quarta-feira, 14 de outubro de 2009
A Missa da Fénix.
O Mago, seu peito nu, conserva-se ante o altar no qual estão seu Cinzel, Incenso, Turíbulo e dois dos Bolos de Luz. No Sinal do Entrante ele alcança o Oeste através do Altar, e grita:
Salve Rá, que vais em Tua barca
Pelas cavernas das Trevas!
Ele faz o sinal do Silêncio, e pega o Sino, e o Fogo, em suas mãos.
Leste do Altar veja-me em pé
Com Luz e Músicka em minha mão!
Ele bate Onze vezes no Sino 333-55555-333 e coloca o Fogo no incenso.
Eu toco o Sino: eu acendo a Chama:
Pronuncio o Nome misterioso.
ABRAHADABRA.
Ele toca o sino Onze vezes.
Agora começo a orar: Vós, Criança,
Sacro e imaculado é vosso nome!
Vosso reino é vindo; Vossa vontade foi feita.
Aqui está o Pão; aqui está o Sangue.
Trazei-me através da meia-noite ao Sol!
Livrai-me do Bem e do Mal!
Que Vossa coroa de todos os Dez
Aqui e agora seja minha. Amém.
Ele coloca o primeiro Bolo no Fogo do Turíbulo.
Eu queimo este Bolo-Incenso, proclamo
Estas adorações de Vosso nome.
Ele as faz (as adorações) segundo Líber Legis, e novamente toca Onze vezes o Sino.
Com o Cinzel ele então faz sobre seu peito o sinal apropriado.
Observe meu peito que sangra
Marcado com o Sinal do Sacramento!
Ele coloca o segundo Bolo no ferimento.
Estanco o sangue; a hóstia com ele
Se embebe, e o Sumo Sacerdote invoca!
Ele come o segundo Bolo.
Este Pão eu como. Esta blasfêmia juro.
Enquanto me inflamo com oração:
Não há graça: não há culpa:
Esta é a Lei: Faze o que tu queres!
Ele toca Onze vezes o Sino, e grita
ABRAHADABRA.
Entrei com pesar; com alegria
Eu agora prossigo, e com acção de graças,
Para tomar meu prazer na terra
Entre as legiões dos vivos.
Ele prossegue.
Algumas explicações de Aleister Crowley sobre a missa da Fênix, elas foram publicadas originalmente no Book of Lies — capítulos 44 e 62, respectivamente.
A missa da Fénix.
Este é o número especial de Hórus; é o sangue em hebraico, e a multiplicação do 4 pelo 11, o número de Magick (Magia), explica 4 em seu sentido mais sutil. Mas veja em particular as explicações em Equinox I, vi, das circunstâncias do equinócio dos deuses. A palavra “Fênix” pode ser tida como se incluísse em si a idéia de “Pelicano”, o pássaro que na fábula alimenta sua cria com sangue de seu próprio peito. As duas idéias, apesar de cognatas, não são idênticas, e “Fênix” é o símbolo mais acurado.
A Fênix tem um sino ao invés de som; fogo ao invés de visão; uma faca ao invés de toque; dois bolos, um para o paladar e outro para o olfacto. Ele se posiciona ante o altar do Universo no pôr-do-sol, quando a vida na Terra empalidece. Ele conjura o Universo, e o coroa com a luz mágicka, para substituir o Sol da luz natural. Ele ora para homenagear a Ra-Hoor-Khuit; a ele então sacrifica. O primeiro bolo, queimado, ilustra o proveito tomado pelo esquema de encarnação. O segundo, misturado com o sangue vital e comido, ilustra o uso da vida inferior para alimentar a vida superior. Ele então toma o sacramento e se torna livre — incondicionado —, o Absoluto. Queimando na chama de sua oração e novamente nascido — a Fênix!
Também a Fênix leva galhos para acender o fogo que a consume.
Segue na sequência tradução de excertos do livro The Tree of Life, de Israel Regardie. A presente tradução foi feita por Edson Bini.
A Missa do Espírito Santo!
Assim é chamada esta técnica específica. E única em toda a magia, pois nela está compreendida quase toda forma conhecida de procedimento teúrgico. Ao mesmo tempo, é a quintessência e a síntese de todas elas. Entre outras coisas, diz respeito à magia dos talismãs. Por meio desse método, uma força espiritual viva é confinada numa substância teles mâtica específica.
Não se trata de telesmata morto ou inerte como acontece na costumeira evocação talismânica cerimonial, mas sim de imediato vibrante, dinâmico e contendo em germe e potencial a possibilidade de todo crescimento e desenvolvimento. De uma maneira muito especial, refere-se, ademais, à fórmula do Cálice Sagrado. Um cálice dourado de graça espiritual é utilizado, no qual a própria essência e sangue vital do teurgo têm de ser derramados para a redenção não de sua própria alma, mas de toda a espécie humana.
A eucaristia também está implícita e o cálice é usado como a taça da comunhão, cujo conteúdo santificado — taumatúrgico e iridescente, em suma o vinho sacramentai — tem de ser dedicado e consagrado ao serviço do Altíssimo. A oblação a ser consumida com o vinho eucarístico é, em função dessa interpretação, a essência secreta tanto do mago intoxicado quanto do supremo deus que ele invocou. Neste método está presente também em larga escala a técnica alquímica, visto que concerne majoritariamente à produção do ouro potável, a pedra filosofal e o elixir da vida que é Amrita, o rocio da imortalidade.
Acima de tudo, ter em mente a fórmula filosófica do Tetragrammaton, que é o métododesta missa. Isso demonstra a necessidade de uma familiarização prática com os princípios numéricos da Santa Cabala, pois quanto mais conhecimento se possui, classificado no sistema indicador da Arvore da Vida, mais sentido e significação se vinculam à fórmula de Tetragrammaton, Na elaboração do que foi dito acima, os seguintes princípios podem ser postulados. O Y do nome sagrado neste sistema é chamado de leão vermelho e a primeira H é a águia branca. Concebe-se que essas duas letras sejam as representações de dois princípios cósmicos, dois rios de sangue escarlate que brotam dos seios da sereia para dentro do mar, duas torrentes distintas e incessantes de vida, luz e amor que procedem eternamente da própria vida.
Nelas reside o poder de tocar e comungar, fazendo um novo do outro, sem nenhuma ruptura das fronteiras sutis das torrentes ou qualquer confusão de substância. Em sua natureza, são mutuamente complementares e opostas, e, no entanto, nelas está fundada a totalidade da existência. Todas as operações alquímicas, de acordo com as autoridades, requerem dois instrumentos principais: “um recipiente circular, cristalino, precisamente proporcional à qualidade de seu conteúdo “, ou cucúrbita, e “um forno teosófico selado cabalisticamente” ou athanor, O athanor é atribuído ao Y e a cucúrbita ê uma atribuição da H.
A fabricação do ouro alquímico, que é o rocio da imortalidade, consiste de uma operação peculiar que apresenta várias fases. Pelo estímulo do calor e do fogo espiritual para o athanor, deve haver uma transferência, uma ascensão da serpente daquele instrumento para dentro da cucúrbita, usada como uma retorta. O casamento alquímico ou a combinação das duas correntes de força na retorta produz de imediato a decomposição química da serpente no mênstruo do glúten, sendo este a parte do solve da fórmula alquímica geral do solve et coagula. Junto à decomposição da serpente e sua morte surge a resplendente Fênix que, como um talismã, deve ser carregada por meio de uma contínua invocação do princípio espiritual compatível com a operação em andamento. A conclusão da missa consiste ou no consumo dos elementos transubstanciados, que é a Amrita, ou no ungir e consagração de um talismã especial.
Conduzida dentro de um círculo adequadamente consagrado, após um perfeito banimento, seguida por uma poderosa conjuração da força divina e o assumir da forma divina apropriada, a cerimónia pode se revelar detentora de poder incomparável para franquear os portais dos céus. Utilizando-se apenas a taça e o bastão como armas elementares, em associação com o mantra ou a invocação rítmica especializada, é raro que a missa falhe ou não produza efeito. Essa união de duas armas mágicas diferentes, bastante divorciadas, como podem ter-se afigurado num primeiro momento, aumenta a potência de cada uma delas, já que combina numa operação única os melhores aspectos e as maiores vantagens de ambas.Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo.
A Missa do Vampiro.
"O Vampiro, homem feito Deus,
bebe sangue alimento dos deuses.”
Frater Piarus
"Ao ser apresentado a Isadora Duncan, o mago inglês
Aleister Crowley perguntou se ela queria receber o
“beijo da serpente”. Ela aquiesce, e Crowley pega o
pulso da bailarina e o morde profundamente,
sugando todo o sangue que jorrava da ferida.
Agindo assim, repetia simbolicamente a atitude de
um dos mais persistentes arquétipos da raça
humana, o vampiro.”
Paulo Coelho.
Aleister Crowley foi um mago extremamente poderoso e mal afamado; suas práticas bizarras e seu descaso para com os valores vitorianos (a hipocrisia reinante naquela época, como agora) condenaram-no ao hall dos malditos, mas ele está em boa companhia. Crowley vasculhou todos os rincões da alma humana, experienciou incontáveis caminhos iniciáticos, viajou e estudou nas mais diversas partes do mundo, como Índia, Egito, México e Rússia, só para citar alguns. Pesquisador do saber arcano, navegador dos confins da mente, criador de um sistema de magia que traz uma vasta gama de conhecimentos, das mais variadas culturas e povos, incluindo o Vampirismo.
A missa do Vampiro, é o mais lembrado de todos os rituais criados por ele para este tema, mas não é o único. Crowley estudou e praticou o Vampirismo, mas de uma forma extremamente sublime, praticamente incompreensível para o não iniciado. O sangue, como o sexo, é uma fonte incrível de poder, e a junção dos dois é o elixir rubro dos alquimistas, o sangue dos santos na taça de Nossa Senhora Babalon. A vida nasce do sangue, a junção do espermatozóide com o óvulo, ou seja, da energia prânica e das entranhas do próprio ser. Este ciclo é regado pela Lua de sangue, a menstruação; a Lua Nova, a face escura da Lua; Hécate, a bruxa e feiticeira, Lilith. O sangue é usado em rituais desde tempos imemoriais, fonte da vida, o fluxo que une mãe e filho. O melhor sangue é o da Lua mensal, de acordo com o Livro da Lei, o grimório de instruções mágicas da nova era.
Há um ritual da O.T.O. em que o sangue dos iniciados é transubstanciado dentro da taça de Nossa Senhora Babalon, “a mãe das abominações”. Nossa Senhora Babalon, em posse do sangue dos santos em sua taça, pode gerar incontáveis filhos, que são alimentados indirectamente pelo sangue dos santos.
Essas técnicas de uso energético de terceiros são chamadas de magia da Lua, em analogia ao fato de a Lua brilhar com a luz do Sol, e, em um plano simbólico, ao uso da energia prânica, sem falar, é claro, da associação natural da Lua com o feminino, a bruxaria, Lilith e correlates, não esquecendo a maternidade e o parto — todos esses tópicos da magia lunar são também do Vampirismo. Dessa forma, nesse rito, são unidos os símbolos do Pelicano e da Fênix. Na mitologia, o Pelicano alimenta suas crias com o sangue de seu peito, uma prova de seu amor abnegado. A Fênix é a ave mitológica que renasce das cinzas, renasce da morte.
Todas as religiões tiveram seus mártires e santos — Cristo, Orfeu, Mansur el Hallaj, entre outros. Todos, de uma forma ou de outra, tiveram que se oferecer, em sacrifício em prol do que acreditavam, não necessariamente à morte violenta, comum a tantos, mas ao riso, à blasfémia, ao descrédito e às perseguições de toda a espécie. Sacrificaram suas vidas, seu sangue, para que novos pudessem vir, compartilhando de seu sangue, ou seja, suas crenças, seus herdeiros, seus filhos. A yoni é a taça onde todo o sangue deve ser vertido, ou seja, toda a força dos desejos, e depois disso só resta o vácuo. É necessário que o corpo, a persona, morra para que possa renascer na nova vida.
O bebé do abismo é gerado no ventre de Babalon (ou seja, Daa't, o ventre de Babalon, a mãe das abominações). O iniciado morre e renasce, como a Fénix. Para a mulher, é idêntico ao momento após o orgasmo, o fogo de pentecostes consumirá o universo. Sujeito e objecto são fundidos no fogo sêxtuplo do amor. Os egípcios entesouraram esse saber no livro dos mortos. Onde o morto se transubstanciava em Fénix, ele se lançava na matéria primordial como Khepra, remoçando, revivendo. Trazia em si a semente e as potências de todos os deuses.
A Fênix é destruída pelo Sol, mas das cinzas nasce um verme que se torna a Fênix, imortal. Ela é associada ao signo de Escorpião, que também tem como animais a serpente e o próprio escorpião, e a águia, o mais elevado e correlato da Fênix. Um signo ligado à morte e ao sexo, regendo no corpo humano os órgãos reprodutores. Crowley, dentro da Ordo Templi Orientis, tinha como nome mágico secreto Fênix, o que esclarece muito de suas intenções. A Bíblia também é útil na descoberta de elementos sobre a missa do Vampiro, especialmente Provérbios (30:14): “Há gente cujos dentes são espadas, e punhais suas mandíbulas, para devorar os humildes da terra, e os pobres do meio dos homens. A sanguessuga tem duas filhas: dá-me, dá-me”.
Essas passagens bíblicas são deveras interessantes, símbolos vampíricos interpolados. Sugiro que o leitor leia o original, se possível da edição de 1982 da Editora Vozes e Santuário. O meu exemplar foi presenteado por uma destacada personalidade eclesiástica que não convém ser revelada. A magia da Lua é empregada para criar elementais artificiais, os famosos familiares das bruxas, “filhos” astrais do mago, criados através de técnicas de magia sexual.
Em Líber Ágape, Crowley descreve aos iniciados do IXo da O.T.O., a ação de um Vampiro: “O Vampiro escolhe sua vítima com vigor e força, quando possível, com o desejo magicamente dirigido de sugar essa energia para si próprio, exaure sua presa com auxílio de seu corpo, notadamente pela boca”.
A missa da Fénix invoca a energia de Marte e Saturno, ambos considerados pela astrologia medieval como maléficos. Marte é o deus da guerra, da força, também associado ao sangue, e tem como animais o carneiro e o lobo, e a cor vermelha. Regente nocturno de Escorpião e diurno de Áries. A Sephira de Marte é Geburah, seu número é cinco.
Saturno é o antigo titã do tempo, compreensão, associado aos ossos, seus animais são a cabra, o corvo, cor negra. Regente de Capricórnio e Aquário, sendo que hoje em dia Aquário é atribuído a Urano, o planeta relacionado a Daat. Saturno e Marte estão no pilar esquerdo da Arvore da Vida, o pilar feminino da severidade. Para termos uma idéia da energia de Marte, compilamos uma parte de um texto Sagrado da A:. A:.
Líber Stellae Rubrae, um ritual secreto de Apep Aleister Crowley:
"Eu sou Apep, ó tu, sacrificado, tu deves sacrificar-te sobre meu altar: terei teu sangue para beber, pois eu sou um poderoso Vampiro, e minhas crianças beberam o vinho da terra que é sangue”.
O grande mar, que na verdade é de sangue, é a mãe desses seres inefáveis — os mestres do templo, senhores da compreensão.Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo.
VAMPIROS Viagem astral,
A primeira morte se dá nos domínios de Demeter, a
segunda tem lugar no além, nos domínios de
Perséfone. A primeira é brutal e violenta, a segunda
lenta e suave.
Plutarco.
Para entender melhor o fenómeno do vampirismo e como se processam seus ataques, iremos abordar os corpos sutis e a anatomia oculta dos seres humanos.
Não se trata em absoluto de uma novidade; a acupunctura e seus meridianos, o Yôga e o processo de evolução através dos chacras se valem da anatomia oculta há milénios.
Grosso modo, seria o corpo energético ou psicossomático, através do qual podemos entrar em contacto com outras realidades, entre outras coisas.
Estes corpos ficaram muito mais conhecidos nos últimos anos, com a popularização da técnica chamada viagem astral, que, creio, o leitor conhece ao menos em tese. Na viagem astral ou projecção da consciência, o corpo físico fica em repouso e o corpo astral é lançado. Todas as pessoas têm essa capacidade, umas mais naturalmente que outras, mas isso pode ser melhorado através do emprego de determinadas técnicas. Como já dissemos, não há nada de novo na viagem astral, e toda noite nos projectamos, a maioria das pessoas inconscientemente.
As reuniões ou sabás das bruxas eram feitos dessa forma, daí a capacidade de “voar”; a viagem astral não se restringe aos praticantes da Arte dos Sábios (bruxaria); xamãs, magos e yogues se valeram da viagem astral consciente para o seu aprendizado. A glândula pineal tem um papel importante na fenomenologia oculta — muitos viajantes astrais acham que esta glândula é a porta, ou, se preferirem, o “lançador” do corpo astral. De médico e louco todos temos um pouco, o praticante de magia em especial.
Os fenómenos paranormais muitas vezes causam uma ruptura com a pseudo-realidade, levando o iniciado a ser dado como louco.
O sahasrara chacra tem uma relação especial com a pineal; o objectivo da ascensão da kundalini, a iluminação, é conseguido ao se elevar a energia ígnea (kundalini) até esse chacra. As pessoas que passaram por esse processo narram tanto as maravilhas como os gigantescos terrores; a mente e a realidade se tornam irreais e uma nova realidade se descortina, lembrando que mesmo esses estados fantásticos não são o objectivo último. Os quatro elementos são chamados pelo espírito para uma dança de roda, e este está no centro — a dança de Shiva.
A fogueira acesa crepita vários metros, o som do ar e do fogo enche nossos ouvidos, e a natureza ganha vida, tudo é vivo, e estamos em tudo. Quântico, energia, mares de energia, nas mais variadas formas.
Êxtase infinito, o corpo treme como nos estertores da morte, mas ela é nossa amiga, o derradeiro portal; juntas, de mãos dadas, as irmãs vida e morte caminhantes rumo ao eterno. O medo, o terror, uma criança que nasce, uma nova realidade milhões de vezes mais abrangente.
Seres espectrais, como demónios, elementais negros ou Asuras se aproximam. Mas o que eles podem contra nós? São nossos irmãos, no seio da mãe cósmica. Um vôo ao eterno, a sensação é de vertigem, não há palavras para descrever o inefável. Mandalas tridimensionais, infindáveis, girando, girando, somos recebidos por Ch’ien, o Dragão cósmico, o criativo. O ser atemporal, infinito, tudo sei, tudo posso, sou uma criança e um velho. Mas vem a saudade do ser encarnado, limitado no tempo e no espaço, e é o momento de voltar.
O vampirismo está associado à magia e à bruxaria em todo o mundo. Um praticante de magia em vida, na morte pode se tornar um vampiro, ou mesmo estando vivo pode se valer da projecção astral (duplo etérico) para drenar energia dos vivos. Antes de prosseguirmos neste ponto, faz-se mister trazer à baila um outro conceito, a energia prânica.
Prana é a energia do Sol; ela é encontrada em todos os seres. É fundamental para a manutenção da vida. Para absorver a energia prânica usamos o duplo etérico, que é um elo de ligação entre o físico denso e o corpo astral (nota: todos esses corpos são físicos, na verdade não há diferença entre físico e espiritual, são níveis diferentes da mesma coisa; para melhor compreender isso, usemos a teoria da relatividade, onde a matéria equivale à energia). A função do duplo etérico é captar a energia prânica durante o sono. Duplo etérico é prana maya kosha, ou o veículo do prana.
Em projecções longas, o corpo físico fica em catalepsia, como um cadáver, a respiração e os batimentos cardíacos caem a níveis mínimos. Tanto é que alguns projectados já foram dados como mortos.
Os iogues conseguem levar essa prática às ultimas consequências; são enterrados vivos por semanas, enquanto seu corpo astral vaga e ajuda a manter o físico. Não esquecendo, é claro, os pranayamas e a meditação profunda.
Um faquir, na Índia, foi enterrado por um mês (!) sob a supervisão de Sir Claude Wade. O faquir foi lacrado em uma caixa, e a chave dada a Sir Claude. Ficou enterrado dentro de um túmulo de alvenaria e coberto de terra. Guardas ficaram a postos pelos trinta dias.
Transcorrido o prazo, ele foi desenterrado.
Aparentemente estava morto, mas foi desperto pelos seus companheiros.
O duplo é o responsável pelo ectoplasma e grande parte da fenomenologia espírita, ou seja, ele propicia materializações, ruídos e toda a sorte de manifestações.
Os médiuns, após as sessões de materialização, ficam extenuados; ao que tudo indica, muito da sua energia é gasta na materialização, mais um motivo para que os magos negros se valham do vampirismo para abastecer-se de energia.
Outro fato relevante é que os médiuns apresentam alguns sintomas das vítimas de vampirismo, mas de forma alguma esse fenómeno se restringe ao dito espiritismo. Qualquer mago que tenha conseguido uma materialização saberá o desgaste advindo, talvez menor que no caso dos médiuns, mas da mesma forma presente.
Z. T. Pierart, um espiritualista francês e editor da revista La Spiritualiste, foi um opositor do espiritismo e das idéias de Kardec. Achava que o vampiro era o corpo astral de uma pessoa enterrada viva, que usava o vampirismo sobre seu corpo enterrado para se manter vivo por mais tempo. Magos experientes podem adensá-lo (materializando-o), e isto pode ocasionar um fenómeno chamado repercussão, sobre o qual muito se falou. Uma bruxa está materializada (duplo etérico). Se por acidente ela se fere, esse ferimento pode ser transmitido ao corpo físico.
Os relatos desse tipo são inúmeros, e a literatura do ocultismo está cheia deles, sem falar que o duplo podia tomar formas variadas, daí a licantropia e a capacidade do vampiro de se metamorfosear em vários seres. Para os ciganos alemães o Vampiro deixava seu esqueleto na tumba; daí vem a crença de que os Vampiros não têm ossos. Possivelmente o duplo materializado tinha uma constituição sólida, mas de uma solidez diferente da matéria vulgar. Toda noite o duplo absorve a energia prânica do ambiente. Esse fato é deveras contundente, basta para tanto imaginar que todos os seres ao dormir estão se nutrindo dessa energia. Quando, por algum motivo, esse prana é absorvido de outro ser, temos o vampirismo.
Lembrando que o prana no corpo humano se concentra em especial no sangue! No capítulo II, falamos de uma crença na Roménia de que Vrykolakas são almas de pessoas que saem à noite para alimentar-se da energia do Sol e da Lua. Elas lembram, fisionomicamente, os suspeitos de Vampirismo. Esse relato é uma prova bastante forte a respeito do porquê do fenómeno do vampirismo.
Indagar o porquê do vampirismo nos traz uma infinidade de motivos. O morto-vivo é talvez o mais facilmente explicável, pois a morte romperia a capacidade normal de absorção de prana, e isso se torna premente em espectros presos à terra, para que não sofram a segunda morte. O caso do vampiro vivo é mais complexo; de certa forma, são pessoas de índole vampírica, que tem sua expressão das mais variadas formas, como jogos de poder, sadismo, fins mágicos, ajuste de contas, sexo, etc. Lembrando que estamos falando de projecção astral, e não do que poderíamos chamar de sanguessugas energéticas, aquelas pessoas que nos deixam extremamente cansados após o contacto com elas.
Distúrbios nos corpos sutis podem ocasionar o vampirismo, mesmo sem a pessoa ter consciência do que faz. Para os reencarnacionistas, vícios de vidas passadas podem ser uma motivação. Obsessão seria outra fonte: entidades agiriam como “más companhias” para a pessoa. A gama de hipóteses é gigantesca; coloquei aquelas com que entrei em contacto ou que são bastante lógicas partindo dos conhecimentos que disponho.
Collin de Plancy, em seu Dicionário Infernal, menciona que os Vampiros podiam ser animados pela luz da Lua, para daí sugar os vivos. A alquimia interior também é trabalhada pelo uso da anatomia oculta do homem. Ela visa, entre outras coisas, o elixir da longa vida. Um mantenedor da juventude, a escola tântrica taoísta, é uma das que trabalham com essa fórmula. Na verdade, esse elixir é feito com os próprios fluidos humanos — o recipiente, a retorta e o alambique alquímico são o corpo. Grande parte do emprego da energia nas artes marciais é advinda dessa escola e, para não ficarmos tão longe da nossa realidade, Hélio Gracie, que pode ser chamado de pai do estilo Gracie de Jiu-Jitsu, é um praticante dessa técnica.
A ligação do vampirismo com a sexualidade é proverbial, inclusive há vários relatos da actividade sexual intensa de alguns vampiros, sendo que entidades vampíricas das mais diversas culturas têm um grande interesse na energia sexual dos humanos.
Para os chineses, o ser humano tinha dois corpos sutis. Um deles era irracional e selvagem, e o outro, racional e composto pelos aspectos superiores da psique. O corpo etérico superior poderia viajar pelas imediações. Se algo ocorresse a esse corpo, seria automaticamente transmitido ao físico. O corpo etérico, às vezes, tomava a forma de algum animal, o que nos faz lembrar do xamanismo e seus animais de poder. O corpo físico inferior, chamado pelos chineses de P’o, após a morte, em alguns casos se mantinha ligado ao físico, noutros existia como cascarrão e não se desintegrava. Se persistisse nessa situação, se tornava um Chiang-Shih, ou seja, um vampiro. Essa crença chinesa, muito sofisticada, tinha ainda um detalhe: o hun ou alma superior encarnava no momento do nascimento. Há uma crença bastante difundida no ocultismo de que a encarnação se dá quando os pulmões se enchem de ar pela primeira vez. Parte daí o fato de o mapa astrológico ser feito com a hora do nascimento, e não da concepção.
O feto só teria o P’o ou alma inferior, vale salientar, e por isso estão amplamente relacionados ao vampirismo os natimortos e todos os óbitos advindos de problemas de parto. Este é um tema deveras interessante, e pouco conhecido, mesmo no espectro de temas do ocultismo. O P’o não necessita do corpo inteiro; basta-lhe uma parte do esqueleto ou, melhor ainda, o crânio.
O interessante é que os egípcios tinham uma compreensão idêntica, e não só eles, várias outras tradições (o culto do vodu, por exemplo). De acordo com convicção do vodu haitiano, toda pessoa tem duas almas: quando uma pessoa morre, uma das almas segue para o céu. A outra alma fica nas proximidades do cadáver, ou vagando pelo mundo. A alma que vaga é chamada no vodu de zumbi, que pode ser a alma de alguém que teve morte violenta, um adolescente, ou uma pessoa que por qualquer motivo não teve os ritos fúnebres.
Os egípcios tinham o Ba e o Ka, sendo que a unificação dos dois venceria a morte, tornando a pessoa imortal, a quem nós interpretamos como sendo um iluminado. Este fato era simulado ritualisticamente na entronização do Faraó como governante do baixo e do alto Egipto. Sendo que ele unia em si através deste ritual Seth e Hórus, havia uma peregrinação até Ombos, santuário de Seth, e a Edfu, templo de Hórus. A alma da escuridão e a alma da luz, Seth e Hórus, Crowley os representa pelas divindades Hoor-Paar-Kraat e Ra-Hoor-Khuit — um é a sombra, a escuridão, o outro, a Luz, o Sol. Para a cabala Nephesch e Ruach, respectivamente (isso será mais bem explicado no capítulo referente à cabala). Os egípcios tinha um cuidado todo especial com o morto, tanto que uma série de preparativos era feita no sepultamento.
Após a morte, o duplo do morto voltaria até o corpo, saciaria-se com as oferendas de alimentos, e estaria amparado por toda a sorte de coisas que teve em vida ou símbolos religiosos. As pinturas e estátuas eram representações que visavam apaziguar o morto do choque decorrente da morte, e consolá-lo. De forma alguma isso se restringiu ao Egipto; no Leste Europeu, pequenas estátuas do sexo oposto do morto eram colocadas por vezes no caixão. Por toda a história, temos os enterros colectivos, nos quais uma figura de poder se fazia acompanhar por toda uma corte, incluindo a viúva, costume praticado até hoje na Índia.
O Leste Europeu tem crenças similares; os sérvios acreditam que o Vampiro tem dois corações e, por causa disso, duas almas. Essa crença também é comum à Roménia. Na Eslováquia, dizia-se que o vampiro tinha um coração extra, sede real de sua vida.
Muldoon, um dos maiores viajantes astrais de todos os tempos, menciona que o que faz uma alma ser presa é a loucura, o desejo, o hábito e o sonho. Ele derruba por terra a idéia moralizante a respeito dos espíritos presos à terra, já que são as condições angustiantes da morte que motivam esse fato, não o carácter do defunto. O trauma da morte é reencenado inúmeras vezes após o óbito, daí grande parte das assombrações. Fechando o leque, vários Vampiros tiveram morte violenta, e por isso se tornaram vampiros, uma alternativa para se abastecerem de energia.
Muldoon também fala que o cordão etérico e a mente supraconsciente produzem grande parte das manifestações, sejam elas os movimentos de objectos ou a descoberta de coisas ocultas. Ou seja, uma pessoa pode assombrar uma casa, receber espíritos e mais uma infinidade de coisas graças à sabedoria atemporal que reside dentro de si mesma. Muldoon menciona Eusapia Paladino, uma médium que conseguia tocar um instrumento musical pelo simples dedilhar, mesmo ele estando a dois metros de distância. Por algum tempo, ela o fazia no ar, mas após breves minutos isso era transmitido ao instrumento. Muldoon dá um exemplo explicando essa capacidade, que para o nosso estudo é deveras importante. Ele compara a capacidade mediúnica a um cachorro dormindo, que sonha que caça uma lebre. Sonha tão intensamente que o fantasma do cão pode apanhar uma lebre no campo e matá-la. Dá muito que pensar esse exemplo. As viagens astrais são motivadas na sua maior parte por factores subconscientes; dessa forma, os vários aspectos da vida têm um peso no condicionamento da viagem astral. Fome, frio e preocupação podem gerá-la.
O sexo também é um dos grandes motivadores da viagem astral. Em uma de minhas primeiras viagens com emprego de técnicas, deu-se dessa forma. Encontrei uma amiga no astral e conversamos um pouco. Ao despertar no outro dia, fui ao encontro dela sem falar-lhe nada. A primeira coisa que ela me contou foi o sonho que teve comigo e a nossa conversa, cujos temas tinham sido coincidentes.
Na Grécia antiga havia o costume de colocar-se uma moeda na boca do morto, uma taxa para ser paga ao barqueiro Caronte. Caso isso não fosse feito, a pessoa morta seria condenada a vagar, não podendo entrar no reino dos mortos. Caronte era quem fazia a travessia do Estige, o rio odioso, que separava o reino dos vivos do reino dos mortos, presidido por Hades. Essa crença permanece viva até hoje entre os camponeses gregos, de uma forma modificada. Nela, Caronte é senhor da morte, fantasmas e sombras.
O mais interessante em tudo isso é que a moeda naquela época estava associada a algum pentáculo mágico, e era colocada na boca justamente por ser por onde o espírito entra no nascimento, e sai, na morte. Dessa forma, o defunto estaria livre de ter seu corpo (seja o físico ou o duplo) possuído por outro ser. Tanto é assim que uma adulteração posterior colocava hóstia cristã na boca do defunto, nítida adaptação do saber ancestral. Muitas dessas moedas são cunhadas nos dias de hoje com os mesmos símbolos usados nas casas para impedir a entrada do vampiro.
Em alguns locais da Europa, há uma crença que reforça o uso do duplo etérico na actuação do vampiro: pessoas que nascem com uma membrana cobrindo suas cabeças são vampiros em potencial. Estes recebem o nome de Kudlak, e reza a tradição que suas almas abandonam seus corpos em forma animal para atacar suas vítimas ou lançar sortilégios mágicos sobre a cidade onde vive. Após a morte, são ainda piores. Mas há uma outra possibilidade: o bebé pode vir a tornar-se um Kresnik, que sairá de seu corpo à noite, mas para lutar contra os Kudlak e contra os mortos-vivos em geral.
Um fenómeno muito curioso é a combustão espontânea: estudos revelam que os alcoólatras e as senhoras obesas de meia idade são os candidatos a ela. A vítima queima sem explicação aparente, e nem peritos, legistas ou policiais encontram explicações. O mais estranho é que muitas vezes a roupa do morto se mantém intacta, e objectos ao redor também, apesar de ser bem sabido que, para incinerar o corpo humano, são necessárias altas temperaturas que tecnicamente destruiriam tudo à sua volta. Aparentemente, esse fogo brota do interior da vítima, uma implosão ígnea.
O central chama-se sushumna; ele está no centro do corpo, mais precisamente na coluna vertebral. Vai do muladhara chacra, na base da espinha, até o sahasrara chacra, no alto da cabeça. Além desse canal central existem outros dois canais, Pingala e Ida, solar e lunar respectivamente. Pingala, do lado direito do corpo masculino, dinâmico e racional; Ida, do lado esquerdo do corpo feminino, intuitivo, emocional associado ao rio sagrado Ganges. Esses canais são conectados às narinas, só que invertidos, ou seja, Pingala na narina esquerda e Ida na direita.
Na circulação sanguínea, o sangue arterial é solar, o venoso é lunar, e podemos levar isso aos dois princípios: a alma solar e a lunar. Curiosamente, o Pingala tem sua localização no umbigo, e Ida, no centro da cabeça (alguns o colocam no palato).
Uma história ocorrida em uma vila da Bulgária nos fala sobre um vampiro que ilustrará as explicações anteriores. Um rapaz chega até a vila, casa-se com uma moça e leva aparentemente uma vida normal. Durante sua estada, o local foi palco de estranhos ataques: cavalos e bois estavam morrendo, e não havia sangue neles. A mulher do rapaz notava sua ausência todas as noites, e ele voltava somente ao amanhecer. Os boatos das saídas noturnas do rapaz se fizeram conhecer pela comunidade, e um grupo foi até sua casa e o prendeu. Examinado, foi constatado que apenas uma das narinas era utilizada. Foi levado até o alto de uma colina e queimado vivo.
Alguns relatos de vampirismo mencionam esse aspecto de uma única narina sendo utilizada. Muito possivelmente, o vampiro está vinculado apenas à corrente lunar. O fato em si levanta uma série de indagações, e nos leva a uma observação: a de que o vampirismo está intimamente ligado ao feminino, e às energias a ele relacionadas, sendo o fenómeno do vampirismo um desequilíbrio entre as duas energias, feminina e masculina, lunar e solar, Seth e Hórus, etc.
O Bardo Thodol, O Livro dos Mortos Tibetano, é um compêndio de técnicas para a boa morte, cujo objectivo seria conduzir o moribundo a vencer a Roda do Samsara, o ciclo de nascimentos e mortes. Ele principia com técnicas que visam fazer com que o moribundo veja a luz clara e liberte-se, e caso ele não consiga isso nos primeiros dias, a partir do oitavo ele travará contacto com as divindades irritadas, também chamadas de bebedoras de sangue. O curioso é que são as mesmas divindades benevolentes, mas sob um novo aspecto.
O mais curioso ainda é que medo e fuga não são a saída, mas sim se fundir a elas, encará-las como princípios divinos de grande sabedoria, e dessa forma o estado búdico é alcançado. O Livro dos Mortos Tibetano, Bardo Thodol, nos fala que devemos homenagear essas divindades bebedoras de sangue em vida, para que possamos estar acostumados com elas na morte. E vai mais longe: mesmo os que viverem de forma imperfeita alcançarão a salvação se conseguirem assimilar esse princípio, e mais manifestações físicas de sua superação se farão presentes no momento de sua morte, e visíveis a todos. Para imaginarmos como era a visão dessas divindades bebedoras de sangue, descreveremos a que surge no nono dia após a morte.
A divindade chama-se Bagavã Vajra Heruca, tem três rostos, seis mãos, quatro pés. Em uma das mãos, segura um escalpelo, em outra, um dorjê, e nas demais mãos, uma clava, um sino, uma relha e mais um escalpelo. Junto a ele está Vajra Satva, a Mãe, que leva até a boca de Bagavã Vajra Heruca uma taça cheia de sangue. Para o budismo os deuses eram seres poderosos, mas nem por isso deixavam de ser ilusão. Ou seja, seus princípios deveriam ser absorvidos e transcendidos.Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo.)
segunda tem lugar no além, nos domínios de
Perséfone. A primeira é brutal e violenta, a segunda
lenta e suave.
Plutarco.
Para entender melhor o fenómeno do vampirismo e como se processam seus ataques, iremos abordar os corpos sutis e a anatomia oculta dos seres humanos.
Não se trata em absoluto de uma novidade; a acupunctura e seus meridianos, o Yôga e o processo de evolução através dos chacras se valem da anatomia oculta há milénios.
Grosso modo, seria o corpo energético ou psicossomático, através do qual podemos entrar em contacto com outras realidades, entre outras coisas.
Estes corpos ficaram muito mais conhecidos nos últimos anos, com a popularização da técnica chamada viagem astral, que, creio, o leitor conhece ao menos em tese. Na viagem astral ou projecção da consciência, o corpo físico fica em repouso e o corpo astral é lançado. Todas as pessoas têm essa capacidade, umas mais naturalmente que outras, mas isso pode ser melhorado através do emprego de determinadas técnicas. Como já dissemos, não há nada de novo na viagem astral, e toda noite nos projectamos, a maioria das pessoas inconscientemente.
As reuniões ou sabás das bruxas eram feitos dessa forma, daí a capacidade de “voar”; a viagem astral não se restringe aos praticantes da Arte dos Sábios (bruxaria); xamãs, magos e yogues se valeram da viagem astral consciente para o seu aprendizado. A glândula pineal tem um papel importante na fenomenologia oculta — muitos viajantes astrais acham que esta glândula é a porta, ou, se preferirem, o “lançador” do corpo astral. De médico e louco todos temos um pouco, o praticante de magia em especial.
Os fenómenos paranormais muitas vezes causam uma ruptura com a pseudo-realidade, levando o iniciado a ser dado como louco.
O sahasrara chacra tem uma relação especial com a pineal; o objectivo da ascensão da kundalini, a iluminação, é conseguido ao se elevar a energia ígnea (kundalini) até esse chacra. As pessoas que passaram por esse processo narram tanto as maravilhas como os gigantescos terrores; a mente e a realidade se tornam irreais e uma nova realidade se descortina, lembrando que mesmo esses estados fantásticos não são o objectivo último. Os quatro elementos são chamados pelo espírito para uma dança de roda, e este está no centro — a dança de Shiva.
A fogueira acesa crepita vários metros, o som do ar e do fogo enche nossos ouvidos, e a natureza ganha vida, tudo é vivo, e estamos em tudo. Quântico, energia, mares de energia, nas mais variadas formas.
Êxtase infinito, o corpo treme como nos estertores da morte, mas ela é nossa amiga, o derradeiro portal; juntas, de mãos dadas, as irmãs vida e morte caminhantes rumo ao eterno. O medo, o terror, uma criança que nasce, uma nova realidade milhões de vezes mais abrangente.
Seres espectrais, como demónios, elementais negros ou Asuras se aproximam. Mas o que eles podem contra nós? São nossos irmãos, no seio da mãe cósmica. Um vôo ao eterno, a sensação é de vertigem, não há palavras para descrever o inefável. Mandalas tridimensionais, infindáveis, girando, girando, somos recebidos por Ch’ien, o Dragão cósmico, o criativo. O ser atemporal, infinito, tudo sei, tudo posso, sou uma criança e um velho. Mas vem a saudade do ser encarnado, limitado no tempo e no espaço, e é o momento de voltar.
O vampirismo está associado à magia e à bruxaria em todo o mundo. Um praticante de magia em vida, na morte pode se tornar um vampiro, ou mesmo estando vivo pode se valer da projecção astral (duplo etérico) para drenar energia dos vivos. Antes de prosseguirmos neste ponto, faz-se mister trazer à baila um outro conceito, a energia prânica.
Prana é a energia do Sol; ela é encontrada em todos os seres. É fundamental para a manutenção da vida. Para absorver a energia prânica usamos o duplo etérico, que é um elo de ligação entre o físico denso e o corpo astral (nota: todos esses corpos são físicos, na verdade não há diferença entre físico e espiritual, são níveis diferentes da mesma coisa; para melhor compreender isso, usemos a teoria da relatividade, onde a matéria equivale à energia). A função do duplo etérico é captar a energia prânica durante o sono. Duplo etérico é prana maya kosha, ou o veículo do prana.
Em projecções longas, o corpo físico fica em catalepsia, como um cadáver, a respiração e os batimentos cardíacos caem a níveis mínimos. Tanto é que alguns projectados já foram dados como mortos.
Os iogues conseguem levar essa prática às ultimas consequências; são enterrados vivos por semanas, enquanto seu corpo astral vaga e ajuda a manter o físico. Não esquecendo, é claro, os pranayamas e a meditação profunda.
Um faquir, na Índia, foi enterrado por um mês (!) sob a supervisão de Sir Claude Wade. O faquir foi lacrado em uma caixa, e a chave dada a Sir Claude. Ficou enterrado dentro de um túmulo de alvenaria e coberto de terra. Guardas ficaram a postos pelos trinta dias.
Transcorrido o prazo, ele foi desenterrado.
Aparentemente estava morto, mas foi desperto pelos seus companheiros.
O duplo é o responsável pelo ectoplasma e grande parte da fenomenologia espírita, ou seja, ele propicia materializações, ruídos e toda a sorte de manifestações.
Os médiuns, após as sessões de materialização, ficam extenuados; ao que tudo indica, muito da sua energia é gasta na materialização, mais um motivo para que os magos negros se valham do vampirismo para abastecer-se de energia.
Outro fato relevante é que os médiuns apresentam alguns sintomas das vítimas de vampirismo, mas de forma alguma esse fenómeno se restringe ao dito espiritismo. Qualquer mago que tenha conseguido uma materialização saberá o desgaste advindo, talvez menor que no caso dos médiuns, mas da mesma forma presente.
Z. T. Pierart, um espiritualista francês e editor da revista La Spiritualiste, foi um opositor do espiritismo e das idéias de Kardec. Achava que o vampiro era o corpo astral de uma pessoa enterrada viva, que usava o vampirismo sobre seu corpo enterrado para se manter vivo por mais tempo. Magos experientes podem adensá-lo (materializando-o), e isto pode ocasionar um fenómeno chamado repercussão, sobre o qual muito se falou. Uma bruxa está materializada (duplo etérico). Se por acidente ela se fere, esse ferimento pode ser transmitido ao corpo físico.
Os relatos desse tipo são inúmeros, e a literatura do ocultismo está cheia deles, sem falar que o duplo podia tomar formas variadas, daí a licantropia e a capacidade do vampiro de se metamorfosear em vários seres. Para os ciganos alemães o Vampiro deixava seu esqueleto na tumba; daí vem a crença de que os Vampiros não têm ossos. Possivelmente o duplo materializado tinha uma constituição sólida, mas de uma solidez diferente da matéria vulgar. Toda noite o duplo absorve a energia prânica do ambiente. Esse fato é deveras contundente, basta para tanto imaginar que todos os seres ao dormir estão se nutrindo dessa energia. Quando, por algum motivo, esse prana é absorvido de outro ser, temos o vampirismo.
Lembrando que o prana no corpo humano se concentra em especial no sangue! No capítulo II, falamos de uma crença na Roménia de que Vrykolakas são almas de pessoas que saem à noite para alimentar-se da energia do Sol e da Lua. Elas lembram, fisionomicamente, os suspeitos de Vampirismo. Esse relato é uma prova bastante forte a respeito do porquê do fenómeno do vampirismo.
Indagar o porquê do vampirismo nos traz uma infinidade de motivos. O morto-vivo é talvez o mais facilmente explicável, pois a morte romperia a capacidade normal de absorção de prana, e isso se torna premente em espectros presos à terra, para que não sofram a segunda morte. O caso do vampiro vivo é mais complexo; de certa forma, são pessoas de índole vampírica, que tem sua expressão das mais variadas formas, como jogos de poder, sadismo, fins mágicos, ajuste de contas, sexo, etc. Lembrando que estamos falando de projecção astral, e não do que poderíamos chamar de sanguessugas energéticas, aquelas pessoas que nos deixam extremamente cansados após o contacto com elas.
Distúrbios nos corpos sutis podem ocasionar o vampirismo, mesmo sem a pessoa ter consciência do que faz. Para os reencarnacionistas, vícios de vidas passadas podem ser uma motivação. Obsessão seria outra fonte: entidades agiriam como “más companhias” para a pessoa. A gama de hipóteses é gigantesca; coloquei aquelas com que entrei em contacto ou que são bastante lógicas partindo dos conhecimentos que disponho.
Collin de Plancy, em seu Dicionário Infernal, menciona que os Vampiros podiam ser animados pela luz da Lua, para daí sugar os vivos. A alquimia interior também é trabalhada pelo uso da anatomia oculta do homem. Ela visa, entre outras coisas, o elixir da longa vida. Um mantenedor da juventude, a escola tântrica taoísta, é uma das que trabalham com essa fórmula. Na verdade, esse elixir é feito com os próprios fluidos humanos — o recipiente, a retorta e o alambique alquímico são o corpo. Grande parte do emprego da energia nas artes marciais é advinda dessa escola e, para não ficarmos tão longe da nossa realidade, Hélio Gracie, que pode ser chamado de pai do estilo Gracie de Jiu-Jitsu, é um praticante dessa técnica.
A ligação do vampirismo com a sexualidade é proverbial, inclusive há vários relatos da actividade sexual intensa de alguns vampiros, sendo que entidades vampíricas das mais diversas culturas têm um grande interesse na energia sexual dos humanos.
Para os chineses, o ser humano tinha dois corpos sutis. Um deles era irracional e selvagem, e o outro, racional e composto pelos aspectos superiores da psique. O corpo etérico superior poderia viajar pelas imediações. Se algo ocorresse a esse corpo, seria automaticamente transmitido ao físico. O corpo etérico, às vezes, tomava a forma de algum animal, o que nos faz lembrar do xamanismo e seus animais de poder. O corpo físico inferior, chamado pelos chineses de P’o, após a morte, em alguns casos se mantinha ligado ao físico, noutros existia como cascarrão e não se desintegrava. Se persistisse nessa situação, se tornava um Chiang-Shih, ou seja, um vampiro. Essa crença chinesa, muito sofisticada, tinha ainda um detalhe: o hun ou alma superior encarnava no momento do nascimento. Há uma crença bastante difundida no ocultismo de que a encarnação se dá quando os pulmões se enchem de ar pela primeira vez. Parte daí o fato de o mapa astrológico ser feito com a hora do nascimento, e não da concepção.
O feto só teria o P’o ou alma inferior, vale salientar, e por isso estão amplamente relacionados ao vampirismo os natimortos e todos os óbitos advindos de problemas de parto. Este é um tema deveras interessante, e pouco conhecido, mesmo no espectro de temas do ocultismo. O P’o não necessita do corpo inteiro; basta-lhe uma parte do esqueleto ou, melhor ainda, o crânio.
O interessante é que os egípcios tinham uma compreensão idêntica, e não só eles, várias outras tradições (o culto do vodu, por exemplo). De acordo com convicção do vodu haitiano, toda pessoa tem duas almas: quando uma pessoa morre, uma das almas segue para o céu. A outra alma fica nas proximidades do cadáver, ou vagando pelo mundo. A alma que vaga é chamada no vodu de zumbi, que pode ser a alma de alguém que teve morte violenta, um adolescente, ou uma pessoa que por qualquer motivo não teve os ritos fúnebres.
Os egípcios tinham o Ba e o Ka, sendo que a unificação dos dois venceria a morte, tornando a pessoa imortal, a quem nós interpretamos como sendo um iluminado. Este fato era simulado ritualisticamente na entronização do Faraó como governante do baixo e do alto Egipto. Sendo que ele unia em si através deste ritual Seth e Hórus, havia uma peregrinação até Ombos, santuário de Seth, e a Edfu, templo de Hórus. A alma da escuridão e a alma da luz, Seth e Hórus, Crowley os representa pelas divindades Hoor-Paar-Kraat e Ra-Hoor-Khuit — um é a sombra, a escuridão, o outro, a Luz, o Sol. Para a cabala Nephesch e Ruach, respectivamente (isso será mais bem explicado no capítulo referente à cabala). Os egípcios tinha um cuidado todo especial com o morto, tanto que uma série de preparativos era feita no sepultamento.
Após a morte, o duplo do morto voltaria até o corpo, saciaria-se com as oferendas de alimentos, e estaria amparado por toda a sorte de coisas que teve em vida ou símbolos religiosos. As pinturas e estátuas eram representações que visavam apaziguar o morto do choque decorrente da morte, e consolá-lo. De forma alguma isso se restringiu ao Egipto; no Leste Europeu, pequenas estátuas do sexo oposto do morto eram colocadas por vezes no caixão. Por toda a história, temos os enterros colectivos, nos quais uma figura de poder se fazia acompanhar por toda uma corte, incluindo a viúva, costume praticado até hoje na Índia.
O Leste Europeu tem crenças similares; os sérvios acreditam que o Vampiro tem dois corações e, por causa disso, duas almas. Essa crença também é comum à Roménia. Na Eslováquia, dizia-se que o vampiro tinha um coração extra, sede real de sua vida.
Muldoon, um dos maiores viajantes astrais de todos os tempos, menciona que o que faz uma alma ser presa é a loucura, o desejo, o hábito e o sonho. Ele derruba por terra a idéia moralizante a respeito dos espíritos presos à terra, já que são as condições angustiantes da morte que motivam esse fato, não o carácter do defunto. O trauma da morte é reencenado inúmeras vezes após o óbito, daí grande parte das assombrações. Fechando o leque, vários Vampiros tiveram morte violenta, e por isso se tornaram vampiros, uma alternativa para se abastecerem de energia.
Muldoon também fala que o cordão etérico e a mente supraconsciente produzem grande parte das manifestações, sejam elas os movimentos de objectos ou a descoberta de coisas ocultas. Ou seja, uma pessoa pode assombrar uma casa, receber espíritos e mais uma infinidade de coisas graças à sabedoria atemporal que reside dentro de si mesma. Muldoon menciona Eusapia Paladino, uma médium que conseguia tocar um instrumento musical pelo simples dedilhar, mesmo ele estando a dois metros de distância. Por algum tempo, ela o fazia no ar, mas após breves minutos isso era transmitido ao instrumento. Muldoon dá um exemplo explicando essa capacidade, que para o nosso estudo é deveras importante. Ele compara a capacidade mediúnica a um cachorro dormindo, que sonha que caça uma lebre. Sonha tão intensamente que o fantasma do cão pode apanhar uma lebre no campo e matá-la. Dá muito que pensar esse exemplo. As viagens astrais são motivadas na sua maior parte por factores subconscientes; dessa forma, os vários aspectos da vida têm um peso no condicionamento da viagem astral. Fome, frio e preocupação podem gerá-la.
O sexo também é um dos grandes motivadores da viagem astral. Em uma de minhas primeiras viagens com emprego de técnicas, deu-se dessa forma. Encontrei uma amiga no astral e conversamos um pouco. Ao despertar no outro dia, fui ao encontro dela sem falar-lhe nada. A primeira coisa que ela me contou foi o sonho que teve comigo e a nossa conversa, cujos temas tinham sido coincidentes.
Na Grécia antiga havia o costume de colocar-se uma moeda na boca do morto, uma taxa para ser paga ao barqueiro Caronte. Caso isso não fosse feito, a pessoa morta seria condenada a vagar, não podendo entrar no reino dos mortos. Caronte era quem fazia a travessia do Estige, o rio odioso, que separava o reino dos vivos do reino dos mortos, presidido por Hades. Essa crença permanece viva até hoje entre os camponeses gregos, de uma forma modificada. Nela, Caronte é senhor da morte, fantasmas e sombras.
O mais interessante em tudo isso é que a moeda naquela época estava associada a algum pentáculo mágico, e era colocada na boca justamente por ser por onde o espírito entra no nascimento, e sai, na morte. Dessa forma, o defunto estaria livre de ter seu corpo (seja o físico ou o duplo) possuído por outro ser. Tanto é assim que uma adulteração posterior colocava hóstia cristã na boca do defunto, nítida adaptação do saber ancestral. Muitas dessas moedas são cunhadas nos dias de hoje com os mesmos símbolos usados nas casas para impedir a entrada do vampiro.
Em alguns locais da Europa, há uma crença que reforça o uso do duplo etérico na actuação do vampiro: pessoas que nascem com uma membrana cobrindo suas cabeças são vampiros em potencial. Estes recebem o nome de Kudlak, e reza a tradição que suas almas abandonam seus corpos em forma animal para atacar suas vítimas ou lançar sortilégios mágicos sobre a cidade onde vive. Após a morte, são ainda piores. Mas há uma outra possibilidade: o bebé pode vir a tornar-se um Kresnik, que sairá de seu corpo à noite, mas para lutar contra os Kudlak e contra os mortos-vivos em geral.
Um fenómeno muito curioso é a combustão espontânea: estudos revelam que os alcoólatras e as senhoras obesas de meia idade são os candidatos a ela. A vítima queima sem explicação aparente, e nem peritos, legistas ou policiais encontram explicações. O mais estranho é que muitas vezes a roupa do morto se mantém intacta, e objectos ao redor também, apesar de ser bem sabido que, para incinerar o corpo humano, são necessárias altas temperaturas que tecnicamente destruiriam tudo à sua volta. Aparentemente, esse fogo brota do interior da vítima, uma implosão ígnea.
O central chama-se sushumna; ele está no centro do corpo, mais precisamente na coluna vertebral. Vai do muladhara chacra, na base da espinha, até o sahasrara chacra, no alto da cabeça. Além desse canal central existem outros dois canais, Pingala e Ida, solar e lunar respectivamente. Pingala, do lado direito do corpo masculino, dinâmico e racional; Ida, do lado esquerdo do corpo feminino, intuitivo, emocional associado ao rio sagrado Ganges. Esses canais são conectados às narinas, só que invertidos, ou seja, Pingala na narina esquerda e Ida na direita.
Na circulação sanguínea, o sangue arterial é solar, o venoso é lunar, e podemos levar isso aos dois princípios: a alma solar e a lunar. Curiosamente, o Pingala tem sua localização no umbigo, e Ida, no centro da cabeça (alguns o colocam no palato).
Uma história ocorrida em uma vila da Bulgária nos fala sobre um vampiro que ilustrará as explicações anteriores. Um rapaz chega até a vila, casa-se com uma moça e leva aparentemente uma vida normal. Durante sua estada, o local foi palco de estranhos ataques: cavalos e bois estavam morrendo, e não havia sangue neles. A mulher do rapaz notava sua ausência todas as noites, e ele voltava somente ao amanhecer. Os boatos das saídas noturnas do rapaz se fizeram conhecer pela comunidade, e um grupo foi até sua casa e o prendeu. Examinado, foi constatado que apenas uma das narinas era utilizada. Foi levado até o alto de uma colina e queimado vivo.
Alguns relatos de vampirismo mencionam esse aspecto de uma única narina sendo utilizada. Muito possivelmente, o vampiro está vinculado apenas à corrente lunar. O fato em si levanta uma série de indagações, e nos leva a uma observação: a de que o vampirismo está intimamente ligado ao feminino, e às energias a ele relacionadas, sendo o fenómeno do vampirismo um desequilíbrio entre as duas energias, feminina e masculina, lunar e solar, Seth e Hórus, etc.
O Bardo Thodol, O Livro dos Mortos Tibetano, é um compêndio de técnicas para a boa morte, cujo objectivo seria conduzir o moribundo a vencer a Roda do Samsara, o ciclo de nascimentos e mortes. Ele principia com técnicas que visam fazer com que o moribundo veja a luz clara e liberte-se, e caso ele não consiga isso nos primeiros dias, a partir do oitavo ele travará contacto com as divindades irritadas, também chamadas de bebedoras de sangue. O curioso é que são as mesmas divindades benevolentes, mas sob um novo aspecto.
O mais curioso ainda é que medo e fuga não são a saída, mas sim se fundir a elas, encará-las como princípios divinos de grande sabedoria, e dessa forma o estado búdico é alcançado. O Livro dos Mortos Tibetano, Bardo Thodol, nos fala que devemos homenagear essas divindades bebedoras de sangue em vida, para que possamos estar acostumados com elas na morte. E vai mais longe: mesmo os que viverem de forma imperfeita alcançarão a salvação se conseguirem assimilar esse princípio, e mais manifestações físicas de sua superação se farão presentes no momento de sua morte, e visíveis a todos. Para imaginarmos como era a visão dessas divindades bebedoras de sangue, descreveremos a que surge no nono dia após a morte.
A divindade chama-se Bagavã Vajra Heruca, tem três rostos, seis mãos, quatro pés. Em uma das mãos, segura um escalpelo, em outra, um dorjê, e nas demais mãos, uma clava, um sino, uma relha e mais um escalpelo. Junto a ele está Vajra Satva, a Mãe, que leva até a boca de Bagavã Vajra Heruca uma taça cheia de sangue. Para o budismo os deuses eram seres poderosos, mas nem por isso deixavam de ser ilusão. Ou seja, seus princípios deveriam ser absorvidos e transcendidos.Vampiros Rituais de Sangue, de Marcos Torrigo.)
BRUXARIA E VAMPIRISMO.
do livro Vampiros de Marcos Torrigo
Bruxaria e Vampirismo. Oh amigo e parceiro da noite, tu que te extasias com o ladrar dos cães acuando suas presas, com o sangue vertido, vagueias em meio às sombras passeando entre tumbas, cobiças o sangue e fazes tremer de temor os mortais! Gorgo, Mormo, a Lua de mil faces, apreciem os nossos sacrifícios. A Magia como um todo está inclusa na história do vampirismo, seja a bruxaria, o xamanismo ou o vodu, não importa o rótulo. Mas onde reside o porquê desta associação, mera crendice? Muito possivelmente, não, quase sem medo de errar, a afirmação mais correta seria que a Magia é a grande motivadora do vampirismo. Quando uso o termo Magia estou expandindo o seu significado original e lhe atribuindo uma nova valoração. Sendo entendido como Magia toda a relação do ser humano com o mistério e o oculto, na tentativa de tentar compreendê-lo, mas acima de tudo de compreender a si mesmo, como individuo e espécie. A ciência é prima-irmã da Magia, e não poderíamos deixar de juntar a este nosso conceito expandido, os fenômenos parapsicológicos. Melhor que toda esta minha verborragia são os pensamentos de um certo escritor, em especial ao que tange e pode ser aplicado ao vampirismo. Arthur Machen, em algumas de suas obras, tem uma visão iluminada, muito similar aos axiomas de To Mega Therion. A sua obra faculta algumas reflexões bastante interessantes, que levam do vulgar ao estupor, e maravilham o Régio. Por mais que Machen mantenha aparentemente uma visão maniqueísta, ele insufla idéias fantásticas. Dentre elas nós temos os kalas, os centros secretos do organismo humano, terras inexploradas para o seu possuidor, outra afirmação de uma de suas obras faz lembrar Nietzsche, além do bem e do mal. Os senhores do mundo devem ir além do bem e do mal, só aqueles que os conhecem e que a eles transcendem chegarão ao mundo real, a causa última de tudo. Tomar o céu de assalto, querer ser deus, a maior de todas as blasfêmias. Estes que assim agem são ascetas negros e, como os outros iniciados, comungam, só que com as forças dos abismos profundos, onde habita o mal. Não sejamos vulgares, estes que assim agem muitas vezes tem a conduta mais ilibada de que os santos. Os iniciados do caminho da mão direita tentam elevar sua consciência rumo ao divino, levando uma vida sã, são extasiados pelo espírito. Os ascetas negros são movidos por uma paixão aterradora em sua busca pelos mistérios inversos. Os motivos de seus anseios escapam ao comum. Somente o iluminado, conhecedor da luz e sombra capta o seu conhecimento. A bruxaria e os cultos femininos são tão antigos quanto o tempo. No Paleolítico, o corpo da mulher era sagrado, divino por natureza, mistério, a anima mundi. As mulheres eram para muitos antropólogos e mitólogos as portadoras do saber e poder Mágico. Tanto é que há mitologias em todo o globo tratando do processo que os homens tiveram que encetar para tentar controlar este poder. Em resposta a este poder foram criadas as sociedades secretas exclusivamente masculinas, similares à maçonaria de hoje. O enfoque feminino possivelmente era mais ligado às plantas e o masculino aos animais. Este conflito retrata uma deusa imanente versus um deus transcendente. Muito do mal e do demoníaco associado à mulher é advindo desta transição. Sabemos que os deuses dos vencidos são os demônios dos vencedores, e com o arquétipo feminino não foi diferente. Para as culturas antigas o vampirismo estava intimamente associado ao feminino: Lâmia, Lilith e uma infinita turba de lascivas e demoníacas entidades femininas. É bem sabido que, para as grandes religiões de hoje em dia, a mulher é associada ao mal, ao pecado e à tentação. Algumas teorias, como já vimos, falam de uma era matriarcal que teria sido sobrepujada pela patriarcal, por mais que este dado antropológico gere polêmica, ele se apóia na psicologia interna, uma identificação com a mãe e a fase oral, e o patriarcado, a fase fálica. E fácil imaginar que esta mudança não ocorreu de uma só vez, e também foi feita de forma violenta muitas vezes. Encontraremos resquícios em várias partes do mundo, pois nos judeus até hoje um filho de mãe judia é judeu, mas o de pai judeu não. Para a compreensão destes fatos e sua ligação com o vampirismo, iremos tratar de um arquétipo que sintetiza sobremaneira a miríade de elementos da Magia e do Vampirismo.
Lilith, em sua origem, deve ter sido um arquétipo da grande deusa mãe, que tentou resistir a invasão do patriarcado. Possivelmente Abel, o pastor, foi sacrificado a esta grande mãe.
Mas as coisas não foram tão fáceis para os pastores patriarcais. Muitas mulheres judias ficaram fascinadas pelo culto à grande mãe. Um bom exemplo é a história de Sodoma e Gomorra. Lot foi expulso da cidade, vejam esta passagem: "o povo de Sodoma cercou a casa de Lot, do mais velho ao mais jovem. E eles proferiram: que se vá embora, um estranho, que veio morar conosco e agora quer ser um juiz?". Com isso fica claro que eles não eram judeus (os habitantes de Sodoma), e que a alegoria da conversa entre Lot e Deus é um acréscimo posterior.
A parte mais curiosa tem a ver com a mulher de Lot, que não quis acompanhá-lo, pois possivelmente preferiu ficar com o culto à Grande Deusa. Ou seja, a história de virar uma estátua de sal é mais uma alegoria. Lot afogou suas mágoas com as duas filhas em uma relação incestuosa.
O nome Lilith vem da Mesopotâmia, encontrada nas civilizações sumeriana, acadiana e babilônica, onde há várias divindades nas quais ocorre o fragmento "lil" como, por exemplo, os deuses Nilil, Enlil entre outros. Belit-ili, Lillake, a cananéia Baalat, a Divina Senhora são alguns de seus nomes. Nas representações mais antigas de Lilith ela apare-se como Lilake (cidade de UR 2000 A. C).
Lilith está intrinsecamente associada à coruja, sendo representada como uma mulher sedutora, torneada, de seios bem formados e suculentos, uma yoni* (Nota: vagina) que exala o perfume do amor, com pés de coruja e asas. Na literatura hebraica, ela é a primeira mulher de Adão. Ao que tudo indica para a cabala, (Zohar) o deus judaico criou Lilith e Adão como gêmeos. Ela queria igualdade para com ele, mas lhe foi negada. Ela não se subordina a Adão, e conseqüentemente incorre na ira do deus. Ela foge para o Mar Vermelho e, com Samael, cria uma infinidade de seres demoníacos, que juraram atacar a raça humana (fruto da união de Adão e Eva). Uma lenda islâmica atribui a ela a origem dos djinn (gênios), seres de fogo que vivem nos espaços entre mundos.
Ela era a responsável pela morte de crianças, esterilidade e pelo aborto. Também é sua característica a sedução sexual. Surge no meio da noite, trazendo sonhos eróticos carregados de emoção, e os homens são as principais vítimas. Quando despertam, se dão conta do vulto monstruoso pousado sobre seu peito e pronto a absorver
o esperma fruto da ereção. A morte, a loucura e a depressão são os resultados desta visita.
VODU E VAMPIRISMO.
do livro Vampiros de Marcos Torrigo
Vodu e Vampirismo Vodu é uma palavra do dialeto africano fongbé de Dahomé na África. Designa a vida religiosa, o culto. O vodu em sua origem se referia ao antiquíssimo culto da Serpente, Dangbé (Damballa no Haiti). Nos templos do deus havia inúmeras sacerdotisas, responsáveis pelo seu culto. Nas cerimônias de vodu, o sangue é oferecido as Loas (divindades, similar aos Orixás), e também é bebido, desta forma o sacerdote vodu é possuído pelo Loa. O vodu usa os veves, que são desenhos simbólicos que representam e atraem os Loas, lembrando os pontos riscados afros brasileiros, e a magia talismânica medieval. No panteão Vodu o Barão Samedi tem especial relevância para o nosso estudo. Samedi, palavra de origem francesa inspirada em sábado. Sábado, um dia especial para o fenômeno do vampiro devido a todas as sua implicações, dia consagrado a Saturno. Regente do signo de Capricórnio, 22 de dezembro a 22 de janeiro, justamente um período onde as forças das trevas caminham pelo mundo, inúmeros casos de vampirismo são registrados em várias culturas nesta época. A morte é intimamente associada a Saturno, o Cronos grego, devorador dos próprios filhos, ligado ao bode sabático, ao Bafomé Templário, ao sabás das bruxas. Para a cabala, Binah, (ver capítulo...) a grande mãe, tanto é quem dá a vida como a que absorve, simbolizada pela terra onde o corpo é depositado. O Barão Samedi é o senhor dos mortos, que ressuscita deste reino justamente no sábado. É o imperador dos cemitérios, dos ritos fúnebres. Quando o Sol esta em Escorpião, em especial no mês de novembro, as almas dos mortos estão andando sobre a terra. Esta crença do Vodu lembra o Halloween e o Samhain Celta onde os portais entre os mundos estavam abertos. De acordo com convicção do Vodu haitiano, toda pessoa tem duas almas: Quando uma pessoa morre, uma das almas segue para o céu. A outra alma fica nas proximidades do cadáver, ou vagando pelo mundo. Esta alma que vaga pelo mundo muitas vezes é chamada de zumbi, que pode ser a alma de alguém que teve morte violenta, uma adolescente, ou uma pessoa que por qualquer motivo não teve os ritos fúnebres. Também o nome zumbi também designa uma alma que foi escravizada por um sacerdote vodu, prática também encontrada entre magos egípcios. O sacerdote tem esta alma como escrava para realizar seus intentos. Aleister Crowley alerta que certas práticas de vampirismo além de drenar o individuo, podem escravizar a alma após a morte através do vampirismo. O rito é feito à noite em um cemitério, e o Barão Samedi é invocado. Este tipo de zumbi pode ser enviado contra alguém, causando obsessão. Ele consome a vitalidade da pessoa, matando-a eventualmente. Outra forma de zumbi é o morto-vivo, ou talvez melhor seria vivo morto. O método é o mesmo narrado acima, com a variante que a vítima ainda esta viva. Mas ela perde totalmente sua vontade, ficando a mercê do sacerdote vodu. Possivelmente ervas são usadas para facilitar o ato, a vítima as ingere, ou são jogadas na casa onde habita. A forma mais conhecida de Zumbi é aquela feita após a morte, onde o sacerdote vodu rouba o cadáver da sepultura, e através de rituais o reanima. Willian Seabrook, numa visita ao Haiti relata vários rituais Vodus e a crença em Vampiros. Ele menciona que os vampiros são mulheres, podem ser que vivas ou mortas, que saem à noite para sugar o sangue de crianças. Os lobisomens, chauches em crioulo, eram homens e mulheres que se transformavam em lobos para atacar a criação. Outras fontes mencionam que as bruxas do Haiti e Caribe eram chamadas Loupgarou (lobisomem em francês). Suas capacidades mágicas eram atribuídas a um pacto feito com o demônio. Em troca, elas ofereciam sangue de suas vítimas a ele todas as noites. Elas faziam esses ataques usando seu corpo astral. O Asema, o vampiro do Suriname, faz seus ataques à noite como uma bola de luz, também entrando por frestas.
BRUXARIA E VAMPIRISMO.
do livro Vampiros de Marcos Torrigo
Bruxaria e Vampirismo. Oh amigo e parceiro da noite, tu que te extasias com o ladrar dos cães acuando suas presas, com o sangue vertido, vagueias em meio às sombras passeando entre tumbas, cobiças o sangue e fazes tremer de temor os mortais! Gorgo, Mormo, a Lua de mil faces, apreciem os nossos sacrifícios. A Magia como um todo está inclusa na história do vampirismo, seja a bruxaria, o xamanismo ou o vodu, não importa o rótulo. Mas onde reside o porquê desta associação, mera crendice? Muito possivelmente, não, quase sem medo de errar, a afirmação mais correta seria que a Magia é a grande motivadora do vampirismo. Quando uso o termo Magia estou expandindo o seu significado original e lhe atribuindo uma nova valoração. Sendo entendido como Magia toda a relação do ser humano com o mistério e o oculto, na tentativa de tentar compreendê-lo, mas acima de tudo de compreender a si mesmo, como individuo e espécie. A ciência é prima-irmã da Magia, e não poderíamos deixar de juntar a este nosso conceito expandido, os fenômenos parapsicológicos. Melhor que toda esta minha verborragia são os pensamentos de um certo escritor, em especial ao que tange e pode ser aplicado ao vampirismo. Arthur Machen, em algumas de suas obras, tem uma visão iluminada, muito similar aos axiomas de To Mega Therion. A sua obra faculta algumas reflexões bastante interessantes, que levam do vulgar ao estupor, e maravilham o Régio. Por mais que Machen mantenha aparentemente uma visão maniqueísta, ele insufla idéias fantásticas. Dentre elas nós temos os kalas, os centros secretos do organismo humano, terras inexploradas para o seu possuidor, outra afirmação de uma de suas obras faz lembrar Nietzsche, além do bem e do mal. Os senhores do mundo devem ir além do bem e do mal, só aqueles que os conhecem e que a eles transcendem chegarão ao mundo real, a causa última de tudo. Tomar o céu de assalto, querer ser deus, a maior de todas as blasfêmias. Estes que assim agem são ascetas negros e, como os outros iniciados, comungam, só que com as forças dos abismos profundos, onde habita o mal. Não sejamos vulgares, estes que assim agem muitas vezes tem a conduta mais ilibada de que os santos. Os iniciados do caminho da mão direita tentam elevar sua consciência rumo ao divino, levando uma vida sã, são extasiados pelo espírito. Os ascetas negros são movidos por uma paixão aterradora em sua busca pelos mistérios inversos. Os motivos de seus anseios escapam ao comum. Somente o iluminado, conhecedor da luz e sombra capta o seu conhecimento. A bruxaria e os cultos femininos são tão antigos quanto o tempo. No Paleolítico, o corpo da mulher era sagrado, divino por natureza, mistério, a anima mundi. As mulheres eram para muitos antropólogos e mitólogos as portadoras do saber e poder Mágico. Tanto é que há mitologias em todo o globo tratando do processo que os homens tiveram que encetar para tentar controlar este poder. Em resposta a este poder foram criadas as sociedades secretas exclusivamente masculinas, similares à maçonaria de hoje. O enfoque feminino possivelmente era mais ligado às plantas e o masculino aos animais. Este conflito retrata uma deusa imanente versus um deus transcendente. Muito do mal e do demoníaco associado à mulher é advindo desta transição. Sabemos que os deuses dos vencidos são os demônios dos vencedores, e com o arquétipo feminino não foi diferente. Para as culturas antigas o vampirismo estava intimamente associado ao feminino: Lâmia, Lilith e uma infinita turba de lascivas e demoníacas entidades femininas. É bem sabido que, para as grandes religiões de hoje em dia, a mulher é associada ao mal, ao pecado e à tentação. Algumas teorias, como já vimos, falam de uma era matriarcal que teria sido sobrepujada pela patriarcal, por mais que este dado antropológico gere polêmica, ele se apóia na psicologia interna, uma identificação com a mãe e a fase oral, e o patriarcado, a fase fálica. E fácil imaginar que esta mudança não ocorreu de uma só vez, e também foi feita de forma violenta muitas vezes. Encontraremos resquícios em várias partes do mundo, pois nos judeus até hoje um filho de mãe judia é judeu, mas o de pai judeu não. Para a compreensão destes fatos e sua ligação com o vampirismo, iremos tratar de um arquétipo que sintetiza sobremaneira a miríade de elementos da Magia e do Vampirismo.
Lilith, em sua origem, deve ter sido um arquétipo da grande deusa mãe, que tentou resistir a invasão do patriarcado. Possivelmente Abel, o pastor, foi sacrificado a esta grande mãe.
Mas as coisas não foram tão fáceis para os pastores patriarcais. Muitas mulheres judias ficaram fascinadas pelo culto à grande mãe. Um bom exemplo é a história de Sodoma e Gomorra. Lot foi expulso da cidade, vejam esta passagem: "o povo de Sodoma cercou a casa de Lot, do mais velho ao mais jovem. E eles proferiram: que se vá embora, um estranho, que veio morar conosco e agora quer ser um juiz?". Com isso fica claro que eles não eram judeus (os habitantes de Sodoma), e que a alegoria da conversa entre Lot e Deus é um acréscimo posterior.
A parte mais curiosa tem a ver com a mulher de Lot, que não quis acompanhá-lo, pois possivelmente preferiu ficar com o culto à Grande Deusa. Ou seja, a história de virar uma estátua de sal é mais uma alegoria. Lot afogou suas mágoas com as duas filhas em uma relação incestuosa.
O nome Lilith vem da Mesopotâmia, encontrada nas civilizações sumeriana, acadiana e babilônica, onde há várias divindades nas quais ocorre o fragmento "lil" como, por exemplo, os deuses Nilil, Enlil entre outros. Belit-ili, Lillake, a cananéia Baalat, a Divina Senhora são alguns de seus nomes. Nas representações mais antigas de Lilith ela apare-se como Lilake (cidade de UR 2000 A. C).
Lilith está intrinsecamente associada à coruja, sendo representada como uma mulher sedutora, torneada, de seios bem formados e suculentos, uma yoni* (Nota: vagina) que exala o perfume do amor, com pés de coruja e asas. Na literatura hebraica, ela é a primeira mulher de Adão. Ao que tudo indica para a cabala, (Zohar) o deus judaico criou Lilith e Adão como gêmeos. Ela queria igualdade para com ele, mas lhe foi negada. Ela não se subordina a Adão, e conseqüentemente incorre na ira do deus. Ela foge para o Mar Vermelho e, com Samael, cria uma infinidade de seres demoníacos, que juraram atacar a raça humana (fruto da união de Adão e Eva). Uma lenda islâmica atribui a ela a origem dos djinn (gênios), seres de fogo que vivem nos espaços entre mundos.
Ela era a responsável pela morte de crianças, esterilidade e pelo aborto. Também é sua característica a sedução sexual. Surge no meio da noite, trazendo sonhos eróticos carregados de emoção, e os homens são as principais vítimas. Quando despertam, se dão conta do vulto monstruoso pousado sobre seu peito e pronto a absorver
o esperma fruto da ereção. A morte, a loucura e a depressão são os resultados desta visita.
VODU E VAMPIRISMO.
do livro Vampiros de Marcos Torrigo
Vodu e Vampirismo Vodu é uma palavra do dialeto africano fongbé de Dahomé na África. Designa a vida religiosa, o culto. O vodu em sua origem se referia ao antiquíssimo culto da Serpente, Dangbé (Damballa no Haiti). Nos templos do deus havia inúmeras sacerdotisas, responsáveis pelo seu culto. Nas cerimônias de vodu, o sangue é oferecido as Loas (divindades, similar aos Orixás), e também é bebido, desta forma o sacerdote vodu é possuído pelo Loa. O vodu usa os veves, que são desenhos simbólicos que representam e atraem os Loas, lembrando os pontos riscados afros brasileiros, e a magia talismânica medieval. No panteão Vodu o Barão Samedi tem especial relevância para o nosso estudo. Samedi, palavra de origem francesa inspirada em sábado. Sábado, um dia especial para o fenômeno do vampiro devido a todas as sua implicações, dia consagrado a Saturno. Regente do signo de Capricórnio, 22 de dezembro a 22 de janeiro, justamente um período onde as forças das trevas caminham pelo mundo, inúmeros casos de vampirismo são registrados em várias culturas nesta época. A morte é intimamente associada a Saturno, o Cronos grego, devorador dos próprios filhos, ligado ao bode sabático, ao Bafomé Templário, ao sabás das bruxas. Para a cabala, Binah, (ver capítulo...) a grande mãe, tanto é quem dá a vida como a que absorve, simbolizada pela terra onde o corpo é depositado. O Barão Samedi é o senhor dos mortos, que ressuscita deste reino justamente no sábado. É o imperador dos cemitérios, dos ritos fúnebres. Quando o Sol esta em Escorpião, em especial no mês de novembro, as almas dos mortos estão andando sobre a terra. Esta crença do Vodu lembra o Halloween e o Samhain Celta onde os portais entre os mundos estavam abertos. De acordo com convicção do Vodu haitiano, toda pessoa tem duas almas: Quando uma pessoa morre, uma das almas segue para o céu. A outra alma fica nas proximidades do cadáver, ou vagando pelo mundo. Esta alma que vaga pelo mundo muitas vezes é chamada de zumbi, que pode ser a alma de alguém que teve morte violenta, uma adolescente, ou uma pessoa que por qualquer motivo não teve os ritos fúnebres. Também o nome zumbi também designa uma alma que foi escravizada por um sacerdote vodu, prática também encontrada entre magos egípcios. O sacerdote tem esta alma como escrava para realizar seus intentos. Aleister Crowley alerta que certas práticas de vampirismo além de drenar o individuo, podem escravizar a alma após a morte através do vampirismo. O rito é feito à noite em um cemitério, e o Barão Samedi é invocado. Este tipo de zumbi pode ser enviado contra alguém, causando obsessão. Ele consome a vitalidade da pessoa, matando-a eventualmente. Outra forma de zumbi é o morto-vivo, ou talvez melhor seria vivo morto. O método é o mesmo narrado acima, com a variante que a vítima ainda esta viva. Mas ela perde totalmente sua vontade, ficando a mercê do sacerdote vodu. Possivelmente ervas são usadas para facilitar o ato, a vítima as ingere, ou são jogadas na casa onde habita. A forma mais conhecida de Zumbi é aquela feita após a morte, onde o sacerdote vodu rouba o cadáver da sepultura, e através de rituais o reanima. Willian Seabrook, numa visita ao Haiti relata vários rituais Vodus e a crença em Vampiros. Ele menciona que os vampiros são mulheres, podem ser que vivas ou mortas, que saem à noite para sugar o sangue de crianças. Os lobisomens, chauches em crioulo, eram homens e mulheres que se transformavam em lobos para atacar a criação. Outras fontes mencionam que as bruxas do Haiti e Caribe eram chamadas Loupgarou (lobisomem em francês). Suas capacidades mágicas eram atribuídas a um pacto feito com o demônio. Em troca, elas ofereciam sangue de suas vítimas a ele todas as noites. Elas faziam esses ataques usando seu corpo astral. O Asema, o vampiro do Suriname, faz seus ataques à noite como uma bola de luz, também entrando por frestas.
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