terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rainha da noite, a Tripla Hécate.


É uma das mais antigas imagens de um período pré-grego, é a corporificação da Deusa Tríplice original. Original por ser talvez a primeira deusa cultuada pelo homem, admite-se que ela venha antes de Zeus, na mitologia grega. É considerada como a Deusa das deusas, Rainha das Bruxas.
Dizia-se que ela ficava nas encruzilhadas de três caminhos,
olhando para cada um deles com uma das faces. Freqüentemente está ligada com a lua negra, presidindo todos os rituais mágicos, profecias, visão, o nascimento das crianças, morte, o submundo, e os segredos da regeneração.
A velha mulher curvada pelo peso dos anos, a curandeira, a bruxa. Aquela que conhece todos os sintomas do corpo e da alma humana. Esse é o arquétipo de Hécate.
Hécate ocupava um lugar muito especial. Embora seja muito pouco citada nos livros de mitologia mais conhecidos, seu culto era amplo e generalizado entre o povo. Para vocês perceberem a importância de Hécate, ela era honrada até mesmo por Zeus, como uma Titânia dos Titãs, ou seja, uma Deusa pré-olimpíca. Hécate recebia diversos títulos, como Kratay, e Eurybia, a Deusa Forte, em uma referência aos deuses que originaram o panteão grego.
Tudo isso leva a crer que Hécate é uma Deusa cujo culto já se havia estabelecido antes da própria civilização grega. Uma coisa que bem revela a importância de Hécate foi o decreto de Zeus: cada vez que alguém deitasse uma oferenda na terra sem ofertá-la a nenhum Deus específico, a oferenda era de Hécate, o que significava que Zeus reconhecia que o que estava sobre a Terra era dela, em principio. Hécate é a Senhora dos Mortos, líder do que se chama em muitas mitologias "A caça selvagem". Esta se constitui de um grupo de fantasmas e animais astrais, corvos, corujas, cachorros que uivam lugubremente, que passa na Terra ao fim de cada dia para recolher as almas dos mortos naquele dia. Ouvir cães uivando a noite é sinal certo da presença de Hécate. Assim como lidera a Caça Selvagem, Hécate conduz as almas dos mortos e também os vivos, nas estradas, aos melhores caminhos, por isso é representada com uma tocha na mão. Ela é a Senhora que Guia, e assim podemos contatá-la. Hécate também preside os nascimentos, por isso é chamada Protiraya, a Senhora dos Portais.
A Genealogia.
Hécate é uma figura primordial nas camadas mais antigas do inconsciente humano. Sua genealogia nos leva aos princípios dos tempos, como filha de Nyx, a Noite Antiga. Em um nível interior Hécate é a guardiã dos mistérios profundos do inconsciente que acessa a memória do inconsciente coletivo e das forças primitivas que levaram à criação.
Hécate provavelmente se originou da Deusa egípcia Heket, que por sua vez derivou de Heq, ou a matriarca tribal do Egito pré-dinástico. Na Grécia, Hécate era uma Deusa pré-olimpíca, geograficamente originada na Trácia, na parte nordeste do país, o que a liga com os antigos cultos das Deusas da Europa Central e Ásia Menor.
Diferentemente de outras deidades desses panteões, Hécate foi absorvida no panteão clássico grego. Usa uma tocha e um vestido feito das estrelas da noite, cuja luz mostrava o caminho dentro da vasta escuridão das nossas origens e da profundeza de nosso ser interior.
Tradições mais recentes fizeram de Hécate filha de Zeus e Hera, reduzindo seu poder aos domínios do mundo subterrâneo (terra dos mortos) e à lua negra. A seguinte lenda era contada para explicar sua descida ao submundo:
*Hécate teria incorrido na ira de sua mãe Hera por ter roubado dela um pote de cosmético para dar a Europa, amante de Zeus. Ela desceu à terra após isso e se escondeu na casa de uma mulher que acabara de dar a luz, o que, de acordo com os costumes da época, a teria tornado impura. Para lavar essa sua marca, as Cabírias a levaram ao rio Acheron, do submundo, onde ela permaneceu.
Essa versão é da mitologia mais recente, já bastante deturpada:
*Como Prytania, Invencível Rainha da Morte, Hécate tornou-se guardiã e conquistadora das almas no submundo. Como Deusa da Magia e dos Feitiços, ela manda sonhos proféticos ou pesadelos à humanidade. Sua presença é sentida nos túmulos ou nas cenas de assassinato, onde preside as purificações e expiações. Como sua semelhante Kali, na Índia, Hécate é Sacerdotisa dos funerais, conduzindo seus ritos nos locais de enterros e cremações, assistindo e auxiliando na liberação das almas dos recém mortos.
Por sua natureza ser originariamente misteriosa, mais proeminência foi dada a seus aspectos escuros, embora não fossem os únicos. Os gregos helênicos enfatizaram seus poderes destrutivos às custas de seus poderes criativos, até que Hécate fosse apenas invocada como uma Deusa do submundo, em clandestinos ritos de magia negra, especialmente nas encruzilhadas de 3 estradas.
A natureza profética de Hécate sobreviveu na Noruega e na Suíça, como a Velha, sabia mulher falante, que viajava pelas fazendas e dizia aos moradores dos campos seu futuro. Mas com o advento do domínio patriarcal a Deusa diminui sua influência e grandeza. Os poderes da sábia anciã foram reprimidos e mais tarde emergiram como projeções torturadas e distorcidas do patriarcado, classificadas como bruxaria perigosa e magia negra.
Hécate é toda potencial - o potencial daquilo que ainda não é, como uma semente que germina, subterrânea, antes de lançar seus galhos sobre a terra. Ela é mágica, caótica, imprevisível. Deve ser invocada quando todas as coisas sólidas e pretensamente seguras desabam, e é preciso pensar em novos sonhos e possibilidades. Hécate é uma Deusa muito rica, sem esquecer que é uma Deusa Tríplice, possuindo, pois, aspectos de jovem, mãe e Anciã.
Ela é dona do caldeirão da transformação, onde residem todas as possibilidades. Um trabalho com Hécate pode ter mil facetas justamente por isso: pode-se desde trabalhar os entraves na sua vida financeira , até seu caminho espiritual , suas capacidades mágicas e oraculares até pedir a intercessão dela em um caso de morte ou nascimento difíceis; pode pedir que Ela oriente você ao melhor caminho nas encruzilhadas da vida.
Enfim, todo o trabalho mágico pode passar por essa Deusa maravilhosa. Não é à toa que Hécate é chamada a Deusa de todos as Bruxas. Falando em Hécate como senhora da Morte, vocês sabiam que os brux@s sempre meditam na própria morte? A morte não é fim, nem é castigo para nós, então devemos nos preparar para aceitá-la como inevitável e natural. Devemos nos preparar para olhar a Ceifeira nos olhos e dizer que a amamos. Isso não é nada em um mundo voltado para coisas que fazem as pessoas disfarçarem a morte e o medo que têm dela. Quando pudermos olhar a Senhora Negra nos Olhos e puderem dizer a Ela: eu te amo! Estamos prontos pra tudo.
ATRIBUIÇÕES.
Ervas: Salgueiro, meimedro-negro, teixo, mandrágora, cíclame, menta, cipestre, tamareira, gergelim, dente-de-leao, alho, carvalho, cebola.
Elementos: Água e Terra.
Cores: Preto, azul, vermelho, branco, dourado e cinza.
Pedras: ônix, turmalina negra.
Dia da semana: Sábado ou Segunda.
Mês do ano: Agosto.
Lua: minguante e nova (luas negras).
Associações: Trabalhos Psíquicos, mistérios e segredos profundos e escondidos, predição, feitiços e transes.
Seu sinal: Mariposa.
Dicionário dos Deuses-Martins Fontes; Analogias de KendraMoon)

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