contos sol e lua

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

BREVE BIOGRAFIA DA MONJA SOUZA COEN.

Nascida em São Paulo, SP, Brasil, no ano de 1947. Foi jornalista profissional em sua juventude, tendo sido repórter do Jornal da Tarde, vespertino da empresa S.A. O Estado de S.Paulo – uma das maiores empresas jornalísticas do Brasil. Na década de 1970 foi morar em Los Angeles, na California, trabalhando como funcionaria local do Banco do Brasil S.A. Nessa época iniciou práticas regulares de zazen no Zen Center of Los Angeles. Tornou-se residente da comunidade de Los Angeles e fez os votos monásticos em 14 de janeiro de 1983. No mesmo ano, em Outubro, entrou para o Mosteiro Feminino de Nagoya, Aichi Senmon Nisodo e Toku Betsu Nisodo, onde residiu por oito anos, tendo se graduado como monja especial (Tokuso), habilitada a ser professora do Darma Budista de monges, monjas, leigos e leigas. Durante seu treinamento no Mosteiro de Nagoya foi a primeira Shusso na história do Mosteiro Feminino, sob orientação da Abadessa, Aoyama Shundo Docho Roshi. Praticou como Tokuso (monja especial) por três anos tanto no Mosteiro de Nagoya como num programa especial da tradição Soto Shu para professores de mosteiros. Recebeu a Transmissão do Darma do Reverendo Yogo Suigan Roshi, então abade do Mosteiro Saijoji, em Daiyuzan, Odawara e vice abade superior do Mosteiro Sede de Sojiji, em Tsurumi, Yokohama. Foi seu mestre de transmissão, Yogo Roshi, quem deu a ela o nome do templo a ser constituído no Brasil: Tenzui Zenji- Templo Zen Seguidor do Céu, da Imensidão. Por isso, o Reverendo Yogo Roshi, Zengetsu Suigan Daiosho é considerado o Fundador do atual Templo Taikozan Tenzui Zenji, em São Paulo. Juntamente com o Reverendo Koun Taizan Hakuyu Daiosho (Maezumi Roshi) e da Reverenda Kakuzen Shundo Daiosho ( Aoyama Roshi) – seus três mestres: de Transmissão, de Ordenação e de Treinamento Monástico. Também são homenageados nas liturgias matinais o Reverendo Junnyu Kuroda Roshi e Koshin Shozan Osho (Murayama Sensei) que contribuíram para a constituição do templo no Brasil – com imagens, objetos litúrgicos e ensinamentos. A Monja Coen também praticou no Templo Kirigaya-ji, em Shinagawa, Tokyo e no Templo Daishoji, em Sapporo, Hokkaido, atendendo as comunidades locais com serviços memoriais, enterros, preces nas residências, casamentos e práticas de zazen para crianças e adultos. Residiu no Japão por doze anos. Casou-se com o monge Shozan Murayama, que foi eleito Presidente da Comunidade Soto Zenshu da América do Sul, no Templo Busshinji de São Paulo e foi um monge muito importante para o fortalecimento do Templo Busshinji, depois de sua reforma e do retorno do então Superintendente Geral, Daigyo Moriyama para o Japão. Reverendo Shozan Murayama incentivou os monges locais a perseverar em suas práticas monásticas, ajudou na formação de novo monges e monjas e nos cursos de Preceitos e Procedimentos, reorganizou a parte administrativa/financeira do Templo Busshinji, solicitou à sede administrativa no Japão – Shumucho – que enviasse professores de Baika para orientar novas praticantes e reorganizar os grupos de Baika espalhados pelo Brasil, criou Cursos para leigos e leigas sobre a tradição Soto Shu, organizou o primeiro encontro inter budista totalmente falado em Portugues, em São Paulo. Reorganizou o Ihaido e Nokotsu Do do Templo Busshinji, construiu os altares para as imagens de Xaquiamuni Buda, mestre Dogen e Mestre Keizan, trouxe zafus do Japão para o Zazen, fez dedetização completa das imagens contaminadas por cupins, bem como do livro de Dai Hannya. Reativou relacionamentos de praticantes que haviam se afastado do Templo Busshinji, permitiu às mulheres que votassem nas eleições de Diretoria (eram proibidas de o fazer), bem como dos praticantes de Zazen (que também não eram permitidos nas eleições da Diretoria da Comunidade). Seu trabalho insistente contra qualquer tipo de discriminação preconceituosa acabou criando dificuldades de relacionamentos com alguns membros das antigas diretorias. Retornou ao Japão, em 2001, depois de haver se divorciado da Monja Coen, e se tornou responsável por um templo em Yokohama. Faleceu em 3 de fevereiro do ano de 2005, deixando esposa e uma filha pequena, no Japão. A Monja Coen e o Monge Shozan foram, em 1995, nomeados Missionários da tradição Soto Shu para o Brasil e serviram a comunidade do Templo Busshinji, na cidade de São Paulo até o ano de 2001. Durante esse período o Templo Busshinji, cuja Sala de Buda (Hondo) acabara de ser reconstruída pelo Reverendo Daigyo Moriyama Sookan Roshi, teve um aumento considerável de atividades – tanto com descendentes da colônia japonesa no Brasil como com pessoas de outras etnias. Houve grande solicitação por parte dos primeiros imigrantes japoneses, sediados em São Paulo, para que a Monja Coen oficiasse as celebrações e falasse, também em Portugues, para seus netos e netas. Queriam essas pessoas que seus descendentes pudessem entender o Darma de Buda e seguir a tradição ancestral. Foram realizados inúmeros serviços memoriais, enterros, práticas de Zazen, palestras, encontros inter religiosos, trabalho comunitário em parceria com outros templos, lojas maçônicas e com a Associação dos comerciantes do bairro da Liberdade, onde o templo está inserido, início de aulas de Baika com professores vindos do Japão e visitas regulares às cidades ligadas à Soto Shu, no Brasil. Foi reiniciado também, nessa gestão, o Bazar do templo, as aulas de caligrafia e Shakyo – cópia de sutras. Foram reativadas as aulas de Ikebana, suspensas desde o retorno da esposa do Reverendo Shingu Sookan para o Japão. Também houve grupos de práticas de Karate-Do, Ninjutsu-Do e Kenjutsu Do, em horários em que o templo não mantinha atividades religiosas regulares. Em 1996, a Monja Coen foi nomeada Presidenta da Federação das Seitas Budistas do Brasil, por um ano. Foi também nomeada Presidenta do Conselho Religioso do Templo Busshinji por cinco anos e eleita Presidente da Comunidade Budista Soto Zenshu da América do Sul, com sede no Templo Busshinji de SP. Nessa ocasião, foi enviado do Japão para o Brasil, como Superintendente Geral para a América do Sul, o Reverendo Miyoshi. Foi em 2001, quando a Monja Coen deixou o Templo Busshinji – este em plena atividade e crescimento – e iniciou um pequeno grupo de Zazen em casa de um praticante. Em pouco tempo a sala ficou pequena. O grupo se prontificou a alugar um local maior e foi criada oficialmente a Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, Templo Tenzui Zenji. Nessa época também foram iniciadas caminhadas meditativas em parques públicos, com o intuito de levar o Zazen e o Kinhin (meditação caminhando) à população paulistana. Depois de seis anos, o local, novamente se tornou pequeno e foi alugada a casa atual, onde está instalado o Templo desde 2006. Anualmente há um Curso de Preceitos Budistas, que se reúne todas as segundas feiras à noite no templo e um Curso On-line de Budismo. Há também um grupo de estudos budistas todos os domingos às 20h, além das programações regulares: Zazen para iniciantes, palestras, zazen e leitura de textos dos fundadores Mestre Dogen e Mestre Keizan, entrevistas individuais com praticantes. Um sábado por mes é dedicado a um zazenkai chamado Zen da Paz. Desde que chegou ao Brasil a monja Coen tem sido convidada a dar palestras para empresas, bancos, escolas, hospitais, universidades, órgãos públicos, incluindo e a Presidência da República do Brasil. Também tem sido convidada a programas de televisão, rádio e entrevistas a jornais e revistas – tanto no Brasil quando nos Estados Unidos, Europa e Japão. Iniciou há anos um trabalho voluntário no Hospital Emílio Ribas, para pacientes com doenças infecto contagiosas ( a maioria HIV positivo) – levando as práticas meditativas como terapia complementar no processo da recuperação ou da passagem dos e das pacientes. Também formou grupos de meditação entre médicos, médicas e a enfermagem do hospital. Participou de uma pesquisa científica sobre os efeitos de um Sesshin (retiro) de cinco dias em vários grupos de pessoas com características diferentes, junto ao Hospital Einstein e a Universidade Federal do Estado de São Paulo. Esse trabalho incluía ressonância magnética antes e depois dos cinco dias de zazen e tem sido publicado nas principais revistas de neurosciência internacionais. Tem oficiado inúmeros casamentos, bênçãos (gokito) para residências, empresas, escritórios e bênçãos (gokito) para crianças e recém-nascidos. Em 12 de Outubro de 2007 foi celebrada a Cerimonia de Shinsan Shiki (Ascender à Montanha) da Monja Coen, com a presença do Reverendo Sookan Roshi Saikawa Docho, que deu ao templo o seu segundo nome: Montanha Luz da Paz (Taikozan). Também estiveram presentes o Reverendo Junyu Kuroda Roshi, do Templo Kirigaya de Tokyo e a Reverenda Egyoku Nakao do Zen Center of Los Angles – entre outros monges e monjas dos Estados Unidos, do Brasil e do Japão. Entretanto, como o Templo está localizado em uma casa alugada, a Sede Administrativa do Japão, ainda faz restrições quanto a regularização e reconhecimento do Templo Tenzui Zenji. Monja Coen já ordenou mais de trinta monásticos, entre homens e mulheres e mais de 250 pessoas laicas. Há grupos orientados pela Monja Coen espalhados em vários estados brasileiros e um grupo em Zürich, na Suiça. Em 2013 fez as duas primeiras Transmissões do Darma: Monja Zentchu Silva, que atualmente reside e pratica no Mosteiro Feminino de Nagoya e Monge Dengaku Bandeira, que é o orientando da Monja Coen responsável pelo grupo do Via Zen e Vila Zen, do Rio Grande do Sul, onde está sendo construído um templo, em um terreno rural, doado à comunidade há muitos anos. Seus dois primeiros discípulos: Monge Enjo Stahel e Monja Isshin Heavens, foram transmitidos por monásticos japoneses e atualmente praticam no Brasil, independentes da Monja Coen. Escreveu dois livros : Viva Zen e Sempre Zen, traduziu o livro de sua superiora e mestra do Darma, Aoyama Shundo Docho Roshi (Utsukushi hito ni – Para uma pessoa bonita), supervisionou a edição do livro Zazen, compilado pela Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, traduziu os Sutras usados nas liturgias diárias da Soto Shu e algumas outras obras relacionadas a ordem Soto Shu, bem como alguns capítulos do Shobogenzo, Denkoroku, Shinji Shobogenzo e Eihei-genzenji-shingi. As atividades da comunidade incluem zazen e cerimonia matinal todos os dias da semana. Seguindo todos os cerimoniais arregimentados pela Soto Shu. Dois períodos de Treinamento Intensivo por ano. Retiros (sesshin) principais: Hoon Sesshin e Rohatsu Sesshin, além de outros retiros e vivências Zen durante o ano. Treinamento especial para noviças, noviços e monásticos, monásticas duas vezes ao ano. Retiros regulares no VilaZen, no Rio Grande do Sul, em Santa Tereza, no Rio de Janeiro e em Brasília, DF. Atualmente a Monja Coen reside no templo Tenzui Zenji, em São Paulo, onde é presidenta do Conselho Religioso da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil e do ViaZen/VilaZen do Rio Grande do Sul.

RESPIRAÇÃO.

"Se quiser conhecer a si mesma, a respiração é a corda que leva ao fundo do poço" - ouvi essa frase repetidas vezes durante minhas aulas semanais de Yoga. "Respirar é preencher espaços" insiste sempre minha professora Walkiria Leitão. Ela foi aluna do professor Shimada, de dona Inês, do professor Garoti e de tantos outros mestres e mestras de Yoga, Filosofia, Espiritualidade, Fisiologia. Para ser intrutor, instrutora de Yoga ou do Zen Budismo, é preciso conhecer corpo-memte-espírito com grande intimidade. Estar em contato com a respiração é estar em contato com nossa maior intimidade, com a essência que nos faz ser. Interser. MInha superiora no Japão, a Abadessa do Mosteiro Feminino de Nagóia, Aoyama Shundo Docho Roshi costumava dizer que são necessários dez anos para se formar uma monja, vinte anos para se formar uma professora monja e trinta anos para se formar uma mestra zen. Não é assim mesmo? Muitas vezes queremos transpor etapas, procuramos atalhos, mas essa ansiedade apenas nos afasta do próprio Caminho, que náo é curto nem longo. É apenas, assim como é. Inspirar e expirar conscientemente. Pausa. Inspiração. Pausa. Expiração longa, lenta, devagar. Vai-se tornando sutil e profunda. Leve. Não significa apenas que durante o Pranayama respiremos mais oxigênio. Pode ser o contrário. Mas criamos condições para que durante todo o dia possamos respirar melhor e oxigenar melhor as células de nosso corpo. Vontade de respirar e não vontade de respirar. Vontade de pensar e não vontade de pensar. Diferente de vontade de não pensar. Diferente de vontade de não respirar. Depois de alguns exercícios de Pranayama, Marcos Rojo me surpreendeu com essas frases. Estávamos no encontro anual de Yoga e Budismo, em Ubatuba, nos feriados de Corpus Cristie. Com que simplicidade profunda os ensinamentos sagrados eram transmitidos. Suas palavras esclareciam aquilo que o fundador da minha ordem religiosa no Japão, Mestre Eihei Dogen (1200-1253) escreveu há tantos séculos: "Existe o pensar, existe o não pensar e além do pensar e do não pensar." Sempre achei difícil explicar em palavras o que isso significa. De repente, na aula de Yoga, lá estava, palpável, a experiência pura. Inspirávamos, retínhamos o ar e expirávamos lentamente. E onde estavam os pensamentos? E a vontade de respirar ou de pensar? O som da sala era o som das ondas do mar. Muitas pessoas acreditam que meditar é silenciar a mente, evitar todo e qualquer pensamento, e assim se esforçam para não pensar. Quanto mais se esforçam mais difícil fica a meditação verdadeira, o samadhi profundo. Cria-se uma idéia, um conceito de samadhi. Há muitas pessoas que desistem de meditar porque não conseguem passar a barreira sem barreira, o portal sem portas do Zen. Fiquei me lembrando de um retiro que fiz há cerca de trinta anos. Um dos meus primeiros sesshin (retiro zen silencioso). Eram muitas horas por dia sentada em zazen. O corpo reclamava da postura, a mente tentava romper a torrente de pensamentos, reclamações, resmungos. Estávamos já no terceiro ou quarto dia do sesshin. A dor nas pernas era insuportável. Resolvi seguir uma partícula de oxigênio. Estaria mesmo a seguindo? Respirei suavemente pelas narinas, percebi essa molécula entrando nos pulmões, passeando pelas artérias, chegando a meu pé direito, dobrado sobre a coxa esquerda. Depois fazendo a troca e o gas carbonico saindo, lenta, suavemente pelas narinas. Foi um momento mágico. Onde estava a dor? Onde ficaram os pensamentos? Noutro momento aconteceu algo também extraordinário: percebi que se inspirasse e retivesse o ar e depois o soltasse lentamente, o abdomen se contraia e havia momentos em que parecia não precisar respirar. Sem esforço. Como se meu próprio corpo me ensinasse princípios do pranayama. Naquela época eu não conhecia nada do Yoga. Continuo conhecendo muito pouco. Mas, desde a minha primeira aula senti que havia encontrado um caminho maravilhoso. Caminho que completa e se ajusta à vida monástica, aos ensinamentos de Buda, ao conhecimento de mim mesma. Mestre Zen Eihei Dogen (1200-1253) também escreveu: "Estudar o Caminho de Buda é estudar a Si mesmo. Estudar a Si mesmo é esquecer-se de si mesmo. Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado(a) por tudo que existe. É abandonar corpo e mente- seu e dos outros. Nenhum traço de iluminação permanece e essa iluminação é colocada a serviço de todos os seres, de toda a existência"(do texto chamado Genjokoan- A realizaçao na vida diária) Inspirando. Não inspirando. Expirando. Não expirando. Pensando. Não pensando. Além, muito além, o yogui e o budista se encontram no topo da montanha mais alta, no mais profundo dos oceanos. Parecem apenas pessoas simples, comuns. Mas, como são leves... Mãos em prece Monja Coen

ÀGUA.

Texto da Monja Coen publicado no jornal O Globo de 08/01/2014 Sua ausência nos faz doentes. E está faltando. Aqui e acolá. Culpa dos céus? Carma de uma área do país que falava mal de outra? De chuva, de rua, de enchente, de poço, de fosso. De fossa, de bossa, de lágrima, de saliva, de sangue, de pleura. De fonte, de filtro, de beber, de banhar, de purificar, de lavar, de descarga, de piscina. De hospital, de clube, de presídio. De prédio, de casa, de fazenda, de convívio. Em toda parte, presente. Sua ausência nos faz doentes. E está faltando. Aqui e acolá. Culpa dos céus? Vingança divina? Seria carma de uma área do país que falava mal de outra? Causas e condições. Boas e más administrações. Corretas e incorretas decisões. Corrigindo o erro é que se aprende. Mais do que perder ou ganhar eleições é saber agir na hora certa para beneficiar o maior número de seres. Administração pública precisa administrar também as privadas. Ócio. Uma vez perguntaram a um monge sobre Buda. Onde estaria, como se manifestaria? Estaria nos céus? Manifestar-se-ia em odores suaves, em pensamentos elevados, em filosofias e em preces? O monge, simples e direto, respondeu: no bastão de limpar fezes. (Naquela época não havia papel higiênico, e usavam um pequeno bastão de madeira para limpar o ânus antes de o lavar com água e algumas vezes também com água e com cinzas. Cinzas eram e ainda são usadas como sabão). Onde está Buda? O que é Buda? Um ser humano da antiguidade? Um estado mental? Uma deidade? Podemos também considerar como a capacidade de ver com clareza e tomar decisões corretas que beneficiem a todos. Decisões que beneficiem apenas um partido, um grupo, uma ideologia, uma forma de pensar não são consideradas decisões iluminadas. A palavra Buda quer dizer isso — o Iluminado, o Desperto. Há tantos zumbis pela Terra. Como fazer com que despertem, com que acordem e concordem em unir inteligências, capacidades, interesses para o bem comum? Ganância, raiva e ignorância são os três venenos que desviam seres humanos do Caminho. Por isso há tiros, há terror, há assaltos, há facadas, há decepar, mutilar, matar e morrer. Você pode imaginar um mundo onde não haja nada pelo qual matar ou morrer? Um mundo em que possamos viver em harmonia e respeito, nos interessando por culturas e pensamentos diferentes dos que nos ensinaram em casa, na escola, na rua, no bairro, na cidade, no estado, no país? Abrir portais de percepção. Não pela droga, para o vício, para a farra e o desperdício. Abrir os portais da mente através da oxigenação das células — respiração correta — para nos percebermos humildes e simples criaturas, que necessitamos uns dos outros e cada um necessita de todos. Sobrevivência em humildade e respeito. Procuremos o silêncio. Quando falta, há menos verde. Quando excede, há menos verde. Nos olhos do agricultor, a tristeza. Nas feiras, a pobreza. Nas pessoas, a fome. Crianças da África magérrimas. Que dor. Agora sabemos, um pouco, o que é sede, o que é cheiro de corpo sem banho, roupa sem lavar, pia suja — insetos, vermes se divertem. Vamos cuidar? Sem ofender, sem xingar. Com gestos, palavras e pensamentos amorosos e gratos, inclusivos e castos. Vamos levar adiante a vida do DNA humano? Continue acreditando e criando causas e condições adequadas para que todos nós possamos despertar. E viver em harmonia, compartilhamento e paz. É possível. Buda disse: "Minha Terra Pura jamais será destruída." Mãos em prece.