segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Os mistérios filosóficos.

Oração, Filosofia, Espiritualidade - Angeosofia.com. Diz-se que o belo é o esplendor do verdadeiro. Ora, a beleza moral é a bondade. É belo ser bom. Para ser bom com inteligência, é preciso ser justo. Para ser justo, é preciso agir com razão. Para agir com razão, é preciso ter a ciência da realidade. Para ter a ciência da realidade, é preciso ter consciência da verdade. Para ter consciência da verdade, é preciso ter uma noção exata do ser. O ser, a verdade, a razão e a justiça são os objetos comuns das buscas da ciência e das aspirações da fé. A concepção de um poder supremo, real ou hipotético, transforma a justiça em Providência, e a noção divina, por esse ponto de vista, torna-se acessível à própria ciência. A ciência estuda o ser em suas manifestações parciais, a fé o supõe, ou melhor, o admite a priori em sua generalidade. A ciência busca a verdade em todas as coisas, a fé relaciona todas as coisas a uma verdade universal e absoluta. A ciência verifica realidades no detalhe, a fé explica-as por uma realidade de conjunto que a ciência não pode verificar, mas que a própria existência dos detalhes parece forçá-la a reconhecer e a admitir. A ciência submete as razões das pessoas e das coisas à razão matemática e universal; a fé procura, ou melhor, supõe nas próprias matemáticas e acima das matemáticas uma razão inteligente e absoluta. A ciência demonstra a justiça pela justiça; a fé dá justeza absoluta à justiça, subordinando-a à Providência. Vê-se aqui tudo o que a fé empresta à ciência e tudo o que a ciência, por sua vez, deve à fé. Sem a fé, a ciência está circunscrita por uma dúvida absoluta e encontra-se eternamente estacionada no empirismo arriscado a um ceticismo raciocinador; sem a ciência, a fé constrói suas hipóteses ao acaso e só pode prejulgar cegamente as causas dos efeitos que ignora. A grande corrente que reúne ciência e fé é a analogia. A ciência está forçada a respeitar uma crença cujas hipóteses são análogas às verdades demonstradas. A fé, que atribui tudo a Deus, está forçada a admitir a ciência como uma revelação natural que, pela manifestação parcial das leis da razão eterna, dá uma escala de proporções a todas as aspirações e a todos os ímpetos da alma no domínio do desconhecido. É somente a fé, portanto, que pode dar uma solução aos mistérios da ciência e é, em contrapartida, somente a ciência que demonstra a razão de ser dos mistérios da fé. Fora da união e do concurso dessas duas forças vivas da inteligência, não há para a ciência senão ceticismo e desespero, para a fé, temeridade e fanatismo. Se a fé insulta a ciência, blasfema; se a ciência desconhece a fé, abdica. Agora, escutemo-las falar de comum acordo. - O Ser está em todos os lugares, diz a ciência. É múltiplo e variável em suas formas, único em sua essência e imutável em suas leis. O relativo demonstra a existência do absoluto. A inteligência existe no ser. A inteligência anima e modifica a matéria. - A inteligência está em todos os lugares, diz a fé. Em nenhum lugar a vida é fatal, uma vez que está regulada. A regra é a expressão de uma sabedoria suprema. O absoluto em inteligência, o regulador supremo das formas, o ideal vivo dos espíritos é Deus. - Em sua identidade com a idéia, o ser é a verdade, diz a ciência. - Em sua identidade com o ideal, a verdade é Deus, retorque a fé. - Em sua identidade com minhas demonstrações, o ser é a realidade, diz a ciência. - Em sua identidade com minhas legítimas aspirações, a realidade é meu dogma, diz a fé. - Na sua identidade com o verbo, o ser é a razão, diz a ciência. - Na sua identidade com o espírito de caridade, a mais elevada razão é minha obediência, diz a fé. - Em sua identidade com o motivo dos atos racionais, o ser é a justiça, diz a ciência. - Em sua identidade com o princípio de caridade, a justiça é a Providência, responde a fé. Acordo sublime de todas as certezas com todas as esperanças, do absoluto em inteligência e do absoluto em amor. O Espírito Santo, o espírito de caridade deve assim tudo conciliar e tudo transformar em sua própria luz. Não é ele o espírito de inteligência, o espírito de ciência, o espírito de conselho, o espírito de força? Ele deve vir, diz a liturgia católica, e isso será como uma criação nova, e ele mudará a face da terra. "Rir da filosofia já é filosofar", disse Pascal ao fazer alusão a esta filosofia cética e duvidosa que não reconhece a fé. E, se existisse uma fé que pisoteasse a ciência, não diríamos que rir de semelhante fé seria dar provas de verdadeira religião, que é toda caridade, que não tolera o riso, mas ter-se-ia razão em censurar esse amor pela ignorância e em dizer a essa fé temerária: Já que desconheces tua irmã, não és a filha de Deus! Verdade, realidade, razão, justiça, providência, tais são os cinco raios da estrela flamejante no centro da qual a ciência escreverá a palavra Ser, a que a fé acrescentará o nome inefável de Deus. A chave dos grandes mistérios. Por: Eliphas Levi.

Oração do dia: Minha Prece Favorita.

Esta oração, é o epílogo do Livro A Chave dos Grandes Mistérios do grande ocultista Eliphas Levi. Um texto de profunda inspiração espiritual: Graças vos sejam dadas, meu Deus, porque vós me chamasses a essa admirável luz. Sois a inteligência suprema e a vida absoluta desses números e dessas forças que vos obedecem para povoar o infinito com uma criação inesgotável. As matemáticas vos provam, as harmonias vos cantam, as formas passam e vos adoram! Abraão conheceu-vos, Hermes adivinhou-vos, Pitágoras calculou vossos movimentos, Platão aspirava a vós em tolos os sonhos de seu gênio; mas um único iniciador, um único sábio vos revelou aos filhos da terra, um único pôde dizer de vós: Meu pai e eu somos apenas um; glória seja, pois, para ele, pois que toda sua glória é para vós! Pai, vós o sabeis, aquele que escreve estas linhas muito lutou e sofreu; suportou a pobreza, a calúnia, a proscrição odiosa, a prisão, o abandono dos que amava, e, no entanto, nunca se julgou infeliz, porque restava-lhe por consolo a verdade e a justiça! Vós sois o único santo, Deus dos corações verdadeiros e das almas justas, e sabeis se algum dia acreditei estar puro diante de vós; fui como todos os homens o joguete das paixões humanas, depois venci-as, ou antes, venceste-as em mim, e destes-me, para que aí repousasse, a paz profunda dos que buscam e ambicionam a vós somente. Amo a humanidade porque os homens, enquanto não são insensatos, nunca são maus a não ser por erro ou fraqueza. Amam naturalmente o bem e é por esse amor, que lhes destes como um sustentáculo em meio a suas provações, que devem ser reconduzidos cedo ou tarde ao culto da justiça pelo amor da verdade. Que meus livros vão agora onde Vossa Providência os enviar. Se contiverem as palavras de vossa sabedoria, serão mais fortes que o esquecimento, se ao contrário contiverem apenas erros, sei ao menos que meu amor pela justiça e pela verdade lhes sobreviverá, e que assim a imortalidade não pode deixar de recolher as aspirações e os votos de minha alma que criastes imortal!

O Templo do Futuro. Eliphas Levi.

1. O Futuro. Os animais continuarão a se devorar mutuamente até o final. Só o homem é imortal. E quando houver na humanidade mais seres humanos que animais, começará a associação dos homens livres. E Deus bendirá o seu povo e lhe dirá: Cresça e se multiplique. Mas antes desta época, os formigueiros do norte devem renovar a terra uma segunda vez; porque a forma da nossa sociedade já está ultrapassada, e sua alma deve passar a povos novos. Então tudo se constituirá segundo a lei da unidade. Foi dito aos pobres: “Destruam os ricos”. E aos escravos: “Degolem os tiranos, porque os ricos e os tiranos devem perecer”. Mas os que roubam os ricos se tornam ricos por sua vez. Os escravos se tornam tiranos, e encontram a sua punição na sua vitória. O espírito da liberdade salva os homens que têm inteligência e amor ao sacrificá-los, e prepara uma armadilha para os homens egoístas, dedicados à rapina. Ladrões contra ladrões, assassinos contra assassinos; que eles ataquem uns aos outros, que batam, que degolem-se e se destrocem uns aos outros. Os seres humanos do futuro estão no campo de batalha como os soldados de Gideão [3]; eles destroem suas vidas como cântaros de barro, e erguem em suas mãos tochas acesas, e fazem soar as trombetas. Eles não usarão a espada. A sua palavra será suficiente, e os [inimigos] midianitas matarão uns aos outros. Anjos da guerra e da morte, voem sobre os terrenos tomados pelo fogo e anunciem à terra a queda da grande Babilônia! Aqui está a solução do problema dos nomes, e a demonstração eterna da unidade. Um povo, um Deus, uma Lei, um rei. E Deus será o povo, e a Lei será Deus, e o rei será a lei. A justiça e a paz reinarão entre todos; e ambas terão por intérprete, ajudado por um conselho de sábios, um servidor do povo, guardião dos tesouros do Estado. Os tesouros do Estado serão a sabedoria e o amor. O ouro será usado apenas para fazer estátuas em homenagem aos grandes homens. O rei será um homem condenado a sofrer, que se sacrificará por todos. Ele desejará ser libertado deste peso, e não terá outra ambição além do amor dos seres humanos. A palavra do rei será a palavra da lei; e ela será justa como a balança, e cortante como a espada. Porque o rei será o representante do povo, e só povo será o monarca e o supremo pontífice. O homem viverá e reinará imortal; e este será o homem-deus, o povo-Cristo, o Verbo encarnado. E o Cristo, transformado em povo, colocará o mundo nas mãos do seu pai, e sentará à direita de Deus. E o seu reino não terá fim. Amém. 2. O Templo. Quando o espírito for revelado, toda a trindade se revelará em sua glória. A humanidade terá a graça da infância, o vigor da juventude e a sabedoria da idade madura. Todas as formas que revestiram sucessivamente o pensamento divino renascerão perfeitas e imortais. Todos os esboços produzidos pela arte das nações ao longo do tempo se reunirão e formarão a imagem completa de Deus. Jerusalém reconstruirá o templo de Jeová seguindo o modelo profetizado por Ezequiel; e o Cristo, novo e eterno Salomão, nele cantará - entre paredes de cedro e cipreste - as suas núpcias com a esposa do cântico. Mas Jeová terá deixado a um lado o seu raio, para bendizer com as duas mãos o noivo e a noiva; ele aparecerá sorridente entre os dois esposos, e estará feliz por ser chamado de pai. No entanto a poesia do Oriente, com suas lembranças mágicas, o chamará ainda de Brahma e de Júpiter. A Índia ensinará em nossos climas encantados as fábulas maravilhosas de Vishnu, e nos mostrará, diante do rosto ainda ensangüentado de nosso amado Cristo, a tríplice coroa de pérolas da Trimurti [4] mística. Vênus, purificada, sob o véu de Maria, já não chorará por Adônis; o Esposo ressuscitou para não mais morrer, e o javali infernal [5] encontrou a morte em sua vitória passageira. Reergam-se, templos de Delfos e de Éfeso; o Deus da luz e das artes tornou-se o Deus do mundo, e o Verbo de Deus bem pode ser chamado pelo nome de Apolo! Diana [a lua ] já não reinará como viúva nos campos solitários da noite. A sua crescente prateada está agora aos pés do seu esposo. Mas Diana não é vencida por Vênus. Seu Endimião acaba de se despertar, e a virgindade se orgulha porque em breve será mãe. Sai da tua tumba, ó Fídias, e reconcilia-te com a destruição de teu Júpiter [6]; é agora que tu terás, como filho, um Deus. Ó Roma! Que os teus templos se ergam ao lado de tuas basílicas; que sejas ainda a rainha do mundo e o panteão das nações; que Virgílio seja coroado no Capitólio pela mão de São Pedro, e que o Olimpo e o Carmelo unam as suas divindades sob o pincel da Rafael. Transfigurem-se, antigas catedrais de nossos pais; lancem, até as nuvens, suas flechas buriladas e vivas, que a pedra revela em figuras animadas; as sombrias lendas do Norte tornaram-se alegres graças aos apólogos dourados e maravilhosos do Alcorão. Que o Oriente adore Jesus Cristo em suas mesquitas, e que, sob os minaretes de uma nova Santa Sofia, a cruz se eleve em meio à crescente! [7] Que Maomé liberte a mulher, para dar ao verdadeiro crente a mulher ideal com que ele tanto sonha; e que Cristo se liberte de sua longa solidão entre os anjos de Maomé. Toda a terra, revestida dos ornamentos que as diversas artes produziram, será um templo magnífico, do qual o ser humano será o eterno sacerdote. Tudo aquilo que foi verdadeiro, tudo aquilo que foi belo, tudo aquilo que foi agradável, nos séculos anteriores, reviverá gloriosamente nesta transfiguração do mundo. E a forma será inseparável da ideia, assim como o corpo será, um dia, inseparável da alma. Quando a alma tiver desenvolvido todo o seu poder, ela fará um corpo à sua imagem. [8] Este será o reino do céu sobre a terra; e os corpos serão os templos das almas, assim como o universo, regenerado, será o templo de Deus. E os corpos e as almas, e a forma e o pensamento, e o universo inteiro, serão Deus.