terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A Cidade do Sonho.

Sofres e choras? Vem comigo! Vou mostrar-te O caminho que leva à Cidade do Sonho... De tão alta que está, vê-se de toda a parte, Mas o íngreme trajecto é florido e risonho. Vai por entre rosais, sinuoso e macio, Como o caminho chão duma aldeia ao luar, Todo branco a luzir numa noite de Estio, Sob o intenso clamor dos ralos a cantar. Se o teu ânimo sofre amarguras na vida, Deves empreender essa jornada louca; O Sonho é para nós a Terra Prometida: Em beijos o maná chove na nossa boca... Vistos dessa eminência, o mundo e as suas [sombras, Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol; O mais estéril chão tapeta-se de alfombras, Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol. Nela mora encantada a Ventura perfeita Que no mundo jamais nos é dado sentir... E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita, A própria Dor começa a cantar e a sorrir! Que importa o despertar? Esse instante divino Como recordação indelével persiste; E neste amargo exílio, através do destino, Ventura sem pesar só na memória existe... António Feijó.

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