domingo, 13 de março de 2011
Psicologia do arco-íris.
Laranja dá energia, azul relaxa, verde tranquiliza. O vermelho é excitante, mas pode elevar a pressão arterial. Quem pretende ser mais sensual veste negro. As cores exprimem nosso estado de ânimo e nossas emoções. Por que somos atraídos por algumas cores e por outras não?
Na escola aprendemos que as cores não existem. De fato, aquilo que vemos e interpretamos como cores são apenas diferentes vibrações da luz sobre os objetos. Basta apagar a luz e as cores desaparecem. Esse fato, no entanto, não diminui o poder efetivo que as cores exercem sobre nós. Nem o seu significado cultural, simbólico e psicológico.
As cores são associadas aos nossos sentimentos e estados de ânimo, aos rituais, às festas, às religiões, à arte e à saúde física e mental. Sabe-se também que as cores são energias, forças irradiantes que exercem influência sobre nós. As cores preferidas contam muito sobre nós, nossas aversões e emoções.
E a casa? Pintamos as paredes de seus ambientes interiores e, segundo as cores que escolhemos, eles nos relaxam, descontraem, estimulam, alegram e não nos deixam entristecer. Até os sonhos têm cores dominantes e, por meio delas, os psicanalistas conseguem interpretar o que se passa em nosso inconsciente. As cores têm história, características e vida.
Conhecê-las pode ajudar a nos conhecermos melhor.
Azul.
É o céu, o mar, o gelo. Hipnótico e atraente, evoca o espaço sideral, o abismo infinito, sem fim. Azul é o medo e também a depressão. É a cor da introversão e da introspecção, do controle racional do instinto, da devoção, da religião e da meditação. Induz à calma e ao relaxamento. Por isso, é usado em salas operatórias, como alternativa à cor verde, e em centros cirúrgicos.
Quem aprecia o azul exprime uma personalidade equilibrada, fortemente ancorada em valores espirituais e morais. Esses mesmos valores são atribuídos à União Europeia pela própria cor de sua bandeira, que é adornada por um círculo de estrelas douradas, símbolo da comunidade entre os povos.
Laranja.
Pela sensação de calor e de prazer que dá, é a cor preferida das pessoas cheias de energia. Reunindo a luminosidade do amarelo e a vitalidade do vermelho, a força do laranja e o seu impacto visual são poderosos: basta ver que ele é usado na sinalização rodoviária (veja a cor das roupas usadas pelos trabalhadores que fazem a manutenção das estradas) e na sinalização de emergência (as lâmpadas que piscam nos veículos de primeiros socorros e nos da polícia). Símbolo de ardente passionalidade, é também a cor dos místicos e do êxtase. Os monges hindus e budistas vestem-se de laranja – neste caso, sinônimo de iluminação.
Amarelo.
Associado à luz do Sol, às flores e ao grão maduro, ao mel, ao âmbar, ao ouro, mas também à icterícia (conhecida mais popularmente como amarelão), à urina, ao pus, ao veneno de cobra.
É a cor preferida dos extrovertidos, mas também dos esquizofrênicos e dos coléricos. Amarelo é a cor da aura que os epiléticos acreditam ver quando sofrem um ataque. Quem o prefere às demais cores exprime a esperança de ficar rico e de abrir seus caminhos futuros, além de possuir uma sincera ânsia de liberdade. Já quem não aprecia a cor denuncia que as suas próprias esperanças foram desapontadas, convive com o sentimento de vazio e tem tendência ao isolamento.
Verde.
É associado à vegetação, por isso é também vinculado a um ciclo que nasce, cresce e morre. Para os povos do deserto, é sinônimo de vida. Para aqueles que vivem onde existe uma vegetação rica e exuberante, essa cor representa o emblema da grande mãe, aquela que fornece aos indivíduos fartura e abundância para suprimir as necessidades humanas. Simboliza o Islã, onde representa o paraíso – quase todas as bandeiras das nações islâmicas têm ao menos uma faixa na cor verde.
Para nós, ocidentais, o verde proporciona um efeito de harmonização, compensativo. Por isso, é usado nos hospitais e consultórios odontológicos. Exprime também a capacidade de introspecção, de autocontrole e de conter dentro de si as emoções, vontades e pensamentos. Para os psicólogos, é a cor da desconfiança, da inveja, do pensamento obsessivo e da rigidez de opinião. Daí ser usada pelas diferentes divisões militares.
Branco.
Representa negação, inacessibilidade, silêncio. Também a claridade e a luz. Nas religiões da Grécia Antiga, Apolo, o deus da luz (e posteriormente do Sol), montava cavalos brancos. No cristianismo, o branco é a luz de Deus, muitas vezes envolto em vestes cândidas, e a magnitude divina, a revelação.
Brancos são os paramentos dos altares nos dias da Páscoa e do Natal, da Epifania e Ascensão. Sempre no âmbito religioso, o branco é a cor do início e do fim. Por isso, na China, na Índia e no Japão é relacionada ao luto e aos rituais fúnebres. Roupas brancas são usadas em muitos sacramentos e ritos de iniciação e de passagem: por quem recebe o batismo, assim como pelas noivas e noviças. O branco também é atributo de poderes mágicos – por acreditarem nisso, os indígenas americanos acolheram os conquistadores espanhóis (de tez branca) como semideuses e ingenuamente os idolatraram.
Preto.
O termo deriva de negro, morto. Como o branco, o negro não é uma cor. É tido como a força que apaga todas as cores. É sempre associado à noite e à sombra que envolve a morte, ao luto, à desgraça. Corvos, gralhas e cães negros são sinônimos de mau agouro devido a sua cor. O mesmo acontece com os gatos pretos, que são considerados como portadores de azar no Brasil e na Itália, ao contrário da Inglaterra, onde anunciam o sucesso no amor. O preto é ainda usado nas roupas, pois é prático, elegante, fatal e contrastante. Salienta a sensualidade e também, por oposição, a renega: não é por acaso que é a cor das batinas dos padres, dos hábitos das freiras, das sóbrias mulheres que encobrem o rosto no Islã e dos juízes dos tribunais.
Violeta.
Aumenta a produção endógena de adrenalina e exprime uma inquietação criativa ou patológica. Pode-se defini-lo como a cor dos distúrbios: na maior parte das pessoas produz um efeito depressivo, inquietante, triste e nostálgico. A Igreja Católica associa o violeta à chegada da Quaresma, um tempo de meditação e jejum.
É também a cor dos mártires, das viúvas e dos velhos. Na moda, os primeiros a eleger o violeta como uma cor cult foram os costureiros e estilistas. Algumas mulheres e homens preferem o violeta às cores estressantes, pois ele é intermediário entre o vermelho e o azul. Pela mesma razão, é a cor preferida dos homossexuais. Em grego antigo, o termo amethysios (ametista) significava “non ebbro” (contra embriaguez). Por isso, na Antiguidade a pedra foi usada como antídoto contra o vício da bebida.
Vermelho.
Cor da vida, dos instintos, da paixão (Eros). Nas mulheres, ele é associado ao nascimento e ao ciclo menstrual, e também à sensualidade e à reprodução. Nos homens, remete à circuncisão e a feridas, além de estar relacionado às agressões da guerra.
De vermelho se trajavam os generais do Exército romano. O vermelho excita, aquece, acelera a pulsação, aumenta a pressão sanguínea e intensifica a frequência respiratória. Quem gosta dessa cor vive bem com seu corpo, ao contrário de quem a detesta, que está de mal e não se sente bem com ele. Não é por acaso que a tradição cristã relaciona essa cor às transgressões. A raiva é vermelha, a cor que geralmente tinge nossa face quando nos indignamos e defendemos um princípio em que acreditamos. Por isso, os grandes movimentos revolucionários do século 20 adotaram o vermelho para marcar a vontade e a solidariedade que precisava existir para com os oprimidos.
Cromoterapia.
São muitas as medicinas da Antiguidade (a greco-romana, a egípcia, a hindu e a chinesa, entre outras) que recorreram à exposição do corpo às cores, utilizando-as para tratar variadas patologias.
Hoje, baseados nesses mesmos princípios, temos a cromoterapia, que consiste na administração de cores ao paciente por meio de luz colorida aplicada diretamente sobre a epiderme, de água e de alimentos coloridos, do vestuário e de pigmentos. Nos centros especializados em cromoterapia existem equipamentos que emitem fachos de luz colorida, projetando-os no corpo do paciente enquanto ele permanece deitado num sofá. A luz rosa, por exemplo, é utilizada para tratar o reumatismo, as artrites e a depressão. O verde, para desintoxicar o organismo. O azul, para os distúrbios cardiocirculatórios. O amarelo, para patologias e problemas do aparelho digestivo.
Nos tratamentos, a irradiação da cor pode ser substituída e/ou alternada com banhos e com técnicas de meditação e visualização.
Rosa.
Evoca a sensação de delicadeza, afetividade, suavidade. Tira a violência, a agressividade, a raiva. Quando usado deliberadamente por um homem, revela a particular confiança que ele tem em si próprio, a ponto de demonstrar preferir a sensibilidade à força.
As mulheres mais românticas são totalmente apaixonadas pelo rosa. Já os mais pragmáticos abominam a cor: no tempo de Hitler, nos campos de concentração, os homossexuais tinham de usar triângulos cor-de-rosa (já os judeus usavam uma estrela de Davi amarela em seus uniformes; alguns prisioneiros eram obrigados a usar as duas insígnias). A obrigatoriedade do uso de um acessório dessa cor nos uniformes dos homossexuais era um meio de evidenciar o preconceito do nazismo contra essa condição sexual (mais tarde, a partir de 1943, os comandantes dos campos de concentração foram autorizados a castrar os prisioneiros homossexuais). Preconceitos à parte, rosa também é a cor de nossa pele e a do nosso corpo quando está saudável.
Quando estamos apaixonados, “vemos o mundo cor-derosa”. O rosa transmite ainda uma fresca leveza e feminilidade, afetiva e ao mesmo tempo sutilmente voluptuosa.
F.P.revista planeta.
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