contos sol e lua

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quarta-feira, 22 de julho de 2009

MÃOS DE FADA.

As fadas, muitas vezes, usam seus poderes para premiar os bons e castigar os maus. Mas, no que diz respeito ao caráter, se parecem muito com os seres humanos, e tanto podem ser más como boas. As más são frívolas, perversas, comprazendo-se em trazer perturbações para o homem. As boas mostram-se gentis, amigas e dispostas a colaborar com as pessoas com quem simpatizam. Em tempos imemoriais, porém, as fadas eram consideradas extremamente perigosas.

Na tradição não cristã, aplica-se o nome fada a todos os espíritos da natureza, incluindo enorme variedade de seres dos mais variados tipos e aspectos.

Em nossos contos de fadas, essas personagens, depuradas pelo cristianismo, aparecem com uma única e bem definida forma: são mulheres brancas, de feições finas, cabelos louros que caem em cascatas sobre seus ombros. Vestem vestidos belíssimos, bordados de ouro e de prata. Na cabeça usam chapéus em forma de cone, muito semelhantes aos da bruxa, o que acentua, naturalmente, o parentesco entre elas. Nas mãos trazem uma pequena vara (varinha de condão), com a qual executam as suas magias. A presença da varinha de condão é outra analogia entre as fadas e as bruxas, pois os feiticeiros também costumam usar certos tipos de varas, cajados etc. As fadas possuem extrema habilidade nos trabalhos manuais; daí a expressão para designar uma mulher muito hábil em trabalhos femininos: fulana tem mãos de fada.

As fadas dos cantos de encantamento são, em geral, muito boas, prestimosas, amigas dos homens e muitas vezes aceitam ser madrinhas das crianças comuns. As crianças amadrinhadas pelas fadas crescem acompanhadas por elas, que as auxiliam nos momentos difíceis de suas vidas. É interessante notar que, se as fadas aceitam ser madrinhas de uma criança, esse batizado não se faz nas igrejas. Isto porque a tradição cristã reconhece o caráter pagão desses seres, o que os torna incompatíveis com os cerimoniais da religião cristã.

Assim, são fadas: seres da natureza, brincalhões ou malévolos, mulheres maravilhosas, idealizações do feminino positivo mas, antes de qualquer coisa, mitos. É esta dimensão mitológica que as torna tão arraigadas na mente humana e persistentes nas tradições dos mais diversos povos. Desse modo, não é de se estranhar, portanto, que os contos de fada, apesar de sua antigüidade, continuem a resistir e a se impor como um tipo de narrativa sempre contada.

No cinema e nas histórias em quadrinhos, os contos de fadas retornam com novas energias e novo vigor, como uma fênix que renascesse das próprias cinzas. Este fato deve-se aos elementos arquetípicos presentes nos contos maravilhosos, elementos esses fundamente entranhados no inconsciente coletivo, parte essencial da bagagem psíquica do homem em sua viagem pelo planeta Terra. As fadas, os príncipes encantados, as bruxas, as terras maravilhosas, os reis, os gigantes são morfemas míticos básicos para a existência do homem, este animal criador de símbolos, de sonhos, de mitos e de ilusões.

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