contos sol e lua

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domingo, 10 de outubro de 2010

"O Músico e os Pássaros"


Um simples relance, simples ato de enxergar, não apenas olhar
Os olhos da alma do poeta lírico e sua conexão sagrada
Na imagem jamais antes notada
Pequeninos grandes Pássaros fazem sinfonia
Mesmo no silêncio de seu repouso
Quase inaudível quieto... constante
Ao entardecer se torna "quase" um ritual
Adornado pela sombra projetada pelo rei Sol
O horizonte pinta sua aquarela ao fundo
E na penumbra musical silenciosa
No contorno do pentagrama energizado
O músico e os Pássaros se tornam uníssonos
Na rara e inigualável compreensão
Da conexão que há muito se perdeu...

A Bela Dama Sem Piedade.

)
Oh! O que pode estar perturbando você, Cavaleiro em armas,
John KeatsSozinho, pálido e vagarosamente passando?
As sebes tem secado às margens do lago,
John KeatsE nenhum pássaro canta.

Oh! O que pode estar perturbando você, Cavaleiro em armas?
KeatsSua face mostra sofrimento e dor.
A toca do esquilo está farta,
KeatsE a colheita está feita.

Eu vejo uma flor em sua fronte,
John KeatsÚmida de angústia e de febril orvalho,
E em sua face uma rosa sem brilho e frescor
John KeatsRapidamente desvanescendo também.


Eu encontrei uma dama nos campos,
PoesiaTão linda... uma jovem fada,
Seu cabelo era longo e seus passos tão leves,
PoesiaE selvagens eram seus olhos.

Eu fiz uma guirlanda para sua cabeça,
PoesiaE braceletes também, e perfumes em volta;
Ela olhou para mim como se amasse,
PoesiaE suspirou docemente.

Eu a coloquei sobre meu cavalo e segui,
PoesiaE nada mais vi durante todo o dia,
Pelos caminhos ela me abraçou, e cantava
PoesiaUma canção de fadas.

Ela encontrou para mim raízes de doce alívio,
Poesiamel selvagem e orvalho da manhã,
E em uma estranha linguagem ela disse...
Poesia"Verdadeiramente eu te amo."

Ela me levou para sua caverna de fada,
PoesiaE lá ela chorou e soluçou dolorosamente,
E lá eu fechei seus selvagens olhos
PoesiaCom quatro beijos.

Ela ela cantou docemente para que eu dormisse
PoesiaE lá eu sonhei...Ah! tão sofridamente!
O último dos sonhos que eu sempre sonhei
PoesiaNesta fria borda da colina.

Eu vi pálidos reis e também príncipes,
PoesiaPálidos guerreiros, de uma mortal palidez todos eles eram;
Eles gritaram..."A Bela Dama sem Piedade
PoesiaTem você escravizado!"

Eu vi seus lábios famintos e sombrios,
PoesiaAbertos em horríveis avisos,
E eu acordei e me encontrei aqui,
PoesiaNesta fria borda da colina.

E este é o motivo pelo qual permaneço aqui
PoesiaSozinho e vagarosamente passando,
Descuidadamente através das sebes às margens do lago,
PoesiaE nenhum pássaro canta.
John Keats.Tradução automática via ferramentas de idiomas.

Mitológia Grega.


A mitologia grega, dentre todas as outras, é a que mais me fascina, ficando a mitologia nórdica em segundo lugar. Conhecer as várias mitologias é muito importante para aqueles que procuram descobrir como pensavam os antigos, qual sua visão de mundo e como isso afetava suas vidas.
A mitologia é também uma forma de saber. O homem antigo procurava explicar os fenômenos naturais por meio de alegorias. A criação das alegorias constituiu um avanço na abstração conceitual do mundo natural, era sem dúvida uma primeira e sofisticada forma de idealizar as coisas.
Se não me falha a memória, acho que o primeiro contato que tive com a mitologia clássica, foi quando assisti pela primeira vez o filme “Fúria de Titãs”, não lembro mais o ano, mais sei que era criança na época. E como toda criança adora contos cheios de fantasia, não foi diferente comigo.
Numa enciclopédia de ciência, comprada por meu pai quase um ano antes de eu nascer, descobri que muitos dos mitos gregos serviram à Astronomia emprestando o nome de deuses e heróis para estrelas, planetas e constelações. Aquilo tudo era maravilhoso, todas aquelas descobertas me faziam querer aprender mais sobre a cultura dos povos gregos. Mas tarde pude verificar que não existia só a mitologia grega. Lendo uma revista em quadrinhos especial do Thor (da Marvel Comics), fiquei sabendo que o mesmo personagem havia sido inspirado na mitologia dos povos nórdicos. Então imaginei logo que outros povos tivessem suas mitologias tembém, e estava certo, logo me deparei com mitologias egípcia, mesopotâmia, cananéia, japonesa, chinesa, indú, e inclusive a mitologia indígena do Brasil que, mesclada a culturas africanas e européias, nos deram personagens como a sereia Iara, o Saci, a Mula-sem-cabeça, lobisomens e tantos outros.
Laio, rei de Tebas, foi advertido por um oráculo de que haveria perigo para sua vida e seu trono se crescesse seu filho recém-nascido. Ele, então, entregou a criança a um pastor, com ordem de que fosse morta. O pastor, porém, levado pela piedade, e, ao mesmo tempo, não se atrevendo a desobedecer inteiramente à ordem recebida, amarrou a criança pelos pés e deixou-a pendendo do ramo de uma árvore. O menino foi encontrado por um camponês, que o levou a seus patrões. O casal adotou a criança, que recebeu o nome de Édipo, ou Pés-Distendidos.
Muitos anos depois, quando Laio se dirigia para Delfos, acompanhado apenas de um servo, encontrou-se, numa estrada muito estreita, com um jovem que também dirigia um carro. Como este se recusasse a obedecer à ordem de afastar-se do caminho, o servo matou um de seus cavalos, e o estranho, furioso, matou Laio e o servo. O jovem era Édipo que, desse modo, se tornou o assassino involuntário do próprio pai.
Pouco depois desse fato, a cidade de Tebas viu-se afligida por um monstro, que assolava as estradas e era chamado de Esfinge. Tinha a parte inferior do corpo de leão e a parte superior de mulher e, agachada no alto de um rochedo, detinha todos os viajantes que passavam pelo caminho, propondo-lhes um enigma, com a condição de que passariam sãos e salvos aqueles que o decifrassem, mas seriam mortos aqueles que não conseguissem encontrar a solução. Ninguém conseguia decifrar o enigma, e todos haviam sido mortos. Édipo, sem se deixar intimidar pelas assustadoras narrativas, aceitou, ousadamente,o desafio.
Qual é o animal que de manhã anda de quatro pés, à tarde com dois e à noite com três? – perguntou a Esfinge.
É o homem, que engatinha na infância, anda ereto na juventude e com ajuda de um bastão na velhice – respondeu Édipo.
A Esfinge ficou tão humilhada ao ver resolvido o enigma, que se atirou do alto do rochedo e morreu.
A gratidão do povo pela sua libertação foi tão grande que fez de Édipo seu rei, dando-lhe a rainha Jocasta em casamento. Não conhecendo seus progenitores, Édipo já se tornara assassino do próprio pai; casando-se com a rainha, tornou-se marido da própria mãe. Esses horrores ficaram desconhecidos, até que Tebas foi assolada pela peste e, sendo consultado o oráculo, revelou-se o duplo crime de Édipo. Jocasta pôs fim própria vida e Édipo, tendo enlouquecido, furou os olhos e fugiu de Tebas, temido e abandonado por todos, exceto pelas filhas, que fielmente o seguiram, até que, depois de dolorosa peregrinação, ele se libertou de sua desgraçada vida.”
O Livro de ouro da mitologia – A idade da fábula – História de deuses e heróis” – Thomas Bulfinch.

Vênus e seu nascimento.


A véspera do nascimento de Vênus fora um dia violento. O firmamento, tingindo-se subitamente de um vermelho vítreo, enchera de espanto toda a Criação. Saturno, munido de sua foice, enfrentara o próprio pai, o Céu, num embate cruel pelo poder do Universo. Com um golpe certeiro, o jovem deus arrancara fora a genitália do pai, tornando-se o novo soberano do mundo. Um urro colossal varrera os céus, como o estrondo tremendo de um infinito trovão, quando o Céu fora atingido.
O fecundo órgão do deus deposto, caindo do alto, mergulhara nas águas profundas, próximo à ilha de Chipre. Assim, o Céu, depois de haver fecundado incessantemente a TERRA — dando origem à estirpe dos DEUSES olímpicos, fecundava agora, ainda que de maneira excêntrica e inesperada, o próprio Mar.
Durante toda a noite o mar revolveu-se violentamente. A espuma do mar, unida ao sangue do deus caído, subia ao alto em grandes ondas, como se lançasse ao vento os seus leves e espumosos véus. Mas quando a Noite recolheu finalmente o seu grande manto estrelado, dando lugar à Aurora, que já tingia o firmamento com seus dedos cor-de-rosa, percebeu-se que as águas daquele mar pareciam agora outras, completamente diferentes.
O borbulhar imenso das ondas anunciava que algo estava prestes a surgir.
Das margens da ilha de Chipre, algumas ninfas, reunidas, apontavam, temerosas, para um trecho agitado do mar:
O mar está prestes a parir algo!disse uma delas. Será algum monstro pavoroso? disse outra, temerosa.
Mas nem bem o sol lançara sobre a pátina azulada do mar os seus primeiros raios, viu-se a espuma, que parecia subir das profundezas, cessar de borbulhar. Um grande silêncio pairou sobre tudo.
Sintam este perfume delicioso! disse uma das ninfas.
As outras, erguendo-se nas pontas dos pés, aspiraram a brisa fresca e olorosa que vinha do alto-mar. Nunca as flores daquela ilha haviam produzido um aroma tão penetrante e, ao mesmo tempo, tão discreto; tão doce e, ao mesmo tempo, tão provocantemente acre; tão natural e, ao mesmo tempo, tão sofisticado.
De repente, do ESPELHO sereno das águas nunca, até então, o mar tivera aquela lisura perfeita de um grande lago adormecido — começou a elevar-se o corpo de alguém.
Vejam, é a cabeça de uma mulher! gritou uma das ninfas.
Sim, era uma bela cabeça — a mais bela cabeça feminina que a natureza pudera criar desde que o mundo abandonara a noite trevosa do Caos. Um rosto perfeito: os traços eram arredondados onde a beleza exigia que se arredondassem, aquilinos onde a audácia pedia que se afilassem e simétricos onde a harmonia exigia que se emparelhassem.
O restante do corpo foi surgindo aos poucos: os ombros lisos e simétricos, os seios perfeitos e idênticos — tão iguais que nem o mais consumado artista saberia dizer qual era o modelo e qual a sua réplica perfeita. Sua cintura, com duas curvas perfeitas e fechadas, parecia talhada para realçar o umbigo perfeito, o qual acomodava delicadamente, como um encantador PINGENTE , uma minúscula e faiscante pérola. E, logo abaixo, um véu triangular loiro e aveludado véu -, tecido com os mais delicados e dourados fios, agitava-se delicadamente, esbatido pela brisa da manhã. Nenhum humano podia saber ainda o que ele ocultava seu segredo mais cobiçado, que somente a poucos seria revelado.
Algumas aves marinhas surgiram, arrastando uma grande concha, a qual depositaram ao lado da deusa — sim, era uma deusa , para que ela, como em um trono, se assentasse. Um marulhar de peixes saltitantes a cercava, enquanto golfinhos puxavam seu elegante carro aquático até as areias da praia cipriota.
Nem bem a deusa colocara os pés na ilha, e toda ela verdejou e coloriu-se como nunca antes havia sido. Por onde ela passava, brotavam do próprio solo maços aromáticos de flores multicores, os pássaros todos entoavam um concerto de vozes perfeitamente harmoniosas e os animais quedavam-se sobre a relva com as cabeças pendidas, para receber o afago daquela mão alva e sedosa. Quem é você, mulher mais que perfeita? perguntou-lhe, finalmente, a ninfa que primeiro recuperara o dom da fala.
Sou aquela nascida da espuma do mar e do sêmen divino — respondeu a deusa, com uma voz cristalina e docemente áspera, envolta num hálito que superava em delícia ao de todas as flores que seus pés haviam feito brotar.
No mesmo dia, a extraordinária notícia do nascimento de criatura tão bela chegou ao Olimpo, e os DEUSES ordenaram que as Horas e as Graças a fossem recepcionar. Ainda mais enfeitada pelas mãos destas caprichosas divindades, apresentou-se a nova deusa diante de seus pares no grandioso salão do Olimpo, sendo imediatamente acolhida e festejada pelos deuses.
Mas quando todos ainda se perguntavam quem seria, afinal, aquela criatura encantadora, um descuido — seria, mesmo? — pôs fim a todas as indagações. Pois o véu que a envolvia, descendo-lhe até os pés, revelara o que nenhum dos embelezamentos artificiais pudera antes realçar: a sua infinita beleza original.

Mitos e Lendas.


Os Xamãs foram os primeiros contadores de estórias, tecendo os mitos que ainda hoje nos emocionam.
O melhor modo de se ensinar ainda é através da parábola, um tipo especial de estória.
O xamã deve aprender o maior número possível de estórias, lendas, contos apócrifos e mitos.
Porém, a mais importante estória a ser aprendida é a sua própria.
Não só você deve aprendê-la, como também deve aprender a contá-la, para a mais exigente platéia que existe: você mesmo.
Tudo possui as qualidades do mito.
A vida é cheia de alusões míticas, as quais você, como um xamã contador de estórias, deve aprender a cantar.
Por esta razão, você deve prosseguir em sua exploração pessoal das infinitas dimensões interiores do universo.
Sempre que um xamã ingressa no Outro Mundo, retorna com uma nova estória para contar.
As práticas religiosas convencionais, por mais válidas que sejam, costumem desapontar, pois não atendem ao profundo desejo que os humanos nutrem por mitos.
Como diz Alberto Villoldo em seu livro The Four Winds, qualquer sacerdote não passa de um "zelador de mitos", enquanto que o xamã penetra nas regiões mais profundas do Outro Mundo e retorna com novos mitos em criação.
Ele então os preserva, como os xamãs fazem desde tempos imemoriais.
O grande mitógrafo Joseph Campbell disse, em mais de uma oportunidade, que ele cria que uma mitologia para a nossa era não só era necessária, como estava em formação, apesar de não saber precisar que forma ela teria.
Creio que esta pode muito bem ser o mito xamânico, e que, ao resgatar as lendas e os ensinamentos da tradição celta, estaremos começando a construir nossa própria parte nesse mito.
O xamanismo atende tão bem às necessidades do mundo justamente por ter como base um conjunto comum de percepções, e porque ele se relaciona de modo preciso com o mundo em que vivemos.
Se assim é, o que nós, Xamãs Celtas, podemos fazer para acrescentar nossas próprias vozes a esta estória em evolução?
Devemos aprender algumas das histórias maravilhosas encontradas na ancestral literatura celta.
As antigas lendas eram outrora narradas nos salões dos reis celtas.
Ao trabalhar com elas, você se aproximará dos espíritos do povo celta, e de seus poetas-xamãs e contadores de estórias.
Elas não são inacessíveis, como alguns podem imaginar, e representam o melhor meio de se conectar à tradição das terras celtas.
Quando encontrar uma lenda que possua elementos xamânicos (ou que lhe seja interessante), tente memorizá-la.
Isto não é tão difícil quanto se pode imaginar.
Não se trata de repetir as mesmas palavras todas as vezes, mas de conhecer os componentes da estória e o modo como eles se encaixam.
Depois que compreender isto, você poderá contar as estórias a quem desejar ouvi-las, e certamente todos gostam de uma boa estória!
Com o tempo, você se verá pronto para começar a contar uma outra estória - a sua própria.
Toda a sua vida é uma estória, e há muito a se aprender quando, de tempos em tempos, revemos nossas vidas.
Tente relatar alguns pequenos episódios em voz alta para você mesmo, como se estivesse repetindo uma anedota num círculo de amigos, à mesa de jantar.
Desta vez, porém, não omita nada, como pode se ver tentado a fazer em outras circunstâncias, e procure conscientemente pelos padrões ocultos que formam todas as nossas vidas.
Busque as referências importantes a características suas das quais você não se dá conta.
Você se surpreenderá com a natureza reveladora das coisas de que você se lembrará.
Deixei um dos ensinamentos mais importantes praticamente para o fim: como recontar a sua própria estória.
Os celtas amavam lendas, e possuíam uma classe profissional, os bardos e seanachies, cuja tarefa era memorizar centenas de estórias.
Muitas destas se perderam para sempre, apesar de conhecermos os nomes de algumas.
Mais importante do que isso, porém, é aprender a contar sua lenda em todos os dias de sua vida.
Qual é a sua estória? Que tipo de pessoa ela faz de você? Você é um guerreiro, um curandeiro, um músico, um viajante?
Estes são apenas alguns dos papéis que você pode desempenhar - talvez diversos durante sua vida.
Você deve perguntar a si mesmo em que tipo de lenda você vive, e então poderá começar a contá-la, a princípio somente para você, talvez.
Você pode escrevê-la, e lê-la novamente após algumas semanas.
Veja, então, se consegue identificar os padrões que se ocultam sob a superfície.
O ato de contar estórias é uma forma de ensino usada desde os primórdios dos tempos.
As parábolas de Cristo e dos monges celtas eram estórias que nos ensinavam a viver.
Entre os nativos da América do Norte, os Aborígines da Austrália e os cantores Sami da Lapônia, por exemplo, existem repertórios virtualmente infinitos de lendas que narram a recriação e a perpetuação do sagrado, e a relação das pessoas com este último.
As antigas estórias e canções tradicionais recitadas pelos bardos celtas visavam a, simultaneamente, entreter e instruir.
As estórias e lendas dos celtas nos falam do Outro Mundo, deste mundo, de nós mesmos.
Convém aprender ao menos algumas de cor; não importa se as palavras não são sempre as mesmas, desde que os elementos da estória estejam firmemente enraizados em você.
Assim, você poderá contá-las a qualquer um que deseje ouvi-las, e você poderá se surpreender com a quantidade de pessoas interessadas.
Tente contá-las a seus filhos; venho contando estórias mágicas a meu filho desde que ele era crescido o bastante para compreender minhas palavras.
Por vezes, ele as entende melhor do que eu!
Assim, ouça as antigas estórias, e você verá o quanto aprenderá.
Muitos dos antigos ensinamentos estão contidos nessas lendas, apenas aguardando para serem retirados e praticados.
Depois de um certo tempo, você verá que novas estórias surgirão a você, talvez contendo elementos das antigas lendas que se revelam de outras formas.John Matthews.

Lendas de bruxa.


Quando de um casal nascem sete filhas, sem que nasça nenhum menino nesse espaço, a primeira ou a última será, fatalmente, uma bruxa. Para que isso não venha a acontecer é necessário que a irmã mais velha seja a madrinha de batismo da mais moça. São apontadas como tal, certas mulheres magras, feias, antipáticas.
Dizem que têm pacto com o demônio, lançam maus-olhados, acarretam enfermidades com os seus bruxedos etc. Costumam transformar-se em mariposas e penetram nas casas pelo buraco da fechadura. Tem por hábito chupar o sangue das crianças ou mesmo de pessoas adultas, fazendo-as adormecer profundamente. A marca do chupão deixado na pele, chama o vulgo de "melancolia".
Antigamente, quando um recém-nascido começava a emagrecer e definhar até a morte, principalmente os que ainda não haviam sido batizados, acreditava-se em "doença da bruxa". Para que as crianças não batizadas não sejam atacadas pelas bruxas, deve-se conservar luz acesa no quarto.
Os pais, ao colocarem o caixão da criança atravessado na porta da casa, a primeira mulher que aparecesse seria a bruxa, vindo mais uma vez buscar a vida de uma criança, para assim manter-se eternamente jovem.
Era costume também, proteger as crianças dando-lhes remédios à base de alho e colocando tesouras abertas embaixo dos seus travesseiros. A criança atacada por uma bruxa ingere carvão, cal de parede, terra e outras substâncias estranhas.
As bruxas realmente existem, garante a sabedoria popular. Sabe-se que uma mulher é bruxa, quando dá a apertar a mão canhota (esquerda). Há ainda, outro processo de identificar uma bruxa: vira-se a lingüeta da fechadura de uma canastra. A bruxa, ao entrar em casa, a primeira coisa que faz é pedir para endireitar-se a lingüeta.
Existe, também, uma oração contra elas. Quem as possui consegue descobri-la e prendê-la e também não adormece quando ela, à noite, penetra em casa. A pessoa assim presumida, toma para prendê-la, de um tacho ou uma medida de alqueire e logo que a bruxa entra em casa emborca o tacho ou a medida e ela fica incapaz de sair.
As lendas de bruxas, "lobisomens" e outros seres que habitam a fértil imaginação dos populares formam um capítulo a parte. Muitos juram, de pés juntos, que as bruxas andam as soltas nas belas noites de luar, fazendo seus rituais bruxólicos e espalhando no ar toda a magia de suas fascinantes feitiçarias.
Rosane Volpatto.