segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Caminho do Bardo.


Para trilharmos este caminho vamos nos entregar à idéia abstrata do trabalho e do propósito alcançado ao examinarmos:

O que ele é. O que ele deve saber. O que ele deve tornar-se. Este último ponto é, de longe, o mais importante, porque determina o seu futuro. Seu trabalho, como também o do 0vate, apresenta um grande leque de possibilidades e de realizações, tão amplo que sua definição não caberia em qualquer outro livro que não o Grande Livro da Natureza.

Foi por meio da atividade inteligente dos Bardos, mantenedores da língua e da Tradição, que as obras de seus antepassados puderam ser conservadas (Myrddin-Merlin, Aneurin, Taliesin, por exemplo). Também, foi graças a eles que se tornou possível a transcrição do "Mabinogion", que codifica uma parte da Tradição Oral, assim como do Barddas e das Tríadas que atualmente ainda são ensinadas.
Ele É.

É, antes de tudo, um filósofo no sentido primordial da palavra, isto é, um amigo da sabedoria. É um mágico do verbo, falado e escrito. A partir destes fatos, as funções a seguir lhe são bem apropriadas:

Ele é sobretudo poeta, artista e escrivão e, quanto a isto, está sob a proteção da Tripla Deusa Brigite (Arquétipo inspirador das obras) e sob a influência de Ogmios (o Arquétipo das ligações entre deuses e homens, e da eloqüência).

O Bardo é músico, o que distribui o louvor e a censura sem fazer uso da escrita. Lembremo-nos de que, para a Tradição Druídica, a palavra (principalmente, embora não unicamente, escrita) é inferior, em transmissão e dignidade, ao pensamento.

Ele tem também por atribuição tanto a história e a genealogia quanto a literatura, a diplomacia, a arquitetura. Ele conserva o fundo lendário das antigas crenças.

Ele deve conhecer a maior parte das outras formas de sabedoria, de filosofias. Mas, procurará, mais particularmente, aprofundar-se na sabedoria contida na Via Druídica. Esforçar-se-á em assimilá-la bem e cogitar em seguida.
Deve Saber.

Estudar e aprofundar ao máximo a mensagem, o simbolismo, o espírito contido nas Tríadas, e poder comentá-las.

Estudar o conjunto da Tradição Druídica, os contos, as lendas, os símbolos tão ricos, tão variados e tão determinantes para sua evolução, para seu futuro na Fraternidade dos Druídas.

Estudar com atenção a Natureza e suas forças captadas tanto sobre a terra quanto no céu. Conhecer e empregar a magia do verbo ligada às condições, ao conjunto e ao ambiente do mundo no qual evolui.

O Bardo, sendo um instrumento do Verbo e do Sopro, tem a função de realizar a concordância, de buscar a harmonia.

Ele ajuda, segundo suas capacidades e seus meios, a elevar o nível espiritual da humanidade à qual pertence.

Ele é o cervo ou a corça. Ele bebe na fonte e segura a seiva na raiz. A Bétula é a sua árvore, a avelã seu alimento.

Ele pratica o número e a medida, a analogia e a simbólica.
Deve Tornar-se.

Um trabalhador sincero e sério, competente e atento aos conselhos dados pelos Druídas encarregados de o amparar e de o guiar.

O Bardo deve dominar absolutamente o verbo e a palavra, a fim de dizer o que deve ser dito, sem rebaixar-se nem se comprometer. Ele não está aqui para agradar, mas para transmitir, preservar e aumentar a sabedoria dos antigos, a fim de deixar para aqueles que vierem posteriormente, referências sólidas, um poço, ainda mais profundo, de conhecimento e de uma ciência justa.

O trabalho que deve realizar ele o faz, só, no silêncio profundo da meditação, lembrando-se de que esta é "uma concentração inflamada sobre o Eu majestoso". Desta meditação, que deve ser assídua e amparada, jorrará a intuição genial, tão cara ao Coração dos Druídas e base de sua filosofia. O Bardo provará que se refere ao ser interior, ao homem verdadeiro e não ao homem exterior, versátil e afogado nos pensamentos de outrem.

Procurará aguçar sua memória e seu sentido de observação. A memória lhe servirá, mais tarde, para ensinar e a observação lhe permitirá permanecer com "os pés no chão", pois, caso contrário, pode se produzir o perigo do "desprendimento", perigoso para seu equilíbrio e para seu futuro. Após isto, verá, com certeza, que para progredir deve amar, criar e aprender.

Amar no sentido do respeito à Natureza e às suas leis e no sentido do poder manifestado, porque a caridade sem poder é como uma árvore sem sua seiva.

Criar, pela magia do verbo, das formas-pensamento poderosas e positivas, dos poemas e cantos.

Aprender, para conhecer o mais profundo de seu ser. Não julgar, nem para medir, mas para constatar o porquê de um evento, de um ato. Para criar o Verdadeiro diante do mundo, removendo tudo o que é suscetível de levar o homem a cair e lhe arrebatar, desta forma, seu lugar no Cosmos.

Também deverá aprender a escutar, a perceber e a compreender.

Escutar o canto contínuo da criação que se difunde em ondas multicoloridas em todas as formas de manifestação.

Perceber as mensagens dos guias, dos "Devas" e de todos os que, como ele, buscam a Luz.

Compreender que o Homem sempre será o mestre de seu destino, visto que tem a possibilidade de escolher seu futuro; que a beleza do mundo reside na diversidade. O princípio unitário só pode existir quando sustentado pela diferença, que a verdade reside na beleza.

A Terra é sua Mãe. Ele trabalha para o desdobramento de todas as forças sagradas. Ele é o homem do rio, o homem da clareira. Ele é o Melro do Um .

O caminho do Bardo é traçado na Mãe Natureza e é por esta única senda e pela iniciação feminina, amorosamente vivida no próprio seio da Terra, que sua alma receberá a marca indelével do fogo e do orvalho, que o farão um filho nascido das grandes forças da Vida.Fonte: www.colegiodruidicodobrasil.org.br.

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