da letra, apressa - se em enfeitar - se com pequenos cornos, sem pensar mais no sentido desta alegoria. Os chifres, atributos de Júpiter, Ammon, Baco e Moisés, são símbolos da força moral ou do entusiasmo; e os magos querem dizer que, para desafiar a jettatura , é preciso dominar por uma grande ousadia, um grande entusiasmo ou um grande pensamento a corrente fatal dos instintos. È assim que quase todas as superstições populares são as interpretações profanas de algum grande axioma ou maravilhoso arcano da sabedoria oculta. Pitágoras, escrevendo os seus admiráveis símbolos, não legou aos sábios uma filosofia perfeita, e ao vulgo uma nova série de vãs observâncias e práticas ridículas? Assim, quando dizia: ”Não pises no que cai da mesa, não cortes as árvores do grande caminho, não mates a serpente que caiu no teu quintal ”, não dava ele, sob alegoria transparentes, os preceitos da caridade, quer social, quer particular? E quando dizia: “Não te olhes no espelho com a luz da vela ”, não é um modo engenhoso de ensinar o verdadeiro conhecimento de si mesmo, que não poderia existir com as luzes factícias e os preconceitos dos sistemas? O mesmo acontece com todos os outros preceitos de Pitágoras, que, como se sabe, foram seguidos ao pé da letra por uma multidão de discípulos imbecis, a ponto de, entre as observâncias supersticiosas das nossas províncias, existir um tão grande número delas, que, evidentemente, remontam à inteligência primitiva dos símbolos de Pitágoras.
Superstição vem de uma palavra latina que significa sobreviver. É o sinal que sobrevive ao pensamento; é o cadáver de uma prática religiosa. A superstição é, para a iniciação, o que a idéia do diabo é para a de Deus. É nesse sentido que o culto das imagens é proibido e que o dogma mais santo na sua concepção primitiva pode tornar- se supersticioso e ímpio, quando se perderam a sua inspiração e o seu espírito. É então que a religião, sempre única como a razão suprema, muda de vestimentas e abandona os antigos ritos à cupidez e embuste dos caídos, metamorfoseados, pela sua malícia e ignorância, em charlatões e pelotiqueiros.
Podemos comparar às superstições os emblemas e caracteres mágicos, cujo sentido não é mais entendido, e que são gravados casualmente nos amuletos e talismãs. As imagens mágicas dos antigos eram pantáculos, isto é, sínteses cabalísticas. A roda de Pitágoras é um pantáculo análogo ao das rodas de Ezequiel, e estas duas figuras são os mesmos segredos e a mesma filosofia; é a chave de todos os pantáculos, e já falamos dela. Os quatro animais, ou antes a esfinge de quatro cabeças do mesmo profeta, são idênticos a um admirável símbolo indiano, cuja figura damos aqui, e que se refere à ciência do grande arcano.
O querubim de quatro cabeças da profecia de Ezequiel, explicado pelo duplo triângulo de Salomão. Em baixo a roda de Ezequiel, chave de todos os pentaculos e o pentáculo de Pitágoras. O querubim de Ezequiel é representado aqui como o profeta descreve. As suas quatro cabeças são o quaternário de Mercavah; as suas seis asas são o senario de Berechit. A figura humana no centro representa a razão; a cabeça de águia, a crença, o boi a resignação e o trabalho ; o leão é a luta e conquista. Este símbolo é análogo ao da esfinge dos egípcios, mas é mais próprio para a Cabala dos Hebreus.
São João, no seu Apocalipse , copiou e amplificou Ezequiel, e todas as figuras monstruosas deste livro são tantos pantáculos mágicos de que os cabalistas facilmente acham a chave. Mas os cristãos, tendo rejeitado a ciência, no desejo de amplificar a fé, quiseram esconder por mais tempo a origem do seu dogma, e condenaram ao fogo os livros de Cabala e magia. Destruir os originais é dar uma espécie de originalidade as cópias, e São Paulo, sem dúvida, o sabia muito bem, quando, nas intenções louváveis, realizava o seu auto de fé científico de Éfeso. É assim que, seis séculos mais tarde, o crente Omar devia sacrificar à originalidade do Alcorão a biblioteca de Alexandria, e quem sabe, no porvir, um futuro apóstolo não quererá incendiar nossos museus literários e confiscar a imprensa em proveito de alguma predileção religiosa e de alguma lenda novamente acreditada?
O estudo dos talismãs e pantáculos é um dos mais curiosos da magia, e se refere à numismática histórica. Existem talismãs indianos, egípcios e gregos, medalhas cabalísticas provindas dos hebreus antigos e modernos, abraxas gnósticos, amuletos bizantinos, moedas ocultas, em uso entre as sociedades secretas e chamadas, às vezes, senhas do Sabbat , medalhas dos Templários e jóias de franco -maçons. Coglienus, no seu Tratado das Maravilhas da Natureza , descreve os talismãs de Salomão e do rabino Chael. As figuras de maior número de outros, e mais antigos, foram gravadas nos calendários mágicos de Tycho -Brahé e Duchenteau, e devem ser reproduzidos, na totalidade ou em parte, nos fastos iniciáticos do Sr. Ragon.Eliphas Levi - Dogma e Ritual da Alta Magia.