terça-feira, 14 de junho de 2011
O mercador de Veneza.
Trata-se de uma das obras mais polêmicas
do célebre dramaturgo inglês. Escrito no findar dos anos 1500, época em
que os judeus estiveram ausentes da Inglaterra (foram expulsos em 1290,
e só seriam novamente aceitos em 1655), capta as chocantes caricaturas
feitas pelos ingleses.
Em O Mercador de Veneza, o personagem que mais chama a atenção
não é o mocinho, e sim o vilão, criado para dar um tom cômico à peça.
Trata-se do agiota e judeu _ daí a polêmica _ Shylock, retratado como
indivíduo desprezível. A vítima, o cristão Antônio, cidadão bem
sucedido de Veneza, faz um contrato atípico com o agiota, penhorando
453 gramas de sua própria carne. Agora, o vilão faz questão de tal
medonha extração, o que levaria Antônio a morte. O que se observa é a
velha e infeliz máxima anti-semita. O judeu ?do mal?, quer sangue do
?bom cristão?.
Durante anos, tal peça foi encenada, sempre ascendendo
discussões, ou mesmo pregando o anti-semitismo. Nos territórios
nazistas, por exemplo, essa se tornou a peça mais popular de
Shakespeare nos anos 30 e 40. Após a Segunda Guerra Mundial, a história
tornou-se constrangedora e passou a ser exibida somente com
interpretações mastigadas, tentando expor inclusive as mazelas do
preconceito sofrido pelo próprio Shylock.
O autor, em seu original, também busca trabalhar com o
emocional do vilão, o mostrando como humano em suas características
sentimentais. O fato é que o dramaturgo inglês foi certamente
influenciado pela onda deletéria aos judeus, presente em sua época.
Todavia, é a índole e as convicções ideológicas do leitor ou do
expectador de O mercador de Veneza, que vai relativizar ou aceitar a
pilhagem anti-semita integralmente.Shakespeare.
Profecias do Arco Íris.
"O Olho do Sol" pequeno Lobo
Grande Mistério.
"Deus" não é uma unidade.
Há milhares de anos o homem vem tentando separar "Deus" de tudo o que existe, fazendo com que ele seja considerado uma unidade separada. Isto não é verdade. "Deus" está em todas as coisas, nas pessoas (boas ou más), nos objetos, nas plantas, nos animais (até nos microorganismos), na Terra (nos minerais), no ar, na água, nas estrelas, no espaço (aparentemente vazio), enfim, em tudo o que é visível e o que não é visível. Deus é uma totalidade que permeia todo o Universo, "Deus" está em você em mim e em tudo que existe, que existiu e que existirá. Ele existe antes de tudo e depois de tudo, ele é o começo, o meio e o fim. O título "Deus" é apenas um nome para definir o que não podemos definir.
Nós homens queremos sempre explicar tudo, até "Deus", colocando um nome nele, mas ele não pode ser explicado nem definido só por uma pequena e limitada parte do Todo ao qual pertencemos. Seu tamanho é infinito demais para que nossa razão possa explicá-lo. Para mim ele é um Mistério maravilhoso e assustador diante da minha pequenez, não tem cor, não tem raça, não tem forma.
Desse Mistério que tentamos definir como "Deus", tudo emana, tudo respira, tudo se transforma. Cada comunidade, cada tribo, cada povo, tenta dar nome em vão a esse Mistério, e cada qual achando que seu "Deus" é o verdadeiro. Isso cria uma separação entre os homens, fazendo com que a paz e a harmonia, infinita e incessante, que flui desse Mistério seja bloqueada em nossas mentes, causando uma ruptura no equilíbrio em nossas vidas, pois desligados do Todo, nos achamos fora do contexto do nosso Planeta e das outras formas de vida.
Então promovemos uma destruição da vida que o Mistério nos deu, destruição esta que está atingindo o Planeta todo, inclusive os próprios homens. Todas as outras formas de vida também fazem parte do Mistério ao qual pertencemos. Essa separação só existe em nossas mentes. O Mistério continua permeando tudo infinitamente, o tempo passará, os homens passarão, mas o Mistério sempre existirá. "Deus" é a união de tudo que existe. Não se pode "ver Deus" sem que o todo seja observado, mesmo assim ele jamais poderá ser explicado, apenas sentido.
Vivemos um sonho (ou pesadelo) que nós mesmos criamos. Precisamos acordar a tempo, para que nossos filhos também possam partilhar desse Mistério junto com as outras formas de vida, para que possamos honrar o Mistério que nos criou do qual nós dependemos.
Desejo que a Paz e a Luz desse Mistério volte a habitar no coração dos homens, para que nosso Planeta Mãe volte a respirar aliviado, e paire tranqüilo no berço do Mistério.F.Grupos: Yahoo.
SUFISMO.
Sheikh Muzaffer Ozak
(palestra proferida aos derviches da Ordem Sufi Jerrahi nos Estados Unidos)
Bismillahir Rahmanir Rahim (Em nome de Deus, o Mais Clemente, o Mais Misericordioso)
O Sufismo não é diferente do misticismo de todas as religiões. O misticismo vem de Adão (que a Paz de Allah esteja com ele) e adotou diferentes formas ao longo dos séculos: por exemplo o misticismo de Jesus (que a Paz de Allah esteja com ele), dos monges eremitas e de Muhammad (que a Paz e as Bençãos de Allah estejam com ele)l). Um rio passa por muitos países e cada um deles o reivindica para si, mas só há apenas um rio.
A Verdade não muda: as pessoas mudam. As pessoas pretendem possuir a Verdade e guardá-la para si, mantendo-a fora do alcance dos outros, mas não se pode possuir a Verdade.
O Caminho do Sufismo é a eliminação de qualquer intermediário entre o indivíduo e Deus. A meta é atuar como uma extensão de Deus, não como uma barreira.
Ser um derviche (estudante do Sufismo) é sentir e ajudar aos outros, não somente sentar e rezar. Ser um verdadeiro derviche é levantar aqueles que caíram, enxugar as lágrimas dos que sofrem e confortar aos órfãos e aos que estão sós.
Pessoas diferentes possuem capacidades diferentes. Uns podem ajudar com suas mãos, outros com sua língua, outros com suas orações e outros com suas riquezas. Podes chegar a algum lugar por ti mesmo, mas esse é o caminho mais difícil.
Nossas metas pessoais conduzem todas ao mesmo fim: só há uma Verdade! Mas, por que negar os milhares de anos de experiência entesourados pela religião? Estes oferecem um caudal de verdadeira sabedoria destilada por tantos anos de busca, prova e erro.
Ter só meia religião é um gravíssimo equívico que te manterá alijado da verdadeira fé. Visitar a alguém que é somente meio médico é terrivelmente perigoso. Um meio governante é um tirano.
Muitos se debatem no labirinto da religião e as diferenças religiosas. São como cães pelejando por um osso, buscando seus próprios interesses egoístas. A solução é recordar que há um Só Criador que nos sustém a todos. Quanto mais recordermos d'Ele, menos lutaremos.
Um Sheikh Sufi é como um médico para o estudante cujo coração está enfermo. O estudante acode ao Sheikh para curar-se.
Um verdadeiro Sheikh prescreverá uma dieta e uma medicação determinadas para curar as enfermidades de cada pessoa. Se os estudantes seguem as prescrições de seu Sheikh se curarão. Se não, podem destruir-se a si mesmos. Os pacientes que empregam de forma errônea as receitas de seu médico estão chamando a sua própria ruína.
Em um nível mais elevado, a relação entre um Sheikh e seus estudantes é como a de um cacho de uvas e o ramo do qual este pende. O Sheikh conecta as uvas à árvore, a seiva à fonte da seiva.
É extremamente importante entender bem essa conexão. É como a que há entre uma lâmpada e a corrente elétrica. A energia é a mesma. Alguns Sheikhs tem 20 Volts e outros 100, mas todos transmitem a mesma eletricidade.
Os olhos são as janelas da alma, olhando aos estudantes o mestre os conecta. Pode haver uma grande força no olhar de um Sheikh.
A primeira etapa é ter fé. O primeiro passo nesta etapa é ter fé no próprio Sheikh, a qual se expressa no submetimento a sua pessoa. Através dessa submissão tua arrogância se transformará em humildade; tua ira e tua agressividade se transmutarão em bom caráter e suavidade. O primeiro passo é muito importante.
Nem todos os que levam um turbante e veste túnicas chamativas é um Sheikh. Mas uma vez que, por vontade de Allah, encontrou a um verdadeiro, o primeiro passo é a submissão.
O questionar e duvidar, como tanto se insiste no Ocidente hoje em dia, também pode levar à Verdade. De fato há algo cego em submeter-se sem pensar. Pode ser que seja melhor buscar, meditar primeiro e decidir seguir a um Sheikh só quando hajas resolvido todas as dúvidas e perguntas.
Em nossa tradição, geralmente se considera uma grande falta de educação questionar ou duvidar de teu Sheikh. No entanto, pode ser bom questionar-se e através das respostas tua fé se torna mais clara e firme.
Um dia o Profeta Abraão perguntou a Deus: "Como podes devolver a vida aos mortos?". Deus respondeu: "Abraão, não tens fé em Mim? Dúvidas de Mim?". Abraão respondeu: "Sim, tenho fé e Tu sabes o que há em meu coração. Mas só queria ver com meus próprios olhos".
Há quatro caminhos para a fé. O primeiro é o caminho do conhecimento. Alguém vem a ti e te fala de algo que nunca havia visto. Por exemplo, muitas pessoas falaram deste país, mas eu nunca o contemplei. Finalmente tomei um avião para vê-lo com meus próprios olhos do ar. Então minha fé se fez mais forte. Agora estou aqui e minha fé é ainda mais forte. O último nível seria chegar a fazer parte deste país.
Os quatro caminhos para a fé são:
- Conhecimento de algo;
- Visão de algo;
- Estar em algo;
- Tornar-se algo.
É bom ter dúvidas, mas não se deveria permanecer em dúvidas. A dúvida deveria levar-te à Verdade. Não pare nas perguntas. A mente também te pode enganar. O conhecimento e a ciência podem enganar-te. Existe um estado, que é parte do destino de algumas pessoas, no qual os olhos que vêem deixam de ver, os ouvidos que ouvem deixam de ouvir, e a mente que imagina e considera deixa de imaginar e considerar.
O povo do Profeta Abraão estava formado por adoradores de ídolos. Mas ele buscava a Deus. Um dia, contemplando a estrela mais brilhante do firmamento, disse: "Tu és meus Senhor". Então saiu a lua e voltou a dizer: "Tu és meu Senhor". Então saiu o sol e a lua e as estrelas desapareceram. Abraão disse: "Tu é meu maior, tu és meus Senhor". Mas com a chegada da noite o sol também desapareceu e Abraão disse: "Meu Senhor é Aquele que faz aparecer e desaparecer as coisas gerando todas as transformações. Meu Senhor é Aquele que está por trás de toda mudança".
Por meio deste processo, passo a passo, vê-se como o Profeta Abraão passou da adoração de ídolos à verdadeira adoração de Deus, salvando assim suas gentes da falsidade. Certamente se pode chegar à Unidade através da multiplicidade.
Os "nafs" - o Eu inferior - se acha sempre em batalha com a alma. Essa batalha continuará durante toda a vida. A questão é quem educará a quem? Quem dominará a quem? Se a alma chega a ser amo, te tornarás um crente, alguém que abraça a Verdade. Mas se o "Eu Inferior" é o que domina a alma, serás um dos que nega a Verdade.
Deus disse: "Eu, ao que todos os mundo são incapazes de abarcar, posso caber no coração de um crente".
(...)
Aí está a essência de Deus e de Seus Atributos. A essência é incompreensível para nós! Podemos começar por entender os Atributos. De fato, parte da educação Sufi é compreender esses atributos dentro de si mesmo.
Deus disse: "Meus servos Me encontrarão na forma em que me vêem". Isto não quer dizer que quando pensas em Deus com uma uma árvore ou montanha Deus será essa árvore ou essa montanha. Mas se pensas em Deus como Misericordioso ou Pleno de Amor, ou como colérico e vingativo, assim é como O encontrarás.
No Sufismo é lícito falar de todos os atributos de Deus.
Finalmente, o Sufi chega ao estado de submissão e, então, deixa de fazer perguntas.
Há eletricidade em todas as partes, mas se somente possui três lâmpadas, tudo o que verás são essas três lâmpadas. Tens que ser consciente de ti mesmo. Este é o atributo e a via. Somente através do conhecimento de ti mesmo, entenderás certos atributos.
A conexão com os atributos se obtém através do conhecimento de si mesmo. Exteriormente não encontrarás nada.
Toda a criação é a manifestação de Deus, mas como em certas partes da terra se recebe mais sol do que em outras, a algumas pessoas lhes é dada mais luz. Os Profetas de Deus receberam o máximo de Luz Divina. Ademais da quantidade, está a qualidade! Aí está a questão de que é aí que os Atributos se manifestam. Certas pessoas são manifestações de diferentes Atributos Divinos. Os Profetas manifestaram todos os Atributos Divinos. A lua reflete a luz do Sol. O Sol é a verdade e a Lua é cada um dos Profetas.
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