domingo, 17 de maio de 2015
O Corpo de Pecado – A Autopossessão.
Há uma região (a inferior do Mundo do Desejo) que é o ambiente em que se movem os espíritos errantes. Neste plano eles estabelecem uma íntima ligação com as pessoas "vivas" que sejam mais facilmente influenciáveis. Geralmente, permanecem nestas condições durante cinquenta, sessenta ou setenta e cinco anos. Já observámos casos em que tais infelizes permaneceram séculos no ambiente físico. Tanto quanto foi possível investigar, parece não haver limite para o que possam fazer. Nem se pode prever, com segurança, quando possam deixar de actuar, por obsessão ou sugestão. Deste comportamento resulta uma tremenda responsabilidade da qual não poderão fugir, uma vez que o corpo vital reflecte e grava profundamente, no corpo de desejos, o registo de todas as acções. Quando, finalmente, abandonarem a vida errante, é que iniciam a existência purgatorial. E aí encontrarão o merecido castigo.
O sofrimento destas pessoas é, naturalmente, proporcional ao tempo em que estiveram nestas condições, depois da morte do corpo físico.
O corpo-de-pecado é o veículo formado pelos corpos vital e desejos amalgamados. Não se desintegra tão facilmente como os outros, quando é abandonado pelo espírito.
Quando este espírito renasce, atrai naturalmente o seu corpo-de-pecado. Vive com ele, geralmente, durante toda a vida, como um demónio. As investigações efectuadas revelam que este tipo de criaturas sem alma, eram abundantes nos tempos bíblicos. O Salvador referia-se-lhes chamando-lhes "demónios". São a causa de diversas obsessões e doenças físicas (erradamente atribuídas por vezes a outros espíritos). Ainda hoje, uma boa parte do Sul da Europa e Oriente é prejudicada pela sua influência. Em África, há tribos inteiras que, por causa das suas práticas de magia negra, arrastam consigo estes tenebrosos espectros. O mesmo se pode dizer dos indígenas da América do Sul.
No entanto, o mal não é um exclusivo dos povos menos desenvolvidos. Encontramos esses demónios mesmo entre os habitantes dos países ditos civilizados, no Norte da Europa e na América tanto do Norte como do Sul. A sua forma é, porém, menos repugnante do que nos casos atrás citados, frequentemente associados a práticas abomináveis.
A possibilidade de a guerra contribuir para que os corpos vital e de desejos se pudessem unir fortemente entre si preocupou-nos imenso tempos atrás. Poderia originar o nascimento de legiões de monstros que afligissem as gerações futuras. Concluímos, todavia, com satisfação, que esse receio era infundado. A cristalização do corpo vital e a sua forte ligação ao corpo de desejos só acontece como resultado da perversidade, da vingança premeditada e quando se alimentam estes sentimentos por muito tempo.
Os arquivos da Grande Guerra informam-nos até que, em alguns casos, os combatentes de ambos os lados, uma vez cessadas as hostilidades ou impedidos de permanecer em combate, se relacionavam normalmente sempre que para tal havia oportunidade.
Por isso, ainda que a guerra seja causadora de enorme mortalidade, mesmo infantil, não pode ser acusada, no entanto, das penosas consequências da obsessão nem dos crimes induzidos por esses tenebrosos corpos-de-pecado.
Os corpos-de-pecado abandonados permanecem normal e preferencialmente nas regiões etéreas inferiores. A sua densidade coloca-os no limiar da visão física. Algumas vezes materializam-se, atraindo alguns constituintes do ar, até se tornarem perfeitamente visíveis às suas vítimas.
Max Heindel.
A Lei da Causa e Consequência Introdução .
Há três leis básicas que regem os destinos do Homem e do Universo – evolução, reincarnação e consequência. A lei da consequência é a reguladora das outras duas. É a lei da causa e consequência – "quem semeia ventos colhe tempestades" – isto é, determinadas causas trazem determinados resultados.
As desigualdades da vida podem ser explicadas pelas leis do renascimento e consequência. Harmonizam-se perfeitamente com a concepção de um Deus justo e bom. Essas leis podem ajudar-nos a evoluir, emancipando-nos das condições actuais e a adquirirmos um grau mais evoluído de desenvolvimento.
O que somos, o que temos, todas as boas qualidades, são o resultado das acções passadas. Estamos agora a preparar o nosso futuro. Em vez de nos lamentar por falta de uma determinada faculdade que gostaríamos de ter, devemos trabalhar para a adquirir no futuro.
A lei da causa e consequência preside aos renascimentos. Nenhuma existência está isolada. Cada vida é o fruto de todas as vidas que a precederam, o gérmen de todas as que vão seguir-se, no conjunto total das vidas de que se compõe a existência contínua da individualidade humana.
Não existe nem "acaso" nem "acidente". Cada acontecimento está ligado às causas antecedentes e aos efeitos subsequentes. Pensamentos, acções, circunstâncias, procedem do passado e influem no futuro.
Esta lei explica como o homem se pode tomar dono do seu destino, já que este destino se rege por leis. Assim, a inteligência pode colocar na mão do homem o poder de reger o seu futuro, determinando igualmente o seu futuro carácter e as suas circunstâncias futuras.
1. A Lei de Causa e Consequência.
O conhecimento da lei da consequência pode parecer conduzir a uma paralisia onde se encara o destino como uma fatalidade; mas, na realidade, torna-se uma força inspiradora, uma alavanca, com o auxílio da qual o homem consegue elevar-se e evoluir.
O essencial é que o Homem gera o seu próprio destino, formando paralelamente as suas faculdades e limitações. Trabalhando constantemente, por meio das faculdades por ele criadas, e sob o peso das limitações que a si próprio impôs, permanece sempre um único indivíduo, dotado do poder de aumentar as suas faculdades ou de diminuí-las, de ampliar as suas limitações ou restringi-las.
Ele mesmo forjou as cadeias que o prendem; mas pode limá-las ou fazê-las cair, ou fortalecê-las cada vez mais. Somos todos senhores do nosso futuro, por mais obstáculos que encontremos no presente, fruto do passado.
A lei da consequência foi inicialmente formalizada por S. Paulo "Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o Homem semear, colherá – Epístola aos Gálatas V1,7.
O Homem emite continuamente forças em todos os planos em que actua e estas forças são por si mesmas efeitos da sua actividade passada, sendo ao mesmo tempo, causas que ele põe em acção em cada um dos mundos que habita. Produzem efeitos determinados quer sobre o próprio Homem, quer sobre os outros. À medida que estas causas, que nascem do Homem como centro, irradiam sobre todo o campo da sua actividade, ela não deixa de ser responsável pelos resultados por elas gerados.
Assim como um íman possui um campo magnético – espaço no qual todas as forças entram em acção, grandes ou pequenas, conforme a própria potência, assim também cada Homem possui um campo de influência, onde agem as forças por ele emitidas. Estas forças transmitem-se em linhas curvas, que se voltam para aquele que as emite, atingindo o centro de onde emanaram.
A lei de causa e efeito opera constantemente, determinando o nosso destino.
Mª Fátima Capela
A Lei da Causa e Consequência II Parte 2. As Causas do Destino..
Na sua vida normal, o homem emite 3 géneros de energia, pertencentes aos três mundos que habita (consideraram-se apenas os três mundos inferiores: Físico, de Desejos e do Pensamento, onde presentemente tem lugar a evolução do homem).
No Mundo do Pensamento as energias mentais dão origem às causas, que podemos chamar pensamentos.
No Mundo dos Desejos, as energias emocionais, geram causas chamadas desejos.
No Mundo Físico, as energias físicas são suscitadas pelas anteriores e designam-se acções.
Estudando estas três classes de energias, podemos estabelecer a distinção entre os seus efeitos sobre os outros seres que se encontram na sua esfera de influência. Cada força age no seu próprio mundo e reage nos mundos inferiores proporcionalmente à sua intensidade.
Estes três tipos de energias exercem os seus efeitos, por um lado sobre o seu criador e, por outro lado, sobre tudo o que sofre a sua influência.
A primeira classe de energia, o pensamento, é o mais importante factor de criação de "destino humano", porque manifesta a operação das energias do Ego na matéria mental, matéria cujas mais subtis modalidades formam o próprio veículo da individualidade.
As vibrações que podem designar-se por pensamentos, consequência directa da actividade pensante do ego, funcionam no seu veículo do Mundo do Pensamento, ou corpo mental, dando origem a formas de substância mental ou imagens mentais, que modelam e organizam o corpo mental do Ego. Nenhum poder de raciocínio, nenhuma faculdade mental existe, que não tenha sido criada pelo próprio Homem, com o auxílio de pensamentos pacientemente repetidos. Por outro lado, não há uma única das imagens mentais assim criadas que se perca. Todas contribuem para a formação das faculdades do ego.
O conjunto de um grupo qualquer de imagens mentais serve para construir uma faculdade correspondente, que se desenvolve, cada vez que se cria uma imagem mental da mesma natureza.
Conhecendo esta lei, o Homem pode gradualmente construir o carácter mental que deseje possuir. Esta faculdade mantém-se no homem, vida após vida.
O homem traz consigo esta faculdade quando renasce no Mundo Físico. Uma grande parte do cérebro do seu novo corpo é organizada de modo a servir esta faculdade. Todas as faculdades adquiridas constituem o seu corpo de pensamento, que obtém um corpo físico conformado de modo a fornecer ao corpo de pensamento os meios de expressão de que tem necessidade no Mundo Físico.
Assim, as imagens mentais, criadas numa vida, aparecem como tendências ou inclinações mentais nas vidas seguintes.
Esta lei põe completamente na nossa mão a edificação do nosso carácter mental. Se o construirmos bem, as vantagens e o bem recairão sobre nós; se o construirmos mal, desgostos cairão sobre nós.
O carácter mental é um exemplo do destino individual, na sua acção sobre o indivíduo que o criou.
Este indivíduo age pelo seu pensamento, sobre outros seres, porque as imagens mentais construídas pelo seu corpo de pensamento, dão origem no espaço ambiente, a vibrações da mesma ordem.
Os pensamentos, tendo na sua composição também matéria do Mundo de Desejos, tomam-se formas secundárias, que se destacam do ser que as criou, para terem uma existência mais ou menos independente, permanecendo, no entanto, em ligação com o ser por meio dum laço magnético. Entram em contacto com outros indivíduos, sobre que actuam, estabelecendo laços de destino entre si. Influem portanto, em larga escala, sobre o meio ambiente futuro, do indivíduo considerado. Criam-se assim laços, que em vidas posteriores, vão atrair ao mesmo grupo, certas pessoas, para o seu bem ou para o seu mal. São estes laços que formam os nossos parentescos, os nossos amigos e inimigos, pondo no nosso caminho os que são destinados a ajudar-nos ou dificultar-nos, os nossos benfeitores ou os que procuram prejudicar-nos. Por isso há quem nos tenha amor nesta vida sem que nada tenhamos feito para isso, enquanto do mesmo modo, outros não gostam de nós.
Em conclusão, pode dizer-se que, ao mesmo tempo que os nossos pensamentos, agindo sobre nós mesmos, geram o nosso carácter mental e moral, servem também para determinar, pela sua acção sobre os outros, os nossos futuros associados humanos.
A segunda classe de energias, destina-se a despertar a atracção por objectos do mundo exterior: são os nossos desejos.
Os desejos, agindo sobre aquele que lhes deu origem, constróem e organizam o seu corpo de desejos. São a causa dos sofrimentos do homem depois da morte, e determinam a natureza do seu corpo de desejos na próxima encarnação.
Quando os desejos são brutais, imundos e cruéis, são causa de doenças congénitas, cérebros fracos e doentios. O Ego, cujo corpo de desejos tiver este tipo de desejos, pode ficar retido muito tempo no Mundo de Desejos e retardar assim a sua reencarnação e a sua evolução.
Os desejos, forças de exteriorização que se prendem aos objectos externos, atraem sempre o Homem para um meio onde possam obter satisfação. O desejo de coisas terrestres prende o Ego ao mundo exterior, atraindo-a para o local em que estes objectos ambicionados sejam mais fáceis de obter.
Os desejos são uma das causas determinantes do lugar de reencarnação.
As imagens criadas pelos desejos, exercem sobre os nossos semelhantes uma acção análoga às imagens da mesma natureza, produzidas pelo nosso pensamento. Os desejos também nos ligam aos outros seres, por laços poderosos de amor e ódio.
Num Homem vulgar, os desejos são geralmente mais fortes e mais firmes que os seus pensamentos. Representam por isso, um grande papel na determinação do meio familiar, nas vidas futuras e podem levar o Homem ao encontro de certas pessoas e influências, sem que possa suspeitar das relações que existem entre si mesmo e elas. Por exemplo: uma pessoa, ao emitir um desejo de vingança e ódio, pode contribuir para impulsionar outra a cometer um assassinato. O criador deste desejo, estará ligado, pelo seu destino, ao autor do crime, embora nunca se tenham encontrado no Mundo Físico. O mal feito a este homem, compelindo-o ao crime, resgatá-lo-á sob a forma de algum prejuízo, em que o criminoso terá o seu papel importante. Muitas vezes uma desgraça fulminante e inesperada, totalmente imerecida na aparência, é o efeito duma causa dessa natureza.
Os nossos desejos, na sua acção sobre nós mesmos, formam a natureza do nosso corpo de desejos e influem poderosamente sobre o corpo fisíco da nossa próxima encarnação e representam um papel importante na determinação do nosso lugar de nascimento. Pela nossa acção sobre outros, concorrem para atrair em torno de nós, nalguma vida futura, seres humanos com os quais seremos associados.
A terceira classe de energias manifesta-se no Mundo Físico sob a forma de acções, produzindo grande parte do destino, pelos seus efeitos sobre o meio circundante, mas afectando pouco o homem interior. As acções são efeitos dos pensamentos e dos desejos do passado, e o destino que elas representam fica na maior parte esgotado, à medida que se vão produzindo. Podem afectar o homem indirectamente, porque podem despeitar pensamentos novos, desejos e emoções mais vivos.
As acções frequentemente repetidas, produzem no corpo físico um hábito cujo efeito é o de limitar a expressão do Ego no mundo exterior. Mas este hábito não sobrevive ao corpo e o destino de acção, quanto ao seu efeito sobre o Ego, fica restringido a uma única encarnação.
Mª Fátima Capela
A Lei de Causa e Consequência (continuação).
2. As Causas do Destino.
O ambiente, favorável ou desfavorável, em que viemos ao mundo, depende do efeito que as nossas acções passadas exerceram no meio, levando os outros à felicidade ou à miséria. Os efeitos físicos exercidos sobre outros pelos nossos actos físicos neutralízam-se na operação do destino, que nos envolverá em condições materiais, boas ou más, numa futura existência.
Cada força opera no seu próprio mundo. Se um Homem semeia no Mundo Físico a felicidade para outros, colherá condições conducentes à sua própria felicidade neste mundo, e o motivo que presidiu à sua acção não intervirá no resultado. O motivo é uma força do Mundo do Pensamento ou do Mundo do Desejo, conforme procede da vontade ou do desejo, e por isso reage sobre o carácter mental e moral e sobre a natureza do corpo de desejos.
O Homem, pelas suas acções, afecta os seus semelhantes no Mundo Físico. O Homem bom não escapará também do sofrimento físico, se espalhar a miséria física por acções erróneas, embora procedentes de um bom motivo. A miséria que ocasionou ser-lhe-á devolvida, no futuro, pelo meio físico que o rodear. Mas se o motivo é puro, enobrecendo o seu carácter, fará com que sobre si recaia uma fonte de felicidade, de forma que será paciente e sentir-se-á satisfeito, mesmo no meio da própria desgraça, porque sabe que está a pagar uma dívida que contraiu.
A diferença entre o efeito do motivo e o efeito da acção material é devida ao facto de que cada força possui as características do mundo onde foi produzida. Quanto mais elevado for o mundo, mais poderosa e mais persistente será a força.
O motivo é por isso, mais importante que a acção. Uma acção lamentável, nascida de um bom motivo, dá ao agente maior felicidade que uma boa acção procedente de um mau motivo.
Este princípio geral de que a força pertence ao mundo no qual foi gerada tem um grande alcance. Se a força emitida tem por motivo a obtenção de objectos materiais, actua no Mundo Físico e prende a este mundo o seu criador. Se visar objectos celestes, opera no Mundo do Pensamento, ligando o seu autor a este mundo.
3. Tipos de Destino Individual
Destino Maduro.
Há três tipos de destino individual: destino maduro, que está prestes a manifestar-se na vida presente, sob a forma de acontecimentos inevitáveis; destino acumulado, que se manifesta pelas tendências resultantes da experiência acumulada e susceptíveis de serem modificadas, na vida presente, pelo próprio Ego que as criou no passado; e o destino actualmente em formação, que irá influir no carácter futuro e acontecimentos posteriores.
É preciso ter também em conta que, na determinação do seu destino individual, o Homem estabelece relações com outros seres. Entra na composição de grupos diversos – raça, país, família – e participa, como parte co-responsável, do destino colectivo de cada um desses grupos.
O destino maduro é o que está prestes a acontecer. É, por consequência, inevitável. De todo o destino do passado, uma certa porção somente pode ser esgotada no decorrer de uma existência, porque certas modalidades de destino são incompatíveis entre si e não poderiam ser executadas apenas num corpo físico. Há dívidas contraídas para com outros seres e nem todos eles se encontram simultaneamente numa mesma encarnação. Há dívidas que têm que ser pagas em determinado país ou em certa posição social, havendo também outras que exigem um meio inteiramente diferente.
A parte do destino a saldar numa existência é escolhida pelos Senhores do Destino ou Anjos Arquivistas. O Ego é conduzido onde se deve encarnar – família, país, situação e corpo apropriados ao esgotamento do conjunto de causas escolhidas, destinadas a produzirem em conjunto, os seus efeitos. Estas causas determinam a duração da encarnação considerada e dão ao corpo as suas características, os seus poderes e limitações, levando ao encontro do indivíduo os Egos encarnados nesta época, para com as quais contraiu obrigações, cercando-o desta forma, de pais, amigos e inimigos de que é merecedor. Quando um Ego tem já uma certa evolução, é-lhe permitido ver o panorama das diferentes vidas com os respectivos pais, concedendo-se-lhe a liberdade de escolher entre eles, os seus novos genitores. Uma vez feita a escolha já não é possível voltar atrás, pois apenas tem liberdade de escolha em relação aos detalhes.Mª Fátima Capela.
A Lei de Causa e Consequência (continuação).
A Lei de Causa e Consequência
(continuação)
3. Tipos de Destino Individual.
O destino maduro pode ser decifrado por um astrólogo. Sobre ele já não se tem opção. Nada mais resta senão pagar as dívidas. Há ainda outra espécie de destino maduro – o das acções inevitáveis. Toda a acção é a expressão final duma série de pensamentos.
Se repetirmos com perseverança pensamentos do mesmo género, por exemplo de vingança, acabaremos por atingir um ponto de saturação e o menor impulso fá-lo-á concretizar numa acção, que será provavelmente um crime. Se alimentarmos pensamentos de auxílio e protecção a alguém, até ao ponto de saturação, sob o impulso de uma ocasião favorável, cristalizar-se-ão em acções de heroísmo. Um Homem pode trazer consigo, ao nascer, algum destino maduro deste género. A menor vibração mental provoca a acção, independentemente da sua vontade.
Quando se tenta repetidas vezes realizar uma acção, a sua vontade acaba por fixar-se e tornar possível a sua concretização.
Podemos ser livres ao escolher os pensamentos, contrariando tendências antigas, pela renovação constante de pensamentos contrários. É aí que reside o livre arbítrio. O Homem, pelo exercício da sua vontade, pode destruir os hábitos maus por pensamentos de natureza oposta. Os maus hábitos são criados pela repetição de acções deliberadas e movidas pela vontade. O hábito torna-se uma limitação e a acção resultante é executada automaticamente.
As formas-pensamento de outrora persistem e limitam a nossa capacidade mental, apresentando-se sob a forma de preconceitos individuais ou nacionais. Outra forma de destino maduro apresenta-se quando os maus pensamentos do passado formam em torno do Homem uma couraça de maus hábitos, que o oprimem e forçam a ter uma vida perversa. Estas acções são consequências inevitáveis do passado e ficaram como que suspensas, aguardando o momento favorável da sua manifestação, independentemente de entretanto o Ego ter progredido e desenvolvido qualidades. Após certo tempo este destino esgota-se e acontece então uma "conversão" súbita.
Destino Acumulado.
O destino acumulado manifesta-se pelo carácter e está sujeito a modificações. Consiste em tendências, fortes ou fracas, conforme a força mental que contribuiu para a sua formação. Estas tendências podem ser reforçadas ou atenuadas por novas correntes de força mental dirigidas no mesmo sentido ou no sentido contrário.
Muitas vezes, arrastados pelo desejo, somos impotentes para vencer a tentação, porém, quanto mais tempo conseguirmos resistir-lhe, embora pouco depois sejamos dominados, mais perto estamos de conseguir eliminar o desejo. A resistência que opusermos destroi parte das energias negativas e em consequência, diminui a soma da sua intensidade para o futuro.
Destino em Formação.
O destino em formação é o que se cria a todos os momentos, ao mesmo tempo que se colhem os frutos de boas acções passadas ou se sofre consequências de faltas cometidas.
O Homem, pelo conhecimento da lei da causa e consequência, pode fabricar o seu destino futuro e atenuar os efeitos de más acções passadas, pois uma boa acção, quer seja de ordem física, emocional ou mental; tem poderes para destruir centenas ou milhares de más acções da mesma categoria energética.
Por meio desta lei o Homem aprende a conhecer o grau de responsabilidade emergente de cada uma das suas acções e também como ela reagirá sobre si no futuro. É na escolha dos pensamentos, dos desejos e das acções que se pode manifestar o livre arbítrio do Homem, condicionando deste modo o seu destino.
O livre arbítrio existe devido à epigenésia, que é a qualidade que nos dá o poder de pôr em acção um número ilimitado de causas novas, que não estavam previstas nos nossos destinos, e que nos permitem ter o poder de escolher e de criar.
O Homem é feito à imagem do Criador. Tem por isso, também, a possibilidade de criar. Para isso é necessário que tenha na sua aprendizagem, ao longo das sucessivas reencarnações, suficiente campo de acção para o emprego da sua capacidade inovadora e criativa, que lhe é conferida pela faculdade espiritual da epigenésia, que o capacita, por acção da vontade, para a escolha do seu caminho. Mais proveitoso, se a sua escolha for orientada para o bem, ou mais desditoso, se for orientado para o mal.
Destino Colectivo.
As forças do destino que agem sobre cada indivíduo na sua qualidade de membro de um grupo, introduzem um factor novo no seu destino individual.
O destino de um grupo de homens é a resultante dos destinos dos indivíduos que fazem parte do grupo.
Um Ego é atraído pelo seu destino individual, para uma família em consequência de ligações contraídas em vidas passadas que o prendem estreitamente a outros Egos, que formam a família.
A raça, o país, os pais são escolhidos conforme as aptidões para fornecerem ao corpo Físico do Ego reencarnante, os materiais necessários e facilitar as circunstâncias mais propícias para resgatar as dívidas contraídas.Mª de Fátima Capela.
A Lei de Causa e Consequência (Conclusão)
A hereditariedade física produz certos tipos de fisionomias e serve para fazer evoluir algumas combinações materiais especiais, nomeadamente o desenvolvimento de certas faculdades ou de doenças hereditárias.
Assim, um Ego, dotado de faculdades artísticas musicais, será levado a encarnar-se numa família de músicos. Um Ego que se deixou arrastar pelos excessos do seu corpo de desejos e de pensamento inferior, que se abandonou à embriaguez, será conduzido a encarnar-se numa família onde o sistema nervoso esteja enfraquecido pelos excessos; por exemplo, pais alcoólicos irão fornecer-lhe para invólucro físico materiais pouco saudáveis.
A Eliminação do Destino.
A acção é movida pelo desejo. Uma acção é executada com o fim de obter por meio dela o objecto desejado.
O elemento que nos prende no destino é o desejo, e quando o Ego nada mais deseja sobre a terra ou nos mundos superiores, rompe os laços que o prendem à roda das reencarnações. Então a acção não tem mais nenhum poder sobre o Ego.
Quando o Homem começa a aspirar à libertação, é-lhe ensinada a prática de "renúncia aos frutos da acção", aprende a suprimir gradualmente em si mesmo o desejo de posse do inútil. Primeiro priva-se deliberada e voluntariamente de um certo objecto, adquire o hábito de passar sem ele, sem sentir descontentamento. Depois de certo tempo, o objecto já não lhes faz mais falta. Percebe então, que o próprio desejo se desvaneceu.
Uma vez atingida esta perfeição, não tendo mais desejos nem antipatias por nenhum objecto, o Homem não criará mais destino, nem será mais atraído para estes mundos. É a cessação do destino individual, na produção de novo destino.
Outra maneira de cessar o destino criado no passado é por meio do conhecimento das vidas passadas, contrariando os maus pensamentos, opondo-lhes forças iguais e contrárias.
Os que não possuem os conhecimentos necessários para passar em revista as suas vidas anteriores, podem também anular as numerosas causas que puseram em actividade na sua actual existência. Podem examinar toda esta existência e avaliar todas as circunstâncias em que produziram ou sofreram danos. Neutralizarão as causas de primeira categoria, prodigalizando pensamentos de amor e protecção e ao mesmo tempo executando no Mundo Físico, actos de dedicação à pessoa lesada, sempre que tiver ocasião. As de segunda categoria serão neutralizadas por pensamentos de perdão e boa vontade.
Também todos, que ao mal respondam com o bem, esgotam inconscientemente o destino, produzido no presente e destinado a produzir os seus efeitos no futuro.
O Destino e os Astros.
A necessidade de obter organismos de natureza específica para o Ego esgotar o seu destino, faz com que as leis do renascimento e de causa e consequência estejam relacionadas com o movimento dos astros, do Sol, dos planetas e das constelações zodiacais. Todos se movem nas suas órbitas, em harmonia com estas leis, guiados pelas suas inteligências espirituais internas – os Espíritos Planetários.
Todos os habitantes e acontecimentos da Terra estão relacionados com os corpos e movimentos siderais. Acontece o mesmo com as leis do renascimento e da causa e consequência. O clima e outras mudanças que resultam da passagem do Sol pelos diferentes signos, ao longo do ano, afectam a Terra, o homem e as suas actividades de várias maneiras. O Homem nasce quando a posição dos corpos do sistema solar proporciona condições necessárias para a sua experiência e desenvolvimento nessa encarnação. Podemos considerar os astros como um relógio do destino. Os doze signos do zodíaco correspondem ao mostrador, o Sol e os planetas ao ponteiro das horas, que indica o ano; a Lua, corresponde ao ponteiro dos minutos, que indica os meses em que os diversos acontecimentos do destino maduro se devem cumprir. Os astrólogos podem saber a ocasião exacta da vida de um Homem, determinada pelos Senhores do Destino, em que uma dívida (do destino maduro) deve ser paga. Nestes casos, o Homem não tem poder para alterar esta situação. Mª Fátima Capela.
A Provação do Peregrino.
Todos vivemos várias provações ao longo da nossa existência terrena, períodos mais ou menos longos, em que somos assolados por diversas experiências bastante dolorosas; podemos citar a título de exemplo a perda de um ente querido, a falência de uma empresa, uma separação conjugal, algo intenso que provoca no indivíduo tristeza, instabilidade, insegurança, incerteza, lançando o ser numa crise profunda que atinge todas as áreas do seu ser, incluindo o seu lado espiritual.
Os estudantes das várias correntes espirituais sabem que nada funciona por acaso e que tudo o que nos é dado viver tem um sentido oculto. Vários são os caminhos tomados face a estes períodos. Surge na maioria uma desorientação que, progressivamente, origina uma desconexão com o seu lado espiritual, até se perderem no nevoeiro e tempestades da vida. Podem deambular durante uma vida, desperdiçando oportunidades evolutivas, desmotivados, descrentes, longe do Sentido que inicialmente buscavam.
Alguns costumam ficar obcecados com o passado longínquo e detêm-se em procurar ligações cármicas, buscando o fio antigo de sentidos; normalmente, tal é a obstinação por este trilho que rapidamente se perdem em mistificações ou deambulam em teias de fértil imaginação; outros refugiam-se numa atitude triste e submissa, aceitando o pesado destino com resignação.
Entre o nevoeiro e a luz outros há que, após fases sucessivas de quedas e de recomeços, vão perdendo e reencontrando o caminho que procuravam, num balanço entre o afastamento e o retorno.
Poucos são os que nunca perdem de vista o farol interior que os ilumina, ainda que se percam nos caminhos e atalhos da vida. Para todos a provação pode ser vista sob várias faces ou todas numa só:
— funciona como uma prova às capacidades do peregrino, no fundo, um teste a aprendizagens anteriores;
— necessidade de mudar de rumo, fazer novas escolhas difíceis, porém adequadas ao novo momento evolutivo;
— necessidade de redefinir os sonhos, os objectivos de vida; novas aprendizagens estão na forja.
Todos sentem que nesses momentos há determinadas aprendizagens – vontade, discernimento, pensamento positivo – que se afinam ou comportamentos que se adoptam, a disciplina, por exemplo; sentem também que há capacidades novas que emergem. Todas estas capacidades e atitudes podem tornar-se as nossas âncoras, mas só uma se afigura na provação como o nosso refúgio e salvação: a oração, esse fio de luz que nos liga à nossa Casa, nos devolve aos braços do Criador num breve alento para novas batalhas.
Qualquer situação, por mais distorcida que se afigure, não tem mais força do que o poder de uma oração sincera e a nossa persistência nesse acto ajudará a ultrapassar qualquer provação, visível ou invisível, a seu tempo.
Maria Coriel.
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