contos sol e lua

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sábado, 19 de março de 2011

POR FAVOR,CHAME-ME POR MEUS VERDADEIROS NOMES.


"Não diga que terei que partir amanhã, pois
mesmo hoje
eu ainda estou chegando.

Olhe profundamente;
chego a cada segundo
para ser um broto num galho primaveril,
para ser um pequeno pássaro, com asas ainda frágeis
aprendendo a cantar em meu novo ninho;
para ser uma larva no coração de uma flor;
para ser uma jóia que se esconde numa pedra.

Ainda chego,
para poder rir e chorar;
para poder ter medo e esperança.

o ritmo do meu coração é o nascimento e a morte
de tudo o que está vivo.

Eu sou a efeméride se metamorfoseando sobre a superfície do rio
e eu sou o pássaro que, quando a primavera chega,
chega em tempo para comer a efeméride.

Eu sou o sapo nadando feliz na água clara de um lago,
e eu sou a cobra do mato, que, aproximando-se em silêncio,
se alimenta do sapo.

Sou a criança de Uganda, toda pele e ossos,
minhas pernas tão finas como caniços de bambu;
e eu sou o mercador de armas, vendendo armas mortais a Uganda.

Meu prazer é como a primavera, tão quente
que faz as flores desabrocharem em todos os confins da vida.

Minha dor é como um rio de lágrimas,
tão cheio que enche todos os quatro oceanos.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
de modo que eu possa ouvir todos os meus gritos
e risos ao mesmo tempo;
de modo que eu possa ver que meu prazer e dor são um.

Por favor, chame-me por meus verdadeiros nomes,
de modo que eu possa despertar e de modo que
possa ficar aberta a porta do meu coração.
Thich Nhat Hanh.

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