segunda-feira, 30 de julho de 2012

LÓTUS, A FLOR SAGRADA.


Ela cobre as planícies alagadas do Oriente, do Egito à China. E é venerada em todo o mundo por milhões de pessoas, que a consideram o símbolo máximo da pureza espiritual.

A fumaça do incenso envolve como nuvens os monges budistas do templo DoiSuthep, construído no século XIV nos arredores da cidade de Chiang Mai, no norte da Tailândia. Ao amanhecer, como de costume, eles levam nas mãos os botões rosados da flor de lótus, espalhando um perfume suave no ar. Com voz grave, murmuram um dos principais mantras, os cânticos sagrados do Budismo:

"OM MANI PADME HUM".

Originária do antigo idioma sânscrito, a frase significa: "Ó jóia preciosa de lótus". Terminada a oração, eles depositam uma quantidade tão grande de lótus sob os pés de Buda que quase soterram a imagem sagrada.

Milhões de pessoas de vários países asiáticos acreditam que o mantra do lótus tem a capacidade de transformar as pessoas em seres puros e iluminados como o próprio Buda.

Na Índia, está relacionada à criação do mundo. De acordo com as escrituras indianas, foi do umbigo do deus Vishnu que teria nascido uma brilhante flor de lótus, e dela surgido outra divindade, Brahma, o criador do cosmo. Nas gravuras indianas, deuses costumam aparecer em pé ou sentados sobre a flor.

São assim, por exemplo, as representações do deus-elefante Ganesha, de Lakshmi, a deusa da prosperidade, e de Shiva, o criador e destruidor.

No interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito, o lótus também é representado como planta sagrada, pertencente ao mundo dos deuses. Como na Índia, essa flor testemunha a criação do universo. Um dos mais interessantes relatos da mitologia egípcia sobre a origem de nosso planeta conta que, num tempo muito distante, um cálice de lótus, com as pétalas fechadas, flutuava nas trevas. Entediada com o vazio, a flor pediu ao deus Sol Ra que criasse o universo. Agradecida pelo desejo realizado, a flor passou a abrigar o deus Sol em suas pétalas durante a noite, de onde ele saía ao amanhecer para iluminar sua criação.

Já os chineses tinham outra interpretação, que ia além da mitologia: eles associavam a flor ao órgão genital feminino. Na China antiga não havia elogio melhor para uma cortesã do que ser chamada de Lótus de Ouro, segundo informam os pesquisadores franceses Jean Chevalier e Alain Gheerbrant no livro Dicionário de Símbolos. Explica-se assim porque entre os chineses a planta é tão associada ao nascimento e à criação.

Mesmo assim, o lótus não deixa de fazer parte das tradições religiosas daquele país. A deusa do amor e da compaixão Kuan Yin, a mais venerada entre as divindades femininas na China, é representada com flores de lótus ainda fechadas nas mãos e nos pés. Como o botão da flor tem o formato do coração, os fiéis acreditam que a planta teria o dom dos sentimentos amorosos.

Os chineses acrescentam ainda outras qualidades preciosas ao lótus. Segundo eles, a haste dura simboliza a firmeza, a opulência de sementes estaria relacionada à fertilidade, as folhas - como nascem juntas - indicariam felicidade conjugal e a opulência da planta, prosperidade. O passado, presente e o futuro também seriam simbolizados, respectivamente, pela flor seca, pela aberta e pelas sementes que irão germinar.

Nas pinturas dos artistas tibetanos, linhagens de budas e homens santos aparecem flutuando sobre flores de lótus - uma representação dos tronos da suprema espiritualidade. Nas escrituras budistas do Tibet, conta-se que o pequeno Buda já podia andar ao nascer e que, a cada passo, brotavam flores de lótus de suas pegadas - um sinal de sua origem divina. Hoje, muitos monges e fiéis dessa religião visualizam essa mesma cena enquanto caminham, imaginando que flores de lótus surgem debaixo de seus pés. Com essa prática meditativa, acreditam eles, estariam espalhando o amor e a compaixão de Buda simbolizados pela flor.


Om Mani Padme Hum.

Este Mantra expressa a energia pura da compaixão que existe em todos os seres. Pronunciá-lo na meditação, ou enquanto executamos nossas tarefas diárias, não apenas desperta a nossa compaixão, mas o fato de nos unirmos com os outros milhões de indivíduos que também o pronunciam, contribu i para o crescimento da energia de paz e de amor no mundo.

"OM" Encerra as dimensões do Corpo, Fala e Espirito. Às vezes, em nossa vida , experimentamos distúrbios e emoções negativas que nos tiram de nossa verdadeira natureza. "OM" nos dá a possibilidade de transformá-las, de purificá-las. Pode ser traduzido também como a essência de toda forma de esclarecimento.

"MANI" Significa uma pedra preciosa para o amor e a compaixão.

"PADME" É a flor de lótus, a flor que cresce na água e que se mostra exatamente como é. Uma visão da realidade, a flor da sabedoria e do entendimento.

"HUM" Representa o espírito do esclarecimento. Produz o efeito de estabilização e de purificação espiritual.
Grupo Mahavidya.

Durga - Dakini.


Quando Mahishashura, o búfalo demônio, ameaçava destruir o mundo, os Devas que tinham os poderes de detê-lo juntaram seus poderes (Shakti), e criaram Devi Durga, que com sucesso destruiu o demônio. Durga é a protetora de lei e da ordem (Dharma), e a destruidora do mal. Durga está identificada próximo com Shakti, e, como tal, é a contra-forma feminina de Siva. Ela é a guardiã protetora sempre atenta, tanto feroz como no amor. Ela possui dez braços, três olhos, e monta um leão ou um tigre. O Durga Puja é celebrado em toda a Índia como um dos mais importantes festivais.A deusa Durga representa a força do ser supremo que preserva a ordem moral e a correção da criação. A palavra sânscrita durga significa a força ou o lugar protegido, difícil de ser alcançado. Durga, também chamada de divina mãe, protege da ação dos demônios e da miséria. Ela destrói as forças do mal como inveja, ira e orgulho. Sua adoração é muito popular entre os hindus. Ela é chamada de muitos outros nomes, como Parvati, Ambika e Kali. Na forma de Parvati, ela é conhecida como a divina esposa do deus Shiva e a mãe de seus filhos, Ganesha e Karttikeya.

Simbolismos associados à figura e Durga:

Durga veste roupas vermelhas. A cor vermelha simboliza ação. Sua aplicação na vestimenta indica que Durga está sempre ocupada destruindo o mal e protegendo da dor e sofrimento.

O tigre simboliza a força ilimitada. Durga montando um tigre indica sua força ilimitada, seu poder de proteção da virtude e destruição do mal.

Os dezoito braços de Durga significam a força combinada das nove encarnações do deus Vishnu (que apareceu na terra em diferentes tempos no passado). A décima encarnação, a Kalkin (um homem em um cavalo branco), ainda está por vir.

O som que emana da concha é o som sagrado da sílaba AUM, que é o som da criação. Uma concha em uma das mãos de Durga significa a última vitória da virtude sobre o mal e do certo sobre o errado.

As armas nas mãos de Durga passam a idéia de que apenas um tipo de arma não é suficiente para a destruição de todos os tipos de inimigos. Por exemplo, orgulho precisa ser destruído pela humildade, o egoísmo pelo desapego e o prejuízo pelo auto-conhecimento.Wikepédia.

A DANÇA CÓSMICA.


Sim, o universo é uma dança. E nós somos os dançarinos que participam deste evento mágico. A dança e os dançarinos existem juntos. Como haverá dança sem o dançarino? E como haverá dançarino sem dança? Deus e a criação existem juntos, sempre existiram, e sempre existirão. Universos aparecem, universos desaparecem. Mas Aquilo que deu origem, a fonte de energia principal que deu início ao aparecimento simplesmente não desaparece, porque é Eterna, está fora do tempo, está fora do espaço. Apenas Isto existe independentemente de qualquer coisa. Deus Pai existe além de tudo. Deus Filho é a criação. A criação é passageira. Deus Pai é Eterno.

O que é Eterno sempre foi chamado de simplesmente luz. A escuridão vem a vai. Ela é uma ausência temporária da luz. Mas a luz permanece. Escuridão é apenas ausência de luz.

Muitos de nós ainda estamos fora do foco principal da espiritualidade. Sofremos e alimentamos nossos problemas, porque simplesmente não sabemos viver sem eles. Mantemos o foco no mundo relativo do sofrimento, no mundo passageiro, e não olhamos com atenção e carinho para Aquilo que sempre permanece, todo o instante, e é a fonte de tudo que há.


Se escuridão é falta de luz, o que você precisa? Simplesmente aprender uma coisa muito bela e muito simples: aprender a focar o Eterno, exatamente no momento presente, exatamente aqui.

Aprender a focar a fonte da luz é o que mestres e professores espirituais tem chamado de meditação. E esta luz está disponível onde Deus está. Onde Deus estaria senão aqui-agora o tempo inteiro? Mas, então, porque nos sentimos tão separados de Deus e da vida? Porque todos os conceitos de Deus que nós aprendemos na sociedade nos fizeram separar-se Dele, e não aproximar-se Dele.

Nós aprendemos que Deus está distante, em algum lugar, depois da morte, julgando nossos atos bons e maus. Que infantilidade! Nós simplesmente criamos um Deus humano com apegos e aversões, e então vivemos com medo de nós mesmos. Criamos um Deus a partir de nossas neuroses. É por isso que Niesztche disse: “Deus está morto”. É claro que ele estava se referindo ao Deus criado pelo homem, fabricado pela mente humana e sua sede de poder e controle. Sim, temos de enterrar aquele Deus castigador, aquele Deus vingativo ao qual temos de temer. Este Deus não pode ser o Deus real, porque o Deus real não pode ser entendido pelo pensamento. O Deus real é Amor. Pelo pensamento apenas coisas mundanas e culturais podem ser entendidas. Deus não precisa ser entendido, apenas vivido. Você não precisa entender o amor, não precisa escrever tratados sobre o amor. Você tem de viver o amor. Deus é o mistério da sua natureza. Ele não está distante de você, porque em última instância, ele é a única coisa que existe. Os universos vêm e vão, os corpos vêm e vão, a mente vêm e vai, mas aquilo que deu origem a tudo isso permanece. Meu corpo, pensamentos e sentimentos estão sempre mudando. Mas há algo que posso verificar agora que não está mudando e nunca mudará: esse algo é Consciência Pura, ou o Eterno em mim. Reconhecer isto é estar em paz.

Naseeb é terapeuta, professor de meditação, e palestrante.

Terra.


Aceita a minha homenagem, Terra, enquanto faço a minha última vénia ao dia.
Ajoelhado aos pés do altar do poente

Tu és poderosa, e apenas reconhecível pelos poderosos;
Tu equilibras o encanto e a severidade,
Misturando o masculino com o feminino,
Trazendo à vida humana o insuportável conflito.
A taça que a tua mão direita enche com nétar
É esmagada pela tua mão esquerda;
O teu pátio ressoa com o teu riso trocista.
Tornas o heroísmo difícil de alcançar;
Toda a excelência custosa
Não tens misericórdia com aqueles que merecem misericórdia.
Um incessante combate oculta-se a teus pés:
As tuas colheitas e frutos são coroas de vitória ganhas na batalha.
Terra e mar são os teus cruéis campos de batalha –
A vida proclama o seu triunfo no rosto da morte.
A civilização finda os seus alicerces na tua crueldade:
A ruína é a condenação exata para qualquer falta.

No primeiro capitulo da tua história os Demónios eram supremos –
Rudes, bárbaros, brutais
Aos seus dedos toscos e grossos faltava arte;
Com clavas e malhos nas mãos armaram motins do mar e nas montanhas.
O seu fogo e o seu fumo agitaram violentamente o céu até ao pesadelo;
Eles controlaram o mundo inerte;
Eles cegaram o ódio da Vida.

Os deuses vieram a seguir; com os seus feitiços e subjugaram os Demónios –
Despedaçada foi a insolência da matéria
A Terra-Mãe estendeu no seu manto verde:
Nos picos do Este estava a Aurora;
Nas costas Oeste caiu A Noite
Derramando a Paz no seu cálice

Os Demónios foram humilhados
Mas a barbárie primordial manteve as suas garras na tua história.
De repente podia invadir a ordem com a anarquia –
Dos negros esconderijos do teu ser
Pode surgir como uma serpente.
A sua loucura está no seu sangue
Os feitiços dos deuses ressoam no céu e no ar e na floresta,
Cantando solenemente dia e noite; alto e baixo;
Mas das regiões sob a tua superfície
Às vezes os Demónios semidomesticados levantam os seus capelos –
Eles ferem-te profundamente e às tuas criaturas
Arruinando a tua própria criação.

No teu assento sobre o bem e o mal,
À tua vasta e terrível beleza,
Ofereço hoje a minha homenagem de vida ferida.
Toco o teu enorme e sepultado depósito da vida e da morte,
Sinto-o através do meu corpo e do meu pensamento.
Os cadáveres de inúmeras gerações de homens jazem amontoados no teu pó:
Eu também acrescentarei alguns punhados, a medida à medida da final das minhas dores e alegrias,
Acrescentando a esse enorme absorvente, a essa forma absorvente, a essa fama absorvente,
A esse silencioso monte de pó.

Terra, presa à pedra ou voando entre as nuvens;
Absorta na medição silenciosa da cordilheira
Ou ruidosamente como o bramido de insones ondas do mar;
És a beleza e a fertilidade, o terror e a fome.
Por um lado acres de searas, inclinando-se com a maturação,
Limpas do orvalho de cada manhã por delicados raios de sol –
Ao poente também, oferecendo na sua ondulante verdura a Alegria, a Alegria;
Por outro lado, nos desertos insalubres, secos, estéreis,
A dança de espetros entre ossos de animais espalhados.

Contemplai as tuas tempestades Baisakh desceras velozmente como falcões negros
Rasgando o horizonte com bicos de luz relampejante
Com chicotada da cauda nas arvores
Até estas caírem desesperadas no chão;
Telhados de colmo soltam-se
Fugindo do vento como condenados das suas correntes.

Mas em Phalgun vi a quente brisa do Sul,
Propagar todas as rapsódias e solilóquios do amor
No seu perfume de flor e manga;
Vi o vinho espumante do Céu transbordar da taça da lua;
Ouvi sebes submeterem-se bruscamente à agitação do vento
E estalarem em ofegantes murmúrios.
Tu és gentil e feroz, antiga e renovada;
Emergiste do fogo sacrificial da criação original há muito, muito tempo.
A tua peregrinação cíclica está preparada com vestígios sem sentido da história;
Abandonando as tuas criações sem remorsos, juntas umas sobre as outras,
Esquecidas.

Guardião da Vida, tu alimentas-nos
Em pequenas gaiolas de tempo fragmentado,
Fronteiras de todos os nosso jogos, limites reconhecidos.

Hoje, estou à tua frente sem ilusões:
Não te peço a imortalidade à tua porta
Para os muitos dias e noites que passei a tecer as tuas grinaldas.
Mas se eu tivesse dado real valor
Ao teu pequeno assento um minúsculo segmento de uma das Eras
Que se abrem e fecham como clarões nos milhões de anos
Da tua órbita solar ;
Se eu tivesse ganho nos tribunais da vida algum sucesso,
Então marcaria a minha fronte com um sinal feito da tua argila –
Para ser apagado a tempo pela noite
Na qual todos os sinais desaparecem no desconhecido final.

Ó longínqua, impiedosa Terra,
Antes de eu ser completamente esquecido
Deixa-me colocar a minha homenagem aos teus pés.
Rabindranath Tagore.