quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
O Manto dos Três Fios.
Desde tempos antigos que a Ciência Sagrada foi dividida em três áreas – Religião, Arte e Ciência – para que o Homem se tornasse mais sábio e pudesse finalmente compreender a Deus. O Conhecimento espartilhado permitiria uma assimilação lenta, mas efectiva do mesmo, bem como uma maior profundidade nas áreas acima mencionadas.
Os Senhores da Forma, pertencentes à Hierarquia de Escorpião, ajudam-nos nesta fase; porém esta assimilação faseada esconde os seus perigos, sendo o mais evidente a visão espartilhada e, portanto, parcial, que temos do que nos rodeia. Desde cedo, somos ensinados a conhecer um objecto não só através dos sentidos físicos, mas medindo, comparando, criticando, avaliando, tendo no final uma visão parcial, mais ou menos completa do mesmo, ou seja, adquirimos uma ideia ou várias sobre o nosso alvo, mas não conhecemos o nosso alvo em si mesmo, na totalidade.
No entanto, de retalho em retalho, cada um vai tecendo o seu próprio manto com três fios (Religião, Arte e Ciência), até que no final de tal lenta e laboriosa tarefa, o mesmo nos possa envolver na viagem de regresso a Casa, libertando-nos, por fim, do ciclo do renascimento.
Neste momento, o nosso tear move-se lentamente, com paragens e recomeços perturbados; os fios emaranhados impedem o tear de trabalhar de forma serena e equilibrada. Porque escolhemos habitar um tempo de rápidas mudanças, com as quais temos bastante dificuldade em lidar, o que nos causa sofrimento e angústia.
Cabe a cada um procurar desembaraçar os novelos; cultivar em sua própria vida o seu lado espiritual, descobrir o seu talento e tornar-se mais conhecedor do mundo que nos rodeia. De nada nos servirá pedir para Deus nos mostrar o nosso talento pois só obteremos silêncio; no entanto, Deus dar-nos-á a oportunidade de descobri-lo. De nada servirá pedir a Deus para nos ajudar a desenvolver o nosso lado espiritual; porém, dar-nos-á a oportunidade de o fazer. E assim sucessivamente...
Esta atitude torna-nos atentos às oportunidades diárias, aos acontecimentos mais comezinhos que somos convidados a viver, a descobrir-lhes o sentido; torna-nos activos e responsáveis pelas nossas escolhas, pois só pela experiência nos tornaremos sábios, em suma, transformamo-nos em seres cada vez mais conscientes. Dito de uma outra forma, viver de forma responsável, activa e atenta potencia a expansão da nossa consciência.
Neste ano novo que se aproxima, Deus não construirá o nosso manto, mas dar-nos-á oportunidade de recomeçar o lento caminhar do nosso tear, nas diversas áreas da nossa vida. Saiba cada um tecer o seu com suavidade, deixando que os dedos sintam os três fios dos novelos: amor, criatividade e sabedoria.
Maria Coriel.
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