quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
George Hensley e o culto da serpente.
Extrair um versículo de seu contexto pode ser um pretexto para se criar uma heresia. O estudo das Escrituras Sagradas sem uma hermenêutica correta gerou diversos absurdos, e um deles é o culto à serpente, que teve início com George Hensley, no Estado do Tennessee (EUA), em 1908, ano estimado.
Segundo consta, Hensley se sentiu chamado por Deus depois de ler Marcos 16.18, que diz: “Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”
Após a leitura, Hensley entendeu que não deveria temer as serpentes, pois a Bíblia lhe garantia o seguinte: se ele tivesse fé, poderia segurá-las que elas não lhe fariam dano algum, ainda que fosse picado.
Então, para dar início à seita, foi até as montanhas de White Oak e capturou uma cascavel, a fim de apresentá-la em seu primeiro culto, do qual participaram alguns conhecidos seus. Na ocasião, leu a passagem de Marcos para seus amigos e segurou a serpente, para exibir sua fé.
Como aquele gesto parecia um ato de coragem e confiança em Deus, a iniciativa de Hensley incitou os participantes a fazerem o mesmo. Assim teve início o culto às serpentes.
As reuniões eram realizadas nas casas dos seguidores do grupo, quando não, no meio das florestas ou em lugares desertos, previamente combinados. Os participantes freqüentavam os rituais com suas Bíblias e os mais corajosos já se antecipavam levando uma cobra em uma das mãos. As orações tinham de ser acompanhadas pelo suposto dom de línguas que os adeptos diziam possuir.
Durante dez anos, não houve nenhuma ocorrência de mordida nas reuniões. Certo dia, porém, Garland Defriese, um dos adeptos, foi picado por uma cascavel durante um ritual e caiu com as presas do réptil cravadas no corpo. O homem não morreu, mas esse fato assustou os fiéis e, por conta disso, houve um pequeno êxodo dos “fiéis”.
Como já era de se esperar, Defriese foi acusado, pelos adeptos de Hensley, de ter pouca fé.
Após esse episódio, o fundador do grupo decidiu mudar de região, iniciando o culto às serpentes na montanha de Pine, no Kentucky. Ali, o templo tinha uma construção rústica e o grupo recebia, no máximo, cinqüenta pessoas em cada reunião.
Na década de 40, do século passado, a liderança do grupo ficou a cargo de Tom Harden, filho de um dos primeiros seguidores de Hensley. Como líder, Harden foi picado quatro vezes, mas se recuperou de todos os “acidentes”.
O beijo da serpente.
Em um dos rituais do culto à serpente, os adeptos, em transe, são separados por uma corda. Aqueles que têm fé para segurar as serpentes ficam de um lado e os que não têm, do outro. Como se pode perceber, trata-se de um critério sem nenhuma lógica.
Em dado momento, as serpentes são apresentadas, reunidas em uma única caixa. Então, cada adepto é desafiado a colocar a mão dentro da caixa e retirar a “sua” serpente. O risco de ser picado é muito grande, pois, geralmente, as cobras são manipuladas sem nenhum cuidado e, por conta disso, ficam extremamente irritadas.
Conta-se que uma fiel, conhecida como “irmã Minnie Parker”, costumama enrolar uma enorme cascavel no pescoço e dançar com o animal durante o culto. Quando não, andava, descalça, por entre dezessete cascavéis sem ser picada por nenhuma delas.
A explicação do líder é que esse ato nada mais é do que uma forma de dominar o mal. Todavia, esse procedimento não é, segundo a seita, a única maneira de demonstrar fé em Deus. Uma demonstração mais contundente é levantar a serpente até a altura da cabeça e deixar o réptil passar a língua no rosto. É o beijo da serpente.
Os relatos mais absurdos também encerram testemunhos de adeptos que tomavam venenos das próprias víboras sem quaisquer conseqüências malévolas.
Essa comunidade permaneceu desconhecida pelo povo americano até 1945, quando Lewis Ford morreu depois de ter sido picado. O caso foi divulgado por alguns jornais da região e a notícia causou a prisão dos líderes e de alguns adeptos. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, as prisões renderam mais adeptos ao grupo.Wikepédia.
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