segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Os Seis Bardos.Vida, Morte, Sonhos e Meditação .
A palavra tibetana bardo refere-se aos seis estados de experiência “intermediários”. Nos três primeiros — que acontecem nesta mesma vida — podemos nos preparar para a morte — quando as outras três ocorrem. A expressão tibetana kyene bardo refere-se ao estado intermediário entre o nascimento e a morte, o bardo desta vida. Dos seis bardos, este é o mais importante. É aqui que escolhemos criar felicidade — nesta vida e nas vidas futuras — e beneficiar os outros, ou escolhemos nos tornar mais afundados nos ciclos de sofrimento e causar os outros a fazer o mesmo.
O Karma.
Apenas nós — e mais ninguém — determinamos se sofreremos ou se seremos felizes. A escolha entre beber veneno ou tomar remédio está em nossas próprias mãos. O remédio pode ter um gosto amargo no momento; o veneno pode até mesmo ter um sabor doce. Mas a longo prazo, o veneno apenas conduzirá ao sofrimento e o remédio a um benefício maior. Quando as pessoas sofrem, elas muitas vezes se perguntam, “O que eu fiz para merecer isto? Sou basicamente uma pessoa boa, mas as coisas continuando saindo erradas. Por quê?” Isto é porque o karma que criamos durante muitas vidas está amadurecendo agora. Quando plantamos as sementes de karma bom através de ações virtuosas, encontramos experiências afortunadas, e quando plantamos as sementes de karma ruim, encontramos experiências muito difíceis, cheias de sofrimento.
Apesar de o karma trabalhar deste modo, tendemos a culpar alguém ou algo — ao invés de nós — mesmos quando as coisas saem erradas. Podemos culpar a poluição do ar ou da água, por exemplo, por uma doença. Podemos atribuir um problema mental ou emocional a algo que nossos pais fizeram a nós quando éramos crianças. É verdade que nossa experiência é influenciada por condições externas, mas fundamentalmente é o nosso karma que produziu essas condições. Por exemplo, nem todos os milhões de pessoas que vivem em uma cidade grande com ar poluído ficam doentes. De modo similar, nem todo ser que vive no alto das montanhas — onde o ar e a água são puros — é saudável. Tanto a base da saúde quanto da doença é o karma.
Não sabemos qual aspecto de nosso karma prevalecerá ou qual experiência nos espera na hora de nossa morte. Mas podemos desenvolver algum insight nisto observando nossa mente desde manhã até a noite. Que tipo de pensamentos surge? Quantas horas passamos contemplando coisas virtuosas e criando virtude com nosso corpo, fala e mente? Quantas horas passamos nos engajando em pensamentos nocivos e negatividade? Quantas horas passamos nos entregando a pensamentos inúteis?
A maioria de nós teria dificuldades para encontrar uma única hora na qual nossos pensamentos e intenções fossem completamente puros. E mesmo se o fizéssemos, isso não seria o bastante. Em um cabo de guerra com uma pessoa de um lado e vinte e três do outro, quem ganhará? Uma hora de virtude é sobrepujada duramente por vinte e três horas de negatividade. Se nossas mentes não estiverem inclinadas para a virtude, não podemos assumir que atingiremos um renascimento superior, um reino celestial ou divino, ou nem mesmo um renascimento humano após esta vida.
Apesar de estarmos sujeitos à lei do karma, podemos mudar nossa experiência purificando as ações passadas através de métodos espirituais. A oportunidade para seguir o caminho espiritual é agora, no bardo desta vida.
Começamos nossa jornada no caminho buddhista tomando refúgio. Como o Buddha Shakyamuni realizou completamente o caminho, indo além do samsara e do nirvana, podemos confiar nele como um guia. O Buddha sustentou um compromisso de não ferir os outros, de parar todas as ações negativas do corpo, toda fala prejudicial e todos os pensamentos negativos e nocivos. Seguindo seu exemplo, nós também fazemos este compromisso, entendendo que se pararmos de prejudicar os outros, não mais iremos experienciar os efeitos do karma negativo. O compromisso de não nos engajarmos em pensamentos, palavras ou ações negativos é a essência do voto de refúgio.
Além de nos abstermos da não-virtude, criamos virtude revertendo o hábito da auto-importância, de sempre nos focarmos sobre nós mesmos. Durante muitas vidas, colocamos nosso próprio benefício antes do benefício dos outros. Ao invés disso, precisamos desenvolver uma motivação verdadeiramente abnegada — a intenção sincera de beneficiar os outros de todos os modos que pudermos através de nosso corpo, fala e mente. Quando agimos consciente e diligentemente com esta motivação pura, geramos virtude, a causa de felicidade futura. Acumular tanta virtude quando possível e dedicá-la para o benefício dos outros é o caminho do bodhisattva. Em essência, significa trazer um bom coração a tudo que fizermos.
Através da meditação, podemos purificar o karma que já criamos usando os quatro poderes. O primeiro poder é o da testemunha. Visualizamos à nossa frente nosso objeto de refúgio, o Buddha por exemplo. O segundo poder é o do arrependimento. Séria e profundamente, nos arrependemos do mal que fizemos aos outros através do corpo, fala ou mente, nesta vida ou em qualquer outra. O terceiro poder é o do compromisso. Nós contemplamos, “Agora que entendi as conseqüências, não mais cometerei ações prejudiciais, não importa o que aconteça”. O quarto poder é o da bênção que surge em resposta à nossa fé e oração. Visualizamos as bênçãos de nosso objeto de refúgio como néctar ou luz, que flui através de nós e purifica todo o nosso karma negativo e obscurecimentos. Se fizermos esta prática de purificação diligentemente, seus efeitos se tornarão evidentes em nosso dia, assim como em nossas experiências durante os sonhos.
Fazendo o compromisso de não prejudicar e de purificar as ações prejudiciais passadas, podemos tanto purificar os efeitos do karma que já criamos tanto quanto fechar a porta para o sofrimento futuro.
Preparando-nos para a Morte através dos Bardos desta Vida
Se usarmos a oportunidade permitida pelo bardo desta vida para criarmos virtude e evitar a não-virtude, podemos assegurar mais experiências afortunadas em vidas futuras e evitar sentir arrependimento na hora da morte.
Dentro deste bardo há dois estados intermediários adicionais — o bardo da meditação e o bardo do sonho. Os métodos de meditação aplicados durante estes três bardos nos ajudam a derivar o maior benefício a partir dos três bardos da transmissão da morte.
A morte é uma experiência muito difícil se estivermos despreparados. Alguns pensam que, como todos morrem, como a morte naturalmente se segue ao nascimento, a morte não é ruim. Mas todo esforço que fizemos nesta vida com a mesma intensidade das abelhas coletando mel, tudo o que juntamos e tudo o que é importante para nós — nossos relacionamentos, país, posses, casa e especialmente nosso corpo — será perdido na morte. Pior do que isto, não sabemos o que acontecerá em seguida. Esta situação é extremamente amedrontadora e causa grande sofrimento.
A fim de não sermos dominados pelo medo e sofrimento na hora da morte — e ao invés disso a utilizarmos como uma oportunidade para uma profunda prática espiritual —, devemos nos preparar. O bardo da meditação referido acima, chamado samten bardo em tibetano, entende-se deste o início até o fim de uma sessão de meditação. De forma ideal, fazemos do bardo desta vida um bardo de meditação o tanto quanto pudermos a fim de nos prepararmos par a morte. Durante o bardo da meditação, desenvolvemos o calibre de prática necessário para nos ajudar a lidar com as dificuldades desta vida, assim como com a experiência da morte e do pós-morte.
Contemplar continuamente a impermanência é um modo de nos prepararmos para quando tivermos apenas alguns dias, horas ou minutos para viver. Se nos lembrarmos de que os seres através da história, não importa o quão grandes, ricos ou poderosos, encontraram as mesmas condições e nascimento, doença, velhice e morte, e se aceitarmos que agora é nosso momento de ir, estaremos mais relaxados e menos aptos a sermos dominados pelas emoções e pelo sofrimento desta mudança inevitável.
A junção e separação dos fenômenos é a natureza de nossa experiência. Nada dura muito; tudo é impermanente. Até mesmo os sentimentos mais fortes mudam; podemos estar tão apaixonados por alguém que duramente poderemos tolerar uma hora distante dele ou dela, mas com o tempo, simplesmente ouvir seu nome pode nos fazer ficar raivosos.
Se entendermos isto, valorizaremos o presente como uma oportunidade preciosa. Temos este momento; não sabemos certamente se teremos outro. Por que desperdiçar esta oportunidade brigando e discutindo, ao invés de criarmos harmonia, alegria e amor?
Refletir sobre a impermanência a cada noite, antes de ir dormir, é um outro modo de se preparar para a morte. Por exemplo, para si mesmo: “Tudo é impermanente; não sei se acordarei de manhã. Muitas não irão. Talvez a próxima coisa que eu saiba é que serei levado para o hospital em uma ambulância.” Se você vividamente se imaginar em uma ambulância com apenas algumas horas de vida, um medo tremendo pode surgir. Isto pode ser útil porque você pode praticar no meio deste medo, assim como você aspira fazer quando o medo o apanhar no momento real da morte. Pratique com determinação, sabendo que você não pode agarrar o que está deixando para trás; reze e deixe ir. Visualizando seu objeto de fé — o professor, Buddha, Deus — no topo de sua cabeça, rogue para que você renasça com uma conexão com um caminho espiritual e com a capacidade de beneficiar os outros. Se praticar assim a cada noite, quando a morte chegar você terá alguma confiança e seu hábito de rezar e meditar será de grande benefício.
O milam bardo, ou bardo do sonho, acontece a partir da hora em que vamos dormir até a hora em que despertamos. Ao invés de desperdiçarmos oito ou nove horas por dia dormindo, podemos usar este tempo para fazer yoga dos sonhos. Nossas práticas do dia e da noite então apóiam uma à outra. Olhando para trás, vemos que todas as experiências de nossa vida, que uma vezes pareceram tão substanciais e verdadeiras, agora são apenas memórias, nada mais. Reconhecemos que se somos louvados ou culpados, se estamos felizes ou tristes, todas as condições são como um sonho. Então nossa meditação dará frutos à noite e reconheceremos que estamos sonhando. Quanto mais realizarmos a natureza de nossas vidas — semelhante a um sonho —, menos apego e sofrimento experienciaremos na morte e mais seremos capazes de aplicar os métodos meditativos na hora da morte.
Prática para a Hora da Morte.
A capacidade meditativa que desenvolvemos durante os três bardos da vida pode nos capacitar a usar os três bardos da morte e do processo pós-morte como portas para a iluminação. O bardo do momento da morte começa quando as condições que causarão nossa morte — por exemplo, uma doença terminal — surgem pela primeira vez e dura até que os elementos do corpo deixem de funcionar. Através da grande prática do p’howa, ou transferência de consciência, na hora da morte projetamos nossa consciência para um reino puro de experiência como o do Buddha Amitabha ou de uma divindade específica.
Dentro de apenas uma ou duas semanas praticando a transferência de consciência dos três reconhecimentos — um dos cinco tipos de p’howa —, podemos desenvolver a capacidade de direcionar nossa consciência na hora da morte. Os sinais de realização desta prática são óbvios, dando-nos confiança de que este método será efetivo na hora de nossa morte.
Em um reino puro, recebemos ensinamentos do Buddha e meditamos, purificando nosso karma restante e abrindo a porta para a realização. Não retornaremos ao samsara — os ciclos infinitos de sofrimento — devido ao nosso karma, mas teremos o poder de encarnar intencionalmente a fim de beneficiar aqueles que ainda estão pegos na armadilha. Para pessoas muito ocupadas para fazer outras práticas espirituais e atingir a liberação nesta vida, o p’howa provém uma rede segura, um meio de assegurar que sua consciência não será dominada pelos ventos do karma na morte.
Nossa prática de p’howa e nosso entendimento do processo da morte também pode nos ajudar a dar assistência àqueles que estão encarando sua própria morte. Quando ajudar os moribundos, ao invés de segurá-los ou tocá-los, diga, “Agora você está indo. É hora de rezar.” Eles devem rezar a quem quer que eles tenham fé. Se forem cristãos, não será útil dizer a eles para rezar ao Buddha. Toque apenas o topo da cabeça, o que atrai a consciência para cima em direção a um reino puro. Tocar qualquer outra parte do corpo pode atrair a consciência para um reino inferior de experiência.
Quando aqueles que amamos estão morrendo, nosso impulso pode ser o de abraçá-los e dizê-los o quão os amamos, mas isto apenas faz sua transição ficar mais difícil pois eles já estão lutando com seu apego a nós e a esta vida. Agora — e não quando eles estiverem no limiar da morte — é a hora de expressarmos esse amor, de dizer as coisas que nunca dissemos. Agora é a hora de sermos pacientes com aqueles que amamos, sabendo que temos apenas um curto período juntos.
Na morte, os cinco elementos do corpo dissolvem-se e todas as energias dos chakras, canais sutis e ventos sutis param de funcionar, assim como os oitenta conceitos de mente ordinária. Por um breve momento, todos os pensamentos cessam completamente e experienciamos o estado desperto aberto, nu e não-obstruído. Esta é a natureza pura e verdadeira de nossa mente, a “clara luz” (não deve ser confundida com a luz no fim de um túnel vista por muitos em experiências de quase morte). Se não praticarmos o reconhecimento do estado desperto nesta vida, não o reconheceremos na hora da morte, durante a primeira fase do chönyid bardo, o bardo do dharmatha ou da natureza verdadeira da realidade. Durante a segunda fase do chönyid bardo, as qualidades puras e incessantes da natureza aberta da mente surgem em uma vívida exibição de divindades pacíficas e iradas. Se — através dos métodos de meditação do Dzogchen, do Mahamudra ou Madhyamika, praticados nesta vida — formos capazes de reconhecer o primeiro ou segundo estágio do chönyid bardo, então a “clara luz mãe”, a natureza absoluta da mente, funde-se com a “clara luz filho”, o estado desperto que mantivemos através de nossa prática na vida diária. Sua união é a nossa iluminação.
Se não tivermos praticado deste modo em nossa vida, perdemos estas oportunidades para a liberação e a mente projeta-se no próximo estado intermediário, o sipe bardo ou bardo do vir-a-ser. Este é o intervalo entre a dissolução do chönyid bardo e o início do próximo renascimento samsárico.
Aqui, tudo parece como em nossa vida humana. Ainda percebemos nossa casa, as pessoas que amamos. Ouvimos tudo que eles dizem, mas eles não podem nos ouvir. Como não temos mais temos um corpo, elas nem mesmo sabem que estamos lá. Para complicar mais a situação, podemos não saber que estamos mortos. Podemos nos sentar à mesa com nossa família e nos espantarmos porque ninguém nos passa a comida. Podemos não entender porque quando fazemos uma pergunta, ninguém responde. Isto traz uma tristeza insuportável. E uma vez que percebamos que estamos mortos, um medo incrível surge.
Nosso apego às pessoas e posses de nossa vida passada pode nos atar ao bardo do vir-a-ser, ficando difícil de nos movimentarmos. Esta é uma razão pela qual é importante fazer um testamento — não importa o quão jovens somos ou quão poucas posses tenhamos. Podemos pensar que isto não importa, já que perderemos tudo de qualquer modo. Mas importa porque este ato de generosidade cria um grande mérito que vai conosco através da passagem da morte e na experiência futura. Se não tivermos um testamento, apesar de nenhuma não-virtude ser criada, nenhuma virtude será criada também.
Tendo escrito um testamento de antemão, na hora da morte não teremos arrependimento sobre assuntos não finalizados. De outro modo, sentiremos um apego tremendo às coisas que desejamos ter feito ou às pessoas das quais não cuidamos; esse apego pode não apenas fazer nossa partida ser mais traumática, mas pode nos atar no sipe bardo.
O sipe bardo inclui quatro estágios de sons extremamente amedrontadores e três estágios de experiências de lugares amedrontadores. Se nesta vida desenvolvermos uma forte fé e um hábito de rezar quando as coisas tornam-se difíceis, não importa qual seja nossa tradição espiritual, este hábito permanecerá conosco quando estivermos no sipe bardo. O poder da prece é muito maior lá do que neste reino humano, onde estamos atados por nosso corpo. Quando rezamos no sipe bardo, nos fundimos com o objeto da prece e renascemos em um reino de experiência puro.
A Importância de Praticarmos Agora
A prática e preparação espirituais não são apenas para pessoas mais velhas. Uma pessoa mais jovem pode facilmente morrer por causa de um grande número de causas, antes de morrer uma pessoa mais velha e terminantemente doente. Nenhum de nós sabe quando morreremos. Não temos tempo para nos atrasar pensando, “Treinarei minha mente e farei minha prática espiritual no mês que vem ou no ano que vem”. O senhor da morte pode não esperar que nós façamos isso. Nossa situação neste corpo humano é como o de alguém alugando uma casa. Não a possuímos e não temos um contrato. Não temos um acordo sobre o quanto podemos ficar. A qualquer momento, o proprietário pode nos jogar para fora e estaremos sem poder para fazer qualquer coisa a respeito disto. Não precisamos consultar um paranormal ou olhar com o olho de sabedoria para saber o quão tentadora nossa existência é. Tudo o que precisamos fazer é assistir as notícias à noite. Muitas pessoas morrem a cada dia por causa de acidentes, guerra, fome e de uma miríade de outras condições. A vida humana é tão frágil quanto a chama de uma vela em um vento forte: a qualquer momento ela pode ser extinta. Não sabemos quanto tempo temos, mas podemos estar certos de que um dia perderemos esta vida. Não podemos nos permitir desperdiçá-la.
Muitas pessoas aqui no Ocidente estão se esforçando para criar uma nova tradição sintetizando elementos de diferentes caminhos. Mas não há tempo o bastante para tentar uma nova conexão. Podemos descobrir muito tarde que isso não funciona. É mais seguro confiar em uma tradição experimentada e verdadeira que se provou durante os séculos. Apesar de eu ter estudado, praticado e de agora ensinar dentro da tradição buddhista, não digo isto por apego ao buddhismo como sendo o único caminho espiritual ou por um desejo de propagar os ensinamentos. Ao invés disto, sei a partir de minha própria experiência que estes ensinamentos e métodos podem ser de grande benefício, não apenas na hora da morte, mas durante toda a vida. Pode parecer que tudo está indo bem, mas as coisas podem mudar rapidamente. Experienciei muitas dificuldades em minha vida. Minha mãe morreu quando eu tinha onze anos. Depois perdi meu país, a maior parte de minha família e tudo o que era familiar a mim: meu monastério, monges e alunos. Eu era um entre nove refugiados tibetanos que comeram juntos na Índia na mesma mesa, como uma família. Dentro de cinco ou seis meses, cinco destas pessoas morreram.
O que aprendi é que quando sofremos e nossas circunstâncias são muito difíceis, nosso melhor ajudante é o caminho espiritual. Os amigos mundanos `às vezes estão lá para nós, mas não sempre. De fato, durante os tempos mais difíceis, aqueles com que pensamos que poderíamos contar muitas vezes não são tão amigáveis assim. Quando estamos bem, podemos ter muitos amigos ou parentes ao nosso redor, mas se estivermos pobres e sofrendo, eles podem desaparecer. Se você desenvolver sua prática espiritual, ela será algo sobre a qual pode confiar. Ela sempre estará lá; é infalível. Não pode ser roubada, perdida ou colocada no lugar errado. Ela estará com você nesta vida, no momento da morte e depois da morte. Por esta razão, do meu coração, imploro a vocês que não neguem o caminho espiritual.F.Wikepédia.
Este livreto foi produzido a partir da transcrição de um ensinamento dado por Chagdud Tulku Rinpoche.Tradução automática.Via ferramentas de idiomas.
O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS.
O Livro Tibetano dos Mortos, hoje bastante conhecido no Ocidente, constitui apenas parte de um ciclo completo de ensinamentos oferecidos pelo notável mestre Padmasambhava, considerado pelos tibetanos como o segundo Buda que levou o budismo para o Tibete e a região do Himalaia.
O verdadeiro título do chamado Livro Tibetano dos Mortos é: A grande libertação por meio da audição no bardo.
A palavra tibetana bardo significa a transição, ou hiato, entre duas realidades. Padmasambhava expressou todo o espectro da vida e da morte no contexto de seis bardos: três de vida e três de morte. Cada bardo possui um conjunto de ensinamentos e de práticas de meditação a ele relacionados. Nesses hiatos, está particularmente presente a possibilidade da natureza da mente ser revelada.
As experiências de bardo estão acontecendo conosco o tempo todo. O objetivo dos ensinamentos do budismo tibetano é mostrar como fazer uso dessas oportunidades para despertar o que são continuamente apresentados, tanto durante a vida como na morte.
Os três bardos da vida são:
1 - A consciência ordinária, desde o momento em que nascemos até quando morremos - A vida presente;
2 - O sono e o estado onírico;
3 - O estado meditativo, ou estado superior de consciência.
Os três bardos da morte são:
1 - O momento da morte, que é o tempo que transcorre entre o início do processo de morrer e sua culminação na morte;
2 - Dharmata - A essência das coisas tais como elas são, quando a natureza da consciência se manifesta sob forma de visões;
3 - O vir-a-ser, desde o momento em que a consciência abandona o corpo até o nascimento seguinte.
Segundo o budismo, a mente tem dois aspectos: A mente ordinária, trata o sentido do eu, como gostaríamos que continuasse, pois ela é a única indicação que temos de nossa existência.
A consciência fundamental está além da mente ordinária, é a nossa verdadeira natureza, e sobrevive a morte do corpo e da mente ordinária. O ensinamento e prática budista tenta mostrar nossa verdadeira natureza, que fica além do nascimento e da morte.
Quando reconhecemos a natureza dessa clareza da mente, ao morrermos podemos deixar esta vida de maneira mais confiante que, na realidade, nada perdemos. Muito pelo contrário, ganhamos:
Para a compreensão da reencarnação, a questão central é o princípio do carma. Assim, o futuro está em nossas próprias mãos e em nossas próprias ações.
Se quiserdes conhecer vossa vida passada, olhai para vossa condição presente; se quiserdes conhecer vossa vida futura, olhai para vossas ações presentes”(Buda). A palavra karma significa ação, cada uma de nossas ações é dotada de poder e está grávida de suas conseqüências.
O carma afeta nossas mentes, o que, por sua vez, afeta nossas ações e nossa vida.
A única maneira de por fim a esse ciclo é interrompê-lo. No ponto exato em que o cortamos está o começo e o fim. Nesse momento começa a cessar a nossa confusão.
O primeiro passo para interromper o ciclo do Samsara é tornar-se mais atento e sereno. A atenção é desenvolvida disciplinando a mente na meditação. O estado desperto da atenção esclarece a percepção e elimina o obscurecimento.
A aceitação emocional da morte por meio da contemplação e da meditação, assim como o aprendizado de fazer uso das crises, conturbações e mudanças na vida, é outro elemento importante no treinamento budista e na preparação para a morte.
As mudanças, ou pequenas mortes que ocorrem com tanta freqüência em nossas vidas, constituem um elo vivo com a morte real, incitando-nos a abrir mão, a desistir. Podemos com treinamento, perceber a verdadeira natureza de nossa mente e na transição e incerteza da mudança está a oportunidade para despertar.
Nosso objetivo supremo, ao longo de muitas vidas, é descobrir nossa mente fundamental. Ela se revela lentamente; quando é realizada por completo, tem-se a iluminação.
Assim, para um indivíduo, mais importante que uma prova científica da sobrevivência após a morte é a questão do que realmente significa para ele a sobrevivência.
Se compreendemos efetivamente a continuidade e o significado da vida, assim como os efeitos de nossas ações, levar uma vida justa terá um propósito. Quando realmente prestamos atenção em nossas ações, o futuro está em nossas mãos, de modo que a melhor maneira de ajudar a nós mesmos a nos preparar para a hora da morte é começar a dar atenção ao que fazemos agora.
A prática mais enfatizada na tradição budista é a do abrir mão dos apegos, dos condicionamentos e dos hábitos que constituem o nível enevoado da mente.
O budismo ensina que, quando morremos, tudo que acumulamos na memória durante esta vida desaparece por completo e que, quando renascemos, desenvolvemos uma nova memória. Entretanto, o carma fica registrado como caráter ou disposição fundamental de uma pessoa, afetando todo o seu ser.
O momento da morte é aquele o qual podemos romper a concha da mente comum e obter a libertação. Se falhamos é porque não conseguimos abrir mão, agarramo-nos aos nossos hábitos. Nosso futuro nascimento é então determinado por nossas antigas maneiras de ser, se nos rendemos determinamos um nascimento melhor.
O budismo tibetano ensina que, no momento da morte, o importante é poder se agarrar ao aspecto da mente que sobrevive, e abrir mão daquele que está morrendo.
Conhecer a natureza da mente nos proporciona a coragem, na morte, de deixar partir todos os aspectos menores de nós mesmos.
O Livro Tibetano dos Mortos descreve oportunidades de libertação nos três bardos da morte, que é destinado a ser lido para uma pessoa agonizante que tenha se dedicado às práticas e esteja habituada a essa tradição.
Ao penetrar no bardo do momento da morte, quando os sinais indicam morte inevitável, a pessoa deverá juntar todas as suas forças e focalizar sua atenção na essência da prática espiritual. É essencial que o indivíduo não se distraia nem se perturbe. Este é o momento de perdoar e esclarecer assuntos inacabados e abandonar apegos.
Se vamos ajudar uma pessoa que em vida não teve nenhuma experiência espiritual que a apoiasse, nossa confiança e força espirituais poderão trazer à tona sua essência espiritual. O amor pode ajudar as pessoas a aceitar a morte.
Oprocesso inverso da concepção e formação de uma nova criança. Tem-se início à dissolução simultânea dos componentes psicológicos ou agregados do ego: forma, sentimento, percepção, intelecto e consciência. Cada um dos estágios dessa dissolução é caracterizado por sinais internos, físicos, externos e identificáveis. Assim, o elemento terra se dissolve na água, a água se dissolve no fogo e o fogo no ar. Quando o ar se dissolve, ao respirar, a pessoa exala o ar e dificilmente consegue aspirá-lo. Finalmente cessa a exalação. Nesse momento, o ar interior (força vital), se dissolve dentro do “canal central” quando a essência do pai desce, produzindo uma visão de brancura e a essência da mãe sobe, produzindo uma visão semelhante ao vermelho sol poente. Quando essas essências se encontam no coração e se fundem, a consciência desfalece num espaço vazio e escuro. A mente morre apenas por um instante e, ao acordar, a pessoa experimenta a pura luminosidade da natureza da mente, o nível mais sutil de consciência.
As pessoas cujas energias estão cerradas devido ao carma, as que não tenham feito práticas espirituais podem permanecer bastante tempo nesse estado de escuridão depois de desfalecer.
No momento da morte, todos os condicionamentos se desfazem, e a consciência penetra no bardo do dharmata, onde a verdadeira natureza da realidade se apresenta com toda sua nudez. Ele tem acesso à luz. Quando o indivíduo deixa de reconhecer essa primeira visão de luminosidade, ela se dissolve e desaparece. Então, à medida que a mente começa a se libertar de suas projeções e bloqueios, a energia pura é libertada e explode em visões coloridas, sonoras e luminosas, descritas na tradição do Livro Tibetano dos Mortos como as quarenta e duas divindades pacíficas e as cinqüenta e oito divindades irritadas.
A consciência experimenta todos os diversos aspectos da mente. Tudo depende de conseguirmos ou não reconhecer essas visões como projeções da nossa própria mente. Se pudermos nos refugiar na brilhante luz da sabedoria que desponta quando essas energias são liberadas, teremos outra oportunidade de nos libertar.
Para a maioria dos ocidentais, as visões detalhadas no Livro Tibetano dos Mortos podem parecer estranhas e exóticas. Sendo constituídas dos mesmos elementos e componentes psicológicos, todos, de uma forma ou de outra experimentam visões e todos as experimentarão sob forma que lhes sejam mais familiares, de acordo com seu condicionamento cultural. Entretanto, o importante é a maneira da pessoa relacionar-se com elas e não a forma que elas possam assumir.
Quando uma pessoa não consegue obter a libertação por não reconhecer esses fenômenos como suas próprias projeções, as visões se dissolvem. Então, a consciência abandona o corpo e prossegue sua jornada para dentro do bardo do vir-a-ser.
A consciência do morto passa por várias experiências no bardo do vir-a-ser. Por exemplo, repete todas as experiências que teve durante a vida; sofre visões de todos os tipos; e tem visões precognitivas onde deverá renascer. O corpo mental é muito leve e lúcido, a consciência é nove vezes mais clara que durante a vida terrena, pode movimentar-se livremente quase para todo lugar e, para viajar, basta-lhe pensar.
Quando o morto não tem consciência que morreu, tenta conversar com a família, ficando imensamente aflito por não receber nenhuma resposta. Finalmente, ao ver seus parentes chorando, removendo objetos que lhe pertenciam, não colocando seu lugar à mesa, compreende que morreu. Verifica também que pode ver e conversar com os inúmeros viajantes que vai encontrando no mundo do bardo.
Por ser a consciência tão extremamente leve e móvel na experiência do bardo, qualquer pensamento que surja, seja ele bom ou mau, é bastante poderoso, de modo que o livro tibetano dos mortos incita a consciência do morto a se precaver contra pensamentos impuros, tais como sentimentos agressivos, medo e apego aos seus antigos bens.
A assistência e ajuda proveniente dos vivos é especialmente eficaz durante os primeiros vinte e um dias depois da morte, porque tem relação com a vida que acaba de ser vivida.
Sobre a concepção budista do que sobrevive à morte biológica é a compreensão da natureza da consciência, ou mente, uma compreensão considerada como a meta suprema da vida e preparação essencial para uma morte livre de desgostos no momento final.
O grande iogue tibetano Milarepa sintetizou os ensinamentos budistas nesta frase: “Não me envergonhar de mim mesmo quando eu morrer”.
Como será a sobrevivência da consciência depois da morte é algo que dependerá de nossa condição ao exato momento da morte. Para cuidar do futuro, precisamos estar atentos ao presente, à consciência que temos agora. Devemos cultivar uma percepção e uma compreensão mais profunda de nós mesmos nesta vida, podemos então optar por uma abordagem mais responsável e mais positiva da vida e com isso estimulando a paz e a harmonia pelas quais todos nós ansiamos.O LIVRO TIBETANO DOS MORTOS
Baseado no texto intitulado “O que sobrevive? - Os ensinamentos do budismo tibetano”
do Lama e mestre de meditação Sogyal Rinpoche.
Baseado no texto intitulado “O que sobrevive? - Os ensinamentos do budismo tibetano”
do Lama e mestre de meditação Sogyal Rinpoche.
Destino.
Somos para assistir ao fim
No Ocidente padrão de claridade;
Neste lugar do adeus até à vista,
Rosa pura por dentro da saudade.
Fechou-se o longo círculo
Com orações e espadas,
Tratados e convenções.
Firma-se então o mundo
Em ondas das madrugadas,
Incógnita musa por dentro
Do nevoeiro das oscilações.
E já no limite da linha oclusa,
Dentro do estranho e calado vento,
Tocamos de novo o verbo do centro.
Eduardo Aroso.
Os Versos de Ouro de Pitágoras.
Os Versos de Ouro, tradicionalmente atribuídos a Pitágoras (c. 580 a.C - 500 a.C), constituem um documento de valor inestimável e que, apesar de escritos há cerca de 2.500 anos, mantêm total actualidade.
Não se sabe, ao certo, quem foi o seu autor, mas é Lísis[1] quem parece reunir maior consenso entre os estudiosos. A cópia mais antiga que chegou até nós é de Hierocles de Alexandria[2], da qual foram feitas diversas traduções para línguas modernas, as quais, no entanto, apresentam algumas diferenças.
Preparação.
1. Primeiro, adora os Deuses Imortais, como eles estabeleceram e ordenaram na Lei.
2. Reverencia o Juramento, e a seguir os Heróis, plenos de bondade e luz.
3. Honra igualmente os Demónios Terrestres prestando-lhes o culto que lhes é legalmente devido.
Purificação.
4. Honra igualmente os teus pais, e aqueles que te são mais próximos.
5. De todo o resto da humanidade, faz teu amigo aquele que se distinguir pela sua virtude.
6. Ouve sempre as suas pacíficas exortações, e toma como exemplo as suas virtuosas e úteis acções.
7. Evita tanto quanto possível odiar os teus amigos por faltas insignificantes.
8. E compreende que poder é um vizinho próximo da necessidade.
9. Sabe que todas estas coisas são como as disse a ti; e habitua-te a superar e a vencer estas paixões:
10. Primeiro a gula, preguiça, luxúria e ira.
11. Não faças nada de mal, nem na presença de outros, nem em privado,
12. Mas acima de tudo, respeita-te a ti mesmo.
13. A seguir, observa a justiça nos teus actos e nas tuas palavras,
14. E não te habitues a comportares-te em todas as coisas sem regra e sem razão,
15. Mas considera, sempre, que é ordenado pelo destino que todos os homens morram,
16. E que os bens da sorte são incertos; e que como podem ser adquiridos, assim podem ser igualmente perdidos.
17. No que concerne a todas as calamidades que os homens sofrem pela divina fortuna,
18. Suporta, com paciência, o teu fado, seja ele qual for, e nunca te lastimes,
19. Mas esforça-te no que puderes corrigir.
20. E leva em consideração que o destino não envia a maior porção destas desgraças aos homens bons.
21. Há entre os homens muitas formas de raciocinar, boas e más;
22. Não os admires nem os rejeites com muita facilidade.
23. Mas se forem ditas falsidades, ouve-os com suavidade, e arma-te com paciência.
24. Observa bem, em todas as ocasiões, o que te vou dizer:
25. Não deixes que nenhum homem, seja por palavras, seja por actos, te seduza,
26. Nem te seduzas tu ao dizeres ou fazeres o que não for proveitoso para ti mesmo.
27. Informa-te e delibera antes de actuares, para que não cometas acções disparatadas,
28. Porque isso é próprio de um homem miserável: o falar e actuar sem reflectir.
29. Mas faz o que mais tarde te não afligir nem te causar arrependimento.
30. Nunca faças nada que não compreendas.
31. Mas aprende tudo o que tens obrigação de conhecer, e assim levarás uma vida feliz.
32. De nenhum modo neglicencies a saúde do teu corpo;
33. Mas dá-lhe bebida e comida na justa medida, e exercita, também, o que de tal tiver necessidade.
34. Por medida quero dizer o que te não incomoda.
35. Habitua-te a um estilo de vida simples e decente, sem ostentações.
36. Evita tudo o que suscitar inveja,
37. E não sejas perdulário sem motivo, como alguém que não sabe o que é decente e honroso.
38. Nunca sejas cobiçoso nem avarento; a justa medida é excelente nestas coisas.
39. Faz apenas aquilo que não pode ferir-te e pondera cuidadosamente antes de o fazeres.
Perfeição.
40. Nunca permitas que o sono feche os teus olhos, depois de teres ido para a cama,
41. Até teres examinado, com a tua razão, todas as tuas acções do dia:
42. Em que é que eu errei? O que é que eu fiz? O que é que eu não fiz e que devia ter feito?
43. Se neste exame achares que fizeste mal, repreende-te severamente;
44. E se fizeste algo bom, regozija-te.
45. Pratica minuciosamente todas estas coisas; medita bem nelas; deves amá-las com todo o teu coração;
46. Elas irão pôr-te no caminho da virtude divina.
47. Eu o juro por aquele que passou para as nossas almas a Tetraktis Sagrada, a fonte da natureza, cuja causa é eterna.
48. Mas nunca deites mão a nenhuma obra antes de teres, em primeiro lugar, rogado aos deuses que aperfeiçoem o que vais começar.
49. Quando fizerdes disto um hábito familiar,
50. Conhecerá a constituição dos Deuses Imortais e dos homens.
51. Verás quão extensa é a diversidade dos seres e aquilo que os contém e os mantém presos;
52. Igualmente saberás que, de acordo com a Lei, a natureza deste universo é semelhante em todas as coisas;
53. Deste modo não terás de esperar o que não deves esperar; e nada neste mundo te será oculto.
54. Igualmente saberás que os homens lançam sobre si mesmos as suas próprias desgraças, voluntariamente, e por sua própria e livre opção.
55. Infelizes que eles são! Nem vêem nem compreendem que o seu bem está junto deles.
56. Poucos sabem como se livrar das suas desgraças.
57. Tal é o fado que prende a humanidade, e lhe rouba a consciência.
58. Como grandes ondas, rolam de um lado para o outro e oprimem-se com males inumeráveis.
59. Pois uma luta fatal, inata, persegue-os por toda a parte, sacudindo-os para cima e para baixo; nem eles percebem isso.
60. Em vez de provocarem e excitarem isso, deviam evitar isso tornando-se úteis.
61. Oh! Zeus, nosso Pai! Se não libertares os homens de todos os males que os oprimem,
62. Mostra-lhes de que demónios se devem servir.
63. Mas toma coragem; a raça do homem é divina;
64. A natureza sagrada revelar-lhes-á os mais recônditos mistérios;
65. Se ela te revelar os seus segredos, facilmente realizarás todas as coisas que te recomendei
66. E pela cura da tua alma, libertá-la-ás de todos os males, de todas as aflições.
67. Mas abstém-te de carnes que nós proibimos nas purificações e na libertação da alma;
68. Faz uma distinção justa das mesmas e examina bem todas as coisas.
69. Deixando-te, sempre, guiar e ser dirigido pela compreensão que vem do alto e que deve segurar as rédeas,
70. Quando, tendo-te despojado do teu corpo mortal, chegares ao mais puro Éter,
71. Serás um Deus imortal, incorruptível e a Morte não mais terá domínio sobre ti.
António Monteiro.
UMA CRISE DE AMOR.
Quando um grupo de duendes, à medida que surgiam da floresta, contemplou essa visão sem precedentes e se deparou com Jimmie carregando seu pequenino amigo duende em seus braços, demonstraram todos uma grande excitação.
Tão natural e exatamente como agiriam os seres humanos, eles chegaram à conclusão de que, pelo menos, um duende tomara-se um traidor de sua gente e de seus familiares. Rodearam Jimmie, permanecendo em uma certa distância e começaram a chamar por seu pequeno companheiro em sua própria língua, que Jimmie reconheceu ser uma espécie de língua universal, mas, mesmo assim, não podia inteirar-se do que eles diziam.
Porém, seu pequeno amigo compreendeu e demonstrou inconfundível indício de tristeza. Finalmente, quando as acusações se tornaram ásperas demais para suportá-las, ele pulou dos braços de Jimmie e correu diretamente para o duende que parecia ser o chefe do grupo. Então, começou a explicar o ocorrido. Jimmie pôde segui-lo perfeitamente, embora ele falasse mais rápido do que qualquer francês que já ouvira falar. Os poderes de gesticulação da criaturinha eram maravilhosos.
Representada diante dele e acompanhada pela apresentação verbal mais rápida que jamais ouvira, Jimmie se deu conta de toda aquela aventura. O pequenino duende daria um incomparável ator se pudesse ser atraído para um palco e possuísse um corpo material. A surpresa com os horríveis elementais; a busca desesperada por onde escapar; a grande luta e o terrível desgaste que rapidamente abria caminho para a certeza da morte; as contorções e os gestos agressivos do círculo hostil ao seu redor; o desespero que se apoderou dele quando cada tentativa para escapar era impedida; depois o grande alívio quando, repentinamente, este grande gigante humano, com essa incrível força de vontade humana colocou-se ao seu lado e tomou sua defesa nessa luta desigual “Vejam”, gritou o duende finalmente, “está tudo bem. Ele é meu amigo. Vejam.”
Neste momento, seu entusiasmo apoderou-se dele e, com um salto enorme, pulou exatamente no ombro de Jimmie e começou a saltar de um ombro para o outro dando, de vez em quando, um tapinha amoroso na cabeça de Jimmie cada vez que saltava por cima dela. Por ele ser uma entidade etérica, isso não provocou nenhum incômodo a Jimmie e era evidente que o grupo de duendes divertia-se imensamente com isso.
Aproximaram-se um pouco mais e Jimmie estava consciente da mudança de atitude de todos eles pelos olhares amistosos que lhe dirigiam, pelo sorriso constante com o qual o cumprimentavam e pelo bom humor com que falavam com seu ativo amiguinho.
Geralmente as vibrações da raça humana são ofensivas para esses pequenos seres pelo fato que a maior parte dos humanos, devido à sua linha habitual de pensar e agir, acumula em seus corpos etéricos grande quantidade de matéria etérica totalmente indesejável.
Em grande parte, isto também é aplicável a seus corpos de desejos e como os duendes estão no limite entre os dois reinos, são muito afetados adversamente por essa razão.
Jimmie não sabia exatamente como proceder e, por isso, fez o que lhe pareceu ser o mais natural possível, sentou-se em um tronco e esticou suas pernas. Um dos duendes mais corajosos, após várias simulações, correu e pulou sobre seus pés tocando um deles levemente com seu próprio pé. Descobrindo que mesmo assim, ele não se machucava, pulou novamente, desta vez aterrisando no pé de Jimmie e imediatamente pulando de volta.
Entretanto, muitos deles haviam subido ao alcance de seus braços e estavam falando sobre ele nas suas vozinhas estranhas e agudas, enquanto ele sentia muitos toques em suas costas e pequenos beliscões em seu cinto e camisa. Isso era perfeitamente possível mesmo que esses pequeninos seres não estivessem no plano físico. Esta incongruência aparente só ocorreu a Jimmie algum tempo depois, pois quando vemos que uma coisa realmente existe, aceitamos o fato sem questionar, jamais parando para considerar que, de acordo com todas as teorias e razões, o fato deveria ser apenas uma fantasia.
Diga-me, Buster - Jimmie disse para o pequeno duende que ele havia salvo dos ele mentais - Qual é o problema com seus amigos? Parece que estão com medo de mim. Diga-lhes que não os machucarei.
Oh, eles são bobos! Estão com medo. Você não vai machucá-los. Você é um amigo.
Começou uma arenga apaixonada em sua própria linguagem e o resultado foi que três duendes vieram e sentaram-se nas botas de couro de Jimmie, enquanto alguns outros aproximaram-se até onde seus braços podiam alcançar, mas percebia-se que estavam prontos para saltar a qualquer momento.
Jimmie sentou-se imóvel, não mexia um só músculo, exceto para falar com Buster, cujo verdadeiro nome ele perguntou em vão, pois a pequena criatura parecia estar orgulhosa do nome que carinhosamente Jimmie lhe dera e a todas as perguntas contestava que Buster era seu nome e que não tinha outro.
Aos poucos a conversa e as garantias de Buster surtiram efeito e o resto dos duendes começou a perder o medo desse ser humano que salvara seu companheiro de um destino tão horrível. Aproximaram-se e demonstraram mais interesse na conversa e Jimmie aproveitou para perguntar a Buster o que teria acontecido a ele se os elementais tivessem ganho a luta. Não tinha a certeza se a morte era possível para um ser que não possuísse corpo físico. Mas o grande alívio e gratidão que Buster havia demonstrado, tomou claro que um resultado adverso do combate teria sido, pelo menos, altamente desagradável para o duende.
Mas Buster não queria pensar no que poderia ter acontecido. Aparentemente não gostava de usar sua imaginação. Como uma criança que só deseja brincar, tomava-se impaciente com qualquer tentativa de fazê-lo pensar seriamente e só se interessava pela diversão na qual estivesse engajado no momento. A irresponsabilidade parecia ser a nota-chave de seu caráter e a concentração sobre qualquer coisa, a não ser que estivesse interessado, era-lhe aborrecida. Jimmie finalmente desistiu de tentar e decidiu tornar-se amigo do resto do grupo.
Nisto foi muito bem sucedido, pois os duendes, de imediato, perderam o medo dele e colocaram-se ao alcance de seus braços sem observá-lo, pois não receavam mais qualquer movimento hostil.
Buster - disse Jimmie ao final - diga-me por que seu povo tinha medo de mim. Que mal poderia fazer-lhes?
Olhe - respondeu Buster - sua força de vontade é muito vigorosa. Essa é a razão. Eles não o conheciam como eu o conheço.
Só depois de muitas perguntas foi possível entender a razão da timidez dos duendes, e Buster, com a ajuda de outros que tomaram parte na conversa, finalmente esclareceu Jimmie sobre a causa da má vontade de seu povo em relação à associação com mortais.
Parece que não só as vibrações humanas são geralmente muito desagradáveis aos duendes, mas também a força de vontade humana é tão vigorosa que quando é inteligentemente direcionada, freqüentemente são incapazes de resistir a ela. Isso os torna temerosos da proximidade dos homens, pois alguns seres humanos são dotados de uma ligeira clarividência e, algumas vezes, os clarividentes não são os membros mais avançados da raça. Assim, um mortal de grau inferior, com um pouco de poder clarividente, pode tornar-se muito desagradável para os duendes.
Também foi informado que o contato com um ser humano lhes dá, de certa forma misteriosa, um acréscimo de poder de se tornarem desagradáveis, se esse mortal assim o desejar. Por essas explicações, Jimmie pôde compreender por que os duendes ficaram tão horrorizados ao verem Buster em seus braços e a amizade que reinava entre os dois.
Desde então, toda a reserva foi posta de lado e o grupo imenso de duendes divertia-se pelo conhecimento adquirido sobre o homem. Subiam nele, sentavam-se em sua cabeça, pulavam em seus pés e foi com considerável dificuldade que Jimmie conseguiu parar um e fazer-lhe algumas perguntas. Era como se sua inteligência os fizesse semelhantes às crianças - eram capazes de falar e de compreender uma linguagem simples, mas totalmente incapazes de qualquer esforço mental como acontece com uma criança de seis ou sete anos. Mas também como as crianças, seu amor e confiança, uma vez dados, eram sem reservas.
Jimmie passou uma tarde muito agradável com seus amiguinhos até que a aproximação de alguns colhedores de frutos da floresta alarmou-os e eles fugiram depois de fazerem-no prometer outra visita. Havia chegado à conclusão de que para obter maiores e reais informações sobre os duendes, deveria buscar outra fonte além deles. Era a primeira vez que entrava em contato com os Espíritos da Natureza ou elementais. Resolveu averiguar mais sobre eles, uma vez que era evidente que ao encontrá-los vislumbrou outras das mansões da Casa de nosso Pai, que está tão plena de maravilhas.
Quando os duendes sumiram, regressou à sua casa caminhando lentamente e repassou em sua mente as coisas que escreveria em sua próxima carta a Louise e pensando um pouco, também, como ficaria feliz quando ela voltasse novamente para casa por a guerra ter terminado e a paz finalmente declarada. Ele teria que trabalhar muito para compensar o tempo perdido e ganhar o dinheiro para adquirir a casinha que tanto queria. E também a grande obra não deveria ser esquecida, pois precisava planejar, de alguma maneira, a forma de alcançar o maior número possível de pessoas que estão tão ávidas por uma migalha de conhecimento espiritual, e que, freqüentemente, são alimentadas com pedregulhos em lugar de migalhas. Afinal, o mundo era um bom lugar para viver, sobretudo para quem quiser trabalhar, e começou a sentir a sensação de alegria, que é a recompensa de todo trabalhador zeloso, pela qual pode-se imaginar a bênção que há de ser a parte dos grandes Irmãos da Luz que empregam sua energia no serviço pela humanidade, renunciando ao descanso e à própria paz no céu para servir.
Enquanto retomava, recapitulou tudo como em uma espécie de sonho, tão fascinado estava pelas esperanças e planos que havia feito e pelos castelos no ar que havia construído. E, através de tudo isso, corria aquela perigosa veia de vaidade que, com tanta freqüência, se insinua juntamente com outras e mais grosseiras formas do mal e que deveríamos esforçar-nos por lançar fora. Ainda não tinha consciência que era vaidade, mas, se tivesse parado para analisar, perceberia que todos os seus sonhos estavam firmados naquilo que ele faria, no serviço que ele executaria, e que aí faltava aquela grande qualidade do trabalhador devotado, isto é, um agradecimento ao Mestre por ter-lhe dado a oportunidade de servir.
É a diferença sutil entre a alegria louvável do serviço e o orgulho injustificável do serviço que, com freqüência, faz nossos depósitos na tesouraria celestial serem de humilde prata ao invés de régio ouro.
Mas Jimmie não tinha consciência deste sinistro contexto que corria através da urdidura de seus sonhos. Apoiava-se na felicidade que esperava possuir e também na possibilidade de poder voltar para a França antes do “espetáculo” terminar, pois cobiçava uma das medalhas de mérito e estava decidido a obter urna ainda que tivesse de capturar, sozinho, todo um exército alemão. Neste momento, não podia deixar de sorrir para si mesmo, pois sua imaginação apresentava-lhe quadros onde conduzia à sua frente toda uma companhia de “Fritzies”, e com esse sorriso, voltou para a terra novamente.
Foi um Jimmie feliz e entusiasmado que regressou ao quartel naquela noite, cantando uma canção que havia sido uma das favoritas nas trincheiras e, literalmente, estava borbulhando de esperança e irresponsabilidade. E lá estava, sobre sua mesa, uma carta da França, de Louise.
Pegou-a rapidamente e sentiu uma pequena inquietação por ela ser tão leve, mas esta impressão foi semiconsciente quando rasgou o envelope em sua ânsia de saber o que a carta continha.
Seu rosto transformou-se ao ler as primeiras linhas e a carta pendeu de suas mãos. Não disse nada, mas apoiou-se na parede. Depois de alguns minutos apanhou a carta do chão e leu-a outra vez. Era cruelmente curta.
Prezado Sr. Westman”, dizia, “estou prestes a voltar para casa no próximo navio e escrevo-lhe para que não mais envie cartas para a França. Pensando melhor estou convencida que nosso compromisso não foi o resultado de um conhecimento suficientemente longo, assim, deixo-o livre e penso que seria melhor deixar o caso terminar aqui.
Espero não receber mais cartas suas e tenho a certeza que respeitará meus desejos e que irá esquecer que eu, algum dia, entrei em sua vida. Com os melhores votos por sua felicidade futura, .”
Jimmie sentiu-se atordoado. As outras cartas que recebera de Louise eram geralmente curtas, pois sabia que ela trabalhava muito e desculpava-se por isso, mas, naquelas cartas curtas, quase notas, ela jamais havia escrito uma palavra de arrependimento pelo compromisso que tinham assumido. Motivos de toda espécie passaram por sua mente, mas eram rejeitados por serem indignos dele ou de Louise.
Talvez houvesse encontrado alguém a quem amasse mais. Essa era uma possibilidade, admitiu para si mesmo, mas não explicava o tom lacônico e a rispidez da carta. Talvez tivesse - Oh!
Não podia acreditar que ela realmente tivesse escrito o que transmitiu. No entanto, se não escreveu o que realmente passava por sua mente, por que escreveu?
Não era obrigada a escrever. Não havia uma só lei que a forçasse a escrever. Com certeza não podia estar zangada com ele, pois sabia que ele tinha sido obrigado a obedecer ordens e que deixara a França contra sua vontade. Estavam em tempo de guerra, ordens eram ordens e Louise sabia disso tanto quanto ele, pois ela estivera próxima à frente de batalha onde homens morriam todos os dias devido a estas mesmas “ordens”.
Quanto mais pensava no assunto, mais percebia o quanto seu amor por Louise era um sentimento muito profundo e muito forte. Recordava-se bem, da maneira gentil e bondosa com que ela sempre o tratara; as pequenas coisas que fizera por ele quando se encontrava desamparado; como ela permanecera acordada, embora necessitasse tanto desse sono, para ler-lhe algo quando o nervoso pelo choque da convulsão o atormentava. Certa vez quando estava deitado, sem muita dor, mas quase gritando devido ao horror daquele nervosismo dilacerante, ela sentara-se ao seu lado colocando a mão em sua testa, acalmando-o com pequenos versos de poesia, trechos de hinos, tudo que pudesse recordar para aliviar seu estado de tensão, tirar seus pensamentos daquela situação estranha e peculiar que era o resultado da explosão que sofrera e cujos efeitos são sempre diferentes em cada caso.
Agora, depois de estar curado - tolice! com carta ou não, ele não acreditaria no que estava escrito naquele papel até que ela confirmasse com suas próprias palavras. Iria encontrá-la para ouvir a verdade de seus próprios lábios.
Era característica de Jimmie que em todas as desculpas, motivos e explicações que havia forjado em sua mente, jamais suspeitou que Louise o abandonara por razões financeiras. Era o melhor e mais nobre tributo que podia colocar aos pés de sua amada e analisando todos os motivos imagináveis que justificassem sua atitude começou a temer que, de alguma forma, involuntariamente, ele a houvesse ofendido. No entanto, nenhuma vez pensou em um motivo baixo, vil ou mercenário por parte dela. Se ela soubesse disso, seu coração ter-se-ia enternecido, mas Jimmie estava tão inconsciente do assunto quanto ela; acrescentar um motivo indigno à sua carta jamais lhe ocorreu.
Conhecia a cidadezinha onde ela morava. Calculou que, por causa da lentidão do serviço postal na França, ela provavelmente já teria regressado e estaria em casa antes da chegada da carta. O pensamento agitou-o, e decidiu pedir uma licença de uma semana e ir até ao fim para solucionar esse caso.
Mas não foi fácil conseguir uma licença em tempo de guerra. Sabia que necessitava pelo menos de um dia para chegar até a casa de Louise, outro dia pra voltar e mais um dia para lá permanecer. Se as conexões estivessem ruins, poderia até levar mais tempo, portanto, decidiu pedir uma semana.
Aquela noite, ao dormir, resolveu chamar Marjorie e, efetivamente, ao despertar nas agora já familiares condições do Mundo do Desejo, teve consciência plena de que Marjorie vinha ao seu encontro. Portanto, não ficou surpreso quando essa linda jovem, sorrindo e, evidentemente, com um excelente bom humor, apresentou-se a ele.
Jimmie começou logo a contar-lhe a história de sua aflição na esperança de Marjorie sensibilizar-se com ele e se prontificar a ajudá-lo. Mas calculou mal, pois tudo que sua anfitriã fez foi rir-se dele. Se as pessoas que julgam que o outro mundo seja um lugar de tristeza fúnebre, de desespero e desesperança, como ficariam surpresos ao presenciar aquela cena e como perderiam o temor da morte.
Marjorie estava morta. Esta jovem havia sido arrebatada de sua família por aquele implacável Rei dos Terrores e, de acordo com todas as crenças geralmente aceitas, ela podia ser tudo menos o que realmente era - feliz, alegre com a pura alegria de viver feliz devido às condições nas quais vivia, livre de todas as necessidades limitadoras da vida física, dor, exaustão, as dez mil pequenas coisas que jamais se elevam além do umbral da consciência, mas que agregadas equivalem a um desconforto contínuo. Mas, acima de tudo, feliz pois não estava separada de sua família, ainda que eles estivessem separados dela.
Esta condição, aparentemente anômala, derivava do fato de que todas as noites ela podia encontrá-los no plano do desejo, falar com eles e “visitá-los”, e embora eles não pudessem conservar a mem6ria desses encontros, para ela não existia essa limitação. Assim percebia-se verdadeiramente que toda separação estava do lado deles, não do dela. Por esse motivo, não há por que surpreender-se e reconhecer sua felicidade. Por que não haveria de sentir-se feliz?
Mas Jimmie pensou que ela estava feliz demais, pois ele sentia-se muito infeliz ou julgava-se estar assim, e precisava de consolo. Além disso, embora não admitisse, esperava que Marjorie dissesse alguma coisa sobre Louise e por que havia agido daquela maneira. Pressentia que Marjorie devia saber. Não seria correto perguntar, mas, talvez, ela proferisse, espontaneamente, algumas palavras de consolo. Esses pensamentos de Jimmie não passaram desapercebidos a Marjorie por nenhum momento, e era por isso que ela estava rindo. Jimmie havia chegado à conclusão que era muito importante e esta era uma lição que ele deveria aprender sobre o assunto.Prentiss Tucker.
Assinar:
Postagens (Atom)