quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O FOLCLORE.


Avalon, esse reino perfeito de amor e beleza, continua sendo a busca constante de todo o ser humano que, apesar de todas as desilusões, ainda tem a esperança de fazer deste mundo uma lenda real, ou seja, um lugar melhor para se viver.
Antigos manuscritos irlandeses evocam alguns nomes para Avalon, são eles: Tir na Nog, o País da Juventude; Tir Innambeo, o País dos Viventes; Tir Tairngire, o País da Promessa; Tir Naill, o Outro Mundo; Mag Mar, a Grande Planície ou Mag Mell.
Entre as populações de origem céltica, a maçã representa o conhecimento, a revelação e a magia. Existem vários relatos referentes às viagens célticas ao Além, Immram, as jornadas místicas, nas quais um herói é atraído por uma fada, que lhe entrega um ramo de maçã e o convida para ir para o Outro Mundo, como em A Viagem de Bran, Filho de Febal. Num outroImmram, A Viagem de Maelduin, que trata da busca do herói pelos assassinos de seu pai, ele passa por uma ilha onde encontra uma macieira e dela corta um ramo com três maçãs. Estes frutos são capazes de saciar a sua fome e a de seus companheiros por quarenta dias sem ingestão de qualquer outro alimento.
A Ilha das Maçãs também recebe o nome de Ilha Afortunada porque ali há todo tipo de vegetação natural. As colheitas são abundantes e os bosques estão cobertos de maçãs e uvas. Avalon era governada por Morgana e suas nove irmãs, que também possuíam o dom da imortalidade. Avalon está associada a Caer Siddi, o Outro Mundo ou Annwn, a Terra dos Mortos e da Eterna Juventude.
Existia em Caer Siddi uma fonte onde jorrava vinho doce e onde envelhecimento e doença eram desconhecidos. Entre os seus tesouros havia um caldeirão mágico, tema diretamente ligado à abundância existente na Ilha das Maçãs. (Ellis, 1992: 25; Geoffroy de Monmouth, Vita Merlini e Jean Markale, L'épopée Celtique en Bretagne).
Na mitologia céltica existem dois tipos de caldeirão: o caldeirão do renascimento e o caldeirão da abundância. Dagda, pai de todos os Deuses, possuía um caldeirão proveniente da cidade de Múrias. Ao provar dele, ninguém passava fome, (Ellis, 1992:77). Já Matholwch recebera o caldeirão do renascimento do Deus Bran e com ele era possível ressuscitar um morto, mas que perdia a capacidade de falar.
Havia ainda um terceiro caldeirão entre os celtas, o caldeirão do sacrifício, no qual os maus monarcas eram jogados. É possível observar aqui, um sentido totalmente diferente dado à figura régia, que tem principalmente a tarefa de estabilizar a sociedade e que é descartada quando não cumpre bem suas funções. O monarca é mais um “moderador ou distribuidor de riquezas que um detentor de poderes civis e militares”. Representa um garantidor da abundância, sendo o rei que sobrecarrega os súditos de impostos, sacrificado, afogado numa tina de cerveja ou hidromel.
O tema do caldeirão, mais tarde, deu origem ao mito do Graal, inicialmente nas obras de Chrétien de Troyes. Com a sua cristianização em fins do século XII, o conteúdo do cálice passou a ser o sangue de Cristo na cruz. Sangue, o conhecimento, o alimento da alma.

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