sábado, 9 de março de 2013

Ópera dos Mortos - Autran Dourado.

Ópera dos Mortos é a história de uma casa habitada por uma mulher solteira, Rosalina, e uma criada negra, Quinquina, que lhe serve de emissário fiel entre o mundo interior do casarão e a vida rotineira de uma pequena cidade de Minas. A casa foi concebida e construída numa espécie de delírio de grandeza por um patriarca, João Capistrano Honório Cota, que depois de um desastre político se fecha em si mesmo, punitivo e purgador. Rosalina, a filha, recebe com a herança das terras o cultivo do orgulho e o legado do sonho. Desfeita a possibilidade de casamento com o capataz, sem dúvida por diferenças de casta, Rosalina represa na solidão da casa toda a sua marginalidade e o que é real não tarda a se diluir no ideal. Rosalina se embriaga todas as noites, relê enredos melosos e tenta sopitar tentativas ninfomaníacas. Ela é o veio subterrâneo, mas esotérico do romance de Autran Dourado: a decadência senhorial, o desajuste entre o tempo histórico e o tempo social. A casa que em Ópera dos Mortos adquire contorno de coisa viva, castelo de romances medievais e jazigo de anseios frustrados, está deteriorada por fora e por dentro. É uma construção solta no espaço e no tempo, pois o nobre e a sua gerdeira pararam ali todos os relógios. A história é narrativa por excelência, mas no seu psicologismo recusa a linearidade. Atraído pela verossimilhança, que em Faulkner se realiza em termos puramente ficcionais, Autran Dourado optou pela comunicabilidade. Preferiu fazer com que os personagens falassem em compridos monólogos, e como ponto de sustentação da trama , elegeu um narrador impessoal. O autor está portanto fora do texto: nada sabe, nada viu: apenas tece, nos seus pressentimentos, a débil teia ficcional, alimentada de vivências. A linguagem não será a do escritor - mas a dos sentimentos pessoais, fermentados, cristalizados e expressos segundo os meios de comunicação de cada protagonista. No entanto , a linguagem do romance é uma só: com ligeiras diferenças, exprime o monólogo de Juca Passarinho, o fluxo de Rosalina, as intervenções do narrador invisível. Autran Dourado utiliza a linguagem oral que constitui a média de expressão do homem brasileiro do interior, desde que as diferenças de fortuna, ilustração e modo de vida não sejam acentuadas. Essa oralidade representa ao mesmo tempo uma forma de dizer e uma forma de sentir. É uma cristalização anímica que transcende a voz pessoal para abranger os limites de comunicação grupal. Quem traz a herança da vida interiorana não se espanta que Rosalina, filha de um senhor de terras , mas sem educação formal, e Juca Passarinho, um vagabundo que pretende viver a vida fácil, falem quase do mesmo modo. A diferença está nos seus perfis psicológicos. Essa oralidade denuncia, porém, uma contribuição consciente de Autran Dourado: a imagística. Os símbolos e metáforas que escapam dos monólogos, num fraseado literário de efeito, devem ser imputados à representação da ópera, ao seu conteúdo barroco - e nesse ponto se impõe,na sua acepção ampla , o estilo. O barroco não está apenas no estilo da casa. Nos seus objetos de que há uma descrição sucinta, mas pesa também nas almas, por mais lineares que estas pareçam em seus comportamentos. De forma que o estilo, o estilo de quem pretende narrar e expor ao mesmo tempo as causas e conseqüências, é igual a oralidade mais os arabescos literários. O título do romance já é significativo. A ópera, segundo uma de suas definições, é uma "organização temporal de sons e silêncios". E os sons são preenchidos pela melodia individual (no romance Autran Dourado, os monólogos que constitui, por sua vez, uma das características da arte barroca em música). Na protofonia do romance temos a apresentação do cenário, a casa da gente Honório Cota , feita de forma impessoal, através do narrador invisível. O leitor é interpelado e convocado insistentemente a ver, sentir, participar. O melodrama está armado e resumidas suas intenções. A oferta de comunicabilidade prossegue nos cantos individuais, que interpenetram num simulacro de ação simultânea: quando Rosalina está prestes a sair de cena, ouve o barulho de carro-de-boi. É Juca Passarinho, o andarilho, caçador sem munição, que entra na cidade e é logo seduzido pelo casarão do Largo. Ele e Rosalina, tão diferentes em tudo, estão amadurecidos para um desfecho em suas vidas - e as vivências acumuladas em ambos transbordam, precipitando a maior cena do romance, o encontro na casa silenciosa, altas horas da noite, entre uma mulher em estado de sonho e um homem em toda lucidez. Este é em todo o romance o maior teste de Autran dourado, que se equilibra perfeitamente à beira do melodrama, em três ou quatro páginas densas, imponentes e sensuais.

A Flauta Mágica de Mozart.

A Flauta Mágica.de mozart. I Ato. 1º Cenário: Paisagem rochosa. O príncipe Tamino encontra-se numa árida paisagem rochosa. Sozinho e sem armas, ele é atacado por uma cobra gigante. Gritando por socorro, acaba por desmaiar. Atraído por seus gritos, aparecem as Três Damas da corte da Rainha da Noite, lilás matam o monstro e correm para relatar o ocorrido à sua soberana.Tamino acorda de seu desmaio e ouve a melodia de uma flauta de Pa. Ele se esconde. Papageno, que estava caçando pássaros para a Rainha da Noite, entra em cena. Ele está retornando ao palácio para se fortalecer com comida e bebida. Tamino sai de seu esconderijo e entre os dois se desenvolve uma conversa, pela qual o príncipe, entre outras coisas, descobre que ele se encontra no reino da Rainha da Noite. Como Tamino supõe que a cobra tenha sido morta por Papageno, agradece a ele por ter salvo sua vida. O caçador de pássaros aceita o agradecimento. Porém, as Três Damas da corte, que ficaram escutando a conversa, retornam e castigam-no pela mentira colocando-lhe um cadeado na boca. Elas mostram a Tamino um retrato da filha da Rainha da Noite, Pamina. Imediatamente, o príncipe é tomado de amor pela linda mulher e jura que a fará sua. As damas da corte lhe contam da complicada situação de Pamina: ela fora raptada pelo malvado e poderoso demônio Sarastro. Tamino promete salvá-la. 2° Cenário: Rainha da Noite. A Rainha da Noite aparece sob fortes trovoadas. Ela lamenta a perda de sua filha e manda que Tamino salve Pamina. Se ele conseguir libertá-la, ela deverá ser sua. A rainha e suas criadas desaparecem, mas as Damas logo retornam e entregam a Tamino uma flauta mágica, que deverá protegê-lo dos perigos. Elas tiram o cadeado da boca de Papageno, uma vez que a partir de agora ele deverá acompanhar o príncipe e auxiliá-lo em sua perigosa missão. A ele entregam uns sininhos mágicos e informam aos dois que eles serão guiados por três meninos. 3° Cenário: Sala egípcia. O cenário muda e se vê uma sala no palácio de Sarastro. Monostatos, o ardiloso criado, é o guarda de Pamina. Ele acaba de prendê-la novamente após uma tentativa de fuga e tenta conquistá-la. No momento mais crítico aparece Papageno. Assustado pela aparição deste estranho caçador de pássaros, Monostatos foge. Papageno, também cheio de medo, corre em direção contrária. Ele volta e reconhece Pamina, a filha da Rainha da Noite. Ele lhe assegura que em breve ela será libertada e que ele a levará agora ao seu salvador. Os dois partem apressados. 4° Cenário: Três templos. Neste meio tempo, os Três Meninos levaram Tamino ao bosque sagrado, onde no meio se encontram os três templos da razão, da natureza e da sabedoria. Suas tentativas de entrar nos primeiros dois templos falham: ele é rejeitado. Ao se aproximar do templo da sabedoria, um sacerdote idoso sai de encontro a ele. O sacerdote lhe explica acerca do verdadeiro caráter de Sarastro: Ele não é o tirano que foi descrito pela Rainha da Noite, mas sim um homem de sabedoria e honra. Tamino pergunta sobre o rapto de Pamina. O sacerdote, porém, não lhe dá qualquer explicação, mas assegura ao jovem que ele saberá reconhecer a verdade tão logo se torne um irmão de sua aliança. Tamino vacila entre seus sentimentos contraditórios, mas seu humor se alegra quando ouve vozes do templo que lhe dizem que Pamina se encontra em segurança. Com sua flauta, ele amansa os animais selvagens e finalmente vai na direção da qual ele ouviu os sons da flauta de Pa de Papageno. Neste momento Papageno e Pamina chegam à floresta. Papageno toca novamente sua flauta e Tamino responde, mas antes de prosseguir, Monostatos e seus escravos os pegam. Papageno lembra-se de seus sininhos mágicos e os toca. O criado e seus escravos se vêem obrigados a dançar ao som dos sininhos e se afastam. Neste momento ouvem-se sons de trompetes que anunciam a chegada de Sarastro e seus seguidores. Pamina se ajoelha diante de Sarastro e confessa sua culpa. Ela quis fugir por causa do mal-intencionado Monostatos e por ter, como filha, o dever de retornar à sua mãe. Sarastro a manda levantar-se. Ele lhe assegura que nunca lhe acontecerá nada de mal, mas também a avisa que de sua mãe somente hão de vir males. Monostatos entra com Tamino preso. Pamina e Tamino se reconhecem imediatamente e se abraçam. Sarastro mostra seu desagrado para com Monostatos por causa de ter molestado Pamina e ordena que Tamino e Papageno se preparem para as provações que deverão acontecer antes que Tamino possa chegar ao seu objetivo. Depois Sarastro parte com Pamina. II Ato. 5° Cenário: Floresta de palmeiras douradas Os sacerdotes se reúnem na floresta de palmeiras para decidir se Tamino está pronto para iniciar as provas de admissão na aliança. Sarastro pleiteia convincente e calorosamente a favor da aceitação de Tamino e diz que os deuses determinaram o casamento de Pamina com Tamino. Por este motivo, esclarece Sarastro, ele mandou tirar Pamina de sua mãe. Depois disso, ele se afasta do local. 6° Cenário: Ruína do templo. Tamino e Papageno são conduzidos ao lugar. É noite. Pergunta-se a Tamino se ele está disposto a aceitar qualquer prova, mesmo que isso signifique a morte. Tamino aceita o desafio. Papageno não tem tanta certeza, mas suas dúvidas desaparecem depois que ele fica sabendo que Sarastro lhe reservou uma linda noiva. Os dois devem fazer um juramento, comprometendo-se a não falar. Esta deverá ser a primeira provação para que possam continuar. Logo após ficarem sozinhos, aparecem as Três Damas e tentam de persuadi-los a falar. Mas Tamino e também Papageno - não sem alguma ajuda do príncipe - não cedem e permanecem calados. Os sacerdotes retornam e conduzem os dois para prosseguir as provas. 7° Cenário: Jardim com esfinge. Vemos um jardim, onde Pamina se encontra dormindo. Monostatos se aproxima de Pamina cheio de desejos, mas a Rainha da Noite ordena que ele se afaste. Pamina acorda. Sua mãe lhe entrega um punhal e exige que ela mate Sarastro. Com estrondo de trovões, ela se retira. O criado, que ouviu a conversa, chega perto de Pamina, que está inconsolável e confusa, e tenta convencê-la de que ela somente será salva desta situação se lhe der amor. Mas Pamina se recusa e fica desesperada. O criado arranca-lhe o punhal e pretende assassiná-la; porém, neste exato momento chega Sarastro e o enxota. 8° Cenário: Salão do templo. Tamino e Papageno estão sozinhos no salão do templo, ainda sob juramento de manter silêncio. Uma mulher bem velha entra e conversa com Papageno. Ele fica curioso, esquece de seu juramento e fala com ela. Quando ele pergunta pelo seu nome, ouve-se um trovão e a velha vai embora. Os Três Meninos trazem comida e bebida ao salão, bem como a flauta mágica e os sininhos. Pamina entra. Sua alegria de finalmente ter encontrado Tamino se transforma em tristeza ao perceber que Tamino não lhe responde e, por meio de gestos, tenta afastá-la. Desesperada, ela parte e decide encontrar a paz na morte, pois pensa que ele, Tamino, não a ama mais. Trompetes soam, chamando os homens para a reunião. Papageno permanece para terminar sua refeição; porém, quando entram seis leões no salão, levanta-se rapidamente e chama por Tamino para lhe prestar socorro. O príncipe atende ao chamado. Quando vê os leões, toca sua flauta e estes se amansam e se afastam. 9º Cenário: Abóbada subterrânea no interior de uma pirâmide. Tamino e, em seguida, Pamina, são conduzidos para um salão no interior do templo. Sarastro pede à moça que se despeça de seu amado, pois este agora partirá para realizar a prova mais difícil. Após sua despedida, ela é retirada e Sarastro se afasta juntamente com o príncipe. Agora chega Papageno ao mesmo lugar. É dito a ele que ele não se comportou como devia, mas que os deuses o perdoarão. Porém, Papageno nunca será aceito no círculo da aliança. Papageno reage com indiferença e confessa que mesmo assim gostaria de ter sua mulher amada. No mesmo instante, a velha aparece. Ela está disposta a selar um relacionamento com ele, mas Papageno resiste. Somente quando ela ameaça de que ele ficará para sempre trancado neste local a pão e água, ele finalmente concorda meio contrariado, jurando-lhe fidelidade eterna. Neste momento a velha se transforma em uma jovem e bela mulher, totalmente vestida com penas coloridas: a Papagena. Os dois correm para se abraçar, mas antes um sacerdote aparece para levar Papagena. Os Três Meninos vão ao encontro de Pamina, que está num jardim. Ela está completamente desesperada e tenta se matar com o punhal que recebera de sua mãe. Os Três Meninos, porém, conseguem evitar o pior e a fazem desistir do suicídio, asseguram-lhe que Tamino verdadeiramente ainda a ama e chamam-na para que os acompanhe a fim de procurá-lo. 10º Cenário: Prova do fogo e da água. Neste ínterim, Tamino fora conduzido à caverna dupla do fogo e da água, onde há dois guardas. Tamino pede que se iniciem as provas. De repente, ele escuta a voz de Pamina, chamando para que ele a espere. Ele recebe a permissão de falar com ela e os dois amantes se abraçam. Pamina pede Tamino que este coloque toda sua confiança no seu amor e na flauta mágica. Acompanhados pela melodia da flauta, os dois vencem a prova e conseguem passar incólumes pelas cavernas do fogo e da água. Agora, abrem-se os portões do templo e os sacerdotes recebem o casal com júbilo. Sarastro caminha à frente em direção ao salão principal. Também Papageno é salvo do suicídio pêlos Três Meninos. Eles o encontram no momento em que ele pretendia se enforcar numa árvore, motivado pelo desgosto de não ter achado sua Papagena. A conselho dos Meninos, Papageno toca os sininhos mágicos e Papagena aparece. Os dois se reencontram cheios de entusiasmo e alegria e partem de braços dados. 11º Cenário: Templo do sol. Diante dos muros do templo estão a Rainha da Noite, Monostatos e as Três Damas da corte. Pela última vez querem tentar executar seu plano de vingança. A Monostatos foi prometida a mão de Pamina caso ele desempenhe com sucesso seu papel no plano. De repente, irrompe uma tempestade terrível e relâmpagos aparecem no céu. A terra se abre e engole os malvados. Imediatamente o cenário muda para um gigantesco templo do sol. Sarastro, Pamina e Tamino ao seu lado, rodeado de sacerdotes, encontram-se nos degraus do templo. O Sarastro exalta a vitória das forças da luz sobre as forças das trevas. A ópera finaliza com uma cerimônia de agradecimento aos deuses.

O Grande Arquiteto da Música.Mozart,.

“Graças ao poder da música, caminharemos felizes pela noite sombria da morte.” (A Flauta Mágica, ato II, cena 28) Em 5 de dezembro de 1784 era proposto o nome de Wolfgang Amadeus Mozart à Loja Maçônica “A Beneficência”. Entretanto, analisando o teor esotérico da sua obra, nota-se que Mozart era ligado a egrégora maçônica muito antes do seu ingresso na fraternidade. Aos 11 anos, Mozart musicou o poema maçônico “Andie Freude“. Aos 16, compôs uma ária para o hino ritual “Oh heiliges Band“. E aos 17, compôs o drama maçônico “Thamos, König in Ägypten”. Mozart escreveu aproximadamente 30 obras destinadas exclusivamente à maçonaria. Dedicou à congregação cantatas com textos que falam em igualdade entre seres humanos, seres livres de jugos impostos por determinadas religiões, melodias compostas para atos solenes, para acompanhar os ritos e até mesmo concertos beneficentes abertos ao público. É interessante o fato que Mozart não encontrava incongruências entre a Maçonaria e a igreja. Para ele, ambos os sistemas se complementavam, na Maçonaria ele faria a busca pelo autoconhecimento, a transformação do chumbo do Ego no ouro da Essência, no catolicismo reconheceu a busca do aperfeiçoamento espiritual, o perdão dos pecados, e a consolidação da redenção na vida após a morte. Óperas. A iniciação era o centro do pensamento mozartiano. Suas obras refletem os aspectos mais profundos da Maçonaria e da via alquímica, porém imperceptível ao grande público. Suas óperas foram concebidas como verdadeiros rituais, possuindo vários níveis de percepção e significado. “Descobrimos o mistério: não há nada a acrescentar.” (As Bodas de Fígaro ato II, cena 2) Le Nozze di Figaro (As Bodas de Fígaro), ópera dividida em três atos, tem como tema a Igualdade, ela representa a jornada do Aprendiz, Fígaro. Há também alusões ao casamento alquímico, sagrada geometria, enfim uma obra de várias camadas. “Não se alimenta de alimentos mortais aquele que se alimenta de alimentos celestes” (Don Giovanni ato II, cena 15) Don Giovanni tem como tema a Liberdade e trata do drama vivido pelo companheiro em busca do grau de Mestre. O próprio Mozart confirmou o caráter iniciático desta obra. Don Giovanni representa o companheiro, o Comendador a encarnação do Mestre-de-Obras Hiram, Leporello o Primeiro Vigilante, isso se descrevermos apenas os principais. Ao longo de todo o ritual, Leporello fará a formação de Don Giovanni e o levará na direção das provas até ser engolido pela terra. Cosi fan Tutte (Todas elas são assim), aparentemente representa o comportamento das mulheres, mas Mozart a concebeu pensando nas Lojas. Todas elas agem de maneira ritualística se desejam viver a tradição iniciática. Sob a óptica da alquimia, Cosi fan Tutte aborda o segredo do pilar da Sabedoria. Don Alfonso, detentor dos segredos, representa o Venerável Mestre. Ao atravessar a morte alquímica sob a conduta do Venerável Alfonso, os dois casais atingem a verdade do amor autêntico, em outras palavras, a Grande Obra. “Se a virtude e a Justiça espalharem a glória pelo caminho dos Grandes, então a Terra será um reino celeste, e os mortais, semelhantes aos deuses.” (A Flauta Mágica, ato I, cena 19) Die Zauberflöte (A Flauta Mágica), tem como tema a Fraternidade, com o simbolismo muito mais explícito que as anteriores, é uma das obras mais ricas em conteúdo iniciático da história da música, não por acaso o filósofo e dramaturgo alemão Johann Wolfgang Goethe afirmou: “É suficiente que a multidão tenha prazer em ver o espetáculo; mas, ao mesmo tempo, seu significado elevado não vai escapar aos iniciados”. A flauta sintetiza todo o simbolismo iniciático. No decorrer da ópera Pamina diz que ela foi esculpida em madeira numa noite de tempestade (água e escuridão) repleta de sons de trovões (terra) e de relâmpagos (fogo), e a própria flauta representando o elemento ar. Maçonaria, Hermetismo, Rosacrucianismo, Astrologia, Magia, Tarot, Kabbalah, Mitologia, está tudo lá. E como vocês já perceberam, dá pra fazer um post pra cada ópera, e desta eu já fiz AQUI. “Todos os esforços que fizemos para conseguir expressar a profundidade das coisas se tornaram inúteis depois do aparecimento de Mozart.” (Goethe) A Gruta. Mozart era mais inclinado aos elementos místicos da Maçonaria do que o seu racionalismo ético, e sua música procurava refletir esse espírito místico. Naquela época houve o surgimento de interesse em ritos iniciáticos do Antigo Egito e a introdução do simbolismo egípcio em alguns rituais maçônicos. A Loja de Mozart praticava a “Estrita Observância”, um rito que dava atenção às influências dos Cavaleiros Templários, sendo descrita como uma mistura de “simbolismo maçônico, práticas alquímicas e tradições rosacruzes. Em 1791, ano da sua morte, Mozart decide fundar uma nova Ordem iniciática, a qual iria se chamar “Gruta”. Como é demonstrado na ópera-ritual “A Flauta Mágica” a Gruta seria uma ordem “celestial”, permitindo a iniciação feminina com rituais inspirados na tradição dos mistérios egípcios. Entretanto, poucos sabiam dessa intenção de Mozart, como revelou sua esposa Constanze numa carta “A respeito da Ordem ou Sociedade denominada Gruta, que ele queria criar”, escreveu ela, “não posso dar maiores explicações. O antigo clarinetista da corte, Stadler, que redigiu o resto dos estatutos, poderia fazê-lo, mas ele confessa que tem medo, pois sabe que as Ordens e as sociedades secretas são odiadas.” Última Obra Curiosamente a última obra terminada por Mozart, anotada no seu catálogo, foi uma pequena cantata maçônica intitulada “Laut verkünde unsre Freude” (Em alta voz anuncia nossa Alegria). Finalizada no dia 15 de novembro de 1791 à apenas três semanas do dia da sua morte (05 de dezembro), o espírito de despedida ressoa por estas melodias. Mozart dirigiu a cantata pessoalmente em sua Loja, foi a sua última aparição pública. “Em alta voz anuncia nossa alegria O alegre soar dos instrumentos. O coração de cada Irmão sente O eco destes muros. Portanto, consagremos este lugar, Pela cadeia de ouro da fraternidade, E com verdadeira humildade de coração, Hoje, o nosso Templo.” (Trecho da letra de “Laut verkünde unsre Freude”) Referências: Tetralogia: Mozart, o grande mago, Christian Jacq A Flauta Mágica, Ópera maçônica de Jacques Chailley Música e Simbolismo de Roger J.V. Cotte Mozart e a Música Maçônica, SCA.

o fantasma da ópera

Le Fantôme de l''Opéra (O fantasma da ópera em português) é uma novela francesa escrita por Gaston Leroux, inspirada na novela Trilby de George du Maurier. Publicada em 1910 pela primeira vez, foi desde então adaptada inúmeras vezes para o cinema e atuações de teatro, atingindo o seu auge ao ser adaptada para a Broadway, por Andrew Lloyd Webber, Charles Hart e Richard Stilgoe. O espectáculo bateu o recorde de permanência na Broadway (superando Cats), e continua em palco até hoje desde a estréia em 1986. Le Fantôme de l''Opéra foi inúmeras vezes traduzido para o português do Brasil, sendo que as versões mais difundidas são das editoras Ediouro e Ática. A preferência por essas versões devem-se à maior fidelidade à história originalmente criada por Gaston Leroux. O fantasma da ópera é considerada por muitos uma novela gótica, por combinar romance, horror, ficção, mistério e tragédia. Na novela original de Leroux, a ação desenvolve-se no século XIX, em Paris, na Ópera de Paris, um monumental e luxuoso edifício, construído entre 1857 e 1874, sobre um enorme lençol de água subterrâneo. Os empregados afirmam que a ópera se encontra assombrada por um misterioso fantasma, que causa uma variedade de acidentes. O Fantasma chantageia os dois administradores da Ópera, exigindo que continuem lhe pagando um salário de 20 mil francos mensais e que lhe reservem o camarote número cinco em todas as atuações. Entretanto, a jovem inexperiente bailarina (e mais tarde cantora) Christine Daaé, acreditando ser guiada por um "Anjo da Música", supostamente enviado pelo seu pai após a sua morte, consegue subitamente alguma proeminência nos palcos da ópera quando é confrontada a substituir Carlotta, a arrogante Diva do espectáculo. Christine conquista os corações da audiência na sua primeira atuação, incluindo o do seu amor de infância e entretanto patrocinador do teatro, Visconde Raoul de Chagny. Erik, o Fantasma, não gosta da relação entre Christine e Raoul e a leva ao seu "mundo" subterrâneo que Christine considera um lugar frio e sombrio. Ela percebe que o seu "Anjo da Música" é na verdade o Fantasma que aterroriza a ópera. Descobre então que o Fantasma é fisicamente deformado na face, razão pela qual usa uma máscara para esconder a sua "deficiência". Ao olhar para a sua verdadeira imagem, Christine fica chocada. O Fantasma decide prendê-la no seu mundo, e diz que somente a deixará partir se ela prometer não amar ninguém além dele e voltar por vontade própria. Christine enfrenta uma luta interna entre o seu amor por Raoul e a sua fascinação pelo génio da personagem do Fantasma. Ela decide se casar com Raoul em segredo e fugir de Paris e do alcance do Fantasma. No entanto, o seu plano é descoberto e durante uma atuação da Ópera "Fausto" de Charles Gounod, Christine é raptada do palco e levada para os labirintos embaixo da Ópera. Aí, nos aposentos do Fantasma, ocorre o confronto final entre Christine, o Fantasma e o Visconde Raoul de Chagny, que é levado até lá pelo Persa, através dos subterrâneos da Ópera, passando pela câmara dos súplicios, onde ambos quase acabam por enlouquecer e enforcar-se com o "Pendjab" (espécie de cordão feito de tripas de gato, que o Fantasma usava para matar). Christine é forçada a escolher entre o Fantasma e Raoul. Christine escolhe o Fantasma, com o intuito de salvar as vidas das pessoas da Ópera, pois o Fantasma colocou uma bomba no teatro que detonará se ela escolher ficar com Raoul. Contudo, o Fantasma percebe que não consegue lutar contra o amor dos dois, e deixa-a ir com Raoul. Acaba por falecer meses depois, indo Christine, a pedido deste, sepultá-lo no luonde ele sempre viveu e nunca saiu, os subterrâneos da Ópera. Cinema, teatro e música. Cinema O fantasma da ópera foi inúmeras vezes transposto para os palcos e para a telas de cinema , onde fez um estrondoso sucesso, principalmente entre o grande público. A primeira versão de O fantasma da ópera'' para o cinema foi em um filme mudo e em preto-e-branco, realizado em 1925, pelos estúdios da Universal, e com Lon Chaney no papel de fantasma. Seguiram-se outras versões igualmente populares, incluindo a da década de 40, dirigida por Arthur Lubin, e com Claude Rains no papel-título. Destaque também para a versão rock-musical de 1974, dirigida por Brian De Palma e estrelada por Paul Williams, entitulada como O fantasma do paraíso, sem contar com o célebre musical da Broadway escrito por Andrew Lloyd Webber, considerado a maior atração teatral de todos os tempos.