domingo, 6 de setembro de 2015
FORÇA INTERNA AUXILIAR DA CURA.
FORÇA INTERNA AUXILIAR DA CURA
Pelo poder da VONTADE nós projetamos uma idéia através da mente, tomando ela forma concreta como pensamento-forma ao atrair da Região do Pensamento Concreto a matéria mental com que então se reveste”. (Conceito Rosacruz do Cosmos”). A mente humana, portanto, quando dirigida positivamente pelo Espírito, pode alcançar grandes coisas continuamente em todas as fases da vida. Assim, uma atitude mental construtiva, criativa, é a chave de nossos poderes internos de fortaleza, saúde, coragem e equilíbrio. O pensamento é considerado como força e energia, poderosa para o bem ou para o mal, como também o é a intangível força conhecida como eletricidade. Daí precisarmos ter muito cuidado ao lidar com os nossos processos mentais quando desejamos determinados resultados.
Pensamentos são coisas, e todo pensamento que formamos torna-se parte de nossa aura mental e de nossa vida. Pensamentos criadores, individuais e coletivos, produzem tudo o que do esforço humano é útil, belo e de valor duradouro na vida para a saúde e para o progresso das pessoas.
Por conseguinte, pensar e viver retamente produz saúde, felicidade e prosperidade, e encoraja a transmutação de qualquer mal que nos aflija. Por outro lado, hábitos destrutivos de pensar reagem desfavoravelmente sobre o organismo físico, criando condições doentias e infelizes nas vidas e nos negócios das pessoas. Indivíduos que se permitem pensamentos negativos têm todas as probabilidades de serem vencidos pelo mal. Aquele que se encontra enfermo, fraco e aflito, independentemente dos sintomas que apresente, deve formar uma imagem mental da perfeição e saúde físicas que deseje para viver mais abundantemente. Deve condicionar sua mente para visualizar saúde enquanto, obviamente, esteja sofrendo por alguma doença. Isso é razoável e lógico porque a doença se deve principalmente a conceitos mentais errôneos e a reações emocionais indevidas.
Como toda a humanidade começa a ter uma mais ampla compreensão, apreciação e utilização das potencialidades ocultas e poderes da mente humana, em virtude dos atuais e crescentes meios de comunicação e informação, a vida de um também crescente percentual de pessoas em todo o mundo deve mudar para melhor
“A Vida não espera de nós sacrifícios inatingíveis, ela apenas pede que façamos nossa jornada com alegria em nosso Coração e para ser uma benção para todos aqueles que nos rodeiam. Se nós fazemos o mundo melhor com a nossa visita, então nós cumprimos a nossa missão.”
Dr. Edward Bach
OS MISTÉRIOS, DE GOETHE.
Trad. Raul Guerreiro
I
Uma magnífica balada vos está reservada;
Com agrado a escutai, e a todos conclamai!
Por vales e montanhas a vereda avança;
Aqui a visão se limita, ali outra vez se liberta,
E se a senda de manso se embrenha na mata,
Não imaginai que se trata de engano;
O que queremos, após o bastante subirmos,
É em boa hora nos acercarmos da meta.
II
Mas não creia alguém que à custa de reflectir
Poderá um dia decifrar por inteiro esta balada:
Muita gente deverá aqui imenso ganhar,
Pois variegados frutos tem a terra-mãe a oferecer;
Uns há que, de olhar sombrio, se afastam daqui,
Enquanto outros, de ânimo alegre, se deixam ficar:
Goze assim cada um segundo o seu prazer,
Para alguns peregrinos a fonte deverá brotar.
III
Fatigado da longa e penosa jornada,
Que ele por elevado impulso encetara,
De bastão na mão, a modos de peregrino devoto,
Chegou o irmão Marcus, por rumos erradios
E carente de algo comer e beber,
Num fim-de-tarde ameno a um vale,
Desejoso de naqueles baixios arborizados
Encontrar um tecto acolhedor onde pernoitar.
IV
No monte escarpado que se depara à sua frente,
Crê entrever os vestígios de um caminho;
Segue então o sendeiro, que em curvas avança,
Tendo que contornar rochedos para poder subir;
Em breve se encontra elevado sobre o vale,
Enquanto o Sol de novo o alumia com afável luz,
E em breve ele avista, com íntima satisfação,
O cimo do monte ao alcance do seu olhar.
V
E ao seu lado o Sol, que no seu declínio
Reina ainda esplêndido entre nuvens obscuras;
Ele reúne forças para conseguir galgar ao topo,
Onde espera ver em breve a sua faina compensada.
"Ora bem", diz ele de si para si, "já devia se mostrar,
Se vive pelas cercanias qualquer coisa de humano!"
Após subir, põe-se à escuta e sente-se como renascido,
Conforme um repique de sinos alcança os seus ouvidos.
VI
E depois de atingir o pináculo máximo,
Ele avista um vale próximo, suavemente ondulado.
O seu olhar calmo reluz de satisfação;
Pois defronte à mata ele de súbito divisa
Um esbelto edifício erigido na campina verde.
Agora mesmo o último raio de Sol o veio beijar:
Rápido ele cruza os prados humedecidos de orvalho,
Rumo ao mosteiro, cuja luz vem ao seu encontro.
VII
Em breve ele se encontra junto desse lugar sereno,
Que inunda o seu espírito de paz e esperança,
E sobre a ogiva do portão cerrado
Vislumbra um misterioso ornato.
Ele pára e cisma, murmurando as palavras
De devoção que em seu coração arqueja,
E põe-se a reflectir: "O que quer isto significar?"
Baixa agora o Sol e extingue-se o som de sinos.
VIII
Ele avista aquele símbolo majestosamente erigido,
Aquele conforto e esperança para o mundo inteiro,
Em nome do qual espíritos aos milhares se prometeram
E corações aos milhares com ardor suplicaram,
O qual o poder da amargosa morte aniquilou,
E em tantos pendões triunfais vai ostentado:
Um novo alento revivesce os membros fatigados,
Enquanto os olhos baixa, após avistar a cruz.
IX
De novo ele sente a redenção que daí irrompeu,
E sente em si próprio a fé de meio mundo;
Mas eis que um novo sentido lhe invade a alma,
Perante a cena que aos seus olhos se oferece:
Rosas abraçam em profusão a cruz!
Quem terá à cruz rosas acrescentado?
A coroa parece vicejar de todos os lados
Como que a trazer brandura ao rude madeiro.
X
Nuvens ténues e argênteas pairam no céu,
Alteando-se com rosas e cruz nos ares,
E do centro irrompem, qual vida sagrada,
Três raios de luz, de um só ponto irradiados;
Não há palavra alguma a acompanhar esta cena,
Que possa trazer sentido e clareza ao mistério.
À luz do crepúsculo cada vez mais ensombrado
Ele põe-se de pé, medita e sente-se edificado.
XI
Ele bate por fim à porta, conforme as estrelas
Já elevadas lançam sobre ele o seu luzidio olhar.
Abre-se a porta e ele é recebido com alegria,
Com braços abertos, com mãos distendidas.
Ele diz então de onde vem, de que distante lugar
Os desígnios de entes superiores o enviaram.
Todos o escutam e pasmam. Honram então o enviado,
Tal como antes o visitante e estranho haviam honrado.
XII
Juntam-se depois os demais, ávidos também de ouvir,
E sentem-se comovidos por misteriosa energia.
Nenhum suspiro ousa o invulgar visitante disturbar,
Pois cada palavra faz eco nos corações.
O que ele tem a relatar age como profunda lição,
Proferida com sabedoria por lábios infantis:
Na franqueza e pureza com que se revela
Ele mais parece um habitante de outra terra.
XIII
«Bem-vindo", exclama então um velho, "bem-vindo,
Se consolo e esperança for o que a tua mensagem traz!
Bem vês, que angústia nos assola a todos,
Conquanto a nossa alma se deleite em te ver:
Mas, ah! o mais belo tesouro nos será arrebatado,
E assim vivemos mergulhados em receios e tormentos.
Em grave hora os nossos muros te vêm acolher,
Ó estrangeiro, para connosco também lamentar.
XIV
Pois, ah! o homem que todos aqui uniu,
Esse que temos por pai, amigo e guia,
Que foi pela vida abrasado com luz e coragem,
Dentro em breve de nós se apartará,
Apenas há pouco ele próprio o anunciou;
Mas sobre o quando ou o como, nada nos revela:
E assim, a certeza da sua partida é para nós
Misteriosa e repleta de amargo sofrimento.
XV
Como vês, todos aqui já temos cabelos agrisalhados,
Pois a natureza a nós próprios já ordena a descansar:
Nunca aceitámos alguém que, no verdor dos anos,
Tenha renunciado cedo demais o seu coração ao mundo.
Após termos provado das alegrias e mágoas da vida,
E conforme o vento as nossas velas já não insuflava,
Permitido nos foi vir com honra aqui aportar,
Consolados de um porto seguro descobrir.
XVI
Divina paz habita no peito desse homem,
Esse nobre que aqui nos conduziu;
Ao longo do sendeiro da vida o acompanhei,
E bem vivos tenho na consciência os velhos tempos;
As horas em que ele agora solitário se prepara,
Anunciam-nos a perda que se aproxima.
O que é o Homem? Por que pode ele a sua vida
Assim deixar, e não doá-la a um melhor?
XVII
Esse seria portanto o meu único desejo!
Por que devo abdicar de semelhante anseio?
Quantos e quantos já partiram antes de mim!
Mas só ele devo com mais amargura chorar.
Oh, com que alegria ele outrora te receberia!
Mas os encargos da casa já nos cedeu;
Embora ninguém ainda tenha tomado a sucessão,
Em espírito ele já de nós se apartou.
XVIII
Uma só breve hora diariamente vem ter connosco,
Narrando coisas, e mais do que nunca se comovendo:
Podemos então ouvir da sua própria boca,
Quão maravilhosamente o guiou a Providência;
A tudo atentamos, para que dessa revelação segura
Nenhum pormenor se perca para a posteridade;
Cuidamos até para que um de nós zelosamente tudo anote,
E assim as suas memórias permaneçam puras e fiéis.
XIX
Com efeito, muita coisa preferiria eu próprio contar,
Em vez de agora apenas permanecer quieto a ouvir;
O menor detalhe não me deverá escapar,
Pois tudo guardo ainda vivo na lembrança;
Oiço atento, mas só a custo consigo dissimular,
Que nem sempre estou satisfeito com tudo isso:
Se alguma vez eu falar de todas essas cousas,
Bem mais esplêndidas elas deveriam ressoar da minha boca.
XX
Eu, como terceiro, mais e livremente posso contar,
Como um espírito mui cedo o anunciou à mãe,
E como uma estrela, durante a celebração do seu baptismo,
Resplendente se revelou no céu crepuscular;
E também como um gavião, de asas distendidas,
Veio pousar entre as pombas no pátio;
Mas não cruel e desalmado, como de habitual,
Mas sim como a convidá-las amenamente à concórdia.
XXI
Depois, ele ainda modestamente nos ocultou,
Como enquanto criança subjugou a cobra,
Que tinha encontrado enleada no braço da irmã,
Envolvendo a adormecida em forte aperto.
A ama havia fugido, abandonando o bebé;
Com mão decidida ele esmagou a serpente,
E chegando a mãe, admirou-se a tremer de alegria
Com a façanha do filho, e a filha que vivia.
XXII
E também nos ocultou, como de uma rocha seca,
Após tocada pela sua espada, uma fonte brotou,
Rolando forte como uma ribeira, em ondas agitadas,
Montanha abaixo até ao fundo do vale:
Ainda hoje ela jorra tão forte e tão cintilante
Como no instante em que irrompeu à sua frente,
E os acompanhantes, que ao milagre assistiram,
Nem ousaram matar a sede que os abrasava.
XXIII
Se a natureza um homem de tal modo elevou,
Não é milagre algum se tanto pode realizar;
Nele devemos louvar o poder do Criador,
Que a frágil argila de tal maneira honrou;
Mas se um homem, de todas as provas da vida,
A mais amarga vence, que é vencer-se a si próprio,
Podemos então jubilosos apontá-lo aos demais e dizer:
Eis alguém que é verdadeiro, que vale por si próprio!
XXIV
Pois qualquer força avança em frente pelo espaço,
Buscando viver e actuar aqui e acolá;
Em contrapartida, o caudal impetuoso do mundo
Prende e tolhe de todos os lados, arrastando-nos consigo:
Em meio a semelhante tormenta interior e luta externa
Ouve o espírito uma mensagem de difícil compreensão:
Da dominância que sobre todos os seres impera,
Liberta-se o homem que a si próprio se supera.
XXV
Quão cedo já lhe ensinara o coração,
O que nele nem devo chamar de virtude:
Que respeitasse a severa palavra do pai,
Sendo diligente mesmo quando este, cru e rude,
As horas livres da juventude com tarefas onerava,
Às quais o filho de bom gosto se entregava,
Tal como um miúdo errante e sem lar o faria,
Por carência, em troco de uma parca esmola.
XXVI
Teve que acompanhar os combatentes às lutas,
Inicialmente como peão, fizesse chuva ou sol,
Cuidando dos cavalos e preparando as mesas,
Mostrando-se útil a cada velho guerreiro.
A qualquer hora do dia ou da noite, solícito,
Ele percorria os bosques como veloz estafeta,
E assim, acostumado a viver só para os demais,
As suas estafas pareciam só lhe dar prazer.
XXVII
Tal como em combate, de ânimo valoroso e vivaz,
Ele recolhia as flechas que no solo encontrava.
Corria depois a colher ele próprio ervas curativas,
Preparando com elas pensos para os feridos.
Tudo em que tocasse começava logo a sarar,
Sentindo a sua mão, os enfermos se animavam:
Não havia quem o não estimasse com alegria!
Só o pai parecia não reconhecer o seu valor.
XXVIII
Leve, como um veleiro que da carga
Não sente o peso e rápido vai de porto a porto,
Suportava com ligeireza o ensino paternal;
Ser obediente era o seu preceito basilar;
E tal como pelo prazer o menino, ou pela fama o jovem,
Ele só pela vontade alheia se afastou do lar.
Debalde tentou o pai novas provas conceber,
Mas quando ia a exigir, já tinha que louvar.
XXIX
Por último deu-se também este por vencido,
Reconhecendo activamente o valor do filho;
Desvanecera-se já a aspereza do velho,
E ofereceu-lhe de surpresa um cavalo de valor;
Dispensado foi o rapaz de serviços de menor,
Ostentava agora uma espada, em vez de curto punhal:
E assim adentrou ele, após tantas provas, uma Ordem,
À qual de nascimento o direito lhe assistia.
XXX
Assim poderia eu ainda dias a fio relatar,
Cousas capazes de assombrar qualquer ouvinte;
Certamente a sua vida será um dia comparada
Por descendentes às mais sublimes histórias;
Aquilo que para a alma em fábulas e poesias
Se afigura irreal, mas sobremaneira a fascina,
Aqui lhe é dado escutar e de bom grado gozar,
Duplamente feliz de o receber autenticamente.
XXXI
Perguntas-me tu como se chama esse eleito,
Esse pelos olhos da Providência escolhido?
Esse que amiúde eu louvo, mas jamais o suficiente,
E a quem tantas e incríveis cousas sucederam?
Humanus é o nome desse santo, desse sábio,
O melhor homem que os meus olhos já viram:
E a sua estirpe, tal como a chamam os fidalgos,
Deverás conhecer junto com os seus antepassados.»
XXXII
Assim o Ancião falou, e bem mais falaria,
Pois de tantas maravilhas ele era conhecedor,
E nós ainda semanas a fio nos deleitaríamos
Com tudo aquilo que nos tinha a contar;
Mas de súbito o seu falar se interrompe,
Conforme o coração bate mais forte pelo hóspede.
Retiram-se em breve os demais irmãos, voltando depois,
Até já lerem dos seus lábios o que ele quer dizer.
XXXIII
E desfrutada a refeição, sentindo-se agora Marcus
Afeiçoado ao senhor da casa e à sua comitiva,
Solicitou ainda um cálice límpido
Cheio d'água, o qual também lhe foi servido.
Em seguida conduziram-no ao grande salão,
Onde se lhe depara uma cena extraordinária.
O que ele aí viu, não deverá ficar oculto,
Conscienciosamente vos desejo narrar.
XXXIV
Nenhum adorno havia aí que ofuscasse os olhos,
Uma simples abóbada em arestas se erguia ao alto,
E ao longo das paredes treze cadeiras ele avistou,
Dispostas em círculo, qual piedoso coro,
Entalhadas com extrema arte por hábeis mãos;
À frente de cada uma estava uma pequena estante.
Sentia-se aqui a devoção como algo natural,
Bem como uma paz de vida e um convívio fraternal.
XXXV
Nas cabeceiras avistou treze escudos pendentes,
Pois a cada cadeira um deles pertencia.
Pareciam aqui não ostentar orgulho da sua casta,
Cada qual parecia imbuído de significado e intenção,
E o irmão Marcus ardia agora de anseio
Para saber o que tantas imagens ocultavam;
No centro de tudo avista então aquele símbolo
Pela segunda vez: uma cruz com ramos de rosas.
XXXVI
Coisas infindas pode a alma aqui imaginar,
Os objectos sucedem-se uns aos outros;
E elmos pendem sobre vários brasões,
Espadas e lanças também se avistam aqui e ali;
Armamentos, tais como de campos de batalha
Se pode recolher, ornamentam este local:
Aqui pendões e armas de terras estrangeiras,
E acolá, se bem vejo, até correntes e correias!
XXXVII
Cada qual se ajoelha diante da sua cadeira,
Batendo no peito, imerso em silenciosa prece;
Nos seus lábios soam curtas canções,
Das quais piedosa alegria se alimenta;
Abençoam-se agora os irmãos fielmente unidos
E retiram-se para um sono que a fantasia não perturba:
Enquanto os demais se vão, fica Marcus
Com uns poucos na sala, imerso em contemplação.
XXXVIII
Embora tão exausto, ele quer permanecer acordado,
Pois uma profusão de imagens fortemente o atrai:
De um lado, avista um dragão cor de fogo,
Saciando a sua sede em chamas selváticas;
Do outro lado, um braço enfiado na goela de um urso,
Da qual jorra sangue em borbotões ardentes;
Os dois escudos pendiam, igualmente distanciados,
À direita e à esquerda da cruz rosada.
XXXIX
Para onde quer que os seus olhos se dirijam,
Mais ele se espanta com tanta arte e grandeza,
A riqueza parece daqui premeditadamente banida,
Tudo parece ter-se simplesmente autocriado.
Deverá ele admirar-se que a obra esteja consumada?
Deverá ele admirar-se que ela fosse assim concebida?
Afigura-se-lhe como se só agora, em divino arrebatamento,
Ele tivesse começado a viver, nesse exacto momento.
XL
«Por sendeiros maravilhosos cá vieste ter",
Diz-lhe de novo com afecto o Ancião;
"Deixa que estas imagens te convidem a ficar,
Até chegares a saber o que tantos heróis praticaram;
O que aqui se oculta não pode ser decifrado,
A menos que te seja revelado em segredo;
Bem podes imaginar quanto aqui foi sofrido,
Vivido e perdido, e o quanto foi conquistado.
XLI
Mas não julgues que apenas de tempos antigos
O velho fala, pois muito aqui se passa agora mesmo;
O que tu vês, pretende muito mais exprimir;
Em breve uma cortina, e depois um véu, o ocultará.
Se te apraz, podes então te preparar:
Atravessaste, ó amigo, apenas a primeira porta;
Com amizade foste recebido no umbral,
Creio que mereces no mais íntimo adentrar.»
XLII
Após breve sono numa cela imersa em paz
Um surdo repique de sinos acorda o nosso amigo.
De pronto ele se ergue, infatigável e vivaz,
O filho do céu respondendo ao apelo à devoção.
Vestindo-se num ápice, ele corre para o umbral,
E já lhe vai adiante o coração a caminho da igreja,
Submisso e sereno, transportado nas asas da oração;
Tenta abrir o ferrolho, mas encontra-o fechado.
XLIII
E conforme escuta, repete-se a espaços iguais,
Três vezes, um golpe sobre um bronze cavo;
Mas não são horas a dar, nem sinos a soar,
E de quando em quando misturam-se sons de flauta;
O timbre, que é tão invulgar e difícil de interpretar,
Ressoa de tal modo, que o coração inunda de gozo,
Sério e convidativo, como se fossem cânticos
Entoados de passagem por felizes pares.
XLIV
Ele corre à janela, para talvez daí ver,
O que o confunde e maravilhosamente o comove;
No distante Oriente avista o dia a amanhecer,
O horizonte orlado com névoas diáfanas.
E em seguida – como acreditar nos próprios olhos? –
Uma estranha luminosidade a vaguear pelos jardins:
Três jovens ele vislumbra, com tochas nas mãos,
Percorrendo de abalada as alamedas.
XLV
Ele vê claramente o brilho dos trajes alveados,
Que graciosamente mal envolvem os seus corpos,
Avista também flores nas cabeças encaracoladas,
E rosas entrelaçadas a orlar os seus cintos;
Eles parecem estar a voltar de danças nocturnas,
Reanimados e esbeltos após jovial esforço.
Apressam depois o passo e apagam, como as estrelas,
As tochas, desaparecendo na distância.
eria oportuno esclarecer os seus enigmas.
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