contos sol e lua

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Vendendo sua Alma a Satanás.

O mito de Fausto apresenta uma situação curiosa no encontro do herói, que é a alma que procura, com diferentes classes de Espíritos. O Espírito de Fausto, inerentemente bom, sente-se atraído para as ordens superiores; sente afinidade pelo benevolente Espírito da Terra, e deplora a incapacidade de retê-lo e aprender com ele. Face a face com o espírito de negação, ao qual está disposto a servir, ele se sente de um certo modo senhor da situação, porque esse espírito não pode sair pela parte superior do símbolo da estrela de cinco pontas na posição em que está colocada no chão. Mas, tanto sua incapacidade em reter o Espírito da Terra e obter instrução desse exaltado Ser, como seu domínio sobre o espírito de negação, decorrem do fato dele ter entrado em contato com eles por acaso e não através do poder da alma desenvolvido internamente. Quando Parsifal, o herói de outro desses grandes mitos da alma, visitou pela primeira vez o Castelo do Graal, foi-lhe perguntado como havia chegado ali, e ele respondeu: "Eu não sei". Aconteceu que ele entrou no lugar sagrado da mesma forma que uma alma percebe, às vezes, um vislumbre dos reinos celestiais numa visão; mas ele não podia ficar no Monte Salvat. Foi forçado a sair novamente para o mundo e aí aprender suas lições. Muitos anos depois ele retornou ao Castelo do Graal, triste e cansado da busca e a mesma pergunta lhe foi feita: "Como chegaste aqui?" Mas, desta vez, sua resposta foi diferente, pois disse: "Através da procura e do sofrimento eu vim". Este é o ponto fundamental que marca a grande diferença entre alguns que se põem em contato com Espíritos dos reinos suprafísicos por acaso e tropeçam no entendimento de uma lei da Natureza, ou aqueles que, por zelosos estudos e principalmente por viver a vida, obtêm a Iniciação, conscientes dos segredos da Natureza. Os primeiros não sabem como usar este poder inteligentemente e estão, portanto, desamparados. Os últimos são sempre senhores das forças que manejam, enquanto os outros são vítimas de quem quiser tirar vantagem deles. Fausto é o símbolo do homem, e a humanidade foi, no princípio, dirigida pelos Espíritos de Lúcifer e pelos Anjos de Jeová. Agora estamos olhando para o Espírito Cristo na Terra como o Salvador, para emancipar-nos da influência egoísta e negativa dos lucíferos. Paulo nos dá uma visão da evolução futura que nos está destinada, quando disse que, após Cristo estabelecer Seu reino, Ele o entregará ao Pai, e então será tudo em tudo. No entanto, Fausto procura primeiro comunicar-se com o macrocosmo, que é o Pai. Como o centauro celeste, Sagitários, ele aponta seu arco para as estrelas mais altas. Não está satisfeito em começar por baixo e galgar o cimo gradativamente. Quando repelido por aquele sublime Ser, desce um degrau na escala e procura comunhão com o Espírito da Terra, que também o desdenha, pois ele não pode tornar-se o pupilo das elevadas forças enquanto não ajustar-se às suas regras, para assim poder entrar no caminho da Iniciação pela porta verdadeira. Portanto, quando percebe que o pentagrama junto da porta detém o Espírito do mal, entrevê uma oportunidade para fazer um acordo. Está pronto para vender sua alma a Satanás. Mas, como foi dito antes, está totalmente despreparado para manter o domínio com êxito, e o poder do espírito rapidamente desobstrui o caminho e liberta Lúcifer. Mas este, embora saia do gabinete de Fausto, logo volta, pronto para negociar com a alma que procura. Ele descreve, diante dos olhos de Fausto, quadros brilhantes de como viver a vida, como poderá satisfazer suas paixões e desejos. Fausto, sabendo que Lúcifer não está desinteressado, pergunta que compensação ele quer. A isto, Lúcifer responde: " Eu me comprometo a ser teu servo aqui, enfim, E a todo o teu aceno e chamado, alerta vou estar; Mas, quando na esfera além nos formos encontrar, Então, tu farás o mesmo para mim". O próprio Fausto acrescentou uma condição aparentemente singular com respeito à época em que o serviço de Lúcifer terminar, e quando sua própria vida terrestre tiver chegado ao fim. Embora pareça estranho, nós temos na aquiescência de Lúcifer e na cláusula proposta por Fausto, leis básicas de evolução. Pela Lei de Atração somos postos em contato com Espíritos semelhantes, tanto aqui como na vida futura. Se servimos as forças superiores aqui e trabalhamos para elevar-nos, encontraremos companheiros com a mesma índole neste mundo e no próximo. Mas, se gostamos da escuridão mais do que da luz, estaremos ligados ao submundo aqui e no futuro também. Não há como escapar desta lei. Além disso, somos todos "construtores do templo" trabalhando sob a direção de Deus e Seus ministros, as divinas Hierarquias. Se evitarmos a tarefa que nos foi imposta na vida, seremos colocados sob condições que nos forçarão a aprender. Não há descanso nem paz no caminho da evolução e se procurarmos prazer e alegria a ponto de excluir o trabalho da vida, o dobrar fúnebre dos sinos logo será ouvido. Se chegarmos, alguma vez, a um ponto em que estejamos inclinados a ordenar que as horas parem ou se estamos tão satisfeitos com a nossa vida que até cessamos nossos esforços para progredir, nossa existência estará rapidamente terminada. Observamos que as pessoas que se retiram dos negócios vivendo apenas para aproveitar o que acumularam, logo morrem; enquanto que o homem que troca sua profissão por uma outra ocupação, geralmente vive mais tempo. Nada é tão fácil para encerrar uma existência do que a inatividade. Como já foi dito, as Leis da Natureza são enunciadas no acordo de Lúcifer e na condição acrescentada por Fausto: "Se eu me satisfizer com a indolência e o lazer, Que seja essa, então, a última hora que eu possa ter. Quando tu com lisonjas me fores adular Até que auto-complacente eu venha a ser; Quando tu com prazeres me puderes enganar, Seja esse o meu dia final. Sempre que a hora for passando Eu digo: 'Oh! fica, és tão leal!' Assim, a força a ti eu vou dando De levar-me ao mais profundo desespero. Meu dobrar de sinos não o deixes prolongar, De meu serviço, livre irás ficar; E quando do relógio o ponteiro indicador tiver caído, Esteja, então, o meu tempo concluído". Lúcifer pede a Fausto que assine o contrato com uma gota de sangue. E quando perguntado por que, diz astuciosamente: "O sangue é uma essência muitíssimo peculiar". A Bíblia diz que é assento da alma. Quando a Terra estava em processo de condensação a aura invisível que circundava Marte, Mercúrio e Vênus, penetrou na Terra e os Espíritos desses planetas estiveram em relacionamento especial e íntimo com a humanidade. O ferro é metal de Marte e pela mescla do ferro com o sangue, a oxidação torna-se possível; assim, o calor interno, necessário para a manifestação de um Espírito que habita internamente, foi obtido pela ação dos Espíritos Lucíferos de Marte. Eles são, portanto, responsáveis pelas condições sob as quais o Ego está enclausurado no corpo denso. Quando o sangue é extraído do corpo humano e coagula, cada partícula tem uma forma especial, distinta das partículas de qualquer outro ser humano. Portanto, quem tiver sangue de uma certa pessoa, tem um elo de ligação com o Espírito que construiu as partículas do sangue. Ele tem poder sobre essa pessoa, se souber como usar esse conhecimento. Foi essa a razão porque Lúcifer exigiu a assinatura com o sangue de Fausto, pois com o nome de sua vítima escrito em sangue, poderia conservar a alma escravizada de acordo com as leis envolvidas. Sim, de fato! O sangue é uma essência muitíssimo peculiar, importante tanto na magia branca como na negra. Todo conhecimento usado em qualquer direção, deve necessariamente alimentar-se da vida que é primariamente derivada dos extratos do corpo vital, isto é, a força do sexo e o sangue. Todo conhecimento que não seja assim alimentado e nutrido, é tão impotente como a filosofia que Fausto tirou de seus livros. Livros não são suficientes por si só. Somente na medida em que trazemos esses conhecimentos para nossas vidas, alimentando-os e vivenciando-os, é que eles têm real valor. Existe, no entanto, uma importante diferença a considerar: enquanto o aspirante da Ciência Sagrada alimenta sua alma com sua própria força sexual, e as paixões inferiores com seu próprio sangue que, então, ele transmuta e depura, aqueles que aderem à magia negra vivem corno vampiros à custa da força sexual dos outros e do sangue impuro sugado das veias de suas vítimas. No Castelo do Graal vemos o sangue puro e depurador operando maravilhas sobre os cavaleiros virtuosos que aspiravam desempenhar elevadas ações. Porém, no Castelo de Herodes, a personificação da voluptuosidade - Salomé - fez com que o sangue da paixão corresse desenfreadamente pelas veias dos participantes, e o sangue que jorrou da cabeça do martirizado Batista serviu para dar-lhes o poder que eles não tinham, por serem muito covardes para adquiri-lo através do sofrimento e da própria depuração. Fausto tenciona adquirir poder rapidamente com o auxílio de outros, tocando num ponto perigoso, do mesmo modo como fazem hoje aqueles que seguem os que se intitulam "adeptos" ou "mestres". Estes estão prontos para explorar os mais baixos apetites dos crédulos, da mesma forma que Lúcifer ofereceu-se para ajudar Fausto. Mas eles nunca poderão dar o poder da alma, não importa o que aleguem. Isto é conquistado internamente, pela paciente perseverança em fazer o bem, um fato que nunca será demasiado repetir.Max Heindel.

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