terça-feira, 6 de agosto de 2024
Tempo perdido. Jeanne Guesdon,
Charles Darwin (1809-1882) foi um dos maiores cientistas do último século. Sua obra fundamental sobre a origem das espécies teve, desde sua publicação, uma repercussão universal e orientou a biologia em caminhos novos e fecundos. Darwin baseou seus trabalhos em milhares de observações.
Teve, portanto, um trabalho enorme. No entanto, sua saúde não era boa; ele era fisicamente incapaz de um trabalho de muitas horas seguidas e, em suas memórias, confessa: “Nunca pude trabalhar mais de duas horas por dia.”
Duas horas? É bem pouco. Mas quando esse lapso de tempo foi repetido todo dia, realmente todo dia, ele permitiu fazer obra digna de admiração, um verdadeiro monumento de saber humano.
Chamamos sua atenção para o bom uso que cada um de nós pode e deve fazer do mais valioso dos tesouros: o tempo.
Quantas vezes ouvimos confidências do tipo: “Sim, eu gostaria muito de fazer progressos maiores, mas não tenho tempo”. Ao que podemos quase sempre responder, sem medo de errar; “Bem, esse tempo necessário ao estudo, você o tem, mas não sabe usá-lo. Você o desperdiça, você o joga fora. Sem nem mesmo se dar conta disto…”.
Pois, assim como gotas de água, milhares de vezes repetidas e caindo sempre no mesmo lugar, acabam vencendo a resistência do granito, assim também os minutos de estudo ou meditação, repetidos diariamente, nem que seja a razão de dez ou quinze minutos cada vez, farão de você um autêntico buscador da verdade, logo um Rosacruz.
Faça um exame sincero de seu uso do tempo diário e veja se não há um só quarto de hora por dia que você desperdice com conversas fúteis, leitura de revistas sem cultura etc.
Economizando esses momentos de tempo perdido, encontramos facilmente, mesmo que sejamos “terrivelmente ocupados”, aquele quarto de hora necessário ao estudo. E com a condição expressa de continuarmos todos os dias, sem nenhuma interrupção, de perseverarmos, faça chuva ou faça sol, é certo e seguro que podemos realizar um trabalho considerável e atingir nossos objetivos. Há também um meio mais sutil de perder tempo: é usá-lo pela metade, isto é, não nos dedicarmos completamente à tarefa que executamos, sendo que devemos nos entregar a ela por inteiro, não nos deixarmos distrair por nada, entrarmos inteiros naquilo que fazemos. O importante é uma atenção absoluta, que tenha de certo modo um valor magnético.
Naturalmente, tal resultado não se obtém num só dia. Mas a Ordem Rosacruz, AMORC vai, justamente, ensiná-lo a obter esse estado de concentração, no mínimo de tempo e com o máximo de eficiência.
Também é importante escolhermos para nossos momentos de estudo um tema relacionado às nossas possibilidades, aos nossos gostos. Se quiséssemos atacar uma tarefa árdua demais, possivelmente os fracassos nos cansariam e nos desestimulariam, ao passo que, se o esforço estiver à altura dos nossos meios, ele ampliará o campo de nossa ação. O crescente interesse vai também nos abrir novos horizontes de busca; o esforço inicial se tornará um prazer e dará o sentimento e a satisfação do dever cumprido, o que em geral proporciona, acima de tudo, paz e muitas vezes felicidade também.
Lembremos também que o tempo foge com rapidez. Nós marcamos sua passagem com medidas humanas, mas não podemos detê-lo. O minuto presente nem bem existe e logo outro chega, e é substituído pelo seguinte.
Dentre os momentos perdidos, esta mensagem mencionou as conversas fúteis. Uma pessoa rumina várias vezes aquilo que já disse… E para quê? Para se repetir! Outra, quando você lhe conta uma experiência vivida, um acontecimento qualquer, vai imediatamente relatar algo parecido com o que você acabou de falar. Ora, lembre-se de que aquilo que tem interesse pessoal para você muitas vezes não interessa à pessoa que está ouvindo. Na hora de falar, seria bom também lembrar-se de uma das lições rosacruzes que fala do esquecimento de si mesmo e da supressão do pronome “eu”.
Também nesse caso, há uma disciplina a ser seguida e um treinamento a ser feito; e, em vez de “colher flores ao longo da estrada da vida”, essa disciplina e esse treinamento o ajudarão a subir a encosta, mais penosa, da senda da montanha que conduz à iluminação.
A existência da alma;do livro “A vida tem sentido” de Serge Toussant."
O ser humano não se limita a um corpo material mantido em vida por um conjunto de processos físico-químicos. Ele possui também uma faculdade extraordinária: a consciência. Ora, ao contrário do que pensam os ateus, ela não é produto apenas do cérebro. Do ponto de vista espiritualista, ela é um atributo da alma. É isso o que explica por que uma pessoa privada de suas funções cerebrais por causa de um gravíssimo acidente ou de uma doença degenerativa continua, além das aparências, a pensar e a sentir emoções. O fato de seu eletroencefalograma não acusar nada não significa que ela não tenha mais nenhuma consciência, mas apenas que ela está privada de sua fase objetiva, a qual depende efetivamente da atividade cerebral.
Outro fato notável em todo ser humano: ele não tem consciência apenas de si mesmo, dos outros e do seu meio. Ele também tem consciência do bem e do mal, o que explica por que ele sente a consciência leve e a consciência pesada conforme aquilo que pensa, diz ou faz. Certamente, as noções de bem e mal são um tanto arbitrárias e podem variar de uma cultura a outra, mas sabemos em nossa alma e em nossa consciência” que alguns comportamentos são fundamentalmente bons, ao passo que outros são fundamentalmente maus a ponto de termos vergonha deles. O fato de sermos capazes de discernir uns dos outros e de nos conformarmos a uns mais do que a outros nos traz toda a problemática do livre-arbítrio e dá uma dimensão particular à nossa vida.
Será possível provar a existência da alma? A priori, é impossível. Todavia, ao se considerar aquilo que o ser humano criou de mais belo e mais útil em âmbitos tão diversos tais como a arquitetura, a literatura, as artes, a ciência, a tecnologia etc., como pensar que ele tenha conseguido isso unicamente por meio de sua inteligência cerebral? Melhor ainda, ao se pensar nas emoções mais belas e nos sentimentos mais nobres que ele é capaz de sentir e expressar, como o maravilhamento, a compaixão, a fraternidade, a amizade e o amor, como não ver em tudo isso a presença de alguma coisa sublime e divina?
Mas então: o que é a alma? Do ponto de vista rosacruz, é a energia espiritual que anima o ser humano, no sentido de que lhe dá vida e consciência. Como tal, ela impregna todas as células de nosso corpo, assim como o ar que preenche todos os cômodos de uma casa. Ao contrário do que ensina a maior parte das religiões, a alma não se situa num órgão específico, como o cérebro ou o coração, e nem tampouco no sangue. A ciência é atualmente incapaz de evidenciar essa energia ou mensurá-la, mas eu não me surpreenderia se ela um dia lograsse fazê-lo e que assim provasse a existência, em cada um de nós, de um corpo etéreo constituído de partículas espirituais.
Outra questão se apresenta relativamente ao assunto da alma humana: de onde ela provém? Aos olhos da ontologia rosacruz, ela é uma emanação da Alma Universal, ou seja, da Alma que impregna o universo desde suas origens. Para retomarmos o que havíamos dito anteriormente, isso quer dizer que todo ser humano é um filho das estrelas, não apenas por causa dos elementos que constituem seu corpo físico, mas também pela essência espiritual que o anima. Esta é a razão pela qual em muitos escritos religiosos e também míticos está dito que o homem é uma alma vivente. Cada um de nós é, pois, um ser duplo e pertencente a dois mundos – não opostos, mas complementares: o visível e o invisível; tangível e intangível; material e imaterial. É precisamente essa dualidade que confere à nossa existência um objetivo transcendental.
Para compreender o objetivo de nossa presença na Terra não devemos considerar agora a origem da alma humana, mas sua natureza como tal: ela é perfeita em essência, a exemplo da Alma Universal, designada pelos hinduístas e por alguns budistas pelo nome de Atman (pronunciado Atma em sânscrito). De fato, é nela que reside aquilo a que chamamos qualidades, ou, para retomarmos o termo caro a Sócrates, virtudes, tais como a humildade, a integridade, a generosidade, a tolerância, a benevolência etc. Se vivemos na Terra, é para nos conscientizarmos dessas virtudes e exprimi-las através de nosso comportamento, no contato com os outros. Em outras palavras, é para evoluirmos espiritualmente e atingirmos algum dia o estado de Sabedoria. É o que ademais ensinaram todos os Mestres e todos os Iniciados do passado, independentemente das épocas e dos lugares em que viveram.
Certamente, a julgar pelo comportamento atual da maior parte dos indivíduos, seria possível duvidar de que o ser humano é perfeito em essência. É por isso que muitas pessoas, dentre as quais “filósofos”, estão convencidas de que, ao contrário, ele é imperfeito por natureza. Contudo, elas não podem negar que ele é capaz de se aprimorar. Isto pressupõe que haja nele “alguma coisa” que o incita a se tornar melhor, o que nos lembra as proposições de René Descartes: Como poderia eu saber que não sou perfeito se eu não tivesse em mim nenhuma ideia de um Ser mais perfeito que o meu, e através de cuja comparação eu posso conhecer os defeitos da minha natureza?
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