domingo, 24 de outubro de 2010
Deixe a Semente Germinar.
É perigoso forçar o que não se conquistou. Esta advertência que é correta do ponto de vista prático e físico, constitui uma verdade ainda maior sob o ponto de vista espiritual.
No mundo material este fato é aparente: uma criança que passa para a série seguinte sem ter assimilado as disciplinas do ano anterior terá certamente imensa dificuldade, e a experiência pode ter até uma influência negativa na sua capacidade de aprendizagem, durante muito tempo. Quando alguém, sem preparação ou experiência prévia é promovido a algum cargo ou atividade, a sua incompetência deixa-o em desvantagem idêntica, podendo mesmo prejudicar outras oportunidades ou futuras possibilidades.
A um nível mais elementar, aqueles que, por meio de uma prática indevida, chantagem, artimanhas ou força, apropriam-se de coisas, situações, serviços ou projetos de outros, contrariam a Lei de Conseqüência, e, mais tarde ou mais cedo, colherão o resultado.
Sabemos mesmo que muitas vezes até as dádivas obtidas livremente, ( por amizade, por exemplo) pode constituir um perigo para aqueles que não desenvolveram (conquistaram) o discernimento e o senso necessário, através da própria experiência . Daí também a necessidade de aprendermos a utilizar o discernimento.
Sob o ponto de vista espiritual e esotérico as conseqüências que advêm do apressar ou do abortamento de conhecimentos ou capacidades que ainda não merecemos, podem ser muito mais graves, profundas e de longa duração. Os que se utilizam de meios artificiais (como drogas e exercícios respiratórios) , ou mesmo de exaustivo trabalho intelectual, poderão, provável e temporariamente dotarem-se de “poderes” .
No entanto, a prática demonstrará o seu valor, e a utilização desses falsos poderes, desprovidos ainda de legitimidade e tingidos de interesse pessoal, fará seu possuidor confrontar-se com graves problemas.
Se a má utilização de poderes espirituais, mesmo inocente ( inconscientemente ) traz já graves conseqüências, o seu mau uso de forma deliberada é evidentemente a violação mais flagrante da Lei Natural, que um dia trará conseqüências inevitáveis.
Que nossa preocupação principal, longe de ser a de adquirir capacidades espirituais ”fantásticas” ou grandes conhecimentos, seja a de viver o melhor possível com os talentos que já possuímos , deixando a “semente germinar” na paciente perseverança em fazer o bem, certos de que, no momento propício seremos Verdadeiramente Iluminados.Maria Lázara Franzini.
Adaptabilidade A Chave Para o Progresso.
Como chispas divinas do Deus de nosso sistema solar, possuímos potencialmente os poderes do nosso Criador. Esses poderes estão latentes e o propósito da evolução é convertê-los em poderes dinâmicos. Isso é feito através de ciclos evolutivos que possuem em si 3 fases: uma constrói, outra mantém e uma terceira dissolve, transforma e renasce em outro ciclo.
Os três poderes divinos são absolutamente necessários para manifestarmo-nos como seres divinos, mas são distintos em sua natureza.
Esses três poderes de Deus são:
Vontade: se expressa como poder criador , no sentido de dar origem, poder de expressar controle através do intelecto em todos os seus aspectos (razão, juízo, conhecimento, dedução. Também é o poder de destruir o que está cristalizado. É o aspecto do PAI. Está relacionado com o Mundo do Espírito Divino e vibra na cor azul.
Amor-Sabedoria: se expressa como força de atração, coesão, receptividade, imaginação, sentimento, intuição, memória, conservação, proteção, alimentação e concepção. É o aspecto do FILHO. Está relacionado com o Mundo do Espírito de Vida e vibra na cor amarela.
Atividade: se expressa como a força de movimento que impede a inércia e produz germinação, desenvolvimento, crescimento, expansão, originalidade, epigênese. É o aspecto do ESPÍRITO SANTO. Está relacionado com o Mundo do Espírito Humano e vibra na cor vermelha.
O desequilíbrio atual que a humanidade enfrenta teve origem na falta de adaptabilidade por parte do ser humano em aprender as lições apresentadas pelas Hierarquias Divinas
Podemos dizer que a humanidade atual possui três grandes grupos de pessoas onde cada um caracteriza-se por uma fusão harmoniosa de dois aspectos divinos, realizando sua atividade positiva no mundo com relação a estes, mas que estão em desequilíbrio com o terceiro aspecto, o qual agora procuram desenvolver a fim de manifestarem-se como "deuses". Assim temos:
1° Vontade/Amor-Sabedoria: Os que respondem a essa fusão (razão-imaginação), carecem do aspecto prático. Podem ter idéias magníficas, mas sentem dificuldade em levá-las à ação. Não gostam da vida ativa, podendo chegar ao escapismo.
Sua lição é a de que a espiritualidade é uma forma prática de viver, e que o futuro depende do agora. Regra geral serão as necessidades materiais que os farão aprender o que necessitam.
2° Vontade/Atividade: São os gigantes intelectuais de nossos tempos. Com sua força de vontade para agir podem passar por cima de todos os obstáculos, inclusive amigos e familiares, se necessário for para alcançar seus objetivos. Talentosos e espertos, mas geralmente carentes de amor, esses indivíduos são eminentemente práticos e eliminam de suas vidas tudo o que para eles for inconveniente. Seu extremo é a tirania.
A lição aqui a ser aprendida é clara: é a do amor e da compaixão, o que será alcançado depois de suportar muita hipocrisia e falsidade.
3° Amor-Sabedoria/Atividade: Contrariamente ao anterior esse grupo "perde a cabeça" por causa do coração e dos sentimentos. Sacrificam tudo e todos a fim de estar sempre perto do objeto de suas afeições - que pode ser uma pessoa ou um ideal. Em casos mais sutis jogam com os sentimentos dos outros provocando emoções difíceis de serem controladas. Seu extremo é a degeneração sexual.
Precisam desenvolver o discernimento e aprender a canalizar suas emoções para propósitos justos para a humanidade.
As experiências que visam testar a nossa capacidade de adaptação na grande maioria das vezes aparecem nas trivialidades do dia a dia, e se formos observadores, logo veremos revelados os pontos débeis de nosso caráter que devem ser fortalecidos.
Gradualmente toda a humanidade aprenderá a lição que constitui o moto da Fraternidade Rosacruz
Reto Pensar:uso correto do princípio da Vontade.
Reto Agir: uso correto do princípio da Atividade.
Reto Sentir: uso correto do princípio do Amor-Sabedoria.
Maria Lázara Franzini.
Um Tratado Musical de Alquimia Atalanta Fugiens.
Em 1618 aparecia em Oppenheim (Renânia) a obra da qual podemos admirar, ainda hoje, o soberbo frontispício: "Atalanta Fugiens", de Miguel Majer.
O autor, ou melhor, os autores, uma vez que o editor João Teodoro de Bry é, provavelmente, também, o gravador, nele se declaram poetas, gravadores e músicos. Miguel Majer, nascido em 1568, em Rendsburg (Holstein) e falecido por volta de 1631, era formado em medicina.
Entrou para o serviço do Imperador Rodolfo II, em Praga, inicialmente como físico ou médico. Passou depois para secretário particular, par ser, enfim, elevado à dignidade de conde do conselho Imperial (conde palatino). Era alquimista e rosacruciano.
João Teodoro de Bry, nascido em Liége, em 1561, era filho do gravador e editor com o mesmo nome. Retomou, quando da morte do pai, as actividades profissionais deste. Pertencia à religião reformada.
A obra de Majer e de Bry é um autêntico tratado de ocultismo em cinquenta "emblemas esotéricos". Cada "emblema" comporta três elementos: um "epigrama", breve poema alegórico em latim, acompanhado da sua tradução em alemão; uma gravura simbólica e uma "fuga" a três vozes, escrita sobre os dois primeiros versos do epigrama.
Um título indica a significação geral de cada emblema. Cada um deles transpõe um mito antigo, conferindo-lhe uma ressonância alquímica.
O ponto de partida, ilustrado no frontispício, tem por base a lenda da deusa Atalanta (também chamada Ártemis e mesmo Diana, pelos Gregos e Romanos). Podemos seguir a sua aventura no enquadramento do título: à esquerda, no Jardim das Hespérides (as três ninfas no alto da gravura, são Aegle, Aeretusa e Hespertusa), guardado pelo dragão de sete cabeças (igualmente em cima), Hércules apossa-se dos frutos de ouro.
Três deles caem nas mãos de Afrodite (Vénus) que, mortificada pela feroz castidade de Atalanta, os entrega ao belo Hipomanes com a missão de a seduzir.
Hipomenes, conhecendo o estratagema pelo qual Atalanta se livrava dos pretendentes, resolver enganá-la. Atalanta impunha-lhes uma prova de corrida. Se o pretendente a vencesse, teria direito a desposá-la. Caso contrário, teria a cabeça decepada - o que sempre acontecia, uma vez que Atalanta era mais leve e mais veloz do que qualquer mortal.
Hipomenes colocou-se entre os concorrentes. No momento da prova atirou os três frutos de ouro para a frente de Atalanta. Esta, curiosa, ou um tanto cúpida, abaixou-se para os examinar e recolher e, com isto, perdeu algumas passadas, o que bastou para que Hipomenes a vencesse (em baixo, à esquerda da gravura).
A união consumou-se num templo consagrado a Zeus ou a Deméter (em baixo, à direita). Irritado por semelhante acto de profanação, o deus (ou a deusa), transformou-os respectivamente em leão e leoa (em baixo, à direita).
As gravuras e o sentido geral dos "emblemas" foram admiravelmente analisados e explicados por J. Van Lennep. As fugas musicais permanecem mais misteriosas e demandariam um longo e minucioso estudo. Todavia, um exame sumário talvez não seja desprovido de interesse. Vejamos a fuga número 1, aqui transcrita em notação moderna.
Não se trata de uma "fuga" como a entendem os tratados clássicos em uso nos conservatórios. Apenas as duas vozes superiores são tratadas em cânon, mas à quarta inferior. A voz mais grave é tratada em cantus firmus ou teneure. A voz mais aguda, no sentido em que a entendiam os teóricos do século XVII, isto é, a "fugida". Representa, normalmente, Atalanta fugitiva, como o indica o compositor: Atalanta seu vox fugiens.
A Segunda voz, que e segue em cânon rigoroso na Quarta grave, personaliza Hipomenes. O cantus firmus, enfim, todo em valores longos, representa os frutos atirados a Atalanta.
Atalanta (primeira voz) representa o Mercúrio volátil (ou a Lua); Hipomenes (Segunda voz) o enxofre activo ou o sol alquímico. A terceira voz representa os frutos de ouro, frutos da imortalidade, mas também o símbolo do conhecimento.
Essas curtas peças musicais, cuja realização necessita, por vezes, de uma douta exegese contrapontística, não são, longe disso, obras-primas. Neles descobrem-se (cf. o exemplo acima) imperícias, na verdade erros que um estudante de conservatório, mesmo nos nossos dias, renegaria com horror.
Pode-se questionar a respeito da utilização que dela pretendia fazer os seus autores. O texto preliminar teria uma função equivalente à dos corais de Lutero: "serem lidas, meditadas, compreendidas, julgadas, cantadas e ouvidas".
Isso constituiria um método para gravar na memória do adepto o primeiro dístico essencial de cada poema que comenta a gravura correspondente.
J. Van Lennep lembra-nos que o Imperador Rodolfo II (em Praga), bem como o duque Vicente de Gonzaga (em Mântua), ambos alquimistas experientes, eram, para os músicos, mecenas esclarecidos e generosos. Ambos possuíam uma prestigiosa capela de música. O primeiro protegeu - entre outros - o compositor flamengo Filipe de Monte (1521-1603), e o segundo financiou o Orfeu, de Cláudio Monteverdi, cujo simbolismo foi, por certo, amplamente inspirado pelo comanditário.
J. Van Lennep adianta ainda que a música servia para dissipar a melancolia saturnina, que se apoderava dos alquimistas durante as longas noites de vigília diante do forno. Imagina-as então enganando a espera, cantando as "fugas" da Atalanta Fugiens. Supõe ainda que tais "fugas" também foram cantadas pelos membros da Fraternidade Rosacruz, a que Majer pertencia e que outorgava à música extrema importância
Revista "Rosacruz", Fraternidade Rosacruz de Portugal.
O autor, ou melhor, os autores, uma vez que o editor João Teodoro de Bry é, provavelmente, também, o gravador, nele se declaram poetas, gravadores e músicos. Miguel Majer, nascido em 1568, em Rendsburg (Holstein) e falecido por volta de 1631, era formado em medicina.
Entrou para o serviço do Imperador Rodolfo II, em Praga, inicialmente como físico ou médico. Passou depois para secretário particular, par ser, enfim, elevado à dignidade de conde do conselho Imperial (conde palatino). Era alquimista e rosacruciano.
João Teodoro de Bry, nascido em Liége, em 1561, era filho do gravador e editor com o mesmo nome. Retomou, quando da morte do pai, as actividades profissionais deste. Pertencia à religião reformada.
A obra de Majer e de Bry é um autêntico tratado de ocultismo em cinquenta "emblemas esotéricos". Cada "emblema" comporta três elementos: um "epigrama", breve poema alegórico em latim, acompanhado da sua tradução em alemão; uma gravura simbólica e uma "fuga" a três vozes, escrita sobre os dois primeiros versos do epigrama.
Um título indica a significação geral de cada emblema. Cada um deles transpõe um mito antigo, conferindo-lhe uma ressonância alquímica.
O ponto de partida, ilustrado no frontispício, tem por base a lenda da deusa Atalanta (também chamada Ártemis e mesmo Diana, pelos Gregos e Romanos). Podemos seguir a sua aventura no enquadramento do título: à esquerda, no Jardim das Hespérides (as três ninfas no alto da gravura, são Aegle, Aeretusa e Hespertusa), guardado pelo dragão de sete cabeças (igualmente em cima), Hércules apossa-se dos frutos de ouro.
Três deles caem nas mãos de Afrodite (Vénus) que, mortificada pela feroz castidade de Atalanta, os entrega ao belo Hipomanes com a missão de a seduzir.
Hipomenes, conhecendo o estratagema pelo qual Atalanta se livrava dos pretendentes, resolver enganá-la. Atalanta impunha-lhes uma prova de corrida. Se o pretendente a vencesse, teria direito a desposá-la. Caso contrário, teria a cabeça decepada - o que sempre acontecia, uma vez que Atalanta era mais leve e mais veloz do que qualquer mortal.
Hipomenes colocou-se entre os concorrentes. No momento da prova atirou os três frutos de ouro para a frente de Atalanta. Esta, curiosa, ou um tanto cúpida, abaixou-se para os examinar e recolher e, com isto, perdeu algumas passadas, o que bastou para que Hipomenes a vencesse (em baixo, à esquerda da gravura).
A união consumou-se num templo consagrado a Zeus ou a Deméter (em baixo, à direita). Irritado por semelhante acto de profanação, o deus (ou a deusa), transformou-os respectivamente em leão e leoa (em baixo, à direita).
As gravuras e o sentido geral dos "emblemas" foram admiravelmente analisados e explicados por J. Van Lennep. As fugas musicais permanecem mais misteriosas e demandariam um longo e minucioso estudo. Todavia, um exame sumário talvez não seja desprovido de interesse. Vejamos a fuga número 1, aqui transcrita em notação moderna.
Não se trata de uma "fuga" como a entendem os tratados clássicos em uso nos conservatórios. Apenas as duas vozes superiores são tratadas em cânon, mas à quarta inferior. A voz mais grave é tratada em cantus firmus ou teneure. A voz mais aguda, no sentido em que a entendiam os teóricos do século XVII, isto é, a "fugida". Representa, normalmente, Atalanta fugitiva, como o indica o compositor: Atalanta seu vox fugiens.
A Segunda voz, que e segue em cânon rigoroso na Quarta grave, personaliza Hipomenes. O cantus firmus, enfim, todo em valores longos, representa os frutos atirados a Atalanta.
Atalanta (primeira voz) representa o Mercúrio volátil (ou a Lua); Hipomenes (Segunda voz) o enxofre activo ou o sol alquímico. A terceira voz representa os frutos de ouro, frutos da imortalidade, mas também o símbolo do conhecimento.
Essas curtas peças musicais, cuja realização necessita, por vezes, de uma douta exegese contrapontística, não são, longe disso, obras-primas. Neles descobrem-se (cf. o exemplo acima) imperícias, na verdade erros que um estudante de conservatório, mesmo nos nossos dias, renegaria com horror.
Pode-se questionar a respeito da utilização que dela pretendia fazer os seus autores. O texto preliminar teria uma função equivalente à dos corais de Lutero: "serem lidas, meditadas, compreendidas, julgadas, cantadas e ouvidas".
Isso constituiria um método para gravar na memória do adepto o primeiro dístico essencial de cada poema que comenta a gravura correspondente.
J. Van Lennep lembra-nos que o Imperador Rodolfo II (em Praga), bem como o duque Vicente de Gonzaga (em Mântua), ambos alquimistas experientes, eram, para os músicos, mecenas esclarecidos e generosos. Ambos possuíam uma prestigiosa capela de música. O primeiro protegeu - entre outros - o compositor flamengo Filipe de Monte (1521-1603), e o segundo financiou o Orfeu, de Cláudio Monteverdi, cujo simbolismo foi, por certo, amplamente inspirado pelo comanditário.
J. Van Lennep adianta ainda que a música servia para dissipar a melancolia saturnina, que se apoderava dos alquimistas durante as longas noites de vigília diante do forno. Imagina-as então enganando a espera, cantando as "fugas" da Atalanta Fugiens. Supõe ainda que tais "fugas" também foram cantadas pelos membros da Fraternidade Rosacruz, a que Majer pertencia e que outorgava à música extrema importância
Revista "Rosacruz", Fraternidade Rosacruz de Portugal.
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