quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A porta até você.
Em toda sua vida você se relaciona com duas portas: a porta pela qual você veio através do nascimento, e aquela pela qual você partirá.
Mas há uma outra porta, e essa é a porta até você.
Eu ofereço ajuda para abrir aquela porta até você. Eu chamo de Conhecimento um modo prático de você se habilitar a ir para dentro de si e sentir aquele sentimento que está lá, dentro de você. Eu ofereço quatro técnicas para aqueles que desejarem este Conhecimento. Existe um processo muito simples de se preparar para ele, e em seguida você tem a possibilidade de ir para dentro e sentir aquele sentimento.
Do que eu estou falando está dentro de você.
Sempre esteve, sempre estará.
Recentemente falei, em muitos eventos na Índia, que a coisa mais importante que temos é esta existência. Quando você nasce, recebe como presente uma experiência chamada vida.
E, nesta vida, o que você tem ?
Você tem uma respiração.
Você tem um dia, uma hora, um minuto, um segundo. Essas são suas realidades. Isso não é ficção. Não é um conceito. O que falo, o que quero experimentar na minha vida e o que quero que você vivencie não é a ficção. É realidade. Uma realidade que você pode tocar, sentir, que você pode entender. Em sua vida, aceitação deveria ser o que você sabe, entende, sente. Não com o pensamento, mas com o sentimento.
Há um lindo poema Indiano : "Que gotas compõem o oceano, todo mundo sabe; mas, que a gota contém o oceano, pouquíssimos o sabem".
Eu quero que você faça parte desses poucos que entendem isso.
Essa coisa incrível - nela está tudo e ela está em você, também. Você é a gota. Não a gota líquida, você é a gota. O oceano está em você.
E, sim, você pode sentir isso. Eu entendo isso, porque a mesma energia que está por toda parte chega até mim na forma de respiração - me toca e traz o presente da vida.
Por que se tornar pleno? A resposta para essa pergunta está na escritura que não exige alfabetização.
As pessoas se expressam de diversos modos, mas o que dizem é a mesma coisa. Somos todos humanos e, em última instância, temos a mesma paixão, queremos ter paz, ter contentamento, queremos ser felizes.
Recentemente, quando eu cruzava em vôo uma tempestade, tive uma experiência mágica. Havia belas nuvens de um lado, e uma espécie de abertura: nuvens do lado do oceano, nuvens do lado da terra firme, e o sol brilhava no meio. Às vezes apenas as extremidades se iluminavam e, de repente, as nuvens se acendiam por inteiro.
Não havia raios, só a chuva, e belos arco-íris. Parecia algo saído de um livro.
Eu estava lá olhando para isso tudo. Sei muito bem o que é um arco-íris. Posso até dizer onde vai surgir um, se tiver que surgir. Para isso é preciso que haja gotas d´água em suspensão e sol. É a refração da luz nas gotas d´água que faz o arco-íris.
E há nuvens. Sei exatamente o que são as nuvens: elas são vapor d´água. Na medida em que o calor aumenta, começa o resfriamento e a nuvem se forma. A chuva é o vapor d´água que sobe pela atmosfera, resfria-se e cai.
E pensei: "Sim, sei disso tudo. Mas por que é tão belo?"
Desfrutei aquilo. Não há equivalência entre toda a lógica do mundo e o que o coração tem para oferecer em termos de apreciação. O coração faz parte das pessoas tanto quanto o cérebro.
Dê ao coração o tempo necessário e sua vida começará a mudar, pois se há algo que todo mundo pode usar, mas faz isso de modo precário, é a apreciação.
Os médicos não vão dizer isso. Não aparece no exame de sangue. Mas somos todos deficientes em apreciação. Não sabemos o valor das coisas qeu nos foram dadas. Não compreendemos a beleza desta respiração. Quando se compreende a beleza da respiração, como é possível não apreciar?
Não é ciência o que vou dizer, mas creio que seja nossa capacidade de apreciar, de desfrutar, o que faz de nós o que somos. Os cães gostam daquilo que gostam, sem dúvida. Abanam o rabo e um brilho surge em seus olhos. Chegam até a sorrir . Gostam daquilo que gostam. Com os gatos é a mesma coisa. Gostam do que gostam.
Mas há algo que podemos apreciar por sermos o que somos. E isso, em minha opinião, é o que nos diferencia um pouco.
Espero que descubra o que é e preste atenção nessa coisa que está dentro de você e com a qual vai estabelecer um relacionamento. Aí, não estará apenas sobrevivendo, mas florescendo.
Não se julgue pelo que o mundo fez com você, com o que o mundo lhe diz, pelo o que aconteceu ou não aconteceu. Você está vivo. Respira. E por estar respirando você é rico, não pobre.
Você tem uma grande dádiva. O mesmo poder que sustenta todo o Universo mantém você - é algo que nem posso ter a pretensão de dimensionar.
Conheço a palavra infinito. Não consigo avaliá-la, mas posso senti-la, porque esse infinito também está dentro de mim. Esta é a minha força. O Universo respira; se contrai e se expande. É uma coisa viva. É algo que o mantém intacto. E a respiração chega a você graças a isso. A maioria das pessoas ignora que seja assim: "Respiração? O que é essa respiração?"
Mas não a ignore, sinta-a.
Essa coisa chamada vida tem sido descrita como um portal. É o mais próximo que o infinito e o infinito pode chegar um do outro. E aqui, nesta vida, o finito pode sentir o infinito. Assim como no espaço, o infinito poderá consumir o finito.
O finito voltará a ser apenas pó, e o infinito vai permanecer.
Acho isso surpreendente. Há uma imensidão do nada. E a certa altura passa a haver algo, algo que é realmente alguma coisa. Depois volta a imensidão do nada. Expansão e contração.
Respiração, existência. Desaparecendo, reaparecendo. Colisão. Torna-se algo. Não faça comparações: "Isso é tão trivial". Neste Universo nada é trivial, nada. Nem mesmo o pó é trivial, pois isso é tudo o que existe: pó compactado, partícula dispersa. Você é pó. Mas isso é algo, não um nada.
Então fique livre da confusão, da dúvida, do sofrimento. Não se preocupe com o que vai acontecer. Para onde vou? Isso é o que você tem se perguntado a vida toda.
As pessoas têm muitas idéias. Tudo bem. Acredito firmemente que o céu seja aqui. E não apenas creio, eu sei que este é o recipiente que pode sentir a beleza do céu.
Isso é o que lhe foi dado.
PREM RAWAT.
A Sinfonia Interior.
Há uma música que acompanha essa representação incrível da vida, que se pode ouvir com os ouvidos abertos e também tapados, porque a sinfonia que está tocando à nossa volta faz parte da sinfonia
de dentro de nós.
Aprenda a sentir não só o que está fora, mas também
o que está dentro, porque a peça continua a ser representada também dentro de você.
Nesta vida não há nenhum manual.
Mas há um coração.
Não há nenhuma norma. Mas há um sentir.
Será que aperfeiçoamos essa arte em nossa vida?
É uma arte.Tem que ser aperfeiçoada.
Tem que ser utilizada, uma vez, outra vez e outra vez.
Os músicos precisam praticar.
Se deixarem de praticar, deixam de tocar bem.
O desfrutar, o desfrutar a existência, também é uma arte. Ou se usa ou então o que acontece?
Perde-se. Há um festival acontecendo dentro de nós,
à espera de nossa participação. Talvez o que eu esteja falando pareça estranho demais.
Talvez estejamos habituados a ter festas com os amigos.
Mas estou falando da possibilidade de termos festa conosco mesmos
e, à propósito, é o melhor tipo de festa, porque nosso convidado não precisa ir embora.
Há uma sinfonia tocando com cada respiração.
Desperte para essa possibilidade.
É uma possibilidade, apenas isso.
Sim, é possível sentir-se preenchido, estar em paz consigo mesmo. Sim, é possível compreender o valor de cada respiração.É possível reconhecer o anseio desta vida.
É possível. É possível transformara dor em prazer,
a confusão em gratidão, a dúvida em saber.
É possível transformar as perguntas numa resposta.
Uma só. Uma resposta. Que tipo de resposta?
Aquela que não tem pergunta.
Prem Rawat.
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