sábado, 3 de julho de 2010
MISTÉRIOS DAS GRANDES ÓPERAS.
O Anel dos Deuses
Ao apropriar-se de uma parte do ouro do Reno, que representa o Espírito Universal, e transformando-o em um anel, simbolizando que o Espírito não tem princípio nem fim, o Ego veio à existência como uma entidade separada. Dentro dos limites deste anel áurico, ele é regente supremo, auto-suficiente, ressentindo-se de qualquer intromissão em seus domínios. Assim, ele se coloca além do âmbito da fraternidade. A parábola do filho pródigo diz-nos que ele vagueou para longe do Pai, mas, mesmo antes de perceber que estava se alimentando dos resíduos da matéria, a religião surgiu para guiá-lo de volta ao seu lar eterno, para libertá-lo da ilusão e da desilusão próprias da existência material, para redimi-lo da morte que ocorre nesta fase da incorporação densa, e mostrar-lhe o caminho para a verdade e para a vida eterna.
No mito teutônico, as sentinelas da religião são representadas como deuses. Seu chefe é Wotan, que é idêntico ao Mercúrio latino, e Wotansday (dia de Wotan), ou Wednesday (quarta-feira) é assim chamado em sua honra. Freya, a Vênus da Noruega, era a deusa da beleza, que alimentava os outros deuses com maçãs douradas que preservavam-lhes a juventude. Friday (sexta-feira) é seu dia. Thor, o Júpiter dos escandinavos, dirige seu carro pelos céus e o barulho que se ouve é o trovão, e o relâmpago são as faíscas que voam de seu martelo quando golpeia seus inimigos. Loge é o nome do deus de Sábado. (Lorday em escandinavo, um derivado de lue que é o nome escandinavo para chama) Ele não é propriamente um dos deuses, mas é relacionado com os gigantes ou forças da natureza. Sua chama não é apenas a chama física, mas é também o símbolo da ilusão, e ele próprio é o espírito da fraude, às vezes, conseguindo os favores dos deuses e traindo os gigantes, outras vezes, enganando os deuses e ajudando os gigantes para favorecer seus próprios planos. Como Lúcifer, o flamejante Espírito de Marte, ele também é um espírito de negação, e alegra-se em obstruir a vida como o frio Saturno.
Há na mitologia nórdica uma referência a um culto ainda mais antigo, no qual as divindades da água eram adoradas, mas os deuses que mencionamos as substituíram, e diz-se que cavalgavam para o lugar do julgamento, todos os dias, sobre uma ponte de arco-íris, Bifrost. Assim, vemos que esta religião data do alvorecer da época presente, quando a humanidade emergiu das águas de Atlântida para a clara atmosfera de Ariana - na qual estamos vivendo agora - e onde contemplou o arco-íris pela primeira vez.
Foi dito a Noé, quando ele guiou a humanidade primitiva afastando-a do dilúvio, que, enquanto o sinal do arco-íris permanecesse nas nuvens, os ciclos alternantes de verão e inverno, noite e dia, não cessariam. O mito nórdico também nos mostra os deuses reunidos na ponte do arco-íris no princípio desta era. Ele e os deuses permanecerão até o momento em que termine esta fase de nossa evolução, um acontecimento que será mostrado para ser idêntico à descrição dada no Apocalipse Cristão e que o mito escandinavo ajudará a explicar.
A verdade é universal e ilimitada. Não conhece fronteiras, mas, quando o Ego envolveu-se num anel de veículos separados que segregou, o dos outros, esta limitação tornou-o incapaz de compreender a verdade absoluta. Portanto, uma religião incorporando a plenitude da verdade pura teria sido incompreensível para a humanidade e inadequada para ajudá-la. Como uma criança que vai para a escola e aprende algumas lições elementares no primeiro ano, preparando-se para enfrentar problemas mais complicados no futuro, assim foram dadas à humanidade religiões da mais primitiva natureza, a fim de educá-la para algo mais elevado através de estágios gradualmente fáceis.
Desta maneira, os sentinelas da religião, os deuses, são representados como desejosos de construir uma fortaleza murada para que possam entrincheirar-se por detrás dessa barreira e concentrar seus poderes contra a outra fé. O Espírito não pode ser limitado sem enredar-se no materialismo; portanto, os deuses, aconselhados por Loge, o espírito da fraude e da desilusão, fazem um pacto com os gigantes, Fafner e Fasolt (representando o egoísmo) para construir a muralha da limitação. Quando essa muralha cerca os deuses, eles perdem a luz universal e o conhecimento; em conseqüência, o mito deseja que parte do pagamento para os construtores do Valhal, sejam o Sol e a Lua.
Além disso, quando a religião limitou-se a ficar por detrás da muralha da crença, o espírito do declínio é apresentado; envelhece como uma vestimenta. Diz-se que Wotan (sabedoria ou razão), concordou em dar Freya, a deusa da beleza, aos gigantes, pois ela alimentava os deuses com suas maçãs douradas para preservar-lhes a juventude. Seguindo o conselho de Loge, o espírito da fraude, os deuses sacrificaram sua luz e seu conhecimento pela esperança da vantagem de uma eterna juventude. Como já foi dito, este procedimento era de certo modo necessário, senão a humanidade não poderia ter alcançado a verdade em sua plenitude, embora nós não possamos entendê-la, nem mesmo agora.
O poder espiritual da religião é simbolizado pela vara mágica de Arão na Bíblia, pela lança de Parsifal. no mito do Graal, e pela lança de Wotan na história dos Niebelungos. Para firmar o pacto com os gigantes, caracteres mágicos foram talhados no cabo da lança, que assim ficou enfraquecida e, deste modo, fica demonstrado que a religião perde em poder espiritual o que ganha em aspecto material, quando faz um pacto com os governantes do mundo e estabelece intrigas satisfazendo os mais baixos anseios.
De acordo com os ensinamentos dos nórdicos, apenas os que morriam combatendo adquiriam o direito de serem conduzidos ao Valhal. Wotan nada deseja, a não ser guerreiros fortes e poderosos. Os que morriam de enfermidades ou em paz em seus leitos eram condenados ao reino do inferno, o submundo. Isto também encerra uma grande lição, pois ninguém, a não ser os persistentes e os destemidos, que passam seus dias lutando a batalha da vida até o último alento, são dignos de progresso. Os ociosos, que preferem a comodidade e a paz ao trabalho do mundo, não têm direito à promoção na escola da vida. Não importa onde trabalhemos ou qual seja a linha de nossa experiência, é imprescindível que batalhemos fielmente com os problemas da vida conforme eles se nos apresentam. Também não basta que o façamos por um ano ou dois e depois voltemos à inatividade; devemos continuar trabalhando e esforçando-nos até o fim da vida.
Assim, a velha religião nórdica ensina a mesma lição transmitida por Paulo quando aconselhou "paciente perseverança em fazer o bem". Mesmo que compreendamos que não possuímos toda a verdade, mesmo que estejamos limitados pela separatividade - o egoísmo simbolizado pelo Anel de Niebelungo e por credos e convenções representados pelo Anel dos deuses - ainda assim, se cumprirmos nossa tarefa específica com o melhor de nossa capacidade através de toda nossa vida, temos a certeza de. estarmos em direção ao progresso numa era futura. Veremos mais claramente quando eliminarmos o véu do egoísmo; quando, com boa vontade, vivermos a vida aonde fomos colocados, pois os Anjos do Destino não cometem erros. Eles colocaram-nos no lugar onde devemos receber as lições necessárias e assim preparar-nos para uma esfera mais elevada e útil.
É evidente que a condição limitada da crença ditada pelas várias igrejas - a insistência sobre dogmas e rituais - não é o mal maior, como deve ter parecido a muitos. Na realidade, a necessária conseqüência das limitações que incidem sobre a existência material, através da qual o Espírito humano está agora passando, é que deve ser devidamente cuidada. Que o Espírito adquira tanta verdade quanto possa compreender e que ela seja benéfica para seu presente desenvolvimento. Não há necessidade de uma maior preocupação, pois ninguém ficará perdido. "Como em Deus vivemos, nos movemos e temos nosso ser", se alguém ficasse perdido, uma parte do Divino Autor do nosso sistema estaria também perdida, e esta é uma proposição inconcebível.
Mas, enquanto a maioria da humanidade está sendo orientada pelas religiões ortodoxas, há sempre alguns pioneiros - alguns cuja faculdade intuitiva fala-lhes de maiores alturas ainda não escaladas - que enxergam a luz do sol da verdade além da muralha do credo. Suas almas estão enfraquecidas pelos dogmas, e anseiam ardentemente pelo amor e pelas maçãs da juventude vendidas pelos deuses aos gigantes. Mesmo os deuses estão envelhecendo rapidamente, pois nenhuma religião que seja destituída de amor pode esperar reter a humanidade por qualquer período de tempo. Em conseqüência, os deuses foram forçados a procurar novamente os conselhos de Loge, o espírito da fraude, esperando que sua astúcia os libertasse dos dilemas. Loge conta-lhes como Albérico, o Niebelungo, conseguiu acumular um imenso tesouro escravizando seus irmãos. Com o consentimento dos deuses, ele usa de meios fraudulentos para capturar Albérico e força-o a restituir todos seus tesouros. Depois, aproveita-se da natureza avarenta dos gigantes e finalmente consegue resgatar Freya.
Assim, a maldição do Anel (egocentrismo e egoísmo) maculou até mesmo os deuses. Por causa do Anel (poder), Albérico, o Niebelungo, rejeitou o amor. Oprimiu seus irmãos e governou-os com disciplina férrea. A religião, por seu lado, renegou o amor vendendo Freya e enganando, aviltou-se para forçar os governantes do mundo a pagar tributo. Quando o Anel dos Niebelungos passou às mãos dos gigantes, o mau destino o acompanhou, pois um irmão mata o outro para ser o único possuidor das riquezas do mundo.
Os deuses, na verdade, resgataram Freya, mas ela não é mais a pura deusa do amor. Foi prostituída; portanto, ela é apenas a imagem do que foi, e não consegue satisfazer aqueles cuja intuição vêem além da aparência.
Na mitologia escandinava estes são chamados Walsungs. A primeira sílaba é derivada da palavra alemã wahlen, escolher, ou da escandinava vaelge. A última sílaba significa filhos. Eles são filhos do desejo por livre vontade e escolha, e querem escolher seu próprio caminho procurando seguir sua intuição divina.Max Heindel.
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