contos sol e lua

contos sol e lua

sábado, 25 de junho de 2011

Vêm.............


Te direi em segredo
aonde leva esta dança
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteadas.

Cada átomo
Feliz ou Miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Ninguém fala para si mesmo em voz alta
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo

Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral,
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé
Contempla teu corpo - um punhado de pó

Vê quão perfeito se tornou!
Quando tiverdes cumprido tua jornada
decerto hás de regressar como anjo,
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
Não durmas,
senta com teus pares.

A escuridão oculta a água da vida,
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz
Não te afastes pois da companhia de teus pares.


Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.


A viagem conduzirá o teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.

Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti
Eis aqui o sentido profundo da minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.


Oh dia, levanta! Os átomos dançam
As almas loucas de extase dançam,
A abóbada celeste, porcausa deste Ser dança
Ao ouvido te direi aonde leva sua dança.


Ontem à noite, confidencialmente, eu disse a um velho sábio:
_ Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:
- Chut! Podemos compreender, mas não exprimir!

Quero fugir a cem léguas da razão,
Quero da presença do bem e do mal me liberar,
Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser,
Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!

Eu soube enfim que o amor está ligado a mim.
E eu agarro esta cabeleira de mil tranças
Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça,
Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim.

Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu...
Esta água nunca faltou a este riacho
Ela é a substância do almíscar e nós seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado do seu cheiro?

Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.

Sou medido... ao medir teu amor
Sou levado... ao levar teu amor
Não posso comer de dia nem dormir de noite
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.

Teu amor me tirou de mim,
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu queimo por ti
De ti, preciso de ti.

Não posso dormir quando estou contigo
por causa do teu amor
Não posso dormir quanto estou sem ti
por causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordado
mas, que diferença entre uma e outra!

Não temos nada além do amor
Não temos antes, princípio nem fim
A alma grita e geme dentro de nós:
- Louco é assim o amor
Colhe-me, colhe-me, colhe-me...
Jalal al-Din Husain Rumi.

Nenhum comentário: