quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Se...O Poema da Sabedoria Humana.
Se és capaz de manter tua calma, quando
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa,
De crer em ti, quando estão todos duvidando,
e para esses, no entanto, achar uma desculpa.
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo
resta a vontade em ti que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
e, entre Reis, não perderes a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
Joseph Rudyard Kipling (30/12/1865 - 18/01/1936)
Tradução de Guilherme de Almeida
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